Cold Eyes escrita por Van_Michaelis


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Finalmente a primeira interação entre nosso futuros pombinhos!!!!!! Espero que gostem, me diverti muito fazendo esse capitulo, realmente.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/187452/chapter/3

A tremula luz das velas mal era suficiente para iluminar o recinto, lançando uma sinistra penumbra sob os caixões alinhados. No canto do aposento, uma mulher descansava apoiada em um dos mortuários. Vestia um longo vestido negro de corte simples e mangas compridas. Uma capa escura jogada sobre seu corpo lhe encobria os cabelos e deixava antever apenas uma pequena parte de seu rosto, olhos surpreendentemente azuis. Enquanto descansava, passos leves ecoaram pela câmara, fazendo-a se levantar, esperando seu cliente se aproximar.

–Fale rápido o que conseguiu.

–Você sempre tão gentil com as damas, Stefan.- havia um nítido tom irônico em suas palavras.

O jovem denominado Stefan não deu mostrar de sequer considerar a provocação. Apenas ajeitou melhor a capa negra que vestia para que ocultasse melhor as vestes brancas que usava por baixo.

–Não tenho tempo a perder aqui, e você sabe disso, Hunter.

–Eu sei.- a mulher ainda matinha um tom levemente zombeteiro em sua voz.- a situação está mesmo desesperadora para vocês. Isso fica claro em seus superiores terem recorrido a mim, que tanto desprezam, mas também no fato de que nada encontrei.

–Na...Nada? Como isso pode ser possível?

–Não sei por que estão à procura daquela mulher, mas ela com certeza sabe que estão em seu encalço. Nenhuma única pista, sem rastros. É como se tivesse se evaporado no ar. Meus brinquedos não foram capazes de encontrar seu paradeiro.

–Não pode ser...- a voz de Stefan tremia.

–Seus superiores procuram por ela há mais de 15 anos, e nunca tiveram êxito. Imagino que eu deva ser sua ultima opção, após esgotadas todas as outras. Só assim para procurarem por mim. Acho que ela os venceu nessa...

–Nós vamos encontrá-la. Lissar rompeu com nossa regra mais sagrada, e por isso terá de ser punida. Não importe que leve a eternidade.

XXX

Nicholas entrou na biblioteca, lançando um olhar curioso para o homem que acompanhar sua mãe. Este era o novo professor? Sem duvidas, era alguém bem mais novo do que esperava.

–Ah, querido.- Ângela sorriu, abraçando o garoto.- este é seu novo professor, Richard Nichijou. Mr. Nichijou, este é meu filho Nick.

–É prazer vim para ensiná-lo. –Richard respondeu, educação sempre em primeiro lugar. O garoto apenas assentiu, sem demonstrar um pingo de interesse. – eu gostaria de lhe aplicar alguns testes para medir seu nível de educação. São para me orientar.

–Tenho certeza de que isso não será problema. Nick é muito estudioso- Ângela respondeu, sorrindo orgulhosa. – Meu filho, ainda tenho algumas coisas a fazer, se importaria se eu o deixasse responsável pelo Mr. Nichijou?

–Pode ir, mãe.

A bela mulher saiu, muito bem impressionada com o novo professor. Assim que sua mãe saiu da biblioteca, Nicholas virou-se para Richard e falou o que já o estava incomodando.

–Quantos anos você tem?

–Perdão?

–Pensei ter feito uma pergunta clara.

–Tenho 23, mas não entendo o sentido dessa pergunta. – Richard trincou os dentes, resistindo a tentação de dar uma resposta malcriada.

–23...- Nick estava com um semblante pensativo.- Você é jovem demais.- sentenciou, irritado. Seu pai ouviria algumas reclamações quando voltasse, e como.

–Não vejo nenhuma relação entre minha idade e minha competência, Mr. Heagraves.

–Nicholas. Me chame de Nicholas, odeio ser chamado de Mr. Heagraves. – o garoto falou, indo até uma das estantes e correndo os dedos pelas lombadas dos livros. – meu antigo professor, Mr. Drakes, foi membro do corpo docente de Oxford por quase trinta anos antes de se aposentar e vim me dar aulas. Infelizmente, o rei lhe requisitou para ser professor de seu filho caçula, meu primo Harry. Ele não podia recusar algo assim. Portanto fiquei sem professor. E meu pai me garantiu que iria encontrar alguém a altura do Sr. Drakes...o que obviamente não foi o caso.

–É bem presunçoso de sua parte fazer essas suposições sem nem conhecer meu trabalho. – Richard era alguém de índole calma e séria, mas por ter passado a vida rodeado por seus irmãos e outros nobres arrogantes, havia criado uma espécie de aversão à nobreza.

–Hum...-Nicholas sorriu, um sorriso doce mas com uma ponta de ironia. – É, tem razão. Mas Sabe, não posso passar dos limites dessa mansão. Estudar é uma das distrações que tenho. Por isso quero apenas o melhor.

–Não sou o melhor, mas sou bom no que faço.

–Deixarei que me prove sua competência, Richard...posso chamá-lo assim? Detesto formalidades e a diferença de idade entre nós é de apenas nove anos...

–Claro, Mr. Hea...Nicholas.

XXX

Richard estava surpreso. Após entrarem em acordo, ele aplicara em seu novo aluno alguns testes, apenas para medir seu nível de conhecimento, e o resultado fora inesperado. Nicholas tinha apenas 14 anos, mas sua cultura era extensa.

–Você realmente não estava brincando ao dizer que o estudo é importante para si. Tem uma bela base de conhecimento.- o professor falou, assombrado.

–Não há muitas coisas para se fazer aqui em casa. Ler e estudar são basicamente as únicas.

Richard estava um pouco curioso. Nicholas não aprecia ser doente conforma os boatos. Seu semblante, apesar de pálido, parecia bastante saudável e normal. Não justificava seu modo de vida.

–Você nunca saiu dessa mansão?

–Não. Nem uma única vez desde que eu nasci. E sei que nunca irei sair.

–Por quê?

O garoto correu os olhos pela sala de estudos. Era um ambiente totalmente dedicado a aprendizagem, repleto de mapas, livros didáticos, cadernos, enfim, tudo que fosse necessário aos estudos. E era um dos lugares onde ele mais passava o tempo, depois da biblioteca.

–É uma longa historia da qual não conheço todas as partes.- Nick respondeu, sem olhar o professor nos olhos.- E não gosto de falar sobre isso.

–Desculpe pela pergunta.

–Não, tudo bem. É uma curiosidade normal, já que obviamente não estou doente como meu pai apregoa. Sou bem saudável até.

–Você fala como se fosse um prisioneiro aqui.

–De certa forma, eu sou.- murmurou mais para si mesmo.- mas o que me prende não são essas paredes....- ao notar que estava prestes a abrir seu coração para um completo estranho, Nicholas se calou, procurando um outro assunto. – me desculpe pelas minhas falas presunçosas e arrogantes de agora a pouco. Mas é que você esperava tanto que eu fosse um nobre metido e arrogante, que não resistir em confirmar suas expectativas.

–Co...como?- aquele garoto havia lido seu pensamento?

–Estava escrito na sua cara. – Nick riu, vendo como seu professor parecia desconcertado. – Você parecia dizer “Ótimo, mais um idiota nobre que terei de aturar”.

–É que minha experiência previa com nobres não é muito boa. Meus colegas de escola eram insuportáveis.

–Você é filho de um nobre? Estranho abraçar a profissão de professor.

–Sou o filho bastardo de um nobre, corrigindo. Meu pai era casado quando conheceu minha mãe e bem, digamos que nunca me dei bem com meus irmãos e seus iguais.

– Você vivia em Londres, não? O que o fez vim aqui nesse fim de mundo?

–Nada muito extraordinário. Só precisava de dinheiro.- respondeu, fazendo os dois rirem. Estavam se dando bem, e Richard começou a pensar que aquele emprego não fora tão ruim assim. Certo, era, como dissera o garoto, literalmente no meio do nada, mas seu aluno parecia uma criança fofa e calma, nem um pouco difícil de se conviver. E alguém que levava seus estudos a sério. Não podia desejar mais nada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, e assim eles vão se entendendo...mas em alguns capítulos, estarão totalmente apaixonados e se agarrando, certo? Mas ainda tem algumas coisas para acontecer, então esperem e logo teremos muito yaoi e lemon aqui.