A Herdeira escrita por GrazielleAlessa


Capítulo 2
Capítulo 1 - Hogwarts




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– Até as férias, pai. – disse Scorpion a Draco e depois se virou para falar com Astoria - Até logo, Mãe.

Ele estava embarcando no trem que o levaria pra Hogwarts e a grande locomotiva vermelha já começava a apitar, num sonoro aviso anunciando que estava pronta pra partir.

Draco acenou a cabeça em direção a um grupo de pessoas e Astoria os observou de maneira mal-humorada. Deram um singelo aceno a Scorpion e ele embarcou no trem.

Scorpion arrastou o pesado malão até a ultima cabine e sorriu quando viu que estava vazia. Ele entrou e fechou a porta atrás de si. Sentou-se perto a janela para poder acenar pros pais, mas percebeu que eles já tinham aparatado. Ao encarar seu reflexo na janela do trem, viu como sua aparência estava péssima.

Se já não bastasse a aparência de morto-vivo, com sua pele muito clara e seu cabelo loiro-branco, a terrível capa preta que usava só ressaltava suas olheiras e seu rosto saliente. Scorpion bufou e pôs o malão ao seu lado no banco, tirou a capa e colocou um suéter verde-musgo por cima da blusa preta. Pronto, agora não parecia tão idiota.

- Cof cof.

Scorpion pulou ao ouvir um pigarro vindo do corredor.

- Desculpe – disse uma garota à porta – Se importaria se eu sentasse com você?

Ela tinha a pele mais amarelada que a de Scorpion, como se houvesse passado um bom tempo pegando sol e tinha cabelos negros, ondulados e brilhantes. Suas pálpebras eram pesadas, tinha muito cílios e olhos num verde bem escuro. Tinha um sorriso irônico nos lábios finos.

- Há quanto tempo está ai? – perguntou Scorpion com autoridade.

- Cerca de dez segundos... – respondeu a garota indecisa – Posso ou não?

Sem esperar resposta, a menina entrou na cabine e se acomodou a frente de Scorpion.

- Meu nome é Scorpion. – disse ele – Scorpion Malfoy. E o seu?

- Jenny Hudson. – respondeu.

A porta da cabine se abriu mais uma vez e entrou um rapaz alto, com cabelos pretos, olhos castanhos extremamente brilhosos e um sorriso galanteador. Ele não parecia ser do primeiro ano como Scorpion e Jenny.

– Oi, meu nome é Tiago. – disse o rapaz – Esse é meu irmão Alvo – disse ele apontando pra um garoto a porta – e essa é a minha prima Rosa. – disse apontando pra garota ao lado. – Eles precisam de uma cabine, e a minha já está cheia.

- Podem ficar com a gente. – disse Jenny.

Scorpion tentou repreender Jenny com um olhar, mas a garota fingiu não perceber.

- Bem, obrigado. – disse Tiago dando uma piscadela e saindo da cabine.

- Com licença. – pediu Rosa com delicadeza a Scorpion que estava com o pé no caminho.

Scorpion tirou o pé da frente e Rosa sentou ao seu lado. Alvo sentou ao lado de Jenny, a frente de Rosa. E olhava desconfiado para Scorpion.

- Alvo Potter. – disse Alvo estendendo a mão a Jenny.

Alvo tinha cabelos pretos que pareciam resistentes contra a gravidade. Possuía também olhos verde-vivo e um sorriso cercado de covinhas.

- Jenny Hudson. - Respondeu Jenny balançando a mão de Alvo.

Alvo estendeu a mão para Scorpion que correspondeu o gesto em silêncio.

- Rosa Weasley. – disse Rosa mostrando simpatia. - E seu nome? – perguntou a Scorpion

Rosa era ruiva e tentava achatar seus cabelos cheios sob uma faixa vermelha que usava na cabeça. Seu rosto era marcado com muitas sardas e seus olhos azuis eram a única coisa que poderia desviar a atenção das pintas irregulares.

- Stevan Mcdonald – mentiu Scorpion.

Jenny o encarou com cara indagadora e ele apenas sustentou o olhar como se não tivesse nada a explicar.

Pouco a pouco os solavancos do trem ficavam mais frequentes devido aos trilhos irregulares e Jenny parecia ficar mais pálida a cada movimento do trem.

- Você está legal? – Perguntou Alvo indeciso se era uma pergunta retórica ou não, Jenny estava quase assumindo uma cor verde-abacate.

- Eu não gosto de trens... – gemeu Jenny.

- É porque você está prestando atenção demais ao balanço da locomotiva. – observou Rosa – Vamos conversar assim você nem vai perceber que estamos em movimento.

- Ok... – disse Jenny – Sobre o que vamos falar?

- Que tal sobre a seleção? – disse Rosa – Pra qual casa você acha que vai, Jenny?

- Eu li algo sobre elas... – comentou Jenny – Mas foi algo meio superficial. Eu não sei ... Qual seria a melhor escolha?

- Grifinória. – disse Alvo – Com certeza.

- Isso não é verdade... – disse Rosa – Todas as casas são boas escolhas, mas nem todas são boas escolhas pro mesmo bruxo.

- O que quer dizer? – perguntou Jenny agora voltando ao seu tom amarelado natural.

- Ela quer dizer que se você for corajoso – disse Scorpion – você vai pra Grifinória. Se for inteligente vai parar Corvinal, se for justo vai para Lufa-Lufa e...

Scorpion engoliu seco e não terminou sua frase. Ele não sabia o que pensar da Sonserina, sua fama não era muito boa, mas ele não achava os membros da sua família tão cruéis a ponto de serem comparados aos lendários bruxos das trevas. Mas seu julgamento poderia ser facilmente questionado, uma vez que quando se nasce no meio de abóboras podres, com o tempo se acostuma com o cheiro.

- Sonserina... – completou Alvo – Os bruxos maus.

- Os bruxos ASTUTOS – corrigiu Rosa – que fazem tudo que estiver ao seu alcance para conseguirem o que querem sem se preocupar com moral ou ética.

- Ou lei. – lembrou Alvo.

- Então acho que não quero ir pra Sonserina. – disse Jenny com uma risadinha.

- Ninguém quer ir pra Sonserina, certo? – disse Alvo virando para Scorpion.

Scorpion estava olhando a paisagem que corria pelas grandes janelas da locomotiva.

- Stevan. – chamou Alvo.

- Quem? – Scorpion virou-se a Alvo – Ah, eu... O que você tinha perguntado?

- QUEM QUER UMA GULOSEIMA? – gritava uma voz à porta da cabine.

Do outro lado da porta transparente havia uma senhora de idade que empurrava com dificuldade um enorme carrinho de bagagem repleto de embalagens coloridas e cheirosas.

- Hm, eu quero. – disse Scorpion indo até a porta e tirando várias moedas douradas do bolso.

- O que vai querer querido? – disse a senhora com a voz esganiçada e rouca.

- Tudo que for doce. – Disse Scorpion rindo. – Me ajudem a colocar isso tudo no banco.

Jenny e Rosa levantaram com os olhos arregalados e Alvo riu com vontade ao ajudar a jogar todos os sapos de chocolate no banco da cabine.

- Cara, vão sair feijõezinhos pelas nossas orelhas. – disse Alvo rindo.

Depois de pegarem todos os doces do carrinho e joga-los sobre os bancos já não havia onde eles sentarem sem esmagar mais de vinte sapos de chocolates. Sem saber o que fazer, Jenny e Rosa olhavam pros bancos ocupados pelos doces e quando se deram conta, Alvo e Scorpion já haviam sentado no chão e usavam os bancos como mesa.

- Venham comer. – chamou Scorpion.

Jenny se apressou em se espremer num pequeno espaço abaixo da janela e entre os dois bancos, onde poderia escolher qual banco atacar primeiro. Rosa olhou o ataque com surpresa e, hesitante sentou-se ao lado de Alvo e começou a mordiscar uma rosca açucarada.

Meladas e sujas, as meninas foram procurar o banheiro do trem para se lavarem e colocar o uniforme de Hogwarts. Os meninos não se importaram em estarem sujos, mas acharam uma boa ideia juntarem as embalagens vazias para descarta-las e separarem os doces sobreviventes para um lanche noturno.

As meninas voltaram devidamente limpas, escovadas e uniformizadas e foi a vez dos garotos procurarem o banheiro para colocar o uniforme o mais rápido possível, porque já ouviam-se múrmuros entusiasmados das outras cabines : o que deveria significar que a escola estava cada vez mais próxima.

Os solavancos foram diminuindo, o trem foi balançando cada vez menos até que parou totalmente. Um apito ensurdecedor avisava que a locomotiva havia chegado ao seu destino.

- Vamos esperar eles lá fora. – gritou Rosa para que Jenny conseguisse ouvi-la em meio a gritaria.

No meio de empurrões, as meninas conseguiram sair do trem, já meio descabeladas.

Um enorme homem se destacava no meio dos alunos. Era duas vezes mais alto que um homem normal e três vezes mais largo. Tinha cabelos e barbas grandes que lhe davam a impressão de selvageria, e o grisalho de seus pelos indicava que já estava muito velho.

- Alunos novos. – gritava ele – Reúnam-se aqui, alunos novos.

Rosa sorriu e Jenny obedeceu ao estranho gigante.

- Oi Hagrid. – gritou Rosa.


– Rosa! – berrou Hagrid – Você cresceu tanto, menina.

O gigante agarrou Rosa num abraço apertado que a tirou do chão.

– Sobra algo pra mim? – perguntou Alvo que havia acabado de chegar acompanhado por Scorpion.

– Ah, venha aqui. – disse Hagrid levantando Alvo com o braço enquanto Rosa ainda estava esmagada no outro.

– Hagrid... – resmungou Rosa – Não consigo respirar.

Hagrid soltou uma gostosa gargalhada e colocou as duas crianças no chão.

– Já fizeram amigos? – perguntou olhando para Scorpion e Jenny que o olhavam com medo – Muito bem, Muito bem.

Hagrid levou todos os alunos para a pequena frota de barquinhos que os esperavam no lago.

- A primeira vez que a gente vem ao castelo é de barco. – Disse Rosa com ar de sabe-tudo – Nos outros anos vamos de carruagem.

Ninguém se importou muito com o comentário de Rosa, estavam maravilhados demais para escuta-la. Do outro lado do lago havia o castelo de Hogwarts - Alto e espaçoso tanto quanto majestoso, até quem já estava acostumado com a escola não poderia deixar de admira-la.

Todos atravessaram nos barcos em segurança e já em terra firme, seguiram Hagrid até uma enorme escadaria que levava a um enorme portão.

- Vou ver se está tudo pronto. – disse Hagrid – Esperem aqui.

Ele abriu o portão e entrou no salão principal, fechando a porta atrás de si.

- Scorpion – disse um garoto se aproximando de Scorpion – Scorpion Malfoy, certo?

Alvo e Rosa encararam Scorpion sem entender.

- Você está me confundindo com outra pessoa. – gaguejou Scorpion.

- Ah... É claro. – disse o garoto que não voltou a insistir.

- O que acontece agora? –Perguntou Jenny

- O chapéu seletor vai nos selecionar para as casas. – disse Rosa

- Não existe mais chapéu seletor, ele foi queimado na batalha de Hogwarts há 19 anos. – disse Scorpion.

- Mas é óbvio que os bruxos que o criaram não seriam estúpidos para não encanta-lo com magia de regeneração. – rebateu Rosa

Alvo revirou os olhos, Jenny deu uma risadinha.

Hagrid abriu as portas, os alunos entraram em duas filas bem organizadas. O salão principal era imenso, poderiam caber duas casas inteiras dentro dele e mesmo assim sobraria espaço. Havia quatro enormes mesas, cheias de talheres, travessas e pratos de prata. Havia também, três degraus acima, outra mesa onde ficavam os professores e a diretora, Minerva McGonagall, uma mulher de aparência severa.

- Vou chamar o seu nome. – Hagrid disse pros alunos – Dê um passo à frente e sente-se no banco.

O chapéu seletor deixara de cantar como era de costume, simplesmente ficava em cima de uma mesinha esperando fazer o seu serviço. Hagrid começou a chamar os nomes. “Elena Mars”, uma garota gordinha e desajeitada se aproximou e tropeçou em um dos degraus. Assim que conseguiu sentar-se no banco sem esbarrar mais nada, Hagrid colocou o chapéu na sua cabeça e o que parecia um rasgo, mostrou-se ser uma boca que anunciou que a garota fora selecionada para Lufa-Lufa. Mais quatro alunos foram selecionados e Alvo suava frio. Scorpion estava ouvindo os comentários de Rosa sobre o castelo com tanta atenção que havia esquecido a seleção. Jenny deu uma tapinha nos ombros de Alvo, confortando-o.

- Rosa Weasley – chamou Hagrid.

Rosa sorriu para o querido gigante e sentou-se ao banco. Hagrid pôs com cuidado o chapéu sobre a cabeça dela.

- Grifinória. – anunciou o chapéu com uma voz entediada.

Rosa se dirigiu a mesa de sua casa em meio a aplausos e gritos.

- Alvo Severo.

Alvo subiu tremendo, mas sua preocupação não durou muito, quase que instantaneamente o chapéu anunciou que sua casa era a Grifinória. E a mesa voltava a aplaudir.

Mais cinco alunos foram selecionados e as mãos de Scorpion estavam pingando suor. Ele não havia pensado que iriam chamar seu nome e sua farsa teria um fim. Ótimo, e a guerra com os Potter’s iria começar em poucos minutos.

- Scorpion Malfoy. – Chamou Hagrid e ao pronunciar o sobrenome não conseguiu impedir sua cara de desgosto.

- Boa sorte! – sussurrou Jenny antes que Scorpion senta-se no banco.

Scorpion encarou a mesa da Grifinória onde Rosa e Alvo encaravam-no com irritação.

- Tradição. – disse o chapéu entediado – Mas não possui os talentos necessários para habitar a mesma casa que seus descendentes. Uma pena... GRIFINÓRIA.

Scorpion sentou-se ao lado de Tiago, o irmão de Alvo, para evitar dar explicações para Rosa.

- Alguém ficou encrencado – cantarolou Tiago ao ouvido de Scorpion – O papai vai ficar bravo.

Scorpion ignorou o comentário, já imaginava ser atacado por todos os lados. Principalmente pelos Potter’s. Voltou sua atenção para seleção e observou enquanto Jenny era chamada ao banco. A voz do chapéu não estava mais entediada; Parecia excitada... Assustada, um misto dos dois.

- Jenny Hudson. – disse o chapéu – Vejo coisas muito interessantes aqui, vejo... Um talento... Insuperável! E uma sede de poder... Você ia ficar perfeitamente bem na Sonserina...

- Se me por na Sonserina... – ameaçou Jenny em voz baixa – Eu mato você.

Scorpion podia jurar que viu os olhos de Jenny ficarem pretos, mas não podia garantir nada pela distancia que se encontrava da garota.

O chapéu agora ria com vontade.

– Tem tanto sobre você que nem imagina. – disse o chapéu com desdém – Talvez você não saiba o que é o melhor pra você.

– Esse chapéu... – comentou Tiago com Alvo – Anda tão temperamental. Desde que fora queimado... Nunca mais foi o mesmo.

- NÃO. – gritou Jenny com raiva. As janelas do salão se abriram abruptamente e uma forte rajada de vento passou por elas em direção à garota. Seus cabelos se esvoaçaram por baixo do chapéu – Não vou para a Sonserina.

- Tola. – desdenhou o chapéu – Mas se quer ir ao lugar errado para se arrepender mais tarde... E acredite: você vai... Que seja GRIFINÓRIA.

Não houve aplausos, nem gritaria. Todos estavam em silencio, todos encarando Jenny com curiosidade.

Jenny sorriu pra multidão que a encarava e aplaudiu sozinha. Scorpion sincronizou as palmas com a de Jenny e por um curto espaço de tempo a multidão aplaudiu automaticamente.

Jenny sorriu agradecida para Scorpion e sentou ao seu lado.

- É assim que se fala. – brincou ela – Mostre a ele quem manda.

Scorpion riu da piada, mas não pode deixar de notar que os professores trocavam olhares preocupados entre si.

- Sejam bem vindos. – Disse McGonagall depois de um alto pigarro. – a Escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Avisos: É totalmente proibida a visitação a Floresta Proibida sem o acompanhamento de um professor. Neste ano, em comemoração aos 1500 anos da fundação da nossa escola, haverá um baile de celebração. Então peço que vocês avisem aos seus pais para providenciarem roupa de gala.

- Roupa de gala... – gemeu Jenny

- Agora, sirvam-se. – disse McGonagall.


As travessas de prata que estavam vazias se encheram das mais diversas comidas, de todos os gostos e sabores. Depois de alguns minutos só se ouviam o mastigar dos alunos famintos que atacavam a mesa sem demora.

Scorpion não se atrevia a olhar pra cima e encarar as expressões traídas de Alvo e Rosa. Preferia olhar apenas pra direita, onde Jenny estava. Mas mesmo assim ouvia Tiago zombando dele a esquerda.

- Alvo, Alvo. – cantarolou Tiago – Se papai soubesse com quem anda fazendo amizades.

Scorpion mastigava seu pudim com vontade, como se esperasse que o barulho de seus dentes fosse suficientemente alto para não escutar a conversa.

- Não o culpe. – disse Rosa – Não podemos esperar honestidade de todos.

- Ah parem com isso! – disse Jenny batendo os talheres na mesa – Deixem-no em paz.

Tiago a encarou perplexo.

- Parem de perturba-lo. – continuou Jenny – Isso soa tão preconceituoso que eu quase diria que vocês estão se comportando como Sonserinos.

Alvo e Rosa continuaram comendo. Tiago sorriu ironicamente para Jenny.

- Você é nova aqui. – disse ele – Não entende como são os Malfoy’s.

- Nem você. – rebateu Scorpion– Não é como se você fosse da família.

Tiago sorriu de maneira ameaçadora.

Os monitores vieram recolher os alunos do primeiro ano para leva-los para suas casas.

O monitor da Grifinória levou os alunos pelas escadas que se moviam sozinhas e parou em frente a um quadro de uma mulher.

- Senha, por favor? – pediu a mulher

- É o quadro da mulher-gorda! – exclamou Rosa

- Delícias gasosas. – Disse o monitor e o quadro se abriu para o lado, revelando ser uma porta. O monitor entrou e os alunos o seguiram.

Um uníssono “Uau” saiu da boca dos alunos.

- Essa é uma das torres do castelo. – disse Rosa a Alvo.

- Esse é o salão comunal da Grifinória. – disse o Monitor – Sejam bem vindos. Os quartos ficam lá em cima, todos os seus pertences já foram levados pra lá.

O monitor saiu pela abertura do quadro que ainda estava escancarada.

Jenny foi à primeira subir as escadas apressadas e ao entrar no cômodo das meninas. Era uma pequena sala cercada de sete portas, numeradas de acordo com os anos de graduação da escola. Jenny abriu a porta da que, na placa de ouro grudada a ela, estava escrito: 1º ano.

Ela subiu no beliche perto da janela, onde podia ter uma bela vista do campus.

- Isso é tão legal. – murmurou ela olhando a noite bem iluminada pela lua, através da janela.

- Hey. – disse Rosa entrando no quarto, seguida de mais três meninas. – Dividiremos o mesmo quarto.

Rosa estava receosa de que Jenny seria rude por ela e Alvo terem ignorado Scorpion. Mas Jenny sorriu.

- Pode ficar com a cama do lado. – disse Jenny – Não me incomodo.


Alvo e Scorpion não conheciam mais ninguém do salão comunal, mas mesmo assim evitaram se falar. Alvo sentou no sofá e esperou os alunos dos outros anos subirem, rezando para que Tiago estivesse entre eles. Tiago tinha o péssimo habito de ficar perambulando pela escola, ou era disso que ele se gabava a Alvo.

Scorpion subiu até o cômodo, abriu a porta do primeiro ano e foi pegar a cama do canto. Três alunos já estavam conversando alegremente, cada um sentado em sua cama.

- Olha se não é o Malfoy! – disse um menino risonho. Era alto, com um nariz grande, olhos azuis e o cabelo muito loiro.

Scorpion virou de costas para os garotos, ignorando-os. Estava cansado de todos os comentários sobre a sua família.

- Hey. – disse o garoto tocando seus ombros.

Scorpion mexeu os ombros bruscamente tentando se afastar das mãos do garoto.

- Relaxa. – o garoto riu – Meu nome é Richard. – ele esticou a mão para Scorpion.

Depois de alguns segundos pensando se deveria ou não corresponder o gesto, Scorpion apertou a mão de Richard.

– Eles são Matthew e Philip. – Richard apontou para um garoto ruivo, baixo e gordinho e depois para um garoto de cabelos castanhos e dentes muito tortos.

– Hey. – saudou Scorpion

– Não achei que você fosse ficar irritado com a brincadeira. – disse Richard – Você não é o único que desapontou a família.

– Não sou? – perguntou Scorpion imaginando qual dos três garotos presentes teriam sido.

- Eu sou Richard Blame – disse Richard com orgulho – Uma família descendente de Ravenclaw.

- Esperavam que ele entrasse pra Corvinal. – disse Matthew com sua vozinha esganiçada.

- Como o resto da família. – disse Richard revirando os olhos – Mas nunca fui genial, apenas possuo a esperteza dos heróis.

- E a humildade. – resmungou Scorpion.

Os quatro riram com vontade. Alvo entrou a tempo de ver os garotos rindo.

- Hey. – disse Alvo

Scorpion parou de rir e sentou-se na sua cama.

Os outros garotos se apressaram a se apresentar.

- Quer nos contar sua história? – perguntou Philip sentando na cama. Os outros garotos já estavam acomodados nas suas esperando Alvo falar.

- Filho de Harry Potter, né? – perguntou Matthew – O herói?

- É... – disse Alvo corado.

Scorpion pôs seu pijama e pegou um dos livros escolares e ficou folheando sobre a cama. O que mais precisava? Potter era o filho do herói e comparações logo iam surgir. Ir pra Sonserina teria facilitado tanto as coisas... O que ia dizer quando chegasse a casa? Ia ficar de castigo pela eternidade e com certeza seus privilégios seriam cortados. Já podia imaginar a vergonha nos olhos de sua mãe e a traição no rosto de seu pai.

- Cara, qual é o problema? – perguntou Richard com um pacote de feijõezinhos de todos os sabores nas mãos – Junte-se a nós.

- Eu estou cansado, acho que já vou dormir. – mentiu Scorpion.

- Boa noite, cara. – disseram os três. Alvo estava concentrado demais em vestir seu pijama para se dirigir a Scorpion.




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Notas finais do capítulo

Acompanhem através do http://fanficaherdeira.tumblr.com/



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