-Simone, eu poderia trazer alguém para jantar aqui?-Foi o que perguntei depois do almoço, enquanto eu ajudava ela a lavar a louça.
-Depende. Quem seria?-Ela perguntou, com um tom de indiferença.
-Um amigo meu alemão, é que não vejo ele já faz algum tempo, sabe?
-Mas você acabou de chegar da escola! Como é que você ficou muito tempo sem ver ele?-Ela ficou confusa, e chocada.
-Não! Você não entendeu! Ele não é da escola. Eu já conheço ele há algum tempo, e como estou aqui, na Alemanha, eu gostaria MUITO de encontrar ele!
-AAAH! É um garoto que você tá afim, é?
Eu corei, e muito, então baixei a cabeça rápidamente enquanto respondia, com uma voz sem-graça.
-Não é assim...ele...bom...ele é meu amigo...só isso.
-Olha, tudo bem, pode chamar ele.
-EBA-E abracei a Simone.
-Mas com uma condição!
-Qual?
-Se você me ajudar a fazer a janta e a sobremesa-E nós duas começamos a rir.
-Pode deixar, eu irei te ajudar sim!
* * *
Depois de mandar um e-mail para o Bill falando de quando ele deveria vir na casa dos Hilmer, eu saí da casa para dar uma passeada pelo bairro. O dia tava lindo, pelo menos para mim. O céu estava azul, sem nuvem ou sol, e o ar estava fresquinho. Mesmo assim, estava um pouco frio.
O final do bairro dava para um parque, o que me fez lembrar do parque em frente ao meu apartamento, e a primeira vez em que eu e Bill nos beijamos. Isso me deu um seco na garganta(sem a ajuda do ar frio do dia), e um aperto no coração, porque eu estava com saudade de casa, das minhas amigas, mas também, do Bill.
Mas pensei positivo e comecei uma longa caminhada pelo parque.
Chegando em casa, subi para o quarto de Caroline, onde peguei minhas coisas de banho e fui tomar banho.
Depois do banho, voltei para o quarto e liguei o meu laptop. Coloquei o CD Zimmer 483 do Tokio Hotel para tocar no PC, e entrei na minha caixa de correio eletrônica. Bill havia respondido meu e-mail. Já? Eu pensei.Que rápido!
Bill concordou de vir aqui em casa amanhã, e pela carta dele, ele estava ansioso, feliz, etc. Eu também fiquei assim, e por isso aumentei o volume dos meus fones de ouvido. Logo depois eu senti meu celular vibrar no bolso da minha calça.
Parei de tocar o CD, tirei os fones e atendi o telefone.
-Alô?
-Thaís! Wow, das wa geil.(wow, isso foi legal).
-Bill?-perguntei, ansiosamente e confusa.-Ist das du?(É você?)
-Ja! Und du sprichts jetzt Deutsch!(sim! E você agora falo alemão!)-Ele estava muito feliz.
-Ja ja, nicht so gut, aber ja, ich spreche Deutsch!(é é, não tão bem, mas sim, eu falo alemão!)
-Nein…du sprichts ja sehr gut!(não…você falo bem!)
-Warum hast du mich angerufen?(Por quê você ligou?)
-Weil ich wollte deine Stimme hören!(Porque eu queria ouvir a sua voz!)
-Ehrlich?(Sério?)-Fiquei surpresa.
-Natürlich!(claro!)Was hast du gedanken?(O que você pensou?)
-Gar nichts!(nada não!)Bill, willst du hier morgen Nacht kommem?(Você vem aqui amanhã a noite?)
-Ja!
-Gut! Sehr gut!(bom! Muito bom!)-Fiquei sem mais o que dizer.
-Thaís, er...ich muss jetzt geh’n.(Thaís, tenho que ir)
-Warum?
-Band Übung(trinar com a banda)
-Ok. Tschüs!
-Biss bald!(até mais!)-E ele desligou.
* * *
Na noite do dia seguinte, Bill chegou às 19h em ponto. Fui eu quem abriu a porta, e vocês devem estar imaginando a minha reação quando vi ele depois de 1 mês! Eu corri até ele dei um abração nele. Na verdade, eu pulei e abracei ele. Quase que eu derrubo ele, porque ele tem um corpo bem frágil para um homem.
-Oi Thaís!-ele disse.
-Oi Bill!-e sorri.
-Thaís, você não disse que seu amigo era alemão?-Simone de repente perguntou.
-Sim, por quê?-perguntei, ainda abraçada ao Bill.
-É que você não disse que ele falava português!-Simone continuou.
-Ah é, desculpe...é que ele já faz intercâmbio lá no Brasil, e foi assim que eu o conheci.-sorri e abracei Bill com mais força.
-Ok então. Qual é o seu nome, rapaz?-ela perguntei para ele.
-Kaulitz, Bill Kaulitz!-Ele respondeu.
-Hum…esse nome não me é estranho…-Simone ficou pensativa, com certeza pensando onde que ela já tinha ouvido o nome dele.
O jantar foi muito legal. Bill conversou com todo mundo, e todo mundo com o Bill. Foi muito divertido. E foi mais ainda quando Bill disse que era da banda Tokio Hotel, e a Simone disse.
-Eu sabia que já tinha ouvido seu nome! Minha filha adora Tokio Hotel! Você é o vocalista, né?
-Sou sim.
-E me parece que a Thaís também é fã de vocês, porque ontem quando eu tava limpando a casa, eu encontrei um monte de CDs e DVDs do Tokio Hotel do lado do laptop que ela comprou.-Nessa hora eu sorri sem graça, e olhei para Simone, com aquele olhar de”não era para contar”.
-Sério? Eu não sabia disso...-Bill disse, olhando com um olhar que eu não sei explicar, mas parecia ser aquele olhar sério. Não sei.
-Desculpe.-foi tudo o que eu disse.
-Posso falar com você, em particular?-Bill disse, para mim.
Eu apenas confirmei com a cabeça. E nós dois nos levantamos, dizendo “com lincença”, e saíndo da sala de jantar, onde os outros olhavam para gente com um olhar espantado.
Levei ele para o quarto de Caroline.
-Por quê você não me contou que era fã do Tokio Hotel?-Ele disse, bravo.
-É que eu queria fazer uma surpresa em relação a eu falar alemão e vir para cá, Alemanha, e se eu te dissesse que havia ficado fã de Tokio Hotel quando comecei minhas aulas de alemão online, você perceberia que eu estava aprendendo a falar alemão.
-Você fez aulas online?
-Fiz. Algum problema?
-Não...eu acho que não. Mas mesmo assim, eu queria que você me dissesse certas coisas.
-Me desculpe Bill, eu prometo que na próxima vez eu...-mas minha fala foi cortada.
-Próxima vez?Quem disse que haverá uma próxima vez?-Nesse momento eu congelei. Totalmente. Ele acabou de me dizer que não haveria próxima vez ou apenas foi impressão minha?
-O-o quê?-Tive que procurar minha voz para poder falar.
-É isso aí. Não haverá próxima vez. Não quero te ver. Nunca mais.-E ele saiu do quarto, se despediu dos Hilmer, e saiu de casa, pelo que eu ouvi, pois havia ficado no quarto, congelada em meu lugar. Minha mente estava muito longe da realidade, de meu corpo.
* * *
Fiquei uma semana inteira sem sair do meu quarto, Simone pelo menos ía às vezes no meu quarto para me levar comida, que durava o dia inteiro, pois eu não estava muito afim de comer.
Não fiz nada durante esses 7 dias, às vezes eu caía no choro, no sono, ou simplesmente ficava com os pensamentos vazios, eu estava monótona emocionalmente, eu não sentia nada, além de dor, dor, e saudade.