Cold Eyes escrita por Van_Michaelis


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Aqui eu com um capitulo que tem algo que vai deixar vocês felizes. Pessoalmente, eu achei bem fofo esse capitulo, viu? Mas sou suspeita para falar, né, fui eu que escrevi isso...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/187452/chapter/9

Enquanto o mundo adormecia, a neve caia, cobrindo os telhados e a grama com seu gelado manto branco. O frio chegara, e com ele, tudo acabava tomado por um ar de desolação.

Nicholas abriu os olhos, seu corpo inteiro tremia de frio. Ainda faltava mais de uma semana para que o outono acabasse, ninguém estava esperando pela neve, que sem ser anunciada resolvera aparecer bem mais cedo naquele ano.

Ainda estava no inicio da madrugada, o garoto sabia que um dos empregados acabaria percebendo a situação e iria colocar carvão na caldeira e aquecer a mansão, mas estava tão frio que ele não aguentaria. Sempre tivera uma péssima resistência a baixas temperaturas.

Enrolou-se nos pesados cobertores e abriu a porta, olhando para ver se tinha alguém acordado antes de sair para o corredor a passos lentos e silenciosos e descer as escadas rumo a sala de estar. O aposento era largo, havia vários sofás, cadeiras confortáveis e pufes espalhados pelo lugar, belos quadros adornavam as paredes , tapetes macios se estendiam no chão e o mais importante para o pequeno naquela hora: uma imponente lareira. A lenha estava lá, prontinha para se acesa. O acendedor não estava visível, mas Nick não tinha problemas com isso.

Como não havia tapete em frente a lareira por perigo de, mesmo com a grade, causar um incêndio, estendeu o cobertor no chão e se deitou, sentindo o ar gelado bater em seu corpo. Mas bastou uma olhada para que uma brasa nascesse e logo as chamas estavam ali, dançando entre as torras de madeira.

Sorriu bem satisfeito, deliciando-se com aquele calor que o envolvia. Agora sim poderia dormi em paz. Pirocinese não era uma das suas habilidades preferidas e quase sempre que tentava usar acabava queimando algo que não devia, mas nessas horas se provava bem útil.

–Nicholas?- Richard apareceu no topo das escadas, olhando o aluno encolhido junto a lareira, que, ao ouvir seu nome ser chamado, virou-se preguiçosamente.

–Estava me procurando?- perguntou sorrindo quando o mais velho sentou ao seu lado.

–Não estava conseguindo dormir por causa do frio, então ouvir um barulho e fui ver o que era. Está nevando bastante essa noite.- comentou, olhando as janelas completamente embaçadas e repletas de flocos de neve.

–Sim. Mas como ninguém poderia prever que iria nevar antes do tempo, a calefação não foi preparada.

–Então você espertamente veio a procura da lareira.

–Não gosto de frio.- respondeu, fazendo sinal para que o outro se deitasse também.

O professor relutou um pouco, pensando ser melhor voltar para seu quarto. No dia anterior descobrira a paixão que nutria pelo mais novo, e não sabia mais como agir na frente de Nicholas. Não quando toda fibra de seu ser desejava tanto o menino. Mas no fim, suspirou e deitou-se ao lado dele no cobertor, ao que Nicholas aproximou-se inconscientemente, ficando com o corpo a centímetros do maior. Ficaram se olhando por um bom tempo, nenhum dos dois tinha coragem para falar...

–Richard...- Nick disse mordendo o lábio inferior e acabando com aquele silencio, há dias duvidas martelavam em sua mente e depois de muito pensar resolveu pedir ajuda ao professor. Afinal, era o unico amigo que tinha e em quem mais confiava, mesmo conhecendo-o a menos de meio ano. – posso...posso te perguntar uma coisa?

–Claro.- respondeu, acariciando levemente os fios negros do menor. Gostava de sentir aquela textura, de tocar os cabelos sedosos e cheirosos.

–Eu...estou confuso...- falou, desviando os olhos negros dos dourados.-sentindo coisas que nunca sentir antes...e não consigo me concentrar em nada mais...

–Eu percebi que algo parecia incomodar você, mas o que exatamente?

–Não...sei...- respondeu, frustrado.- por isso estou confuso! Só sei que não consigo deixar de pensar em você...Quando está por perto de mim, meus olhos parecem criar vida e se fixar apenas em você...sua voz fica ressoando em minha mente mesmo quando estamos longe...e não entendo essas vontades que estão despertando em mim! Eu...eu...não sei o que fazer...

O professor sentiu-se tremer. Nicholas era inexperiente e não entendia, mas havia praticamente acabado de se declarar ali. E nesse momento, todo controle que pudesse ter sumiu, e deixou que seus instintos comandassem.

–Nick...- disse carinhosamente – lembra quando discutimos sobre os sentimentos de seu primo por você? – o pequeno assentiu, ainda perdido.- é isso que está sentindo...isso é amor...

Os olhos negros se arregalaram com essas palavras. A surpresa que tomava o garoto apenas aumentou a sentir os lábios de seu professor sobre os seus, em um selinho demorado. Mas logo aquele ósculo se tornou mais profundo. Em busca de ar, o menino entreabriu os lábios rosados, e Richard aproveitou para deslizar sua língua para dentro daquela boca pequena, sentindo aquele gosto viciante. Movia-se com maestria, explorando cada canto, e Nick não demorou a imitar seus movimentos, retribuindo aquele beijo de forma tímida e desajeitada.

Beijaram-se carinhosa e gentilmente, separando-se apenas quando o fôlego acabou e o ar se fez necessário. O garoto estava vermelho e arfava, seu coração batia descompassado e uma sensação de alegria se espalhava pelo seu ser.

–Richard...

–Durma, Nicholas. Está bem tarde.

O pequeno sorriu docemente, puxando os braços do professor para que este o abraçasse e aconchegando-se em seu peito. Não demoraram a adormecer, aquecidos pelo fogo que crepitava na lareira.

E nenhum dos dois notou Edward parado no escuro, no alto da escadaria, apenas observando aquela cena.

XXX

Nick acordou em sua cama, bem protegido nos cobertores e com o aquecimento da casa funcionando. Lá fora, um sol pálido se descortinava, não conseguia aquecer a terra, apenas servia para iluminar aquele dia frio.

Levantou-se com preguiça, indo até a janela observar a neve acumulada, lembrando-se dos acontecimentos da noite passada e corando. Levou os dedos aos lábios, recordava-se muito bem do gosto da boca do professor e sentia falta daqueles braços fortes ao redor de si.

Será que o mais velho tinha razão? Estava, pela primeira vez na sua jovem vida, realmente apaixonado por alguém? Ainda não sabia bem, ainda não entendia aqueles sentimentos, mas resolvera que deixaria de tentar racionalizar tudo e iria apenas curtir o momento.

Sendo assim, trocou-se rapidamente e desceu correndo as escadas, ansioso por encontrar o maior. E qual não foi sua decepção ao deparar com o resto da família almoçando e Ângela lhe falar que Richard não estava na mansão.

–Ele tinha alguns dias de descanso não utilizados e queria aproveitar que hoje era sexta para passar o fim de semana em Londres e visitar a noiva.

Ao ouvir “noiva” foi que o garoto se lembrou de que o outro já tinha uma mulher na capital. Por que o beijara então, pensou com raiva. E irritado não comeu quase nada, resmungando coisas inteligíveis.

Filho, poderia vir comigo?- Edward pediu assim que todos haviam acabado de comer.

–Sim, pai.- Nick respondeu sem animo, mas um pouco curioso, seguindo o pai até o escritório deste.

O escritório era amplo, repleto de estantes cheias de livros, uma grande mesa de mogno e um sofá esquecido no canto. Quase nunca era usado, já que o patriarca da família Heagraves costumava trabalhar em seus escritórios em Londres.

O Duque sentou no sofá, fazendo sinal para que o filho também o fizesse. Por alguns minutos, apenas ficou ali, pensando em como Nicholas estava crescendo rápido...mais rápido do que gostaria e mais rápido do que conseguiria acompanhar...logo não seria capaz de protegê-lo mais.

–Nick...você não é mais uma criança...há muitas coisas a sua espera e só de pensar no que pode vir a acontecer meu coração não suporta.

–Como assim, pai?

–Logo irei lhe contar tudo. Tudo que o que precisa e deve saber. Até lá, fique sempre com isto e nunca tire-o de seu pescoço.

Estendeu para o garoto o medalhão que Ayen lhe entregara. Era pesado e grande, de um dourado fosco, antigo, com a ferrugem lhe comendo os cantinhos. Nele estava gravado um estranho símbolo, uma espécie de três “V” sobre duas espadas idênticas.

Ao segurá-lo, Nicholas tremeu. E no âmago de sua alma ele podia sentir que algo ruim estava a caminho .


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, foi isso. E sim, eu vou explicar como o Richard conseguiu ir a Londres após uma grande nevasca que cobriu quilômetros. Até o próximo capitulo.