Continuamos a viagem até que finalmente chegamos a um portal. Leon me perguntou se eu não tinha no meu livro de feitiços algum que pudesse abrir o portal e nos levar para Beverly Hills.

Eu procurei e nada, mas depois uma senhora elfo veio até nós.

“O que o casal de vampiros faz aqui?” A senhora nos perguntou.

“Nós estamos querendo passar pelo portal.” Leon disse a ela.

“Vocês tem a autorização do rei Uberon?” Ela nos perguntou.

“Como?” Leon perguntou “Achei que esses portais não precisassem de senha ou autorização.”

“Antes. Antes daquela mulher fugir era assim.” A senhora disse a Leon “E o nosso reino ainda leva o nome daquela vadia.”

“Minha mãe não é uma vadia!” Eu não agüentei e explodi.

Como eu já havia dito, sou muito temperamental.

“Uma princesa?” A senhora se curvou perante nós “Eu sinto muitíssimo! Tenham misericórdia dessa pobre senhora!”

“Tudo...” Leon iria dizer “tudo bem”, mas eu não o deixei. O interrompi.

“Apenas, se a senhora abrir esse portal para passarmos... E é claro ficar de bico fechado e não falar sobre isso a ninguém.”

Leon me olhou pasmo, ele viu meus olhos ficarem ainda mais vermelhos do que naturalmente já eram.

“Tudo bem!” A senhora nem precisou pensar para responder e abriu o portal para passarmos, mas antes perguntou “Para onde?”

“Beverly Hills.” Leon respondeu.

“Lindo lugar, as praias são perfeitas...” Ela dizia, mas eu a cortei.

“Cala a boca e abre logo esse portal.” Eu disse.

“Ah, me desculpem.” Ela disse e finalmente abriu o portal.

“Obrigado, senhora.” Leon disse para a mulher.

“Boa viagem!” Ela disse, mas eu nem sequer a ouvi. Eu estava prestes a concretizar 2 itens da minha lista: A praia e a mamãe.

Eu e Leon entramos no portal e foi tão rápido... Em um piscar de olhos estávamos já em Beverly Hills.

Estava tão sol. Um sol que não havia em Krisel, digo havia sol em Krisel, mas não como esse.

E há diferença de horário entre Beverly Hills e Krisel, aqui já deve ser 10 da manhã.

Leon estava tão chocado quanto eu.

Seguimos a luz do sol e saímos do beco, as pessoas pareciam chocadas em nos ver também, acho que era por causa das roupas. Acredite se quiser um cara nos perguntou se a gente tava em alguma feira de anime. É claro que eu o mandei catar coquinho, mas Leon fechou a minha boca com uma de suas mãos e respondeu ao carinha que estávamos indo em uma dessas feiras.

Que raiva esses humanos me dá. Da vontade de beber o sangue de todos eles pra ver se eles se calam.

“Você tem que se controlar Lyenne.” Ele disse depois do ocorrido.

“Como me controlar?” Eu o perguntei incrédula “É impossível com esses caras!”

“Lyenne, não pode odiar todos os humanos porque nossa mãe preferiu um deles a todos nós.” Leon disse tocando o meu nariz com um de seus dedos.

“Eu não odeio eles por causa disso.” Eu menti, mas era duro demais saber que Leon me conhecia tão bem a ponto de saber disso. E quanto a mim? Leon quando quer consegue me enganar direitinho.

“Você pode mentir para todos, mas para mim?” Ele continuava “Jamais, querida irmã. Agora precisamos comprar outras roupas.”

“Mas para isso precisamos do que eles chamam de dinheiro.” Eu disse a Leon.

“E você tem um pouco desses?” Leon perguntou.

“Posso transformar nossas moedas de ouro em dinheiro, mas aí vamos ficar sem nada.”

“Não precisamos de moedas de ouro aqui.” Leon afirmou, ele era tão gato! Se não fosse meu irmão eu ia com certeza me apaixonar por ele.

Cabelos escuros como os meus, na verdade mais escuros do que os meus, sedosos e lisos. E o corpo? Bom é forte, malhado e seus músculos definidos. Posso dizer que ele é a criatura mais linda que eu já vi... Digo empata com aquele lobo branco que vimos hoje. Eu daria tudo para encontrá-lo de novo.

Continuando... Eu usei um dos feitiços do meu livro de magia para transformar as moedas de ouros em milhões de dólares. Então agora nós precisamos depositar esse dinheiro em um banco, assim como eu já tinha visto na televisão.

Mas primeiro iríamos comprar roupas.

Fomos a uma loja de sapatos femininos e seguimos para uma loja de roupas femininas. Tudo super caro.

Depois foi a vez de Leon, ele foi até uma loja de sapatos masculinos e seguimos para uma loja de roupas masculinas.

Depois que finalmente acabamos de fazer compras, começamos a andar pelas ruas de Beverly Hills sem que ninguém olhasse para nós.

“Leon, precisamos repor esse dinheiro.” Eu dizia a Leon, mas esse estava muito distraído com as mulheres que passavam por nós “Leon!”

“O que? O que é, maninha?” Ele perguntou na maior cara de pau.

“Será que esse lugar já ta afetando o seu cérebro?” Eu o perguntei.

“Fala sério, Lyenne!” Ele disse “Essas gostosas passam dando mole... O que você quer que eu faça?”

“Ignore-as?” Eu disse “Estamos com problemas.”

“Qual?”

“Pelo visto não ouviu nada do que eu disse, não é mesmo?” Eu o perguntei

“Foi mal.” Ele disse “Mas eu vou prestar atenção agora, eu juro.”

“Ta bom.” Eu disse “Bom, nosso dinheiro não vai durar para sempre nesse lugar!”

“Olha, vamos depositar isso num banco e depois a gente arruma um emprego ou algo parecido, ok?”

“Emprego?” Eu estava um pouco assustada com a idéia, não é como se eu já tivesse trabalhado antes, não é mesmo?

“É.” Leon disse “Talvez seja necessário.”

Então seguimos caminho em rumo ao banco mais perto para depositar o nosso dinheiro, mas  não saiu exatamente como imaginávamos.

“Como assim endereço?” Meus olhos já estavam brilhando de raiva.

“Lyenne se acalma.” Leon disse e tomou a frente da situação “Não temos como depositar o dinheiro e depois ir em casa para se informar disso?”

“Sinto muito, senhor. Mas não posso criar uma conta apenas com o nome de vocês.” O cara do banco dizia para nós.

“Vamos embora e procurar uma casa Leon.” Eu disse.

“Você quer dizer voltar para a nossa casa, não é mesmo?” Leon me corrigiu.

“É! Você entendeu, não é mesmo?” Eu estava irritada e com os olhos cada vez mais vermelhos “Vamos embora!”

“Desculpe minha irmã, mas ela teve uma longa manhã.” Leon disse ao cara do banco que já estava assustado comigo.

Quando saímos do banco Leon me deu algum tipo de bronca.

“Lyenne, se você não começar a se controlar não vamos conseguir encontrar a nossa mãe.”

“Eu...” Antes que eu pudesse me desculpar com meu irmão um cara colocou uma arma na minha cabeça dizendo para passarmos a nossa mala de dinheiro e todas as outras bolsas de loja.

“Passa tudo, crianças.” Ele dizia para mim e Leon.

“Que tal irmos para o beco negociar?” Leon disse para o cara.

“Vamos logo!!!” Ele dizia nervoso.

No beco, Leon balançou a cabeça para mim e eu assenti de volta.

Me virei em direção ao bandido que estava atrás de mim com a arma.

“Quem mandou você se mexer?” O cara falou, mas daí botei as presas de fora e meus olhos começaram a brilhar no intenso vermelho novamente.

“Quem mandou você mexer com as pessoas erradas?” Leon disse com as presas de fora e os olhos no intenso vermelho.

O cara gritava para que nós o deixasse ir, então ele percebeu que ainda estava armado e apontou a arma para nós, em seguida atirando em mim, mas coloquei a mão na frente para que ele não furasse a roupa que eu tinha acabado de comprar.

O cara estava apavorado.

“O q-qu-que são vo-v-vocês?” Ele perguntou.

E eu respondi “Somos o que vocês acham que são lendas.”

Eu e Leon ríamos do medo do cara.

“Não me matem, por favor!!” Ele implorava.

“Por que não o mataríamos?” Leon disse “Estamos famintos.”

“Vamos mesmo fazer isso?” Eu perguntei Leon.

“Por que não? Esse cara só vai fazer outras pessoas sofrerem.” Leon disse.

“Não!” O cara disse “Eu posso me aposentar! Eu juro que jamais farei mal a ninguém.”

“Por que acreditaríamos em um humano sem palavra como você?” Eu o perguntei.

“Porque se eu não cumprir essa promessa vocês poderão vir atrás de mim e me matar!” Ele insistia.

“Se concordássemos, você teria que arrumar um emprego decente e largar essa vida, pode ser?” Leon propôs.

“Claro que pode!!!” O cara disse desesperado.

“Pode ir, então.” Leon disse.

“Obrigado!!” O cara disse “Eu prometo que eu não vou mais fazer isso!!”

“Vai logo antes que a gente mude de idéia.” Eu disse.

“Ah, ta.” O cara disse e saiu correndo.

Quando ele sumiu, eu e Leon começamos a rir, enquanto nossos olhos e presas voltassem ao normal.

“Ainda bem que não precisamos morder aquele cara.” Eu disse “Ele fedia.”

“É mesmo.” Leon disse “Estranho, não é? Humanos deveriam cheirar bem.”

“Vai ver só os de alma boa.” Eu disse.

Enquanto isso, em um outro beco, o assaltante que nos atacou falava com uma outra pessoa.

“Tudo certo, mestre.” O assaltante de antes disse “Eles não desconfiaram de nada.”

“Ótimo.” O cara misterioso disse “Conseguiu o que eu te pedi?”

“Sim.” O assaltante disse entregando uma mecha de meu cabelo ao outro cara “Aqui está a mecha de cabelo da garota vampira, mas para o que o senhor precisa disso?”

“Para vigiar cada passo de Lyenne e seu irmão.” O cara disse para o ajudante.

E conosco, finalmente chegou a minha hora de conhecer a praia.

Paramos em frente a praia, mas não chegamos a pisar na areia.

“Minha nossa.” Eu disse “Não da pra ver o fim.”

“É porque não tem fim.” Leon disse sorrindo, mas eu não desviei o olhar do mar.

“Eu posso pisar?” Eu me referia a areia.

“Claro que você pode.” Leon me respondeu.

Mas quando eu me aproximava um skatista maluco me atropelou e me jogou no chão.

“Lyenne!” Leon disse.

“Me desculpe senhorita.” O skatista me falou levantando-se e estendo a mão para mim.

“Quem você pensa...” Eu gritava com ele até ver o lindo rosto e corpo dele, o que me fez ficar mansinha “... que é?”

“Foi mal.” Ele disse ainda com a mão estendida “Pegue-a, não vai te morder.”

Eu peguei a mão dele e disse “É mais fácil eu morde-la.”

Ele riu e Leon não gostava nada do que via.

“Não tem graça.” Eu disse para o garoto.

“Foi mal de novo.” Ele disse.

“É só isso que sabe fazer?” Eu disse “Se desculpar e derrubar garotas.”

“Confesso que derrubo muito bem todas lá do colégio.” Ele disse.

Eu fiz uma cara de nojo “Pelo visto você se acha, não é mesmo?”

“Eu não me acho.” Ele disse “Eu sou.”

“Leon, vamos embora daqui.” Eu disse ultrajada.

“Com certeza.” Leon estava muito revoltado também, dava pra ver pelo seu olhar.

“Foi um prazer conhecê-la!” O idiota disse.

“Pois por mim foi um ultraje te conhecer!” Eu disse com os olhos brilhando.

“Calma, Lyenne. Ignore-o.” Leon cochichou para mim.

Só sei que se eu vir aquele cara de novo eu sou capaz de matá-lo. Não da forma tradicional dos vampiros, digo beber o sangue dele até a última gota. Mas destruí-lo com as minhas próprias mãos, literalmente.