As presas de Aracne brilhavam púrpuras, o veneno tinha um cheiro azedo como de álcool misturado com comida apodrecida. Ela corria em minha direção as oito patas movendo-se com uma velocidade impressionante. De repente ela parou seus olhos mais escuros que a noite brilharam, ela se virou e encarou minhas amigas. Emma e Sophie haviam se levantado, Emma com um elmo de guerra prateado, lágrimas rolavam por seus olhos, Sophie estava mais próxima de mim, seus olhos eram de puro pânico, ambas estavam empunhando espadas, prontas para me tirar daquela enrascada. Aracne sibilou e depois sorriu.

            - Que tal um joguinho? Para tornar as coisas mais interessantes! – Disse a Aranha, sua voz era áspera. – Uma de vocês e eu travamos uma batalha, se eu perder devolvo o fedelho. Se vocês perderem, eu e meus filhos vamos ter o mais delicioso banquete!

Fedelho? Pensei.

Emma e Sophie ponderaram um pouco. Emma assentiu devagar.

- Ótimo! – Riu Aracne, depois apontou para Sophie. – Pode vir querida.

- N-não, eu irei lutar com você! – Disse Emma gaguejando.

- Oh, querida você não esta em condições de dar ordens.

- Emma! E-eu vou! – Disse Sophie à voz tremendo. – Vou salvar você Cara de Sardinha!

Sophie, cuidado... Pensei.

Vou tirar você dessa Will! Nem que seja a ultima coisa que eu faça! Respondeu ela em minha mente.

Aracne se virou contra Emma, a teia jorrando de sua boca. Emma gritou já presa entre dois pinheiros.

- Fight! – Gritou Aracne se virando para Sophie, ela avançou, uma espada antes não vista, em punho.

Sophie recebeu bem o golpe. Usou a parte chata da lâmina para aparar a estocada, girou o corpo 45º e por muito pouco não decepou a cabeça da Mulher-Aranha. A Aranha atirou um jato de teia e atingiu um galho alto, com um salto Aracne girou em volta da árvore e chutou Sophie na cara. Minha amiga se levantou e com uma estocada quase perfurou o dorso da inimiga. Sem pestanejar Aracne, contra atacou cortando o braço esquerdo se Sophie. O sangue brotava, manchando a camisa branca. Sophie suava, gritava, provocava e lutava, suas roupar estavam coladas ao corpo pelo suor. Seu cabelo grudando na testa. Em seu corpo, poeira e teia de aranha. Pensei que logo uma das duas cairia, mais isso ainda iria demorar...  

Aracne era rápida e maior que Sophie, firmava-se nas partas e lançava jatos de teia gosmenta. Sophie cortou um jato de teia bem quando Aracne saltou nas árvores, a Aranha corria e saltava de entre as árvores, jatos e jatos de teia saiam entre as folhas farfalhantes. Sophie desviava sem esforço aparente, mas isso a estava cansando.

- Apareça covarde! – Berrou Sophie.

Uma gargalhada fria ecoou por entre as folhas. Aracne pulou, Sophie saiu do caminho a tempo, Aracne cravou a espada onde a milésimos de segundo antes Sophie estava.

Sophie apoiou-se no pé esquerdo e chutou Aracne no peito. A Aranha simplesmente cambaleou para trás, os olhos fervendo de fúria. Sophie correu até um pinheiro próximo, ainda correndo utilizou o pé direito para dar impulso, ela se lançou contra a árvore o pé esquerdo se chocou com o tronco impulsionando-a para trás, com uma cambalhota e um rápido e mortal golpe com a espada Sophie decepou uma das presas de Aracne. A Mulher-Aranha se esquivou velozmente, mas não o suficiente para escapar do golpe de Sophie.

- MALDITA! – Urrou Aracne. Sangue negro escorrendo por seus lábios, aranha cortava o ar, sua espada silvando. – MATEM-NO!

As aranhas que mais pareciam cães vieram em minha direção, seus olhos brilhando como contas pretas.

- Não! – Gritaram Emma e Sophie em sincronia. Sophie aproveitou a oportunidade e cravou a espada no abdômen de Aracne. Sangue negro brotava do corte profundo.

- Game Over! – Grunhiu Sophie. A Mulher-Aranha se desfez em pó, a teia e seus filhos evaporaram em fumaça dourada.

Depois que a teia evaporou cai de boca no chão. Emma se levantava devagar ainda tremendo. Sophie ofegava e suava a mão no peito tentando normalizar a respiração.

- Sophie!- Chamei correndo em sua direção, girei seu corpo e a envolvi em um grande abraço. – Obrigado! Obrigado!

Ela retribuiu o abraço, lágrimas rolando sem parar.

- Você esta me devendo muito Cara de Sardinha! – Soluçou ela.

- Sei que estou... – Garanti – Devo-lhe minha vida!

- Will, Sophie vocês estão bem? – Perguntou Emma, fazendo papel de irmã mais velha.

- Sim – Disse Sophie se desvencilhando de mim para abraçar Emma.

- Graças aos deuses! Ou melhor, a Sophie! – Eu disse abraçando as duas.

- Deuses! Com tanto monstro para nos atacar tinha que ser justo esse? – Indagou Emma. Percebi que ela estava sem o elmo e sim com sua tiara.

- Atlas tem sevos peculiares... – Concordei.

- Não podemos parar! – Disse Sophie – Isso serviu como aviso. Eles não querem que continuemos!

- Certo. Isso é óbvio Srta. Wikipédia. – Murmurei. – Já devemos estar perto da Filadélfia. Agora o que temos que fazer é seguir caminho até São Francisco.

- Não podemos perder tempo. Esta ficando tarde... É melhor acharmos algum lugar para pararmos e descansarmos!

- Filadélfia é o lugar mais próximo!

- Ótimo! Vamos para Filadélfia! – Concordou Emma.

A noite caia, o ar gélido balançava os galhos das árvores. Já estávamos na estrada a cerca de três horas. Emma estava tensa seus olhos fixos na pista, ela ainda choramingava de medo por causa das aranhas. Sophie estava cansada, seus olhos eram apenas fendas, sua cabeça pendeu, seus olhos se fecharam. Ela mesmo que subconscientemente acomodou sua cabeça em meus ombros. Parecia que um fio elétrico havia sido encostado em meu braço. Meu corpo moveu-se por instinto, coloquei minha cabeça sobre a dela, com um suspiro adormeci com Sophie aninhada em mim.