As palavras são os suspiros da alma.

Pitágoras

– Capítulo Trinta e Um –

Confissão

O choro na ala hospitalar era audível em toda Hogwarts, a Sra. Ridgeway estava inconsolável chorando abraçada ao seu marido, Gina se negava a sair de perto do corpo que já estava coberto por um lençol, Hermione, Rony e Harry este que voltara para Hogwarts acompanhado dos aurores estavam jogados perto da parede, eles se abraçavam e choravam sem se importarem se pareciam crianças estúpidas, Draco foi direto para o seu dormitório, ele não falou e nem queria falar com ninguém. Os outros membros da família se abraçavam tentando se confortarem por perderem a sua pequena Agatha. Snape havia se sentando em um canto da enfermaria e olhava para o nada sem expressão alguma.

- Srta. Weasley. – disse McGonagall com os seus olhos inchados – Nós precisamos levar o corpo dela.

- Não. – disse Gina se apegando mais ao corpo de Agatha para que não as separassem.

- Por favor. – pediu outra vez – Assim ficará mais difícil pra senhorita.

- Não vou me separar dela. – disse Gina em meio às lágrimas.

Minerva olhou pedinte para Gui e o Sr. Weasley, estes se aproximaram de Gina e a pegaram pelos braços, foi quando Gina sentiu algo diferente, era como se sua amiga nunca tivesse ido embora, era como que se aquela dor de perda nunca tivesse existido. Ela olhou para Harry que também a encarava, ele também sentiu.

- Me soltem. – gritou Gina – Agatha está viva.

- Gina, por favor, não faz isso. – disse a Sra. Weasley chorosa.

- Gina está certa. – disse Harry se levantando rapidamente para ir até a cama onde se encontrava o corpo de Agatha, mas fora impedido por David e Lupin.

- Não faz isso Harry. – disse David abatido – Já estamos muito feridos.

- Tirem esse lençol de cima dela. – alterou-se Gina outra vez – Ela não está morta!

A Sra. Ridgeway caiu em choro mais intenso agora com as palavras de Gina, ela sabia que a garota estava desesperada com a morte de Agatha, mas, machucava muito ouvir isso sabendo que não é verdade.

- Ok. Se isso vai fazer bem a vocês. – era Rebecca ela estava com uma cara abatida e foi em direção ao corpo de Agatha e tirou o lençol, ouve exclamações quando os presentes viram Agatha com os olhos abertos olhando de um lado para o outro, totalmente confusa, sua respiração fraca.

- Mon Dieu! – exclamou a Sra. Ridgeway correndo em direção a cama acompanhada do Sr. Ridgeway– Você está viva! – disse a abraçando – Severro você conseguiu.

Snape se levantou de onde estava e caminhou lentamente até a cama, os olhos verdes de Agatha o encaravam, sua boca se abriu lentamente e ela disse com a voz fraca:

- Obrigada professor, o senhor me salvou.

- Agatha. – Gina e a abraçou com força – Eu não acredito. Eu não conseguiria continuar sem você. Eu me senti não sozinha, tão impotente...

- Gina. – começou Agatha fraca – Você precisa confiar mais em você e tudo dará certo. Você nãp precisa de mim e de mais ninguém pra ser forte.

Gina assentiu e deu espaço para os outros, Harry foi o último que a abraçou.

- Eu não pensei em mais nada, depois que você se foi. – disse Harry choroso – Só em acabar com a vida dele.

- Você tem que se controlar mais Harry. – disse Agatha fracamente – É importante pensar antes de agir. As conseqüências de agir sem pensar podem ser terríveis.

- Farei isso. – disse Harry olhando abruptamente para trás.

A porta da enfermaria se abriu com estrondo e Draco apareceu por ela ofegante e com uma aparência horrível, ele estava com o rosto vermelho. Era visível que ele havia corrido ou bebido ou os dois.

- Isso é possível? – perguntou Draco simplesmente.

- Veja você mesmo. – disse Harry sorrindo dando espaço para que Draco passasse.

Ele foi até a cama onde já estava acumulado um grande número de pessoas, elas deram espaço para que Draco conseguisse chegar até Agatha. Draco abriu um sorriso sincero que era entranho ver no rosto dele, ele passou os dedos de leve pelo rosto de Agatha e ela sorriu de volta.

- Oi. – disse Draco baixinho.

- Oi. – disse Agatha fracamente.

E eles ficaram daquele jeito, sem desviar o olhar um do outro por muito tempo, ninguém se atrevia a interromper o que estava acontecendo ali, por que o que ocorria naquele momento era algo só deles, e ninguém tinha o direito de atrapalhar.

Já haviam se passado vários minutos quando Madame Pomfrey decidiu interromper, ela precisava fazer alguns exames em Agatha para ter certeza que tudo estava bem com ela. Agatha ficaria de observação e se estivesse tudo bem, ela poderia sair no dia seguinte, pois, parecia que ela nunca havia ficado doente, as suas bochechas voltaram a corar, seus lábios estavam rosados e seus olhos verdes, voltaram a ser brilhantes como antes. Draco afirmou que voltaria no dia seguinte para buscá-la, e que ela não saísse de lá sem ele.

Agatha dormiu aquela noite com um sorriso nos lábios, ela sabia que tudo agora estava bem, e ela faria o possível e o impossível para ajudar os outros a finalmente derrotar Voldemort, ele não se sairia bem dessa vez, pois, ela agora estava preparada para tudo, e ela teria coragem para enfrentar o que quer que viesse pela frente.

Ela foi acordada cedo no dia seguinte por Madame Pomfrey que fizera uma poção revigorante para Agatha bebesse antes de sair. Em seguida ela pegou algumas roupas que deixaram pra ela no dia anterior, pois, ela ainda usava o uniforme de líder de torcida, e foi para o banheiro tomar banho e se trocar. Alegria foi quando se olhou no espelho, Agatha voltara a ser como antes, era certo de que ainda tinha algumas manchas de olheiras em seus olhos, mas, tudo estava voltando a ser como antes. Quando saiu do banheiro, viu que Draco já estava a sua espera, ele sorriu, novamente aquele sorriso sincero do dia anterior, aquele mesmo sorriso que ela não vira há tantos anos, ele finalmemte voltara.

- Bom dia. – disse Draco a abraçando, Agatha aspirou o seu perfume, agora ela sabia por que ficava embriagada quando ele a abraçava, por que ela gostava dele e não havia percebido até um dia atrás.

- Bom dia. – respondeu Agatha sorrindo – Onde está a minha comitiva de boas vindas? Achei que todos viessem me buscar e me erguer como um troféu por toda Hogwarts.

- O seu humor voltou. – disse Draco lhe dando um beijo na testa – Senti falta disso.

- Eu também senti falta do seu sorriso. – disse Agatha – Tantos anos que eu não o vejo.

Draco mudou a sua fisionomia de repente, para uma máscara dura e fria.

- Eu tenho ódio. – disse Draco sério, com a voz amargurada – Por saber que fui fraco.

- Fraco? – perguntou Agatha confusa – Em que momento? Por que sente ódio?

- Eu me odeio, por não ter feito nada antes. – disse Draco se entrecortando – Eu me odeio por ter demonstrado fraqueza e eu me odeio por ainda lembrar como é chorar.

- Você chorou? – perguntou Agatha surpresa.

- Quando pensei que tinha te perdido.

- Quer saber? – disse Agatha admirada – Eu amo saber que você sente ódio – Draco a olhou confuso – Por que assim eu sei que você tem sentimentos e se você tem sentimentos quer dizer que você é humano. Mostrar que tem sentimentos não faz de você um fraco Draco e sim corajoso o suficiente para demonstrá-los.

Draco parou refletindo e voltou a sorrir.

- Você sempre sabe o que dizer. – disse Draco.

- Aprendi com o melhor. – disse Agatha sorrindo docemente de novo.

- Eu?

- Não. – disse Agatha zombeteira – Dumbledore.

Os dois riram e saíram de mãos dadas da enfermaria o que há muito tempo não faziam.

- Como você não conseguiu acompanhar muito bem os estudos. – começou Draco enquanto se encaminhavam para a torre da Grifinória – Dumbledore liberou a sua prova final para daqui a dois dias, ele acha que você consegue se atualizar nesse tempo.

- Sem problema. – disse Agatha animada, ela realmente se preocupara com a prova final, na verdade ela faria hoje junto com os outros alunos, mas agora teria um tempinho a mais para estudar.

- Estrondo. – disse Draco para o quadro da mulher gorda, ela girou imediatamente quando ouviu a senha.

- Você vai entrar? – perguntou Agatha duvidosa.

- Permissão especial de Dumbledore. – disse Draco entrando atrás de Agatha no salão comunal da Grifinória. A euforia dos alunos ao verem Agatha era visível e audível, todos gritavam alegres, a abraçavam e a beijavam, as líderes se acabavam em lágrimas, quando deram um abraço em grupo. Parecia que ninguém se importava com a presença de Draco no salão comunal, todos já deviam saber da amizade entre eles.

- Viu. – disse Lilá chorosa – Eu disse que eu não ia te substituir.

- Eu tenho que acreditar mais em você às vezes. – disse Agatha sorrindo, agora quando viu seus amigos perto de Draco, ela correu e os abraçou, tudo estava bem, tudo está como deveria estar e ela se sentia mais forte agora.

- Acho que a gente deve subir. – disse Hermione animada.

- Mas já? – perguntou Agatha feliz.

- Eles vão estudar mesmo, e fazer a prova daqui a pouco – disse Harry – E você também precisa estudar.

- Harry Potter me dizendo que eu preciso estudar? – disse Agatha irônica – Por favor, vamos subir logo então.

Agatha se despediu dos seus colegas da Grifinória e foi para seu quarto, acompanhada de Gina, Hermione, Rony, Harry e Draco.

- Vou pegar algumas anotações que eu fiz das aulas. – disse Hermione empolgada quando entraram no quarto de Agatha – Assim fica mais fácil pra você, vem comigo Gina. Ah! Harry e Rony, vocês podem pegar alguma coisa para comer?

- Respira Hermione. – disse Rony lhe dando um beijo.

- Hermione tem razão. – disse Agatha se jogando na cama – Eu preciso revisar logo tudo isso. Por que eu ainda quero ser Medibruxa.

- Viram? – disse Hermione afobada – Vamos Gina comigo.

Hermione pegou na mão de Gina e elas saíram atrás das anotações de Hermione. Harry e Rony se entreolharam sorrindo e deram de ombros.

- É melhor pegarmos logo algo para comer antes que elas voltem e Hermione nos mate. – disse Harry saindo do quarto com Rony em seus calcanhares.

- Eu posso te ajudar com poções. – disse Draco se sentando ao lado de Agatha na cama.

- Desculpe você o que? – perguntou Agatha sarcástica.

- Esquece. – disse Draco sorrindo. Ele pegou nas mãos de Agatha e as beijou.

Draco e Agatha se fitaram por alguns segundos. Era bom finalmente estarem juntos outra vez, embora Agatha soubesse o que realmente sente por Draco, ela sabia que a amizade deles dessa vez estaria mais forte, mesmo que ela nunca diga a ele sobre os seus verdadeiros sentimentos. Antes que ela pensasse na possibilidade de se abrir com ele, Draco se aproximou de Agatha, segurou o seu rosto e a beijou, a beijou como nunca havia feito antes, como se ela fosse o seu bem mais precioso e se ele parasse de beijá-la algo terrível aconteceria. Segundos ou anos se passaram quando eles se afastaram, Draco acariciava o seu rosto com o dedo e olhava dentro de seus olhos verdes que agora voltaram a brilhar.

- Agatha...

- Ok. – disse Agatha decepcionada – Eu sei você vai dizer o mesmo discurso de sempre, que o nosso beijo foi um erro...

- Aceita ser minha namorada?

O mundo ao redor de Agatha parou, ela olhou confusa para Draco como se ele tivesse contado uma piada da qual ela não compreendera. Realmente ela não esperava por isso, mas, ela gostava dele e Draco sempre se esquivando dela e agora do nada, ele a pede em namoro.

- Como é? – foi à única coisa que Agatha conseguiu dizer.

- Eu percebi uma coisa. – disse Draco decidido – Eu percebi que mesmo não querendo, os meus sentimentos por você se manifestaram, mas, a minha amizade com o Potter também, eu não queria perder o que até aquele momento eu tinha conseguido. Comecei a namorar Emilia pra te manter longe de mim, já que vocês duas não se batiam de frente, nem preciso dizer que não adiantou de nada, quando Potter me perguntou se eu gostava de você, eu consegui esconder dele, mas, não de mim mesmo. Eu descobri outra coisa também Agatha, sobre as visões que tivemos, o mundo de Salazar caiu depois que se separou de Rowena, sem ela, ele se transformou num monstro. Entendeu? Sem Rowena, Salazar não existia, da mesma forma Draco Malfoy não existe sem Agatha Ridgeway, eu não existo sem você Agatha, sem você meu mundo simplesmente cai.

Agatha não acreditava no que estava ouvindo, isso tudo, essas palavras vindo de Draco, eram quase um “eu te amo”. Ela sabia que nunca ouviria um eu te amo dele, mas, tudo o que ele disse demonstrava isso.

- Eu não sei o que dizer. – disse Agatha confusa e feliz ao mesmo tempo, ela esperava que do nada Draco dissesse. “Brincadeira, você foi à décima quarta pessoa a cair na pagadinha do Semanário das Bruxas”. Mas ele falava sério, Agatha percebeu que ele estava apreensivo esperando uma resposta concreta – E o Harry?

- Eu vou falar com ele. – disse Draco sério – Embora eu saiba que ele não vai aceitar muito bem, mas, ele precisa aceitar... do que eu to falando eu nem sei se você vai aceitar.

- É claro que eu aceito. – disse Agatha rapidamente e corando ao mesmo tempo pela resposta rápida – Antes que você mude de idéia. Eu nem acredito Draco, a gente vai ficar junto, é sério?

Draco sorriu satisfeito se inclinou e a beijou novamente, Agatha estava feliz, agora mais do que tudo, ela queria viver, destruir aquele bruxo feio e mau, e viver pra sempre ao lado de Draco. Mas o momento feliz acabara, eles se separaram, pois, ouviram alguém pigarrear, Harry estava parado perto da porta do quarto com uma bandeja na mão, os outros três atrás dele, com caras visivelmente de pânico. A expressão de Harry era indescifrável, ele mesmo não sabia o que pensar muito bem da situação atual, Harry pensou em abrir a boca e sair gritando e explodindo coisas, mas, algo o fez parar e refletir – Você tem que se controlar mais Harry. – disse Agatha fracamente – É importante pensar antes de agir. As conseqüências de agir sem pensar podem ser terríveis. Harry se lembrou do momento em que vira Draco, depois de tantos anos, chorar outra vez, ele chorou por ela, por que Draco a amava, Draco aceitou que Harry ficasse com Agatha, mesmo gostando dela, definitivamente Draco a merece mais do que ele, que sempre a quis pra si, sem pensar no que ela queria. Harry respirou fundo e sorriu.

- Já era tempo de vocês dois se entenderem. – disse Harry entrando no quarto e colocando a bandeja em uma mesa.

- Potter. – disse Draco se levantando para encará-lo – Eu ia te contar.

- Vocês são livres para fazerem o que quiserem. – disse Harry amigavelmente.

- Eu não queria perder a sua amizade.

- Você nunca vai perder a minha amizade. – disse Harry sincero – Você se mostrou um bom amigo... Draco. – em seguida Harry estendeu a mão para Draco.

- Obrigado Harry. – disse Draco apertando a mão de Harry em seguida.