Um Amor De Infância escrita por Anah


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, vou postar dois capitulos por causa disso, ok ?



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O coração de Inu Yasha disparou. Desceu a colina e encontrou os cavaleiros na metade do caminho.

— Onde ela está? — perguntou, indicando a sela vazia.

— No estábulo. Onde mais poderia estar? — Bankoutsu sorria.

— Então você a encontrou e a levou de volta?

— Não. Kagome apareceu da floresta em um galope desenfreado e deixou seu garanhão no pátio do estábulo.

— Droga!

Bankoutsu franziu as sobrancelhas.

— Foi uma linda visão vê-la chegando com os cabelos ao vento e o rosto vermelho como cerejas maduras.

Diante da lembrança de Kagome em cima do cavalo, Inu Yasha sentiu um aperto no peito. Olhou distraído para a floresta.

Os outros dois guerreiros fizeram comentários obscenos.

— Basta! — A reprimenda foi suficiente para que todos ficassem sérios.

Ele assobiou, e seu cavalo se aproximou. Montando o animal, Inu Yasha virou-o.

— Vamos embora. O dia já está terminando.

— E então, Inu Yasha, o que pretende fazer com ela agora?

— Para ser sincero, Bankoutsu, nem imagino.

— Nem eu. O mais estranho é que Kagome teve a chance de fugir, e não o fez.

— Não, não fugiu. Por que será?

Várias possibilidades lhe ocorriam. Inu Yasha acelerou o passo do animal. Escutando as risadas dos companheiros, virou-se para trás e viu Bankoutsu trocar olhares com os dois guerreiros.

— Por que não resolve esse assunto de uma vez por todas, chefe?

Todos os músculos do corpo de Inu Yasha se contraíram. Engoliu em seco, surpreso com sua própria raiva. Era melhor ficar calado. Bankoutsu percebeu o estado de espírito do chefe de seu clã e achou melhor deixá-lo em paz. Os outros dois homens fizeram o mesmo.

Inu Yasha fitou Bankoutsu. Aquele amigo tinha acompanhado seus anos de luta para reconstruir o clã e testemunhado a dor e culpa implacáveis pelo assassinato do pai. E o encarou, cheio de compreensão.

A tensão desapareceu. Inu Yasha sorriu para Bankoutsu e deu de ombros.

— Está bem, Inu Yasha. Não precisa dizer mais nada.

Ele se lembrou da pele sedosa de Kagome contra seus lábios, dos olhos verdes nublados de desejo… e algo mais.

Para Inu Yasha existia alguma coisa além da necessidade da carne. Sim, ele a desejava, e muito. Entretanto, a pontada em seu coração lhe dizia que uma única noite nos braços daquela jovem não apagaria o fogo que o queimava por dentro.

Assim, saiu em disparada, e dessa vez Bankoutsu não o acompanhou, deixando-o a sós consigo mesmo.

O mistério de Kagome continuava a incomodá-lo.

O que mais poderia existir entre os dois? Desde o assassinato de seu pai, Inu Yasha vivera se preparando para o dia da vingança contra os Grant. Na realidade, a vingança dirigia-se a um Grant em especial. Sendo assim, não houve espaço para mulheres. Nunca houvera.

Claro, tivera seus momentos de prazer com algumas, porém nenhuma o impressionara, nenhuma o fizera sentir o que sentira por Kagome.

Zangado com o rumo de seus pensamentos, Inu Yasha se afastou, temendo ser consumido por todas aquelas emoções conflitantes.

Seu clã fora reduzido à miséria, mas ele ainda era o chefe.

Seu povo dependia de seu esforço para recuperar as terras em que viviam a honra. E faria de tudo para devolver a dignidade a seus companheiros.

Sorriu ao avistar Braedün Lodge. Estava na hora de agir.

Naquela noite, Kagome jantou no quarto, ignorando as tentativas de Sango e Kaede de convencê-la a descer. Fingiu estar exausta das atividades do dia no estábulo e pediu que as duas se desculpassem com todos no grande salão.

Para ser sincera, precisava estar um pouco sozinha.

Os beijos de Inu Yasha deixaram marcas em seus lábios e em seu coração. A lembrança deles continuava viva em seu interior, como se tivessem acontecido momentos atrás. Os beijos, os abraços, o aroma viril, as mãos fortes passeando por suas curvas como se fossem terras inexploradas.

Kagome sussurrou o nome dele e percorreu os dedos pelos lábios, pelo pescoço, traçando o caminho que a boca de Inu Yasha seguira em sua pele virginal.

Nenhum homem despertara seus sentimentos daquela maneira.

As respostas de seu corpo não a surpreenderam. Quando seus olhares se encontraram na floresta, Kagome soube que Inu Yasha Taisho era o amor de sua vida. Aquele a quem amaria para todo o sempre.

Não tardou a adormecer, e acordou assim que o sol nasceu. Sonhara com um grande campo verde repleto de flores selvagens. Estava lá, cavalgando no garanhão preto, o vento brincando em seus cabelos. Inu Yasha apareceu com a lança na mão. Kagome sorriu ao vê-lo, mas havia algo na expressão dele que a espantou. Medo.

Afastando os últimos vestígios de sono, levantou-se, vestiu-se depressa e foi até o pátio do estábulo, ávida por começar a treinar os novos percheron.

Miouga a encontrou no portão.

— Bom dia, filha. Pronta para começar?

— Sim, está um belo dia para o treinamento. — Os dois olharam para o céu sem nuvens.

Shippou guiava uma égua prenha para uma das baias.

— Quando ela vai parir?

— Dentro de uma semana. Menos, talvez. É um belo animal. Vamos vê-la.

Kagome caminhou atrás de Miouga até a baia. Era bem maior do que parecia e fora preparada para o parto. Shippou amarrou a égua.

— Bom dia, Kagome. O que achou de nossa matriz?

— É magnífica. E bem cuidada. E aquele? É o pai do potro?

— Sim, o garanhão de Inu Yasha. — Miouga sorria como se fosse o pai do animal.

— Um clydesdale escocês com árabe. Nascerá um belo cavalinho.

— Sim, mas esperamos um parto complicado. É a segunda cria da égua, e a primeira quase a matou.

— De quem é a égua?

— De Conall. Presente da mãe dele.

Ellen Taisho falecera havia pouco. Também seria uma grande tragédia para o menino perder a égua.

— Então por que permitiu que ela cruzasse?

— Não pudemos fazer nada. — Miouga deu de ombros. — Quando chegou à hora, o garanhão saiu do estábulo atrás dela. Nunca vi nada igual. Pelo menos não com cavalos.

Kagome, sem graça, abaixou-se para pegar um pouco de palha e esconder seu embaraço.

— Eu cuido dela — ofereceu-se, afagando a barriga da égua. — Imagino que tenha outros cavalos para tratar.

— Hoje, não. Metade de nossos animais não estão aqui. O chefe os levou.

— Inu Yasha não está? — Kagome tentou parecer casual, todavia, a julgar pela expressão interessada de Miouga, não conseguira.

— Não. Foi para Inverness com Bankoutsu e mais alguns homens. Inverness ficava a pelo menos dois dias de Braedün Lodge.

— E quando deve voltar?

Miouga ia falar, mas o filho o se adiantou:

— Creio que em uma semana. Sabe como é bebida, mulheres, diversão…

Kagome ficou triste.

— Mulheres?

— Vá cuidar de seus afazeres, filho — ordenou Miouga, repreendendo-o com o olhar. — Leve Jamie e Fergus com você. Nós iremos depois.

Shippou não entendeu nada, mas obedeceu ao comando do pai.

Kagome concentrou as atenções na égua e começou a limpá-la. Miouga esticou o braço e a interrompeu, mas ela não se atreveu a levantar a cabeça.

— Não se preocupe filha. Sim, ele pode ter ido para Inverness com os companheiros, só que Inu Yasha não é como os outros.

Kagome esboçou um sorriso.

— Venha, vamos cuidar dos demais cavalos.

Sem dizer uma única palavra, ela seguiu Miouga para fora. De repente, Kagome parou.

— Miouga, Shippou encontrou o padre Ambrose? Ele conseguiu mandar notícias para meus pais?

— Sim. Encontrou o padre ontem à noite, na estrada da floresta. Não se preocupe, seus pais serão avisados.

— Muito obrigada, Miouga.

Todos os dias, do amanhecer ao anoitecer, Kagome trabalhava no estábulo treinando os cavalos. À noite, adormecia assim que se deitava em sua cama. Os três estavam progredindo bem com as novas montarias.

Na ausência de Inu Yasha, o responsável pela propriedade era Sesshoumaru. A maioria dos guerreiros do clã havia viajado com Inu Yasha, a não ser Conall, o caçula, e Miroku, que sempre acompanhava seus passos.

As duas vezes que jantara com os dois jovens cavaleiros, eles falaram apenas do irmão, de sua intrepidez, de suas habilidades com as armas, do respeito e da lealdade que os dois clãs nutriam por Inu Yasha, e do carinho que ele sentia por seu povo, tanto os Taisho quando os Davidson.

Kagome pressionou-os a comentar mais sobre o relacionamento de Inu Yasha com os clãs vizinhos, no entanto, eles sempre mudavam para outro assunto.

Ao mencionar o nome Grant, Miroku e Sesshoumaru emudeceram. Só o jovem Conall falou, mas foi logo silenciado por um olhar severo do irmão mais velho.

Seus dias eram cheios de atividades. As noites, contudo, pareciam intermináveis e ofereciam pouca distração para seus devaneios.

A segurança de seus pais, de seu clã, seu futuro… Tudo pesava em seus ombros. Entretanto, o que mais lhe ocupava a mente era Inu Yasha. Kagome se virou na cama, incapaz de afastar a visão dele.

No leito de quem ele estaria dormindo? Ou melhor: se divertindo.

Kagome se zangou por deixar a imaginação voar. Por que se importar? Era evidente que Inu Yasha nem sabia de sua existência. Tratava-se apenas de uma válvula de escape para seus desejos. Se não tivesse fugido dele naquelas ruínas…

O coração disparou só de imaginar o que poderia ter acontecido entre ambos.

Impaciente, levantou-se da cama e caminhou descalça até a janela. Abrindo a cortina, fitou o céu estrelado.

Onde Inu Yasha estaria?

Dias depois, as palavras de Shippou ainda a incomodavam. Kagome fechou a cortina com tanta força que quase a arrancou do trilho.

Inu Yasha era apenas um homem como todos os outros. Quando Kagome se recusou a entregar-se, ele saiu em busca de outra mulher. De outras mulheres. Sentiu-se enojada, alimentando sua ira tanto por Inu Yasha quanto por si própria, por ter agido como a virgem apaixonada.

Arrepiou-se toda quando soprou um vento frio. Correu de volta para a cama e se enfiou debaixo das cobertas.

Tinha de sair daquele lugar o mais depressa possível e voltar para a segurança de sua casa, de seu clã. Eles precisavam dela, amavam-na.

Todavia, teria de lidar com Reynold Grant.

Kagome estava ajoelhada no pátio do estábulo, limpando os cascos do garanhão preto. O animal não parecia gostar muito, mas permitia os cuidados.

Miouga estimulou a proximidade dela com o cavalo. Na realidade, Kagome era a única que conseguiria montá-lo.

No caminho de volta para sua baia, o animal se agitou de repente. Kagome segurou-lhe as rédeas com firmeza e sussurrou algo em seus ouvidos, o que o acalmou instantes depois. Então, ela se virou para o som vindo do portão do estábulo, e viu guerreiros Taisho, sujos de barro, surgindo daquela direção. Inu Yasha liderava o grupo. Bankoutsu o seguia, junto com os demais.

Kagome endireitou o corpo e ergueu o queixo quando Inu Yasha passou a seu lado. Preparada para um cumprimento malcriado ficou aturdida quando ele seguiu adiante sem lhe dirigir o olhar.

Irritada, puxou as rédeas do garanhão e o levou até a baia. A risada abafada de Bankoutsu a enervou, fazendo-a cerrar os dentes e acelerar o passo.

Uma vez dentro da baia, Kagome olhou para Inu Yasha. Ele desmontou, passou as rédeas para Shippou e foi até a gamela. Tirou a manta, a camisa e tentava limpar o barro e a poeira da estrada de seu corpo.

Kagome ficou impressionada com o vigor daqueles músculos. Queria desviar a atenção, mas não conseguiu.

Assim, tratou de se ocupar dentro da baia, organizando escovas e ferramentas, e quando foi dar uma espiada pela janela percebeu que Inu Yasha já não estava mais lá.

Ele se manteve distante dela naquele dia e também durante todo o seguinte. No grande salão, Kagome não foi acomodada à direita do chefe, como era de costume, mas sim do outro lado da mesa, entre dois guerreiros Davidson.

Não havia o menor problema, se essa fosse à vontade de Inu Yasha. Kagome tinha assuntos mais importantes com os quais se ocupar. O mais urgente de todos era escapar da fortaleza dos Davidson. Sabia, porém, que não seria nada fácil. E o pior de tudo era que o solstício estava cada vez mais perto.

Bankoutsu estivera ausente na noite anterior, mas naquele momento não parava de falar um só minuto, contando as novidades da viagem a Inverness. Kagome tentou escutar o nome de Inu Yasha, temendo ouvir alguma aventura promíscua, mas não se tocou no nome do chefe do clã.

Várias vezes se virou na direção dele, deparando com um olhar frio e distante, os olhos azuis gélidos como a neve.

Os sentimentos dela eram os mesmos.

Algum tempo depois, antes de terminarem a refeição, Kagome pediu licença e se retirou, alegando ter de ir até o estábulo para ver a égua. O parto estava bem próximo, e ela prometera que a ajudaria a parir.

Depois disso, encontraria uma maneira de escapar de Braedün Lodge.

Já bem tarde, a porta de seu quarto se abriu. Kagome pulou da cama, assustada. Sem pensar duas vezes, apanhou a adaga que deixava escondida ao pé do leito.

Uma pequena figura, encolhida, segurando um castiçal, aproximou-se dela. Kagome sentiu um grande alívio ao reconhecer a mulher, envolta em uma manta Taisho.

— O que houve Kaede?

— Chegou a hora, filha — disse ela, sorrindo. — O potro quer nascer.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem çç



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