– Alô? Oi? Alô? Quem é?

– Oi. Oi? Oi! Ah, oi Lena, é o Fê. Como estás? – Odeio quando dá interferência no telefone e não conseguimos escutar o que a outra pessoa fala. Mas nada que um pouco de persistência não consiga

– Tudo bem, sem ter do que reclamar. Mas então, que me contas?

– Preciso falar contigo. Estás muito ocupada?

– Não, estou aqui lavando a louça do almoço, mas nem te estressa, é muito grave?

– Não, quer dizer, sei lá, é complicado. Que horas eu posso ir aí?

– Huum, vem daqui uma hora, pode ser?

– Sim, sem problemas, beijos até depois.

– Ok, beijos.

Desliguei o telefone e fiquei olhando para meu armário. Estava em meu quarto, sentado ao lado do computador, pensando em quanta merda eu fazia. Confesso que meu quarto não era o mais bonito, e, por eu dividir a casa apenas com meu irmão, também não era o mais limpo. A decoração era o ponto forte. Em todas as quatro paredes, que não estava cobertas por algum móvel, eu coloquei fotos de momentos especiais com pessoas especiais. Claro que em alguns pontos havia fotos das pessoas que eu julgava bonitas, mas só um bom observador conseguiria acha-las.

Mas nem a decoração conseguia me animar, nem as fotos mais loucas e sequeladas que sempre me faziam rir conseguiam arrancar um sorriso meu. O que de errado havia comigo? O que de tão grave eu havia feito para merecer isso?

Durante aquela uma hora eu fiz nada de útil, elas passaram extremamente rápido, fazendo com que eu me perguntasse o que havia feito durante aquele tempo.