Onde não há igualdade, a amizade não perdura.

Platão

– Capítulo Onze –

Agatha Ridgeway Não é Perfeita

Quando Agatha entrou no salão comunal, viu seus quatro amigos sentados juntos perto da lareira, os quatro levantaram a cabeça ao mesmo tempo quando ela se aproximou.

- E então como foi? – Hermione se manifestou sorridente.

- Bem divertido. – respondeu Agatha deixando as sacolas de lado e se sentando com eles – Antony é bem legal.

- E o que vocês fizeram o dia todo? – perguntou Rony se fingindo de desinteressado.

- O que Rony quer dizer. – começou Gina alegre – É verdade que vocês se beijaram?

- Ah... o que? Como vocês...?

- Você não era a única na Madame Padfoot. – disse Harry meio frio – Todos já sabem que vocês se beijaram. Vocês nem se conhecem direito e já ficam se agarrando pra todo mundo ver.

- E isso é dá sua conta? – perguntou Agatha ofendida.

- Claro que é. – rebateu Harry – Você é minha amiga e eu me preocupo com o que pensam de você.

- Obrigada, mas, hoje em dia nem eu me preocupo com o que pensam de mim. – disse Agatha irritada.

- Devia se preocupar.

- Na verdade Harry. – disse Agatha afrontada se levantando e pegando as sacolas – Ele me pediu em namoro, e eu aceitei. Mione, Gina venham ao meu quarto quero mostrar os sapatos que comprei – As três subiram correndo as escadas para o dormitório feminino, antes disso Gina deu a Harry um olhar de indignação.

- Por que ficou irritado? – perguntou Rony a Harry – Você não acha que Agatha tem o direito de seguir a vida dela?

- E você não acha que Hermione tem o direito de saber o que você fez no club Masters? – rebateu Harry.

- Não estamos falando disso. – disse Rony alterado – Se magoar a minha irmã...

- Digo a mesma coisa se magoar a Hermione. Ela é como a minha irmã – disse Harry este levantou pra sair pelo buraco do retrato, mas Rony o deteve.

- Isso não tem nada a ver com a Hermione, Harry você sabe. – disse Rony de pé, ainda alterado.

- Não entendi, dá pra explicar? – Harry virou pra encará-lo, seu tom de voz estava frio e Rony percebeu que seu olhar tinha uma leve arrogância.

- Você só está irritado por que Malfoy me levou no club Masters ao invés de você. – disse Rony vitorioso.

- Você está maluco. – disse Harry sorrindo de lado.

- Não estou. – disse Rony definitivo – Você não aceita o fato de que aconteceu alguma coisa lá e Malfoy não quer contar pra você. Você não aceita o fato de que o Malfoy e eu temos um segredo, ou melhor, que ele está encobrindo um segredo meu.

- Quer saber por que estou irritado? – disse Harry também alterado algumas faíscas saiam sem querer da sua mão – Por que meu melhor amigo não confia em mim.

- Não sabia que eu ainda era o seu melhor amigo. – disse Rony irônico – Mas não é por causa disso. Você está irritado por que Malfoy não confia em você. E controla esse fogo. – dizendo isso Rony subiu para o dormitório.

Harry socou o ar e saiu pelo quadro da mulher gorda, pegou no bolso a sua capa de invisibilidade e a vestiu, então seguiu caminho pelo corredor, desviando atentamente dos alunos que iam e vinham, alguns voltando de Hogsmeade, outros descendo para jantar, mas nenhum deles era a pessoa que Harry mais anciava por ver. Provavelmente Draco já havia voltado para o dormitório com o intuito de se preparar para o jantar, então resolveu ir até as masmorras com a esperança de entrar escondido no salão comunal da Sonserina. Ao chegar lá, viu Blásio Zabine perto da entrada do salão comunal conversando atentamente com Pansy Parkinson.

- Sabe onde está a Emilia agora? – perguntou Pansy com um sorriso zombeteiro – Lá em cima no quarto do Draco tentando alguma coisa com ele. Quero dizer eles não estão namorando de verdade estão?

- Emilia deve achar que sim. – disse Blásio meio emburrado – Draco não é de se prender você sabe por experiência própria.

- Tá ok, não vamos lembrar meros detalhes. – disse Pansy definitiva – Vai subir pra jantar?

- Não. – disse Blásio carrancudo – Estou sem fome. Conversamos depois.

Pansy seguiu pela masmorra e passou rente a Harry, Harry por sua vez se aproximou de Blásio, este que já estava quase dizendo a senha para entrar, porem, não disse nada, ele simplesmente virou e encarou o nada, mas, na realidade encarava Harry por debaixo da capa. Harry prendeu a respiração e não fez barulho, Blásio sorriu de lado e disse:

- O que faz aqui Potter?

Harry ficou em silêncio por alguns segundos completamente atônito, quando recuperou a fala respondeu a um Zabine paciente.

- Como sabia que era eu?

- O cheiro do perfume barato da Weasley fêmea. – respondeu Blásio irônico – Você ta impregnado com ele. Você não respondeu o que quer aqui.

Harry queria dar uma daquelas respostas engraçadas que Draco sempre dava, mas só o que saiu foi:

- Quero ver o Malfoy.

- Você deve ter ouvido a conversa entre Pansy e eu e constatado que Draco deve estar em um momento muito constrangedor agora. – disse Blásio pensativo – E é por isso mesmo que vamos atrapalhá-lo.

Ele disse a senha e demorou um pouco antes de entrar para dar espaço a Harry. Quando entraram, Harry viu que havia muitos Sonserinos espalhados pelo grande salão da Sonserina, Blásio subiu as escadarias e Harry o seguiu, ele parou em frente a uma porta de madeira, onde se lia em letras pratas, Draco Malfoy, Monitor da Sonserina e Capitão do time de Quadribol, bateu na porta logo em seguida e abriu.

Sentada na cama impecavelmente arrumada de Draco estava Emilia com cara de mau-humor, Draco estava de frente a um espelho passando perfume.

- Blásio vou descer para jantar em um minuto. – disse Draco sem olhar para a porta.

- Na verdade eu queria falar com você a sós. – disse Blásio olhando com sarcásmo para Emilia.

- Espero que consiga mais de Draco do que eu consegui Blásio. – disse Emilia saindo emburrada do quarto.

- O que você quer falar comigo? – perguntou Draco se virando para encará-lo.

- Entrega pra você. – disse Blásio e em seguida saiu fechando a porta atrás de si.

- O que deu nele? – perguntou Draco pra si mesmo.

- Ele tava me contrabandeando pra dentro do seu quarto. – disse Harry tirando a capa.

- Potter! – exclamou Draco supreso com uma nota de irritação. – O que você faz aqui?

- Precisava falar com você. – disse Harry aborrecido. Draco apontou a varinha para a porta e a trancou em seguida lançou o feitiço silenciador no quarto.

- No que você estava pensando quando resolveu vir aqui? – perguntou Draco um pouco mais calmo, mas ainda irritado – Quer ser pego por um bando de Sonserinos famintos?

- Eu discuti com Rony. – disse Harry se sentando na cama de Draco.

- Vocês brigam o tempo todo, parece que estão casados há anos. – disse Draco voltando com o seu sarcasmo de sempre – Por que discutiram?

- Agatha e o Goldstein estão namorando.

- Isso eu já sei. O que mais? – perguntou Draco se sentando em uma poltrona.

- Esse foi o começo da discussão. – explicou Harry cansado – Mas isso acabou levando ao que aconteceu no club Masters.

- Ele te contou o que houve lá? – perguntou Draco cuidadoso.

- Não. – respondeu Harry – Mas eu... Por que você não me convidou pra ir ao club com vocês?

- Por que você não precisa de convite Potter. – explicou Draco como se fosse obvio – Seu nome ta na lista, assim como o meu o da Agatha, Blásio, e por incrível que pareça o Longbottom. Se você queria ir era só ter dito, “eu acompanharei vocês”.

- Me desculpe se eu não conheço a maneira dos milionários agirem. – disse Harry irritado.

- Escuta Potter. – disse Draco amigavelmente – Se eu escondo um segredo do Weasley é por que eu não tenho escolha, é uma regra, o segredo é dele e ele tem que contar não eu.

- Mas isso é preocupante Malfoy. – disse Harry aborrecido – Não viu a situação que ele se encontrava quando chegou?

- Claro que vi, eu estava com ele. – disse Draco respirando fundo – Uma coisa eu posso te dizer Potter, se aconteceu qualquer coisa no club referente ao Weasley, eu já resolvi o assunto, não se preoculpe.

- Ok. – disse Harry por vencido – A propósito, qual desculpa você usou por estar com um Weasley no club?

- Todo ano podemos levar alguém de fora. – explicou Draco desinteressado – E eu disse para os meus colegas Sonserinos que eu levei o Weasley só por publicidade, sabe Malfoy e Weasley juntos, até que funcionou.

Harry observou Draco por alguns segundos, é tão estranho, estar sentado conversando amigavelmente com o Malfoy, sabendo de tudo que eles já passaram se odiando mutuamente, duelando, rivais de quadribol, as únicas coisas que Harry não podia competir com Draco era na forma de se vestir e nos estudos, bem os estudos ele deixa pra Hermione.

- Eu ainda não consegui esquecer a Agatha. – disse Harry de repente, era como se ele pudesse falar qualquer coisa com Draco.

- E o que você pretende fazer? – perguntou Draco mais interessado.

- Não sei. – disse Harry se jogando pra trás na cama de Draco – Eu to com tanta raiva do Goldstein, mas por outro lado ele não tem culpa.

- Você está esquecendo um pequeno detalhe. – disse Draco obsevando com desgosto a sua cama amarrotada – Um detalhe pequeno e ruivo.

- Claro, Gina. – disse Harry chateado – Eu não sei o que fazer.

- Ela não merece Potter. – disse Draco – Mas por outro lado ela sabia do risco, aliás, foi o mesmo risco que Agatha correu, e olha só, deu no que deu.

- O que você quer dizer?

- Que a Weasley está com você sabendo que você gosta da Agatha. – explicou Draco – Da mesma forma que Agatha aceitou ser sua namorada sabendo que você gostava da Chang. E No final você ficou sem nenhuma das duas. Vai deixar isso acontecer de novo?

- Mas eu realmente gosto da Agatha. – disse Harry levantando a cabeça para olhar Draco – Com a Cho eu tinha dúvidas, com Agatha eu tenho certeza.

- Você conhece Agatha Ridgeway o suficiente pra dizer que gosta dela? – perguntou Draco sério.

- Claro. – disse Harry óbvio.

- Tem certeza?

- Malfoy, Agatha é uma pessoa incrível. – disse Harry – Eu a conheço muito bem. Eu vou dizer pra você a mesma coisa que disse pra ela quando a pedi em namoro. Quando ela fica pensativa ela morde o lábio inferior, quando ela fica nervosa ela enrola o cabelo com o dedo e mais ela ama gatos e mesmo quando alguém a supera em alguma coisa ela dá um sorriso sincero...

- Pois eu vou dizer mais Potter. – disse Draco irritadiço – Se gosta mesmo de Agatha, tem que entender que ela não é perfeita.

- O que quer dizer?

- Quando Agatha morde o lábio inferior realmente é por que está pensativa, mas, na maioria das vezes é por que está prestes a contar uma mentira, ela também enrola o cabelo quando fica nervosa, mas também é pra fazer você se distrair olhando o cabelo dela pra parar de ter contato visual por que ela colocou a mentira em prática, ela ama gatos por que eles são independentes e ela odeia cuidar de animais, não faço idéia como ela consegue boas notas em Trato de Criaturas Mágicas e quando alguém a supera ela dá sim um sorriso, um sorriso falso por que por dentro ela está com inveja, ainda mais quando o assunto é poções, e acredite, ela está com muita raiva de você por que você a está superando em poções. – disse Draco – Ela também tem um lado negro como todos Potter e se você realmente acha que gosta dela, é necessário que você conheça e aceite os defeitos dela.

- Nossa. – disse Harry boquiaberto – Estou abismado. Como você sabe tudo isso?

- Sou observador. – disse Draco simplesmente.

- Não Malfoy, ela não é assim por que quer. – disse Harry – Sabe ela é parte veela, e você sabe como veelas são temperamentais.

- Agatha não é parte veela. – disse Draco jogando as mãos pra cima – Ela é parente de veela e isso é diferente.

- Acho que posso aceitar esses defeitos. – disse Harry confuso – Aliás todos nós temos defeitos.

Draco observou Harry por um momento, suspirou rendido e disse:

- Então termine com a Weasley, a deixe viver a vida dela, e faça de tudo pra ter a Agatha de volta. – disse Draco simplesmente.

- Você acha? – perguntou Harry.

- É o certo você deixar as coisas bem claras com a Weasley. – disse Draco firme – Ela merece que você seja sincero com ela.

- Ta eu vou ser. – disse Harry se levantando – Acho que já vou indo.

- Espera. – disse Draco – Você tem reunião com Dumbledore amanhã?

- Não. – respondeu Harry – Por quê?

- Como eu não tenho ronda amanhã. – explicou Draco – Nos escontramos na sala precisa depois do jantar. Vamos começar as aulas de oclumência.

- Vai me ensinar a ser Legiminen também? – perguntou Harry esperançoso.

- Está querendo entrar na mente de mais alguém além da minha? – perguntou Draco irônico – Não Potter, fechar a mente é o mais importante no momento.