Krisel não é o único reino mágico que existe nos lugares menos imagináveis da Terra. Há muitos outros por aí, e alguns eu visitei (através de portais, já que somos proibidos de sair, sem um adulto, em qualquer lugar onde se encontram humanos). Visitei por exemplo os reinos de: Terylin (em Xangai), Holofie (em algum lugar perto de Perth na Austrália) e mais alguns outros.

Krisel fica entre o México e os Estados Unidos, exatamente na fronteira se encontra a nossa “porta de entrada” (nós somos os maiores culpados dos desaparecimentos de pessoas nessa área).

Você provavelmente deve estar pensando que Krisel é um lugar sem luz do sol e sombrio, onde só vivem vampiros, não é mesmo?

Estão errados. Em Krisel temos sol, piscina (mas não temos praias, uma coisa que eu sonho em ver ao vivo) e outras criaturas que humanos pensam que são apenas lendas. Temos ciclopes, minotauros, sereias, duendes, dragões... E infelizmente os nossos inimigos metade lobos e metade homens. Isso mesmo os famosos lobisomens. Só que humanos pensam que essas são criaturas burras e que saem para a matança em noites de lua cheia, entretanto, não é bem assim. Essas criaturas matam a qualquer hora do dia e pensam muito bem no que estão fazendo.

Mas se a existência deles é culpa de alguém, é nossa. Quando os primeiros grupos de vampiros surgiram (explico como depois), estávamos desesperados por alimento, então um vampiro mordeu um lobo, e esse vampiro não bebeu até a última gota de sangue. Fazendo com que esse lobo, mais tarde, se transmutasse em no que chamamos de lobisomem, e esse deu continuidade a sua raça (depois de obviamente se alimentar muito).

Agora devem estar se perguntando como eu e todos os outros vampiros surgiram, não é mesmo?

Bom, tudo começou na idade média por volta do século XVI, quando um humano começou a fazer experimentos em cadáveres que foram mortos pela peste negra, para tentar revive-los, do contrário a humanidade iria se acabar por causa da doença, mas esse homem criou criaturas mortas e vivas, nós os vampiros (Só que não temos nada de mortos como as lendas dizem, pelo contrário somos bem mais vivos)

Mas apesar de nosso nascimento bem tardio em comparação aos humanos, somos muito mais inteligentes e fortes. E também quase imortais. Nenhum de nós ainda morreu por velhice (na verdade as mulheres envelhecem no máximo até os “35” e os homens envelhecem no máximo até os “42”, mas isso depende do vampiro).

Nós somos tão vivos quantos os humanos, conforme eu já havia comentado. Nós podemos ter filhos, infelizmente menstruar... Menos envelhecer e morrer disso.

Nossa principal diferença com os humanos é a nossa força e hábitos alimentares. Na verdade esse último não é tão diferente, nós comemos o sangue dos animais e eles comem os animais inteiros (eca). Eu amo sangue de leitão, por exemplo.

Agora, começando a falar sobre mim e minha família: Eu me chamo Lyenne, tenho 13 irmãos (mas eu tenho o meu predileto, o meu gêmeo, Leon), não sei quantos primos, tios e tias...

Eu e Leon somos gêmeos e acho que por isso nos damos tão bem e também somos os irmãos mais novos. Assim que nós nascemos mamãe fugiu do reino porque havia se apaixonado por um humano. Um dos meus maiores sonhos é conhecer minha mãe.

Olha minha lista de sonhos:

Ø  Conhecer minha mãe

Ø  Me apaixonar perdidamente

Ø  Ver uma praia ao vivo

Ø  Dizer para a vaca Terina (minha irmã) o quão vaca ela é

Ø  E finalmente, ser verdadeiramente feliz

Nesse momento estou no meu quarto com Leon, arranjando um jeito de tirar essa lista de sonhos que eu, burra, mostrei para ele da cabeça dele. E agora esse idiota quer realizar todos eles.

“Você não pode simplesmente desistir das coisas que você mais quer.” Leon me disse

“Eu já sou esperta o suficiente pra saber o que é possível e o que não é, Leon.” Eu o disse

De nós dois eu sempre fui a mais pé no chão, apesar de sonhadora, eu sabia distinguir o possível do não possível. Já meu irmão, apesar de só ter um sonho (me ver feliz), é totalmente louco e capaz de enfrentar tudo e a todos pelo o que mais quer.

“Lyenne, é seu dever como princesa desse reino ser feliz para poder subir ao trono e fazer seus súditos felizes.” Leon apelou, mas eu sabia perfeitamente como responder a apelação dele.

“Meu caro irmãozinho, precisariam 13 vampiros, incluindo você e papai, morrerem para eu subir ao trono.” Eu apelei também “E além do mais quem disse que eu não sou feliz?”

“Eu vejo no seu olhar que só completando os itens dessa lista...” Leon começou, mas eu o interrompi.

“Para!” Eu disse “Eu não quero partir para uma missão suicida, Leon!”

“Eu sou um dos melhores lutadores do reino, posso muito bem me proteger e a você também.” Leon insistia.

“Eu não preciso da sua proteção.” Meu sangue ferveu “Eu sou uma ótima maga! Posso muito bem me proteger sozinha e até a você mesmo.”

Eu caí na pilha dele. Outra diferença entre mim e Leon, ele não cai na minha, mas eu caio na dele igual a um patinho.

“Ótimo!” Ele disse “Então está combinado, venho te buscar de madrugada.”

*Eu me esqueci de dizer! Nós vampiros dormimos, sonhamos, roncamos e a noite.

Leon saiu do meu quarto depois daquelas últimas palavras que proferiu, só para que não pudesse ouvir minha direta resposta, um não bem grande.

*Outra curiosidade, nós vampiros não podemos nos comunicar por telepatia e nem ouvir a longa distância.

Malditos humanos! Fizeram de nós lendas, e ainda falaram mentiras ao nosso respeito, que tipo de gentinha é essa?

Apesar dos pesares eu sou a filha favorita de papai. Talvez seja por isso que a irmã mais velha que tenho me odeie (Terina mú mú).

Meu pai veio me dar boa noite no quarto como todas as noites, ele é um fofo!

“Oi filha.” Disse ele “Já pronta para dormir?”

“Sim, eu estou.” Disse um pouco nervosa e ele notou.

“Algum problema?” Ele perguntou, o nome do meu pai é Uberon.

“Nenhum.” Eu disse tentando parecer mais calma.

“Sei.” Ele disse não acreditando muito “De qualquer forma boa noite querida e tenha os melhores sonhos.”

Ele me deu um beijo na cabeça, me cobriu e saiu do quarto.

Mais tarde, quando todos já haviam se deitado, Leon apareceu no meu quarto para me buscar para a nossa missão suicida.

“Lyenne?” Ele perguntou “Está acordada?”

“Como eu iria conseguir dormir?” Eu perguntei furiosa “Estava super nervosa!”

“Me desculpe maninha.” Ele disse se sentando em minha cama “Mas vai dizer que não gostaria de conhecer nossa mãe?”

“Eu quero! Mas...”

“Mas?”

“E o papai?” Eu o perguntei “Ele não vai perdoar. Ele vai nos banir como ele fez com a nossa mãe.”

“Você ainda não se deu conta?” Leon me perguntou incrédulo “Você é a ‘queridinha’ dele. Ele jamais a banirá.”

“Pode até ser, mas e você?” Eu insisti

“Ele também vai me deixar voltar.” Leon disse com um sorrisinho malicioso.

“Leon. O que você está armando?” Eu o perguntei com o meu tom desconfiado.

“Nada, querida irmãzinha.” Ele disse “Vamos logo, só estamos perdendo tempo.”

“Ir aonde?” Eu realmente não sabia o que se passava na cabeça de meu lindo irmão, que apesar dos músculos altamente definidos não tem nada de burro, pelo contrário.

Nós deixamos o castelo de Krisel e seguimos viagem na floresta de Krisel, onde muito provavelmente encontraríamos grandes perigos.

Leon finalmente me revelou o que ele pretendia lá. Leon passou aquele dia lendo alguns livros na biblioteca do castelo, e em um deles soube que na floresta há vários portais que saem em algum lugar no mundo dos humanos e em um desses portais minha mãe passou.

No castelo há um portal, mas não poderíamos passar por ele. Papai facilmente nos encontraria e precisaríamos de uma senha para passar por ele ou o alarme tocaria.

Então não tivemos outra escolha, senão a floresta.

“Você sabe qual é o portal?” Eu perguntei Leon.

“Vamos para Beverly Hills.” Leon disse.

“Por que pra lá?” Eu subitamente parei de andar e o perguntei

“Porque foi pra lá que nossa mãe primeiramente foi.” Leon me respondeu parando também.

“Como você sabe disso?” Eu usei meu tom desconfiado novamente.

“Eu sei que eu já deveria ter te dito isso antes, mas...”

“Dito o quê?!” Eu estava ficando nervosa.

“Um dia eu ouvi Uberon falando com Demetrio sobre esse assunto.” Leon olhou para baixo e depois olhou para mim novamente “Papai matou o amante de nossa mãe e eles estavam morando em Beverly Hills.”

“Como você não me conta uma coisa dessas, Leon?” Eu o perguntei furiosa, mas antes que ele pudesse responder um lobo veio em nossa direção nos interrompendo.

“Dois vampiros da família real por aqui?” O lobo disse em tom sarcástico “Já vi que hoje eu vou fazer a festa.”

“Quem você pensa que é?” Eu encarei o lobo “Somos dois vampiros e você apenas um lobo solitário.”

“’Lobo solitário’? Isso é o que você pensa.” Ele disse uivando logo depois.

Assim que ele terminou de uivar, estávamos cercados por lobisomens.

“Leon?” Eu o chamei.

“Estamos encrencados, Lyenne.” Ele me disse.

E eu mais uma vez não podia deixar de concordar com Leon, ele estava certo até que outro lobo, do alto de uma árvore, uivou de uma forma jamais vista e ouvida antes fazendo com que todos os outros fossem embora, incluindo o senhor nervosinho que também foi embora, mas antes soltou um rosnado para mim.

“Por que nos salvou?” Eu perguntei ao lobo do alto da árvore, para ser sincera era um lobo muito bonito em comparação a todos os outros. Tinha o pelo todo branco e era incrivelmente mais forte que todos os outros.

“Eu não os ‘salvei’.” Ele respondeu com a voz mais grossa que já ouvira “A hora de vocês apenas não é essa.”

Ele desapareceu.

“Lobinho arrogante.” Leon disse.

“Não sei.” Eu disse “Algo me diz que ele não estava falando a verdade.”

“Como assim, Lyenne?” Leon parecia confuso.

“Tem algo diferente nele.” Eu disse.

“Deixa pra lá.” Leon disse “Temos que continuar antes do amanhecer senão vão achar a gente.”

“Vamos.” Eu disse, mas ainda estava intrigada pelo o que tinha acabado de acontecer.

Não sei, mas aquele lobo é diferente dos outros e sinto que ainda vamos nos esbarrar por aí novamente, mas quando?

Isso eu não sei dizer, mas sei que estarei esperando por esse dia ansiosamente.