Never Let You Go - Bring me to Life escrita por lovemhatem_


Capítulo 2
Primeira Noite


Notas iniciais do capítulo

Boa-leitura!



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-Aqui tá um tédio! - era Jason.

-A gente precisa de uma TV - Jonah falou para papai.

-Porque a gente não pode brincar na rua? - Kendra olhou para mamãe.

-São oito horas da noite, Kend - Ela explicou.

-Podemos ter um cachorro? - Micky perguntou com sua vozinha sonolenta.

-Vou ver a possibilidade, querido. - Mais uma vez mamãe.

-Eu quero meus livros - Agatha comentou.

-E eu quero silêncio! - papai reclamou.

Eu ri. Mas parei até ver todos os olhos da casa pousarem em mim, numa expressão estranha.

-Como você pode rir numa situação dessas? - Jason perguntou.

-Os técnicos da TV vêm amanhã, não é? Kendra vai passear com Agatha enquanto ela passa na biblioteca e vê alguns livros. Mamãe podia deixa-las lá enquanto leva Micky a uma loja de animais pra ele escolher algum bichinho, se não quiserem comprar cachorros. Papai não vai conseguir silêncio tão cedo, já que amanhã ele já vai ter que sair pra procurar uma escola pra gente. E eu só quero meu notebook. - falei.

-Isso não é engraçado. - Jonah fez uma careta.

-Mas a gente tem que rir pra descontrair esse clima chato que tá rondando aqui.

-HAHAHA! - Jason riu ironicamente depois me olhou. - O clima não melhorou nada.

Mamãe ajeitou Micky na cadeira e mudou de assunto:

-Seu notebook está lá em cima Jesse. No seu quarto. Porque não vai para lá?

-Cê tá me expulsando daqui?

-Você está com medo de subir? - Kendra perguntou.

-Só não quero ir agora. - me levantei e fui até a geladeira. Abri e peguei uma maçã.

Depois fui até a sala e sentei em um dos sofás:

-Ô pai, tá pegando algum canal sem ser a cabo?

-Sim. - ele murmurou da cozinha e eu liguei a TV no único canal que prestava e estava passando Vanhelsing. Jonah e Jason pularam ao meu lado, trazendo outras maçãs.

E logo Agatha estava no outro sofá com Micky e Kendra. Papai subiu as escadas para seu quarto e mamãe foi lavar a louça e limpar a cozinha.

Assistimos ao filme até ele acabar, então começou um programa que eu nunca tinha visto na vida sobre mulheres. A apresentadora disse que o tema de hoje seria 'Danças', e eu já estava me levantando quando apareceram umas gostosas no Poli Dance.

-Meninos, saindo daqui - Agatha disse para Jonah e Jason.

-Porque você e Jesse não saem também? - Jason reclamou.

-Porque eu sou garota e o programa é sobre garotas. Além disso, a classificação é de 14 anos e vocês tem 11.

-Micky! - Jonah gritou.

- É um bebê de cinco anos, não entende nada do que está vendo. - ela continuou.

- Jesse tem 15. Um ano a mais é problema - Jason tentou de novo.

Eu, que até então não desviava a atenção das garotas dançando, me virei e olhei para os dois:

- Vocês não podem assistir a isso e ponto final. Agora caiam fora, pirralhos.

-Eu vou chamar a mamãe! - ele gritou.

-Vamos ver quem ela vai botar pra fora - mostrei a língua.

E no mesmo instante mamãe apareceu e desligou a televisão.

-Muito bem, todo mundo pra cama. Agatha, você coloca Micky para dormir?

-Pode deixar.

-Mãe! Eu estou assistindo. - reclamei. - Ainda são 21 h 12 min.

-Hora de dormir. Amanhã você tem que acordar cedo.

-Não tô com sono.

-Pra cama! - ela disse, vindo à minha direção e me puxando pra fora do sofá.

Jason mostrou a língua pra mim e riu da minha cara. Jonah já estava subindo as escadas. Eu pulei do sofá e corri atrás de Jason:

-Seu pirralho! Por sua culpa eu vou ter que ir dormir! - Eu o alcancei e lhe dei um cascudo. Então ele gritou e reclamou com mamãe, o que me fez empurra-lo escada acima. Ele reclamou de novo, dessa vez ela brigou comigo. Então ele subiu as escadas correndo, logo atrás de Agatha que levava Micky nos braços e segurava a mão de Kendra.

Então eu fui até a televisão e a liguei. Mamãe veio e a desligou.

-Mas mãe, eles já foram dormir!

-Eu mandei você ir também. - ela me empurrou devagar até as escadas.

-Argh! - eu subi as escadas reclamando. - Aqui em cima tem banheiro?

-Ao lado da estante da saleta. - ela gritou lá de baixo.

Eu olhei para o lugar que ela me indicou e fui até ele. Abri a porta e examinei o local. A madeira branca subia até a metade da parede, depois começava a etapa com o papel-de-parede verde lima. O teto e o piso eram de madeira marrom terrestre.

A pia era de mármore e tinha um espelhinho. Também tinha a banheira branca por trás da cortina verde, e o vaso sanitário ao meu lado.

Abri a farmacinha da pia e lá já tinham seis escovas. Uma rosa, que eu presumi ser da Kendra; uma lilás, que eu presumi ser de Agatha; uma do Gato de Botas, que eu presumi ser de Micky; um azul e branco e outra verde e branco, que eu presumi serem dos gêmeos; e uma vermelha, que com certeza era a minha.

Eu escovei os dentes e depois fui até o meu quarto, o último do corredor. Enquanto passava pelos quartos, batia em cada porta, tentando assustar alguém. Foi em vão.

Abri a porta do meu quarto e fui até a minha cama. Então peguei o meu notebook e o modem e levei-os até a banca, mas antes peguei um lençol no armário e cobri o espelho. Eu precisava me certificar que não iria olhar para ele, muito menos ver vultos ou sombras.

Liguei o notebook e enquanto esperava cutuquei meu bolso e peguei um chocolate velho que estava nele desde o dia anterior e o comi. Entrei no meu e-mail e no meu twitter, eu precisava falar com Matthias. Ele era meu melhor amigo e eu havia prometido falar com ele assim que a gente se mudasse. Mas eu não havia encontrado meu celular e o telefone ainda não estava funcionando. Depois de twittar pra ele e mandar uma mensagem pelo e-mail eu fui jogar God of War.

Fazia mais de duas horas que eu estava jogando quando escutei um ruído vindo da cama. Olhei, mas não vi ninguém. A porta se abriu, mas ninguém apareceu.

-Mãe? - ninguém respondeu. - Tudo bem Jason, você já venceu. Pode sair daí.

Silêncio. Eu me levantei devagar e fui até ela, olhei para fora com cuidado e depois a bati com força. Dessa vez eu tinha certeza de como tinha visto alguém.

Mas não era Jason, muito menos alguém da casa. Não alguém que eu conhecesse. Era uma sombra feminina. Ela estava parada, com a mão no trinco. Eu tinha certeza de como a havia visto. Reabri a porta devagar. E a fechei com força novamente.

Não, a sombra não estava mais lá. Esse era o problema.

Eu corri até o notebook e o fechei, depois pulei em cima da cama, e me cobri com o próprio lençol do colchão. Não tive coragem de me levantar e pegar um no armário. Olhei o meu relógio de pulso. 23 horas e 57 minutos.

Cobri meu rosto com o lençol e me afundei nos cobertores. Fechei os olhos. Eu conseguia ouvir meu próprio coração. Eu pisquei diversas vezes até acabar cochilando.

Abri os olhos, eu estava morrendo de calor e com vontade de ir ao banheiro.

Então me levantei e abri um pouco a janela. Depois abri a porta, andei devagar pelo corredor e fui até o banheiro, na saleta.

Eu estava olhando pelo espelho enquanto fazia minha necessidade, uma mania que eu tenho desde pequeno, quando achei que vi algo passar na saleta.

Eu me lembrei do episódio que havia ocorrido horas atrás. Olhei o relógio novamente, eram uma hora e cinco minutos da manhã. Um barulho no sofá. Um barulho no tapete. Um barulho parecido com um sussurro.

-Tem alguém aí? - perguntei num fio de voz.

Silêncio. 'O que eu ainda estou fazendo parado aqui?' Perguntei a mim mesmo. Então fui andando normalmente até o quarto. A porta do quarto dos meus pais estava aberta e eles estavam dormindo. Passei reto, mas antes mesmo de chegar ao meu quarto, à porta do quarto de papai e mamãe se fechou. E num ruído que me lembrava de filmes de terror, a minha também foi se fechando vagarosamente.

-Que merda é essa agora? - sussurrei.

Cheguei até a porta do quarto e dei dois passos para trás. Meu lençol de cama estava no chão, juntamente com meu notebook, que a propósito estava aberto. O espelho estava sem o pano e nele eu vi o reflexo da mesma sombra que eu havia visto na porta horas antes.

-AAH! O que é isso? AAH! - tentei andar, mas não consegui fazer um mínimo movimento. Tentei desviar os olhos do espelho, mas algo me prendia ali. O reflexo se moveu e olhou na minha direção eu não vi o rosto, estava escuro. Mas eu tinha certeza que não era Agatha, tinha o cabelo bem maior. E não era Kendra, era bem maior que ela também. Não podia ser mamãe, ela estava dormindo.

Fechei os olhos e gritei novamente. Uma brisa fria e rápida passou por mim, causando-me um calafrio e fazendo-me dar um passo para trás. Senti mãos quentes me tocarem e pulei. Eu já ia começar a gritar novamente quando escutei uma voz conhecida:

-Jesse! Você tá bem? Jesse, Jesse. - abri os olhos, era Agatha.

-Você! - gritei, com raiva.

-Okay, tudo bem. O que houve?

-Como assim o que houve. Você me provoca um susto desses e ainda pergunta o que houve?

-Eu te assustei? Desculpa, eu achei que você já estava assustado.

-Claro. Você entra no meu quarto a noite e não me responde quando eu falo e..

-Espera! Eu acordei agora. - ela franziu as sobrancelhas.

-Conta outra.

-O que está havendo aqui? - ouvi a voz da minha mãe e olhei na direção dela, logo atrás estava o meu pai.

-Eu não sei, eu estava dormindo e acordei com ele..

-Não! Você entrou no meu quarto enquanto eu estava no banheiro e me assustou ainda agora.

-Ei, calma. - minha mãe afagou meu braço. - Agatha estava no quarto de Micky, dormindo com ele.

-Então quem estava aqui? - perguntei. O medo estava voltando a me dominar.

-Ninguém estava aí. Você teve um pesadelo - papai falou meio sonolento.

-EU VI UMA PESSOA NO MEU QUARTO, SIM! - gritei.

Mamãe virou-se para Agatha:

-Vá para o quarto, querida. - depois se virou para papai. - Josh, deixe-me falar com ele.

Ela me abraçou e me fez entrar no quarto.

-O que aconteceu aqui, Jesse? - ela perguntou, quando viu a bagunça no chão. - Porque fez isso?

- Eu não fiz isso. Mãe me escuta. Tinha ou tem alguém no meu quarto.

-Filho, não tem ninguém aqui. - ela tentou me abraçar, mas eu me desvencilhei.

-Mãe! Tinha sim. Eu vi. - Falei, procurando as palavras. - Olha, hoje de tarde, quando a gente chegou? Você lembra, não é? Lembra?

-Calma Jesse.

-Não vou ter calma! - quase gritei.

-Eu só vou escutar você falar quando você estiver calmo. - ela falou, me olhando nos olhos.

A luz estava acesa, então eu me levantei e fui até a porta, parei lá.

-Mãe - falei, tentando ficar calmo. -, você lembra que hoje à tarde eu perguntei se você ou Aggy tinham entrado aqui?

-Sim. - ela esperou.

-Eu disse que vi uma garota. E eu realmente vi. Na verdade antes foi só uma sombra, um vulto. Mas depois, antes, quando eu vim dormir. Eu estava no notebook e a porta se abriu sozinha. Eu fui olhar se era você ou Agatha, mas não era. Eu tenho certeza de como não era. Era uma garota, e ela estava segurando o trinco da porta. E eu a fechei com força. E quando voltei a abrir ela não estava mais.

-Filho, você...

-Não, espera. Então eu fui dormir. Mas eu acordei porque precisava ir ao banheiro, e quando eu fui eu ouvi uns barulhos na sala. Eu perguntei se era alguém, mas ninguém respondeu e eu voltei pra cá. E quando eu cheguei, estava tudo desarrumado, e por esse espelho - fui até o espelho. -, eu vi a MESMA pessoa. Só que dessa vez mais nítida. E foi então que eu gritei e fechei os olhos e a Agatha apareceu e eu pensei que fosse ela o tempo todo. Entendeu?

Ela veio até mim e me abraçou. Eu a abracei também, mas a soltei assim que ela começou a falar.

-Você teve um pesadelo. Você já fez isso quando era criança, se envolveu tanto no sono que..

-Eu não sou sonâmbulo, mãe! Mas que droga.

-Jesse, calma.

-Não! - gritei. - Se você não acredita em mim, então vá embora.

-Eu acredito em vo..

-Não acredita. Você não acredita nem vai acreditar. Quer saber, foi mesmo um pesadelo, está bem? Agora me deixe em paz.

-Filho, eu..

-Por favor. - sussurrei.

E ela saiu. Eu fiquei parado por cerca de dez segundos e peguei o lençol que estava no chão e o notebook. Depois fechei a porta com chave e peguei um lençol no armário. Pulei na cama e me cobri. Fechei os olhos, eu precisava dormir.

Eu não escutei mais ruído algum e acabei adormecendo logo.


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