Never Let You Go - Bring me to Life escrita por lovemhatem_


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Boa-leitura!



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Olhei ao redor. Não parecia tão ruim assim. Era enorme, uns três andares, contando com o sótão.

Ela era bege, e suas portas eram branco gelo. Eu contei as janelas, uma por uma. Tinham seis só na frente. Depois iria contar as de todos os cômodos. As janelas também eram branco gelo. O jardim era enorme também. Tinha uma grama verdinha, e algumas flores, tulipas e lilases. Tinha duas árvores que também eram enormes. Tudo ali parecia enorme.

-Ei, você quer me ajudar com suas malas? - ouvi uma voz e virei-me para o carro.

-Ah. Sim, claro. - peguei a bolsa que ela me estendia e outras duas malas no chão.

-Seu pai já está lá dentro. Coloque na sala e pode escolher seu quarto.

Andei pela parte cimentada no meio do jardim e fui até a porta da casa. Fui ultrapassado por Jason e Jonah.

- Quem chegar primeiro, pega os melhores quartos! - Jason gritou. - E não vale trapacear.

A varanda você já deve saber como era. Enorme. Dava até para armar uma rede. Meu pai gostava de redes. E tinha uma cadeira de balanço antiga. Um galho de uma árvore roçava próximo ao telhado. Entrei dentro da casa, e como sempre, observei tudo ao redor. A sala, com dois sofás verde-musgo, um tapete marrom e papel de parede bege com detalhes brancos. As escadas atrás de um dos sofás, e de frente a ela, ao lado da porta de entrada, a cozinha. As paredes também eram beges com detalhes brancos, o teto e o piso também eram branco gelo. Parecia que não existiam outras cores ali. Tinha um armário que parecia bem antigo. Tão antigo quanto às escadas e um pequeno rack na sala, onde eu sabia que seria colocada a TV.

Percebi que ainda estava com as malas e a bolsa nas mãos. Olhei para o meu pai, que estava olhando a cortina da janela da cozinha, ela era bege e branco gelo. A cozinha parecia ter sido reconstruída há algum tempo. Tinha umas marcas nos cantos das paredes, como se tivessem tocado fogo por ali.

-Ei, pai. Onde eu ponho isso aqui? - gesticulei para as malas e ele me avaliou por dois segundos até me indicar com o dedo um canto próximo às escadas e o sofá onde já tinham outras malas.  Em cima de uma delas havia um exemplar de um livro de Clarice Lispector. Minha mãe gostava dessa escritora, ela veio de algum lugar da Europa e foi para o Brasil. Suas frases e poemas eram legais. Mas eu nunca havia lido aquele livro.

Eu coloquei as malas que eu segurava lá e saí de casa novamente, quando vi Agatha entrando na casa com suas malas:

-Ei, ainda vão precisar da minha ajuda?

-Não. Se eu fosse você, subia e escolhia logo um quarto antes que Jonah e Jason peguem o melhor.

Sorri e voltei até as escadas. Subi correndo e vi uma pequena saleta e um corredor. Aqui as cores pareciam variar um pouco. O papel de parede era marrom terrestre, e o piso tinha um tom de marrom mais escuro, igualmente com o corredor. Tinha sete portas.

A primeira estava aberta, mas não havia ninguém. Eu nem sequer entrei, nunca gostei de primeiros quartos. A segunda já era do lado esquerdo e estava fechada, mas eu ouvi ruídos vindos de dentro dela e a abri. Tinha o papel de parede branco-gelo com estampa de flores lavanda. Havia uma cômoda, um guarda-roupa e uma cama sem colchão. Ambos de madeira escura, assim como o piso. O ruído se repetiu e eu quase gritei de susto ao ver a garota de costas, abaixada ao lado da cama, brincando com uma Barbie e um Ursinho de pelúcia.

-Kendra, o que você está fazendo embaixo da cama?

-Eu não estou embaixo da cama, estou ao lado.

-Você escolheu esse quarto?

-Quem escolheu foi Tifany. Mas o Mister Lilly quer outro quarto. - ela apontou o urso e a Barbie.

-Você chama seu urso de Mister Lilly? - eu ri.

-E daí? Saia do nosso quarto! - ela jogou um sapato em mim.

-Ei, calma. Eu já estou indo, ok? - saí do quarto, rindo.

Fui até a terceira porta, mas mudei de ideia assim que a abri, era um quarto de casal. Com certeza seria para mamãe e papai. Desisti de ver o outro assim que vi Agatha dentro dele, tirando as suas roupas de sua mala. Ainda sobravam dois quartos no lado direito, e eu já ia olha-los quando ouvi mais um ruído, desta vez, vindo da primeira porta. Aquela que eu havia ignorado. Fui até lá e meus irmãos pulavam na cama.

-Ei, Jesse! Isso aqui é uma verdadeira cama-elástica. Experimenta! - gritou Jason.

-Esse lado da cama é meu - Jonah deitou-se. - E eu quero que você pare de pular, está me incomodando.

-Essa cama é só pra mim! Mamãe vai trazer a outra que veio no carro das mudanças para você - Jason empurrou-o.

-Não - Jonah empurrou-o de volta. - Você sempre quer o melhor.

-Porque eu sou o mais velho! - Jason empurrou-o novamente.

-Nós somos gêmeos.

-Mas eu nasci 4 minutos antes de você - Jason mostrou a língua e jogou o travesseiro nele.

Eu iria interromper aquela briga não fosse ter visto alguém entrando no último quarto. Andei até lá, sem olhar para nenhum dos outros quartos. A porta estava entreaberta, e eu a abri devagar.

-Aggy? Mãe? - falei, mas não ouvi resposta.

Escancarei a porta e não vi ninguém.  Como nem quando estou assustado deixo de observar as coisas, olhei ao redor.

O papel-de-parede era azul terrestre apenas de um lado, do outro era branco-gelo. As janelas estavam abertas e as cortinas brancas voavam com o vento que soprava forte, apesar de o tempo estar quente e úmido, mal se sentindo uma brisa sequer com exceção daquele quarto. Tinha uma cama de casal de madeira com o colchão e os lençóis brancos e arrumados. A escrivaninha tinha um jarro de flores já secando.

A lâmpada era na verdade um lustre, bem antigo. Acho que devia ser assim nos outros quartos também. Tinha um tapete vermelho terrestre, e uma banca na mesma cor com um espelho bem ao lado da porta, afastada da cama. Duas gavetas, e uma cadeira.

Abri a primeira gaveta, nada. Iria abrir a segunda não fosse ter visto pelo espelho, um vulto passar em direção à porta. Saindo do quarto. Olhei para a cama. Meu coração bateu mais forte, assustado. No lado oposto ao que eu havia estado o lençol agora estava desarrumado de um modo que parecia que alguém havia estado sentado ali. Olhei para a porta, e no mesmo instante, ela bateu com força.

Corri para abri-la, e depois desci a janela com tanta força e como o lugar parecia tão velho, que eu pensei até que pudesse quebrar o vidro.

-Achei você! - pulei para trás e pus a mão no peito quando vi minha mãe.

Fechei os olhos e respirei fundo.

-Qual o problema? - ela riu.

-Você quase me mata de susto, mãe. Poxa, o que você quer?

-Estava te procurando - ela estendeu a mala que trazia para mim. - Suas roupas. Vai ser esse o seu quarto não é? Ou vai querer dormir lá embaixo?

-Tem outro quarto ao lado deste.

-Micky? - Micky era meu irmãozinho mais novo.

-Ah, tudo bem. Lá embaixo também tem? Acho que vou pra lá.

-Ao lado da porta do porão, e próximo à cozinha - ela falou indiferente.

-Pensando bem, melhor aqui. - peguei a mala e a levei até o guarda-roupa ao lado da banca com o espelho.

-Mãe... - chamei-a, quando ela já estava saindo.

Ela se virou e olhou para mim.

-Você ou Aggy entraram aqui?

-Agatha está guardando as comidas nos armários, na cozinha. E eu estava olhando as malas com as roupas dos seus irmãos. Por quê?

-Eu pensei ter visto alguém aqui dentro.

-Não era Kendra? - ela arqueou as sobrancelhas.

-Muito maior que ela.

-Tem certeza de que viu mesmo isso?

-Hm.. Não. - ri, e ela riu também. Depois disse:

-Eu vou preparar o jantar, sim? Arrume suas coisas e desça.

Fiz que sim com a cabeça e ela saiu. Olhei para o lado desarrumado na cama e suspirei, eu não tinha certeza sobre os vultos no corredor e no espelho. Mas tinha certeza absoluta de que quando entrei no quarto o lençol não estava desarrumado daquele jeito.


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