Never Let You Go - Bring me to Life escrita por lovemhatem_


Capítulo 8
Louco Para Os Amigos


Notas iniciais do capítulo

Boa-leitura!



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-Bom-dia, queridos! - mamãe nos acordou.

-Fecha! Fecha as cortinas! - tapei os olhos com o lençol.

-Ah, dá até pena acordar vocês desse jeito. Olha que lindinhos.

Então eu percebi que Haden estava me abraçando. Olhei para Loui, mas ela não estava lá, olhei para a janela e ela estava sentada lá, olhando o quintal. E como se soubesse que eu estava olhando-a, voltou-se para mim também. Ela abriu um meio sorriso e moveu os lábios no que eu entendi ser um bom-dia. Eu retribui do mesmo modo.

Levantei-me da cama e fui até o espelho da banquinha onde estava meu computador. Passei o pente nos cabelos e os arrepiei, como sempre.

-Bom-dia pra você também, mãe - olhei para Loui e depois para a porta, sugestivamente.

Então ela desceu da janela e me acompanhou até o banheiro, um pouco surpresa pela iniciativa ter partido de mim para chama-la a vir comigo.

-Quem é você e o que fez com o Jesse? - ela perguntou, assim que entramos no banheiro.

Eu ri:

-Você preferia ter ficado lá? - perguntei enquanto abria a farmacinha e retirava minha escova. - Vai ficar fazendo o que aí parada na porta? Sobe - gesticulei com a cabeça para o lado de mármore disponível da pia no qual ela sempre sentava.

Ela pareceu mais supresa ainda, mas sentou como sempre.

-Sonhou com coisas muito boas, então - ela sorriu.

Eu já estava escovando os dentes, mas mesmo assim respondi:

-Não lembro com o que sonhei.

Mas na verdade saiu algo parecido com: Nhão embo xom u quê xonhei. O que a fez rir mais ainda.

Depois que eu acabei de escovar os dentes, eu lavei meu rosto e voltei ao quarto para trocar de roupa, não estava com vontade de tomar banho hoje de manhã.

-Que roupa eu uso? - perguntei para Loui, mas usando um tom como quem fala para si mesmo, já que mamãe ainda estava no quarto, retirando o colchão.

Ela sorriu, complacente. Haden havia sumido. Loui esperou eu abrir o guarda-roupa e apontou para uma camisa preta e uma calça jeans escura. Ela também quis um boné preto.

Eu apontei com a cabeça para a porta e ela revirou os olhos, indo em direção a esta e a fechando quando passou.

-Ops! - minha mãe sorriu ao abri-la novamente e sair com o colchão.

Eu devolvi o sorriso e troquei de roupa. O dia hoje parecia perfeito. Sem nenhuma loucura ou discussão repentina. Depois de trocar de roupa, fechei a janela e as cortinas, arrumei a cama, passei perfume e ajeitei o cabelo novamente. Olhei-me no espelho e saí do quarto, fechando a porta atrás de mim.

Loui esperava pacientemente sentada na porta do quarto de Micky.

Ela se levantou quando me viu sair e eu já ia falar alguma coisa quando a porta do quarto de Kendra se abriu e ela olhou para mim e para o lugar em que Loui estava repetidas vezes.

-O que foi, Kend?

-Nada - ela disse e depois foi até as escadas, mas não sem antes olhar de mim para o lugar em que Loui estava novamente.

Olhei para Loui, interrogativo e ela deu de ombros.

Então a porta do primeiro quarto se abriu e os gêmeos, Luc e Matth saíram gritando de dentro dele:

-Eu acordei primeiro e ponto! - era Matth.

-Não foi nada - Luc e Jason falaram ao mesmo tempo.

-Mas, eu dormi primeiro - Jonah contestou.

-A aposta era quem acordasse primeiro.

-E quem dormisse também! - Jonah rebateu.

-Ei, besta! - Luc me cumprimentou.

-Bom-dia pra você também, dude - soquei seu ombro. - Vocês não tem aula, não?

-Sim, mas vamos dar uma volta. Iremos no seu ônibus e sairemos com você, depois mudaremos o rumo e vamos andar por aí até cansarmos - Ryan disse enquanto saía do quarto de Agatha. - E bom-dia pra todo mundo.

Nós descemos as escadas correndo e eu quase me esqueci de Loui, mas ela já estava lá embaixo, na sala.

-Eu nem te vi descer - eu falei alto, me esquecendo de que tinha gente ao meu redor.

Todos me olharam, mas Haden salvou o dia, aparecendo da cozinha.

-Eu acordei depois que você saiu do quarto.

-Ah - disfarcei.

Loui estirou a língua e passou por ela, indo na cozinha também. Eu a segui para tomar meu café. Eram sete em ponto. Havíamos acordado cedo demais, mas eu não estava nem um pouco com sono.

Não havia ninguém na cozinha fora eu e Loui. Mamãe estava dando a papa gosmenta de Micky na sala e os gêmeos viam televisão com Matth. Kendra estava falando alguma coisa pra Haden perto da porta de entrada, e eu não estava vendo Luc e Ryan, muito menos Agatha.

-Cadê seu pai? - Loui perguntou em tom normal, já que ninguém poderia ouvi-la além de mim.

-Trabalhando - respondi no mesmo tom.

-Ele trabalha em quê? - ela se sentou na ponta da mesa.

-Sei lá.

-Você não sabe onde seu pai trabalha? Nossa.

-Ele trabalha numa loja de sapatos, mas eu não sei o que ele faz nem onde é essa loja. Só sei que há três anos que eu só ganho tênis ou sapa tênis de aniversário - dei os ombros enquanto pegava o cereal na geladeira.

Ela riu e me observou coloca-los em uma tigela, depois eu peguei o leite e o derramei na tigela de cereais. Loui avaliava com os olhos cada passo meu.

-Porque Agatha está com vocês? - ela perguntou de repente.

-A mãe dela morreu ano passado.

-Ela é o que sua?

-Prima. Por quê?

-Ah, nada.

Eu voltei à atenção para o meu cereal e peguei uma colher, eu estava pronto para comer quando Loui puxou-a das minhas mãos, fazendo-a cair na mesa, e sob meu olhar interrogativo ela pegou um cereal com a mão e jogou em sua própria boca.

-Você.. Come?

-Não. Mas eu estava curiosa pra ver se ainda sentia o gosto - ela disse, cuspindo o cereal na mão e se levantando para joga-lo no lixo próximo a porta do quintal. - E olha só que surpresa, eu lembro.

-De quê?

-Do gosto do cereal. Eu percebi hoje de madrugada que eu ainda me lembro de como sentir a água. E agora descobri que também me lembro do gosto de algumas comidas - Loui voltou a se sentar na mesa, ao meu lado.

-Você está brincando comigo. Isso não pode ser verdade.

-Porque não?

-Por que.. Há três dias eu cheguei nessa casa e descubro que tem uma menina que morreu a uma década atrás instalada no meu quarto. Ela não me deixa em paz um instante e além de descobrir que ela está em todo canto que eu estou, dorme comigo todas as noites e já me viu pelado três vezes, eu também descubro que ela come algumas coisas pra se lembrar dos gostos. Um espírito que come, mas não atravessa paredes! Isso é meio impossível.

-Não é não, e se você está achando ruim eu ficar com você o tempo todo, que tivesse avisado antes.

-Mas, eu falei antes!

-Então pronto, não vou mais ficar com quem não me quer! - ela disse, saindo para o quintal.

-Não Loui, espera. Não é bem isso - eu falei, indo atrás dela. - Eu não quis dizer nada daquilo.. LOUISSEAN!

Ela parou e me olhou.

-Desculpa. Eu gosto de você. Você conversa comigo e faz o tempo passar mais rápido, se não fosse você eu já estaria tendo surtos tediosos aqui nessa casa, e.. - eu comecei, mas me interrompi ao vê-la olhar além de mim, para a porta.

Virei-me lentamente para ver Matth, Luc, Haden e Ryan completamente paralisados na porta, logo atrás deles estava mamãe com uma expressão preocupada.

Eu olhei para Loui novamente, ela ainda estava lá, olhando de mim para eles. Fechei os olhos e respirei fundo, já me preparando para a discussão que viria a seguir. Voltei-me para eles novamente, mamãe estava vindo na minha direção:

-Jesse, agora é sério, nós precisamos conversar.

-Não. Não. - dei dois passos para trás quando ela tentou se aproximar de mim.

-Jesse, nós vimos você conversar sozinho na cozinha, e depois correr pra cá como se estivesse chamando alguém que ficou magoado com algo que você disse, isso não é normal.

-Seria magoada, e eu não quero falar sobre isso. Não adianta.

-Pode adiantar se você nos explicar o que havendo com você, filho.

-EU JÁ EXPLIQUEI! - explodi, ignorando totalmente os olhares de toda a família que agora também estava no quintal e na porta, olhando a discussão. - Eu já expliquei milhares de vezes, mas vocês é que não entendem. Não querem entender, por quê? Eu não vou falar com maisninguém. Muito menos com médico algum. Porque eu não. Estou. Louco!

-Tem alguma coisa acontecendo com você, sim! E não adianta negar. Primeiro tem surtos psicóticos à noite, acorda todo mundo e diz que não foi nada. Depois começa a falar sozinho com alguém visível apenas aos seus olhos, você até fica desesperado, você ri. Você discute sozinho como se realmente existisse essa pessoa com quem você tanto fala. E isso não é normal!

-Quer saber? Deixe a mim e a minha loucura em paz! - passei reto por ela e empurrei bruscamente Matth e Luc que ainda estavam na porta. Jason se afastou rapidamente assim que eu passei, olhando-me assustado e se esquivando para eu não toca-lo. - E eu não mordo - murmurei ao passar por ele.

Subi as escadas rapidamente e peguei minha bolsa dentro do armário, no meu quarto. Bati a porta com força quando saí e desci as escadas correndo de novo.

Quando eu cheguei ao andar de baixo e abri a porta mamãe me chamou:

-Aonde você vai?

-Aonde eu deveria ir de manhã? - perguntei ironica e retoricamente enquanto saía. Mas eu me lembrei de algo e a chamei em alto e bom som, para todos que estavam ainda na cozinha e no quintal pudessem me ouvir:

- Ah, Loui.. Eu quero que você venha comigo - não demorou mais de cinco segundos para ela aparecer e sair porta a fora ao meu lado.

Eu fechei a porta com força dobrada e passei do gramado até a calçada pisando duro.

Loui permaneceu em silêncio ao meu lado até dobrarmos a esquina.

-Está bem?

-Acho que sim, eu me sinto melhor no instante em que fico longe deles - olhei o movimento da rua ao nosso redor.

-Isso quer dizer que você não gosta da sua família e amigos?

-Isso quer dizer que eu não gosto de nenhuma companhia fora a sua - voltei a olhar para ela.

-Vou levar isso como um elogio - ela sorriu e eu sorri de volta:

-É um elogio.

Nós permanecemos em silêncio durante longos minutos, em que percorremos lado a lado. Atravessei a Rua com Loui em meu encalço e sentei na calçada da lanchonete que eu havia visto dois dias atrás quando explorava o bairro. Nós ficamos calados até um dos clientes da lanchonete sair, e esta a propósito estava quase sem movimento, apenas com uma mãe e seu filho tomando sorvete nos fundos e um senhor sentado no balcão tomando alguma bebida que estava fora da minha visão, já que a sombra predominava no lado em que ele estava, apesar do sol forte.

-Você não vai pra escola? Já são sete e quarenta e cinco.

-A minha primeira aula é de Inglês e eu não quero ter que ficar cinquenta minutos ouvindo discursos sobre o bem da leitura.

Ela deu um leve sorriso e começou a brincar em silêncio com seus próprios dedos na calçada.

-Porque está tão calada?

-Eu pensei que você me preferisse assim, até porque o clima ao seu redor não está tão perfeito.

-Ele nunca está perfeito. E pode apostar como eu prefiro você falante. Como eu disse hoje mais cedo: eu gosto de você comigo - minha mão escorregou até a dela instintivamente e antes mesmo de eu sentir o seu toque gélido, minha consciência a retirou de lá.

Ela pareceu nem dar atenção aos meus dois atos súbitos e sorriu:

-Tudo bem, então. Mas no momento eu só tenho perguntas que você provavelmente vai se negar a responder e que martelam na minha cabeça extremamente curiosa.

-Manda - conversar com Loui era normal, era como se eu falasse com velhos amigos. Não era difícil entender o que ela dizia e às vezes eu ainda me perguntava se ela era de verdade. Parecia tão natural..

-Haden era o que sua?

-Namorada - falei rápido e me arrependi.

De repente pareceu difícil conversar com ela, porque eu sabia que independentemente da minha resposta, ela voltaria com uma chuva atorrentadora de perguntas.

-Porque terminou com ela?

-Por que.. Não sei. Porque eu quis.

-Olhe nos meus olhos - ela falou com a voz severa. - Porque terminou com Haden?

-Porque ela se insinuava para Luc. Pronto, falei! - eu disse rápido demais e com os olhos fechados, o que a fez rir. Apesar de isso ser um tanto constrangedor, eu gostava de ouvir a risada dela, de certo modo.

-Ótimo, agora me fala da Agatha, o que você acha dela?

-Porque está me perguntando isso? - perguntei, ainda de olhos fechados. - Ela é minha prima. Eu acho que não se deve achar nada de primas.

-Tudo bem. Quem é Honor?

Abri os olhos rapidamente:

-Honor? Que Honor?  - me fiz de desentendido.

-Ora, não se faça de bobo. É a garota da sua sala.

-Quem te falou dela? Quer dizer, onde você ouviu falar dela?

-Ontem na sua escola eu ouvi Sean, Dean e Tay falando dela e você. E eles falavam de vocês num tom muito suspeito, e diziam algo do tipo: Eles vão se entender nessa festa.

-Sério? - comprimi os olhos, duvidando um pouco dela.

-Se não fosse sério eu não estaria preocupada.

-E porque estaria preocupada?

 -Você vai sair com uma garota! - ela falou como se fosse uma manchete escandalosa no "The New York Times".

-E..?

-Você não pode sair. Não com ela.

-Porque não? Aliás, a Haden foi convidada para ir nessa festa também.

-Nem com ela - Loui disse, cruzando os braços.

-Eu não gosto da Haden, mas eu tenho que ficar com a Honor ou Kevin vai detonar comigo! Você não entende?

-Não. Porque você foi abrir confusão com ele, então?

-Minha nossa, você fica três horas no ginásio da minha escola e já está ligada em tudo que ocorreu lá nos últimos dias.

-Claro, eu tenho que me manter antenada. Continuando.. Eu sempre sonhei em ir numa festa de alguém popular - ela disse num tom sugestivo.

-Você nunca foi?

-Não. - ela fez uma carinha triste.

-Que ruim, então! - me fiz de desentendido de novo.

-Jesse! - ela se levantou. - Você é nojento.

-Eu? Por quê?  - tentei segurar o riso, mas não consegui e acabei caindo com as costas na calçada de tanto rir.

Era um dos menores motivos para rir, mas estava tão legal ficar ali com Loui que eu senti uma vontade desesperada de rir, e foi o que eu fiz. Então eu senti algo pontudo me acertando na barriga e parei de rir no mesmo instante, olhei para Loui e ela estava catando pedrinhas no chão:

-Isso não é engraçado, Jesse Jones! - falou, enquanto se levantava novamente com uma das mãos cheias de pedrinhas para jogar em mim.

-Ei, eu estava só brincando. Calma aí, Loui - eu me levantei, me preparando para mais uma brincadeira.


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