Motivo Para Recomeçar escrita por Mayara Rabelo


Capítulo 2
Desabafo


Notas iniciais do capítulo

Penultimo capítulo.
Gente, decidi de última hora mudar o nome da fic. Me desculpem... Bem, ai está mais um cap. Boa leitura!



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- Tenho um problema com autoridade. – Apontando pra ele, ela explica. – Escolho homens que estão emocionalmente indisponíveis. Sou autodestrutiva. Todas acima.

- Já passou uma semana sem racionalizar? – Sara o olhou sem paciência e não respondeu aquela pergunta, então ele continuou. – É do “Big Dill”. Um dos personagens está a explicar um fato básico da vida que a racionalização é mais importante que o... Sexo.

Sara se senta. Sem a mínima vontade de explicar-se. Ás vezes dava raiva de Grissom. Em um momento como esse ele vem com metáforas. E Sara não estava dando á mínima para as metáforas que ele estava dizendo.

- Eu não estou racionalizando nada. Passei dos limites com a Catherine e fui insubordinada com o Ecklie.

- Por quê?

- Deixa assim. – Não precisava falar o motivo. Só queria esquecer tudo aquilo e viver sua vida.

- Não, Sara. – Falou Grissom, suavemente.

- O que quer de mim? – Disse colocando uma interrogação sobre aquela preocupação dele com ela.

- Quero saber por que anda tão zangada.

Se levantando rapidamente, Sara vai em direção á cozinha e ele a segue. Abre a geladeira e enche um copo de água. Estava desesperada. Não sabia o que fazer. Seu coração pedia incansavelmente para ela deixá-lo escutar seu desabafo. Mas sua mente tentava negar. A rejeição dele para receber seu amor a machucou, fazendo com que um orgulho a atingisse. Sentiu-se mal por esse pensamento.

- Griss... – Colocou o copo na pia e o olhou. – Não sei se consigo desabafar.

- Então está mesmo acontecendo alguma coisa, não é? – Grissom colocou as mãos nos bolsos.

- Digamos que sim...

- Ouça seu coração, Sara. Preciso que me conte. Me preocupo com você.

Grissom estava tão diferente. Falava de um jeito doce. Não que sua voz não fosse doce. Mas ele parecia realmente preocupado. Sara achou que seria bom conversar, pelo menos tirar esse peso das costas. Sorriu agradecida.

- Vamos nos sentar então?

- Sim, claro.

Direcionaram-se para a sala. Sara sentou na poltrona ao lado do sofá, e ele em seu lado, apoiando seus cotovelos nas coxas, a olhando atentamente. Sara abraçou suas pernas. Fazia isso como consolo. Talvez fosse a maneira de se sentir protegida.

- Pode começar. – Incentivou.

- Certo. – Suspirou longamente. – Eu venho tido sonhos, Grissom. Sonhos que me aterrorizavam quando eu ainda era inocente. Eu não consigo dormir. Como se eu necessita-se de alguém, de ajuda. Eu não entendo... Depois de tantos anos! – Olhou para ele, depois encarou a parede. – Eu sentia isso tudo depois do que me aconteceu na infância. – Ela parou.

- O que aconteceu em sua infância? – Novamente, a incentivou para continuar.

- Eu sofri. Muito. Vivi passando de orfanato á orfanato. Visitava minha mãe em manicômios. Me separei do meu único irmão. Fui adotada. Mas meus pais adotivos morreram. Eles não tinham filhos. Me amaram, mas só até eu entrar para Harvard, aos 16 anos. Porque sofreram um acidente terrível e morreram. Minha vida é um inferno, Grissom. – Ela o olhou como se estivesse suplicando por ajuda. Uma tristeza visível. Dizia isso pelos olhos.

- Como conseguiu viver depois disso? – Suavemente, ele falava. Diretamente poderia machucá-la ainda mais.

- Eu desenrolei. Isso era o de menos. – Deu de ombros.

- Mas... Porque sua mãe vivia em manicômios e porque foi á um orfanato? – Era essa a explicação que ele precisava. Mas ela não disse diretamente.

- É engraçado... As coisas que lembra e as coisas que não lembra, sabe? Havia um cheiro de ferro no ar. Salpicos na parede do quarto. – Ele começava a entender. – Havia um policial novo vomitando. Lembro da mulher que me levou para a casa de acolhimento. Não consigo me lembrar o nome dela. O que é estranho sabe... Porque não conseguia largar a mão dela. – Parou, e suspirou.

- Bem... A mente tem seus filtros.

- Lembro dos olhares. Eu era – Ela olha pra ele, para fazê-lo entender por completo com o que diria agora. – “a garota cujo pai foi esfaqueado até a morte”. Acha que há um gene de crime?

- Não acredito que os genes transmitam comportamento violento. – Grissom disse depois de pensar em uma resposta certa.

- Não sabia disso em minha casa. – Suas lágrimas estavam quase descendo. Aquilo era difícil de lidar. A sufocava por dentro. – As brigas, as gritarias, as idas ao hospital. Achava que era assim que todos viviam.

Grissom estava ficando cada vez mais comovido com sua história. Céus! Como ela sofreu para chegar ao que é hoje. E ela, por incrível que parecesse, permanecia sorrindo todos os dias. Mas parece que teve uma recaída. E ela continuou...

- Quando minha mãe matou meu pai... Descobri que não era.

Foi inevitável. A cena de sua mãe esfaqueando seu pai brutalmente passou por sua cabeça e as lágrimas jorraram incontrolavelmente. Apoiou sua mão na testa, para confortar seu pranto. Já que isso era a única maneira de se consolar.

Até que Grissom a surpreendeu. Pois ele sentiu a necessidade de confortá-la. Segurou sua mão, carinhosamente, e a apertou. Passando uma energia vibrante ou talvez tentando, de alguma maneira, passar a dor dela pra ele.

- Griss... – Ainda de olhos fechados ela diz – Não há mais motivos para mim viver. Eu não consigo mais. Está me destruindo cada vez mais.

- Não, Sara. Não diga uma coisa dessas! – Exclamou ele.

- Como não? Sinto que ninguém precisa de mim. Ninguém me ama. Eu sou uma inútil nesse mundo. – Disse o encarando.

- Você não é uma inútil. Não está mais na infância. Você cresceu! Não deve viver com esses seus medos, não pode deixar eles te atormentarem.

- Tem algum livro de auto-ajuda? – Ironizou. – Não acha que se eu soubesse como fazer isso eu não teria feito? – Disse deixando cair uma lágrima.

- Por favor, Sara. Não chore mais! – Ele a olhou com ternura.

- Eu não consigo Griss... Não consigo... – Exclamou em prantos. Dessa vez chorou que seus ombros se moviam freneticamente.

Grissom simplesmente a puxou pela mão e a trouxe para seu lado no sofá. Colocou as mãos dela sobre seu pescoço e a embalou. Um abraço realmente necessitado.

Sara sentiu-se aliviada pelo abraço confortante. Agradeceria depois. Mas antes, aproveitaria o máximo desse momento. Era especial. Se pudesse parar o mundo no momento em que encaixou seu rosto no pescoço dele, suspirando o cheiro bom que ele tinha, pararia na hora. Seus corpos tão unidos o fez perder o medo. A amava profundamente. Sara sofria por seu passado e também por ele. Pois Grissom sabia que tinha haver também com tal sofrimento.

Talvez esse seja o momento certo de tê-la. Não que esperasse vê-la chorar para se declarar. Jamais! Mas foi o momento que enxergou a necessidade que ela tinha dele. E a sua própria necessidade, que era a de cuidá-la sempre.

- Obrigada por ter vindo Grissom. – Sara disse, ainda abraçada com ele.

- Eu não conseguiria dormir sem vir te ver. Fiquei preocupado. – Desfazendo-se do abraço, Grissom a olhou, e tocou seu rosto, deslizando seu polegar na bochecha dela.

- Nunca pensei que fosse assim... Tão carinhoso e confortante... – Sara disse, sorrindo lindamente. Mas ele não deixou de notar a pontinha do seu nariz vermelha.

- Há muitas coisas que não sabe de mim...

- Sua barba é linda... Me deixa tocar?

Sara pegou Grissom desprevenido. Mas ele estava com a intenção de prosseguir com aquilo. Seus medos pareciam ter sumido. Estava esperançoso de que conseguiria ficar ela. Cuidar dela. A amar intensamente.

Sem responder nada, ele levou sua mão até a dela e trouxe até sua barba. As mãos delicadas e macias fizeram ele se arrepiar. O toque foi simples, mas o suficiente para ele ter a certeza de sua vontade.

Sara percebeu que ele fechou os olhos. E se sentiu feliz por isso. Uma ponta de esperança surgiu em seu coração, trazendo seus pedaços espalhados por dentro se juntarem como um quebra cabeça. Grissom, por impulso, levou a mão de Sara até sua boca e beijou delicadamente. Depois cheirou, aspirando o maravilhoso perfume que ela tinha. Com o toque, Sara sorriu timidamente.

- Gosta do meu cheiro? – Perguntou, corando.

- Não só disso. Mas eu amo você por completo.


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Notas finais do capítulo

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