Pelo Bem De Arwen escrita por Peamaps


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

A angústia de Legolas e o desafio proposto por Estel.



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Capítulo 2

Aragorn despertou com o sol que entrava pela janela, quase cegando-o. Ele colocou a mão para se proteger e resmungou um pouco, levantou e foi fechar as cortinas.

Ao tocar no pano ele se lembrou imediatamente na incrível experiência que tivera. Ele virou a cabeça depressa para fitar sua esposa. - Esposa... - Desde que a vira ele se perdera para sempre, e agora eles estavam juntos de todas as formas possíveis.

Ele sorriu e se aconchegou de volta ao lado de Arwen. Parecia um menino.

Deitou-se de lado para ficar olhando para ela. Arwen parecia um anjo dormindo. Os lábios dele se entreabriram em admiração.

Houve uma discreta batida na porta e ele saltou da cama como se fosse começar uma luta. Seu preparo físico continuava impecável, embora estivesse treinando menos desde os preparativos do casamento.

Ele girou a maçaneta depressa, antes que a pessoa batesse novamente. Aragorn enfiou a cabeça para fora, curioso e viu uma das criadas do castelo. Ela trazia um carrinho e pelo irresistível aroma: o café da manhã.

-Pode deixar que eu levo. A rainha ainda dorme. -Aragorn disse.

Ele jamais se movera mais devagar. Dando um passo após o outro, ele empurrou o carrinho até o pé da cama de casal e teve certeza que não fez nenhum barulho que poderia ser ouvido pela audição élfica. Mas se enganara. Arwen o observava divertida. Ela estava feliz e ele sentiu uma grande satisfação. Era tudo o que ele queria.

Aragorn pulou na cama, como um menino pequeno e a beijou. Ela gargalhou alto. Os dois pareciam a imagem de um casal adolescente. E era assim mesmo como se sentiam.

-Está com fome minha rainha? -Ele indagou sedutor.

-Depende do que você está querendo dizer, -ela ruborizou.

Aragorn pensou se poderia amá-la ainda mais. Por três vezes eles fizeram amor, indo dormir ao amanhecer e ela ainda tinha vergonha.

-De tudo. Mas em primeiro lugar, você precisa comer. Gastou muita energia.

Ela ruborizou de novo e consentiu.

-Quanto à outra fome, nós resolvemos logo após comermos. - Ele percebeu que iria gostar de envergonhá-la e o faria pelo resto da vida.

Aragorn levantou-se novamente e foi apontando para os itens à mesa para ver o que ela iria querer. Frutas, pão e suco. Ele a serviu e então, mordeu um pedaço de pão e encheu uma xícara de chá, voltando para a cama.

Os dois passaram uma manhã muito agradável, tanto que ninguém se incomodou em bater à porta quando já se passava das onze horas.

Sentado com as costas encostadas em uma árvore, Legolas olhava para cima. Quem o conhecesse se surpreenderia com a tristeza em seu olhar.

Ele não imaginava o quanto seria difícil. Sim ele sabia que perdera, percebera isso assim que os vira juntos pela primeira vez, e achou que as coisas ficariam mais fácil uma vez que soubesse que não era para ser.

Mas então ele viajou de volta para casa. Mirkwood sentira falta de seu príncipe, e ele se jogou com afinco em suas tarefas, esperando aliviar o peso nas costas do pai. Ele tomara uma flechada, ela estava envenenada e ele quase morrera. Em sua agonia ele pensara em Arwen, e mesmo sem esperanças ele queria viver para poder vê-la novamente.

Houve festas, danças e olhares. Thranduil tentava aliviar a tensão de seu povo festejando tudo o que era possível, e parecia que este havia se tornado uma prática comum entre os elfos pois Elrond fazia o mesmo. Nessas ocasiões Legolas se permitiu pela primeira vez ser cortejado, saindo sozinho com várias donzelas após os bailes. Uma a uma ele foi conhecendo-as, e ás vezes se pegava distante, sem ouvir uma só palavra do que falavam.

Todas elas olhavam para ele com um brilho quase dominador, predador para cima dele e após algumas tentativas, ele voltou à agir como sempre fazia: voltou à ser um solitário. Por que se enganar? Ele percebera.

O elfo passara a noite toda debaixo daquela árvore. Seis garrafas do vinho de Estel jaziam vazias à seu lado. Ele jamais bebera tanto e aquela fora uma ótima madrugada para secar as garrafas. Seus olhos não se desviavam da janela deles.

Em um dado momento ele pensara em correr dali. Não pelo seu próprio bem mas do casal. Estel aparecera à janela, nu da cintura para cima e Arwen viera por trás, abraçando-o. Ele tentara não ver aquilo mas Legolas estivera simplesmente hipnotizado. Não era possível ver nada com detalhe mas ele sabia que a cor pálida de marfim atrás do bronzeado do Rei de Gondor era a pele exposta que ele tanto quis tocar. Que ele ainda queria tocar.

Eles não o notaram. Por que o fariam? Arwen e Aragorn, eles se combinavam tão bem. O casal olhara para as estrelas no céu e ele podia pressentir a satisfação que só poderia ter vindo depois do amor deles ser consumado. Ficaram ali durante muito tempo torturando Legolas, até que Arwen puxou o antigo guardião de volta para a cama. Fora então que Legolas, que havia terminado a primeira garrafa, decidiu que seria uma boa ideia secar todas as outras.

O vinho dele. Um presente do Rei para seus convidados. É claro que Legolas roubara as outras quatro.

Todos estavam felizes, e em sua miséria ele se sentiu no direito de pela primeira vez cuidar um pouco de suas necessidades.

Ele ouvira dizer que a ressaca trazia uma dor de cabeça insuportável, que quando se acordava após se estar tão bêbado era uma das piores sensações. Ninguém lhe dissera que o mesmo acontecia mesmo sem se dormir.

Sua cabeça martelava e ele massageou a testa, gemendo baixinho. Ele tombou a cabeça e fechou os olhos, esperando passar. Era impossível.

Então ele a ergueu novamente.

O que ele viu fez seu coração parar.

Da janela, Estel olhava em sua direção.

Legolas recebera o almoço na cama. Ele se recolhera enviando a criada com o pedido de desculpas de que ele não estava muito bem. Não só ele não queria encontrar o Rei como também o elfo finalmente atingira seu limite e ele precisava dormir.

Após um banho quentíssimo, ele se deitou na cama soltando um gemido de prazer. E dormiu logo em seguida.

O jantar não prometia fuga. Seria estranho se Legolas quisesse ficar em seus aposentos.

Ele ouvia vozes fora de sua janela e sabia que os nobres caminhavam para o salão de jantar, e que acordara bem em cima da hora. Legolas penteou os cabelos à penteadeira que havia ali e escolheu a túnica que reservava sempre para quando encontrava Arwen. A azul. Não havia mais uma gota de esperança, mas naquele dia com Elrohir em seu quarto, ele transformara a vestimenta em uma possessão de Arwen.

Chegando no salão, infelizmente, seus olhos caíram direto sob o casal real. Arwen não o vira ainda, conversando animadamente com Elrohir. Mas Estel o fitava.

Legolas continuou calmamente até se sentar. Arwen deu-lhe um sorriso deslumbrante. Ele fez uma reverência a ela, depois ao rei, então trocou um aceno de cabeça com os gêmeos e o pai deles.

Quando começaram à comer houve algum silêncio. Legolas notou que Estel e Elladan o observavam. Elrohir começava à tentar distrair a todos falando sobre Rivendell e o som voltou à mesa. Todos os humanos tinham curiosidade sobre os lugares, que embora tivesse menos lendas do que Lothlórien não era menos interessante.

-E o que vocês lá preferem numa luta mestre elfo? -Indagou um nobre, esticando o pescoço para enxergar Elrohir, sentado longe dele mas do mesmo lado da mesa. -Nós humanos sempre começamos pela espada.

-Isso é verdade, e sua excelência é muito conhecida. -Elrohir ergueu sua taça. -Eu tive um duelo amigável com Boromir quando ele nos visitara.

O homem respondeu ao gesto, esperando.

-Arco e flecha, é disso que gostamos. -Elrohir sorriu.

-Uma boa escolha.

-E vocês de Mirkwood?

Todos se viraram para ver o rei falar.

Legolas observou Estel com os olhos ligeiramente arregalados. A dor de cabeça não passara e ele teria de lidar com isso agora...

-Arco e flecha. Tentamos tirar vantagem do que nos foi dado pela graça do Valar: a visão.

-O alcance de visão dos elfos é legendária! - Um homem exclamou.

-Mas e se um orc vem atacá-lo de perto? Você usaria então o arco e a flecha? -Estel entortou o lábio em zombaria, mas num gesto bem discreto.

Somente Legolas percebeu.

-Não meu caro rei. Nesse caso eu usaria, é claro, as facas gêmeas. Criadas pelo melhor ferreiro em meu reino. - Legolas se virou então para Arwen. -A comida está maravilhosa.

-Eu gostaria de propor um duelo amigável. Como este mencionado por meu bom irmão Elrohir. -Estel não se deu por vencido.

Muitos riram e ergueram suas taças, mas Arwen e Elladan trocaram um olhar nervoso. O segundo em especial conhecia ainda melhor a história para temer.

-Duelo Estel? -Arwen indagou séria. -Isso não é coisa para se fazer entre amigos.

-Amigável, minha Rainha. - Ele a relembrou.

Então o Rei olhou para Legolas. O elfo tinha o cenho ligeiramente franzido. Estel sabia que ele não estava com medo, conhecia um guerreiro de longe, mas ao mesmo tempo o elfo não estava à vontade com a ideia.

-Tudo bem. -Estel tomou um gole de vinho. -Foi uma ideia boba mesmo. Eu não queria... -Então ele ergueu os olhos, lançando um brilho ameaçador ao outro. - ...Assustá-lo.

-Eu aceito. -Legolas disse baixo.

-Lass. -Elladan acenou tentando chama a atenção de Legolas. Ele não sentia que isso ia terminar bem. Ele conhecia muito bem o irmão adotivo para ver que ele estava irritado.

Mas o elfo não olhou para ele.

Pois por sob a mesa, Rei e Príncipe se encaravam agora sem piscar.

Estava tudo pronto para o desafio. Elladan e Elrohir quiseram entrar na “brincadeira” e lutarem em pares, mas Estel não aceitou. E então, nem Legolas.

Os dois se olhavam como no jantar da noite anterior. Já era a tarde do dia seguinte. O dia estava limpo e quente. Os elfos de Rivendell e nobres de Gondor vieram assistir ao duelo no jardim de Minas Tirith do último nível.

Eles não discutiram regras e nem escolheram um juiz. Por isso, Arwen ficou tensa quando eles simplesmente começaram à lutar. Estel atacou primeiro.

Desferindo golpes com a Narsil, Aragorn foi cortando o ar rapidamente. Tentava abrir as defesas do elfo pela direita e pela esquerda, sem intervalos. Ás vezes repetindo o golpe para ver se Legolas se distraía.

Começando em desvantagem, Legolas apenas tentava se defender e sentiu que Estel viera para lutar de verdade. Ele não deveria entrar no jogo. Aquilo o surpreendera bastante.

Agora que estavam face a face, o Príncipe podia ver todo o ciúme e desconfiança do humano para com ele. Por um instante ele pensou se deveria ir embora logo. Ao mesmo tempo, ele queria ficar. De todos os elfos ele seria o último a ir pois queria permanecer e amparar Arwen, daqui à uns quarenta anos ou mais, quando Estel falecesse. Queria também falar um pouco com ela mas seu marido parecia um leão protegendo seu território. E ele imaginou se era certo tentar afirmar seu lugar já que Arwen realmente pertencia à seu marido.

A luta foi ficando cada vez mais frenética. O vinho fizera tão mal ao elfo que ele ainda sentia seus efeitos, dias depois.

Aragorn era rápido e implacável, então para o horror de Arwen, ela viu uma faca escapar da mão de Legolas, depois outra e qual não foi a sua surpresa quando ele caiu no chão.

Elladan correu desesperado até os dois e empurrou Estel com brusquidão.

-O que há de errado com você? -Ele sussurrou para ninguém ouvir.

Então ajudou seu amigo à se levantar. Estel deu as costas e se foi.

-Foi uma ótima luta, -Elrohir ergueu os ombros quando se aproximou.


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Notas finais do capítulo

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