A Herdeira escrita por GrazielleAlessa


Capítulo 5
Capítulo 4 - Detenção.




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Depois de limpos e vestidos com os uniformes normais, os quatro desceram para almoçar. Rosa improvisara um curativo com um lenço rosa decorado com laços amarrando-o no pulso roxo de Jenny. Ela também havia conseguido uma poção curativa com uma aluna do 5º ano que ajudou a cuidar e disfarçar os hematomas de Scorpion, mas seu olho continuava inchado.

- Pareço um panda. – reclamou Scorpion sentando à mesa e começando a servir-se.

- Não está tão ruim. – Jenny disse tentando anima-lo.

- Você diz isso porque só precisou de um acessório novo. – Scorpion zombou.

- Cala a boca. – Jenny riu jogando um pedaço de batata nele.

Scorpion pegou o pedaço de batata e o engoliu. Estava faminto.

- O que será que vamos ter que fazer? – perguntou Alvo de boca cheia.

- Sobre o que? – perguntou Jenny sem entender.

- Detenção. – disse Alvo.

- Escrevermos frases milhares de vezes. – sugeriu Rosa

– Suportável. – disse Scorpion mastigando. – Se for isso estamos bem.


A aula de DCAT foi algo perto do normal em meio a tanta coisa estranha e nova. O professor chamado Leonard Miggans era um homem de meia idade que não possuía um dos braços, resultado de um confronto com um bruxo das trevas, apesar disso era bem humorado e amigável. Explicou sobre criaturas mágicas denominadas como “Criaturas das trevas” devido ao seu nível de perigo, mostrando sua imagem numa espécie de slide que ele regia com sua varinha. Passou um exigente dever de casa e deu pontos a Grifinória graças a uma resposta certa de Rosa e Jenny.

Liberados depois do ultimo tempo de aula de Defesa contra as artes das trevas, seguiram até o salão para o jantar. Quando estavam prestes a atravessar a porta, o professor Kahn os interceptou.

- Jantares são pros bons alunos. – disse ele rígido – Vocês vão pra detenção.

Eles suspiraram e deram meia-volta, seguiram o professor com o estomago roncando e várias ofensas em mente. Passaram pelos alunos que seguiam para o salão os invejando, tomar uma surra em silêncio agora não parecia ruim.

Corredores e corredores mais distantes da refeição perfeita, o professor Kahn os guiou ate a biblioteca, onde Tiago, Ramon e o terceiro garoto estavam aguardando com expressões nada convidativas ao lado da terrível Madame Pince.

- Mais quatro? – perguntou a Bibliotecária surpresa – Eu supostamente deveria tomar conta de todos?

Seus olhos pretos e alertas encaravam o rosto de cada estudante como se quisesse fazer uma inspeção em suas almas.

- Vamos separa-los em duplas. – sugeriu Armando – Potter e Hudson.

Jenny foi para o lado de Alvo aliviada.

- O outro Potter. – disse Armando apontando para Tiago.

Ele riu e foi para o lado de Jenny.

- Olá parceira.

- Cala a boca. – ralhou Jenny.

- Weasley e Malfoy. – continuou Armando.

- Mas somos sete. – interrompeu Rosa.

- E daí? – perguntou Madame Pince carrancuda.

- E daí que não da pra formar duplas. – respondeu Rosa erguendo uma das sobrancelhas.

- Ótimo. – disse a bibliotecária segurando o braço de Alvo com suas mãos enrugadas. – Esse vai comigo ajudar nos arquivos.

Alvo olhou para os amigos com um pedido silencioso de socorro. Eles apenas o encararam de volta sem poder fazer nada a respeito.

- E McKinley com Debbet. – terminou Armando.

- O que devemos fazer? – perguntou Rosa.

- Arrumar e limpar algumas seções da biblioteca. – respondeu ele.

- As varinhas. – voltou Alvo com uma espécie de porta-lápis estendendo para os outros.

- Sem magia? – perguntou Ramon indignado.

- As varinhas. – ordenou Armando apontando para o porta-lápis.

Ramon murmurou um xingamento e colocou de mal gosto a varinha dentro do recipiente. Seus amigos o seguiram, e logo Jenny, Rosa e Scorpion também se livravam das suas. Tiago era o único que não parecia se importar com a situação.

- Agora vou escolher suas seções. –disse o professor Kahn esfregando as mãos. – Um pouco de trabalho braçal não mata ninguém.

Ele guiou Rosa e Scorpion até a seção de Historia.

- Vamos limpar isso TUDO? –perguntou Scorpion incrédulo.

A seção possuía cerca de cinco estantes que possuíam dezenas de prateleiras, com mais de 100 livros em cada uma.

- Sim. – respondeu o professor Kahn secamente. – Eu sugiro começarem.

Rosa e Scorpion apressaram-se a recolher dois panos imundos em cima de uma prateleira e um espanador e começaram a tirar a poeira dos livros.

- Agora vocês. – disse o professor para Ramon e Debbet.

Ele levou o restante do grupo até a seção de poções, onde era tão grande quanto à de história. Em cima de uma espécie de escrivaninha havia um par de luvas, panos igualmente imundos e um frasco com um produto.

- Usem luvas. – sugeriu Armando – Nunca se sabe quais poções podem ter sido derramadas nos livros.

Ramon pegou uma das luvas pelas pontas dos dedos. “Provavelmente perguntando-se como se calçaria uma delas.” – Concluiu Jenny mentalmente deixando escapar um sorriso.

- Não sorria ainda. – disse Armando para Jenny – Separei algo especial pra vocês.

Ela engoliu seco, Tiago parecia relaxado com as mãos nos bolsos de um casaco largo que havia posto por cima do uniforme. Eles passaram por várias seções até a chegar a uma que parecia escondida e havia uma porta de ferro guardando sua entrada. Preso a porta havia uma placa descascada escrita “Seção Reservada” em vermelho.

O professor tirou do bolso um molho de chaves e abriu o cadeado, a porta rangeu ao ser aberta. Tiago sorriu maliciosamente.

- Por que essa? – perguntou Jenny com a voz tremendo.

- Porque não tem manutenção há anos. – explicou Armando abrindo espaço para eles entrarem – Até Madame Pince não gosta de vir aqui.

- Legal. – disse Tiago – Podemos começar?

- Quando poderemos sair? – perguntou Jenny

- São 19h. – disse Armando olhando em seu relógio de pulso – Até as 00h parece o suficiente para uma boa faxina. Hasta la vista.

Ele deu um aceno e foi embora. Jenny parou para observar a seção, de longe era a mais empoeirada que ela já vira. Ela avistou duas luvas, panos e um pote com um líquido malcheiroso etiquetado como “Removedor”.

- Estamos tão ferrados. – murmurou Jenny.

- Somos tão sortudos! – exclamou Tiago colocando sua mochila no chão. Jenny pôs a sua sobre a mesa.

- Sortudos? – perguntou ela – Têm uns mil livros aqui.

- Isso eu resolvo num instante. – respondeu ele com uma piscadela.

Ele tirou do bolso do casaco uma varinha e apontou para as estantes murmurando “Tergeo”, a varinha parecia absorver toda a poeira que ia ao seu encontro. Em menos de 5 minutos todos os livros pareciam impecáveis, incluindo as estantes e a mesa de apoio.

- Mas você... – disse Jenny lembrando ter visto Tiago colocar sua varinha no pote.

- Aquilo é uma varinha de brinquedo. – disse Tiago sorrindo – Das Gemialidades Weasley.

- Da onde? – perguntou Jenny confusa.

Tiago revirou os olhos.

- É uma loja de artigos de travessuras. – explicou Tiago – Sou sobrinho do dono, ele me deu com o kit “salva-vidas” para as aulas.

- Legal. – murmurou Jenny – Mas o que vamos fazer agora?

- Você fica aqui, eu vou sair. – disse Tiago abrindo a porta.

- Eu vou com você. - disse Jenny – Não vou ficar aqui sozinha MESMO.

Por mais que os livros estivessem menos corroídos, não quer dizer que a aparência da seção estava mais convidativa. Jenny podia jurar que ouvia um grito abafado de algum lugar.

- Sem chance. – cortou Tiago fechando a porta e saindo.

Jenny a abriu novamente e o seguiu.

- Como vamos passar pela bibliotecária, gênio?

- Eu vou passar. –corrigiu Tiago se escondendo atrás de uma estante. Jenny o imitou.

Ela podia ver Ramon roncando por cima da mesa enquanto seu amigo parecia impaciente em limpar o livro em sua mão.

- Eu juro solenemente que não vou fazer nada de bom.

Jenny saltou com a fala repentina e olhou para Tiago, ele tinha um pergaminho velho e surrado na mão e apontava a varinha para o mesmo. Linhas de tintas iam formando palavras até o pergaminho mostrar seu conteúdo.

Os Srs. Aluado, Rabicho, Almofadinha e Pontas,

fornecedores de recursos para feiticeiros malfeitores,

têm a honra de apresentar

O MAPA DO MAROTO


Tiago levantou os olhos do papel e viu Jenny o encarando. Ele sorriu pra ela e levou o dedo indicador aos lábios. Ele desdobrou o papel algumas vezes e foi possível ver uma planta perfeita de Hogwarts com cada pessoa nela. Ela acompanhou o caminho da biblioteca até o salão principal e viu vários nomes indistinguíveis uns sobre os outros, onde todos os estudantes que não estavam de detenção estavam jantando.

- Eu posso ver qualquer um? – perguntou Jenny espantada.

- Qualquer um que esteja em Hogwarts. – confirmou Tiago.

- Legal. Onde conseguiu?

- Não importa. – cortou Tiago – Vai ser nosso segredo.

- Vai? – questionou Jenny. Ela não se lembrava de ter prometido nada.

- Eu tenho dinheiro. – ofereceu Tiago.

- Eu também. – disse Jenny erguendo a sobrancelha.

Tiago soltou um longo suspiro. Ele aproximou-se de Jenny sem nenhum aviso e lhe beijou os lábios. Ela arregalou os olhos.

- O que...

Ele já havia se afastado e olhou impaciente para o relógio.

- Vai ser o nosso segredo. – disse Tiago com firmeza.

Ele olhou para o mapa e depois para o que a estante escondia e correu. Jenny estava muito distraída para ter acompanhado seus passos. Ela chutou a estante com raiva e voltou para a seção reservada. O que faria até 00 h? Seu estômago roncava e o cheiro de mofo não lhe fazia bem algum.

Ela olhou em volta e começou a ler os títulos dos livros. Ela sentiu um arrepio na espinha e entendeu o motivo da seção ser trancada para o uso de qualquer pessoa. Era horripilante, todos pareciam falar de magia negra e coisas ligadas à morte. Alguns não tinham títulos e alguns fediam a carniça, mesmo limpos de poeira.

Procurando olhar os títulos das prateleiras mais altas, teve que subir na mesa devido sua baixa estatura, e na ponta dos pés se apoiou para pegar um.

“Magia Primária” – Ela leu novamente. Parecia interessante e menos arrepiante do que qualquer outro livro ali. Ela desceu da mesa com cuidado para não cair ou fazer barulho.

Abriu-o na metade e folheou, tossiu quando o fez. Aparentemente o feitiço de Tiago só funcionava superficialmente. No livro havia varias gravuras e símbolos estranhos em suas páginas. Folheando mais pra frente encontrou algumas árvores genealógicas e desenhos de objetos e descrição de seus poderes.

Legal. Ela queria arrancar a página do livro e guarda-la, mas parecia um desperdício e resolveu colocar o livro na mochila.

- Você perdeu a cabeça? – perguntou uma voz ofegante.

Jenny se sobressaltou.

- Já voltou?

- Já? Ainda. Olha as horas.

Tiago estendeu o pulso pra Jenny consultar seu relógio, eram 23h40min! Como as horas passaram tão rápido?

- Você não vai levar o livro, né? – perguntou Tiago.

- Eu quero. – admitiu Jenny – Ele é fascinante.

- Então seja esperta. – disse Tiago abrindo a mochila de Jenny e colocando o livro por debaixo do seu casaco.

- Ei, eu peguei pra mim.

- Você não quer leva-lo na sua mochila quando passar por aquela porta. – ele apontou para além da seção.

- Então o ajeite, porque parece que seu abdômen é uma caixa. – alertou Jenny.

Tiago afofou mais o casaco para esconder o livro.

- Da onde você o pegou?

- Da primeira prateleira.

Ele subiu em cima da mesa, como Jenny fizera antes, mas com mais agilidade e viu a leve inclinação dos livros na prateleira acusando a falta de um.

- Me dá minha mochila. – pediu ele.

Jenny ficou na ponta dos pés para que ele pegasse. Ele abriu, tirou outro livro de lá de dentro e colocou na brecha que existia na prateleira. Os livros ficaram totalmente eretos com a falta de espaço para se inclinarem.

Tiago pulou de volta para o chão.

- Ela checa cada prateleira. – explicou Tiago.

- Qual livro você colocou? – perguntou Jenny.

- O de História da Magia. – disse Tiago com um sorriso maroto. - Não é como se eu o usasse...

Jenny pegou o livro mais próximo, o abriu e esfregou suas páginas em seus braços.

- O que está fazendo? – perguntou Tiago.

- Eu acabei de fazer uma faxina desse tamanho. – disse Jenny apontando para ao seu redor – E não tenho um grão de poeira.

Tiago sorriu para ela e fez o mesmo, logo depois colocaram os livros no lugar.

- Parceira, você é esperta. – disse Tiago sorrindo.

- Cala a boca. – ralhou Jenny.

- Vejo que se entenderam. – disse uma voz vinda do lado de fora da seção.

Eles se viraram para ver quem era.

- Bom trabalho. – disse Armando passando o dedo na estante e vendo que o mesmo saía limpo. – Mas vocês estão imundos.

Tiago deu um meio sorriso a Jenny, ela fingiu não notar.

- Vamos, podem sair. – disse Armando – Estão liberados.

Ambos pegaram as mochilas e saíram da seção, nem sequer esperaram o professor tranca-la e já estavam no balcão da biblioteca, onde Rosa estendia a mochila para Madame Pince.

- Isso é mesmo necessário? – perguntou Rosa.

- Sim, não quero que vocês roubem os meus livros. – resmungou a bibliotecária.

- Se ela quisesse um, bastava aluga-lo. – resmungou Scorpion.

Em agradecimento ao comentário, Madame Pince fez questão de revirar totalmente a mochila de Scorpion sem tomar cuidado se amassava seus cadernos ou não.

- Você é o próximo. – disse a bibliotecária para Tiago que estendeu a mochila limpa de evidências.

Ele sorriu pra Jenny quando voltou a colocar a mochila nas costas e saiu da biblioteca. Depois de liberada ela encontrou Rosa, Alvo e Scorpion na porta.

- Hey. – cumprimentou.

- Tiago não foi um idiota de novo, foi? – perguntou Scorpion.

- Não. – disse Jenny pensativa – Na verdade ele foi bem legal.

- VIU. – disse Alvo – Eu disse.

- Cala a boca. – ralhou Rosa – Você pode falar a verdade.

- Eu estou falando a verdade. – defendeu-se Jenny.

Rosa e Scorpion a encararam com desconfiança, mas não voltaram a perguntar. Chegando ao salão comunal, ela viu o exemplar de “Magia Primária” perto da lareira com um bilhete preso a ele.

“Esperteza é tudo. E não se esqueça: Esse é o nosso segredo. – T.”.



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Notas finais do capítulo

Acompanhem através do http://fanficaherdeira.tumblr.com/



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