Sonho De Criança escrita por The Stranger


Capítulo 9
Capítulo 8 - A Culpada




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9 de março de 2007

Déco Narrando:

Cheguei na escola, o jornalzinho já estava percorrendo, temia pela notícia, esperava que não tivesse nada relacionado a mim, confesso que estava curioso, quando peguei para ler, não contive o riso, meu Deus do céu, o que era aquilo,mesmo sendo sobre o meu amigo,me diverti com a situação afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco, aushuashas, a manchete era a seguinte: BONECA OU MAQUIAGEM?

Augusto Tramontini do 3º Ano da turma A, está na foto abaixo, e como vocês podem ver, o machão que vocês estão acostumados, não passa de uma bela princesa no mundo das fadas, que maquiagem linda, brincando de boneca, podemos ver que ele não tem coragem em sair do armário, no entanto temos a prova da sua sensibilidade, cuidado meninas para não se mancharem de batom perto dele.

Entre outras difamações e conceitos sobre Guto, ele ficou extremamente furioso como já era previsto, Julian só dava risada e bem alto sem esconder sua alegria com a situação, na certa foi ela quem fez isso, jamais iria entregá-la, até porque era algo leve comparado as coisas que tínhamos sofrido, o clima ficou descontraído e Guto calado a manhã inteira, até que de uma para outra o vi cheio de garotas ao seu redor, aquilo de alguma forma tinha só aumentado a sua popularidade, as meninas babavam e diziam que nunca tinham visto um homem tão sensível e fofo como ele, o plano de Julian tinha ido por água abaixo, eu? Só ria da situação.

Julian Narrando:

Ah, que ridículo, cai na minha própria armadilha, ele ficou mais bem na fita do que antes, preciso agir rápido, antes que isso se torne mais fofo ainda para as garotas, que raiva, não vou ter outra escolha em publicar sobre a sua doença, isso acabará de uma vez por todas com Guto, jamais pegará nenhuma gatinha eu tenho certeza disso.

Déco Narrando:

Fomos dispensados, porque haveria jogos escolares, contra outros colégios, eu e Guto iríamos jogar vôlei de praia, Daiana handebol e Julian xadrez, era jogo de basquete, torcemos pela nossa escola, eles ganharam por poucos pontos de diferença, depois do jogo fomos para lanchonete comemorar com a turma, já era 13:00 da tarde e ninguém ainda tinha almoçado, comemos um lanche, e fomos pras nossas casas. Lá pelas 15:00 Julian apareceu lá em casa pra tomar um Teres.

- Julian, você não mediu conseqüências mesmo né? ( Déco)

- Você viu do que sou capaz, mas eu acabei quebrando a cara. (Julian)

- É , parece que a popularidade dele foi alavancada. (Déco)

- Droga!(Julian) # Socando a Parede.

- Mas o que você está pensando em fazer agora? (Déco)

- Eu pensando em algo bem mais sério, perdi somente uma batalha, porém jamais a guerra. (Julian)

- O que seria mais sério? (Déco)

- Déco, é o seguinte, eu descobri que Guto tem AIDS e... (Julian)

- Como? Ele tem AIDS, repete eu não ouvi direito. (Déco)

- É verdade, eu fui até a casa dele, vi as pílulas que ele tomava e pesquisei pra que servia, era um medicamento usado pra Aidéticos, eu tive certeza que era dele, porque tenho a receita médica com seu nome. (Julian)

- Julian, isso é muito sério, você não está pensando em publicar isso? (Déco)

- Estou sim, isso acabara com ele de uma vez por todas. (Julian)

- Mas como eu disse, é algo muito sério, porque nem pra mim que sou o melhor amigo dele ele contou, é algo muito intimo, ninguém é digno de tal sofrimento, isso irá prejudicá-lo muito entende? ( Déco)

- Entendo sim, por isso que eu não posso perder essa grande tacada.(Julian)

- Eu não estou te reconhecendo mais , isso já se tornou uma loucura, uma obsessão,cadê a menina sensível e meiga que eu conheci, essa sede de vingança está te corroendo por dentro, a Julian que eu conhecia jamais faria isso, estragar a vida de alguém por completo, mesmo que Guto te fez sofrer, ele não merece isso, ou melhor ninguém merece, há um tempo atrás você diria, que “Não podemos pagar o Mal com o Mal”, estou muito decepcionado com você, a que ponto isso chegou, .(Déco)

Ela começou a chorar com as minhas rudes mais sinceras e precisas palavras.

- Déco, você está certo, fazendo isso estarei me igualando a ele, me desculpe por favor, não cometerei isso jamais eu prometo.(Julian)

- Ainda, bem que abri seus olhos, coloque-se na pele dele,deve ser muito difícil passar por tal doença. ( Déco)

- Que mostro eu me tornei, estou magoada comigo mesma, perdi meus conceitos e valores, por uma paixão insana que não me leva a nada. Muito Obrigada Déco. (Julian)

- Eu só te alertei, a decisão é tua. (Déco)

- Não vou fazer isso, vou pedir desculpas a ele por ter publicado a manchete hoje, será que ele vai me perdoar? ( Julian)

- Olha, eu acho que sim, por dentro daquela mascara rústica e sistemática tem um bom coração.( Déco)

- Agora, por favor coloque um pouco de açúcar nesse tererê, ta muito azedo e amargo, impossível de beber.( Julian)# Limpando as lágrimas do rosto.

- Af, Julian quantas vezes vou ter que te falar que tererê de verdade é sem açúcar só com erva e água. (Déco)

- Eu sei, mas coloca só uma colherinha, por mim. (Julian) # fazendo biquinho.

- Tá bom, só uma colherinha.

Que bom, que tive essa conversa com Julian, me senti útil, ela ia fazer uma grande cagada, ela não sabia distinguir a vingança como covardia ou coragem, algumas pessoas acreditam que a vingança é uma demonstração de grande coragem. Afinal não se pode tolerar uma afronta sem se rebaixar, mas tenho convicção que o ato de vingar-se jamais constitui prova de coragem, o melhor caminho a seguir é o perdão, esse sim exige do ofendido muita coragem e dignidade, enquanto a vingança é uma ladeira fácil de descer, o perdão é uma ladeira difícil de subir.

10 de março de 2007

Déco Narrando:

Logo pela manhã, ao chegar no colégio todos estavam chocados, uma nova edição do jornal havia saído, infelizmente a notícia era sobre Guto novamente, o pior é que foi sobre sua doença, Julian chorava no fundo da sala, eu fui em sua direção e antes que eu abrisse a boca ela me disse:

- Não fui eu, acredite em mim, por favor, não teria coragem. (Julian)# Passando a mão na cabeça com sinal de preocupada.

Aquilo, não era encenação, era verdade, eu acreditei nela, depois te tudo que conversamos ontem ela não faria isso jamais.

- Calma Juju, eu acredito em você. (Déco)

- Déco pelo amor de Deus, eu não seria capaz, eu não quero estar nem perto quando Guto ver isso.(Julian)

- Vai sobrar pra mim consolá-lo, mas quem será que fez isso? (Déco)

- Só pode ser, a mesma pessoa que está querendo acabar com nossa vida, eu não sei como, ele deve ter fuçado em minhas coisas, na minha bolsa, sei lá, ter pego a receita médica, eu não sei como ele fez isso, droga, como fui descuidada, tudo isso é culpa minha, se não tivesse começado com essa história ele jamais iria passar por isso. (Julian)

- Não se culpe, você está arrependida isso é um grande progresso, essa pessoa está passando dos limites.( Déco)

Guto Narrando:

Porque todo mundo está me olhando desse jeito, me sinto desprezado, oque aconteceu? O que eu perdi? Droga esse jornal de novo, deve ser sobre mim. Peguei o jornal quando olhei, não contive as lágrimas, como descobriram isso sobre mim, minha reputação já era, dava vontade de me atirar do precipício, já era difícil encarar sozinho isso, imagine agora que minha doença veio a público, não estou preparado para encarar o preconceito, não estou preparado para viver isso.

Déco Narrando:

Guto havia chegado e já estava com os olhos cheios de lágrimas ele veio ao meu encontro, dei um abraço, ele soluçou, eu disse a ele:

- Brother, iremos passar por isso juntos.

Eu tinha Guto como um irmão, sempre me dava conselhos com as gatinhas,ele se sentia maduro por isso, mas agora ele precisava de mim mais do que nunca, ficamos no pátio, nem entramos pra sala, e a coordenadora fingiu que não tinha nem notado nossa ausência pois já estava sabendo do jornal.

- Cara, se estavam querendo me abalar, conseguiram, descobriram meu ponto fraco. (Guto)

- Você não pode ficar assim, erga sua cabeça, passe por cima das dificuldades, ninguém é melhor do que ninguém.(Déco)

- Meu, agradeço pela consideração, mas você nem tem noção do que é isso, escondi pela minha vida toda e como num passe de mágica tudo vem a tona. (Guto)

- Como a vida toda,ou melhor como você contraiu a doença, foi sem camisinha? (Déco)

- Você é a única pessoa quem confio, te tenho como irmão, há 4 anos atrás na minha primeira relação sexual agi por impulso, você sabe que eu não sou de medir as conseqüências, e acabei contraindo o vírus, eu preferia não ter descoberto, mas minha mãe sempre me impunha a exames médicos e em um desses descobri , foi um choque pra toda a família, resolvemos manter sigilo sobre, desde lá nunca mais tive relações sexuais com ninguém, pois tive medo, não de dar conta e sim de prejudicar alguém, não queria ser responsável pela destruição de uma vida.( Guto)

- Que destruição? Isso não é o fim, é só o começo de uma vida, onde todos vão aprender a te respeitar, tenha força, perseverança, você tem um valor, não é isso que vai ser um empecilho para você realizar seus sonhos e objetivos, vamos mudar essa circunstancia em degraus. (Déco)

- Que bom que posso contar com você não sei o que seria de mim, sem você. (Guto) Abaixou a cabeça, respirou e me chamou para entrarmos na sala, O sinal bateu para o intervalo.

Guto Narrando:

Estava aliviado por ter alguém ao meu lado, pra dividir o fardo, meu dia já estava sendo o pior da minha vida, quando esbarrei em Julian, seus materiais cairão no chão, ela me olhava com um olhar profundo de tristeza ou pena, não sabia distinguir corretamente, me abaixei para ajudá-la, vi minha receita médica entre suas coisas, me entristeci mais ainda, coloquei a mão sobre meu rosto, abaixando lentamente e disse:

- Não acredito, no que eu estou vendo aqui em minha frente, como você teve a ousadia de fazer isso comigo, o que eu te fiz de tão mal pra você me retribuir dessa forma? (Guto)

- Guto, pelo Amor de Deus deixa eu te explicar. (Julian)# Tocando em meus braços.

- Você não tem nada pra explicar, eu estou vendo com meus próprios olhos, ninguém me disse, eu estou vendo, eu poderia imaginar qualquer pessoa menos você Julian.(Guto) # Tirando suas mãos dos meus braços.

Sai dali naquele instante, não quis nem olhar pra trás, chorei novamente, porque logo ela, Meu Deus por quê? O pior de tudo é que a amo, não vou conseguir lidar com isso, me sentia na obrigação de esquecê-la.

Daiana Narrando:

-Eu não pude deixar de escutar, vadia, como pode fazer isso com Guto, você não tem um pingo de consideração por nós, depois te tudo que passamos juntos, como pode? Chora, ai agora sozinha, você merece cada lágrima, como alguém pode confiar em você, ta na cara que foi você quem armou tudo isso pra nós, desde o lance da droga, até a merda desse jornal, porque quer nos ferrar assim, você se sente melhor por isso, parabéns você conseguiu o que queria, mas só por um tempo, viu, escuta isso, só por um tempo, quando nos colocarmos de pé novamente, nada vai nos abalar novamente, amizade? Que amizade? Não quero ter amizades falsas que quando menos espero me apunhalarão. (Daiana)

Desci as escadas furiosa, e fui ao encontro dos meninos.

Julian Narrando:

Deixei as coisas no chão do corredor, sentei escorando na parede e chorei por muito tempo ali sozinha, os alunos passavam por mim e me olhavam, eu não me importava, pois tudo era conseqüência de meus atos, eu merecia aquilo, a dor era terrível, sentia que tinha traído Guto, dado uma facada em suas costas, soluçava, olhava para baixo, e as lágrimas molhavam o chão, por um momento fiquei sem forças para me recompor, ele jamais iria me perdoar, jamais teria seu amor novamente, jamais teria a confiança de meus amigos, eu passei a me tornar a culpada da história. Eu queria morrer.



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Notas finais do capítulo

gostaram? é o último capítulo do dia, posto mais com reviews



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