Quando acordei, ao lado de minha cama estava Leon.

“Leon?” Eu disse abraçando-o.

A princípio não me lembrava do plano de Terina, mas depois me recordei.

Com certeza isso era uma das coisas das quais não queria me lembrar.

“Minha irmã, como senti sua falta.” Leon dizia.

“Você estava hipnotizado.” Eu disse sem querer levantar suspeitas.

“Eu sei, mas já conversei com papai e eu não estou mais.”

“Como saiu do transe sem nenhuma ajuda?”

“O que foi, Lyenne?” Ele me perguntou “Parece que está desconfiando de mim ou alguma coisa assim.”

“Impressão sua.” Eu disse “Só quero ter certeza absoluta de que você é você mesmo.”

“Claro que sou eu.” Ele disse.

Eu realmente queria acreditar nele, mas era impossível.

“Aqui ta com um cheiro ruim, não está?” Ele me perguntou.

“É está sim.” Eu respondi, mas já não achava o cheiro dos lobos tão ruim.

Depois que Leon saiu, Lance subiu pela minha janela.

“Que barra, em?” Ele me perguntou.

“É.” Eu disse “Eu acho que eu não vou agüentar.”

“Claro que vai!” Lance disse “Humanos desistem. Será que passou tanto tempo assim com eles e se esqueceu de que é uma vampira 1ª classe?”

“Ele é meu irmão e quero salvá-lo a qualquer custo.” Eu disse.

“E eu vou te ajudar.” Lance disse.

“Obrigada.” Eu disse.

“Vem cá.” Ele disse me puxando para um abraço.

Eu queria poder ficar ali ouvindo as batidas de seu coração para sempre.

“Posso te beijar?” Ele me perguntou.

“Eu adoraria.” Eu disse sorrindo um pouco.

Então ele inclinou a cabeça até que seus lábios puderam repousar sobre os meus. Então coloquei meus braços em volta de seu pescoço e pulei em cima dele. Ele me segurou firme e depois me encostou na parede começando a tirar a minha roupa enquanto beijava me pescoço.

Ai!

Ainda mais tarde, desci para jantar. Foi um inferno, Terina não parava de provocar.

Lembra da minha lista de desejos?

Bom, aqui estou para dizer que estou prestes a riscar o penúltimo item da minha lista. Só que fiz mais do que riscar um item da minha lista de desejos.

Ø  Conhecer minha mãe

(Eu sei que esse item acima não foi realizado, mas sem chances, não é mesmo?)

Ø  Me apaixonar perdidamente

Ø  Ver uma praia ao vivo

Ø  Dizer para a vaca Terina (minha irmã) o quão vaca ela é

Ø  E finalmente, ser verdadeiramente feliz

Foi nesse jantar que chamei Terina de vaca.

“Vejam só quem resolveu se juntar a nós?” Terina disse quando atravessei o salão “A queridinha do papai! Eu juro que pensava que por ser a favorita poderia comer no quarto.”

Eu me sentei calada.

“Não sei por que voltou.” Terina disse “Estava incrivelmente melhor sem você pra nos infernizar, não é pessoal.”

Ninguém respondeu, porque todos tinham muito medo de Terina mú mú.

“Viu?” Terina disse “Quem cala concede.”

Continuei na minha.

“Nem seu próprio gêmeo agüentou você e preferiu ser hipnotizado a ter que conviver com um ser como você.”

“Já chega, Terina!” Eu disse me levantando da cadeira “Será que você não percebe o quão inconveniente você é?”

“Como?” Ela disse chocada por eu ter falado alguma coisa.

“Você é uma vaca! É isso o que você é!” Eu disse “E pode perguntar pra todos aqui que eles vão te confirmar.”

“E quem é você pra dizer que eu quem sou a vaca?” Ela disse.

“Eu sou aquela que sabe que você é que está por trás de tudo de estranho que aconteceu comigo no mundo humano.” Eu disse “Você acha mesmo que eu não sei que meu irmão está hipnotizado agora?”

Terina estava boquiaberta.

“Eu sei de tudo.” Eu concluí.

Terina começou a rir “Você acha que sabe, mas a verdade é que você não sabe de nada.”

“Só me diz por que.” Eu disse “Por que quer tanto assim ferrar comigo?”

“Porque você não é nada.” Ela disse “E ainda assim é a favorita.”

“E se eu sou mesmo ‘a favorita’ de Uberon.” Eu disse “Você acha mesma que a culpa é minha?”

“Não digo que você merece morrer, mas pelo menos sofrer.” Terina disse “Assim como nossa mãe está sofrendo.”

“‘Está’? O que você sabe sobre ela?”

Terina chegou perto de meu ouvido esquerdo e sussurrou separando cada sílaba enquanto falava “Não-te-in-te-res-sa.”

“Sua vaca!!!” Eu disse pulando no pescoço dela “O que você fez com minha mãe, em?!”

Eu a joguei no chão e fiquei a puxar seus cabelos enquanto estava em cima dela.

“Sua vaca!!!” Eu xingava “É isso que você é!!”

Terina gritava e de repente nosso pai, que escutava tudo o tempo todo, nos parou.

“Parem!” Ele ordenou.

Nós paramos e largamos uma da outra nos levantando.

“Me desculpe, pai.” Terina disse “Mas essa louca partiu pra cima de mim.”

“É verdade isso?” Papai perguntou.

“Não!” Eu respondi “Digo, tive minhas razões.”

“Não estou falando com você Lyenne.” Papai disse “Estou perguntando a sua irmã se a acusação que lhe foi feita é real.”

“Que acusação?” Terina perguntou.

“Você sabe muito bem qual acusação.” Meu pai disse “Não se faça de sonsa.”

“E se for verdade?” Terina disse “O que iria fazer?”

“Então é verdade...” Uberon disse abaixando a cabeça e levantando-a em seguida “Você não me resta outra escolha.”

“Que escolha?” Eu perguntei sem querer.

“Terina você está banida do reino de Krisel.” Uberon disse.

“O quê?” Ela disse “Não pode fazer isso.”

“Eu já fiz!”

“Vocês todos não sairão impunes dessa.” Ela dizia.

“Guardas!” Meu pai “Tirem essa criatura de meu reino.”

Eu estava boquiaberta, mas também não pude evitar assistir os guardas expulsarem Terina à força do castelo e depois do reino.

Começo a me perguntar será que sou tão querida assim pelo papai?

Sei que o que Terina fez é imperdoável, mas ainda não é motivo para um pai tirar todos os poderes mágicos de sua filha e expulsá-la do reino.

Será que minha influência sobre meu pai é tão forte assim?