Posena escrita por Filha de Apolo


Capítulo 42
XLII - The Reason


Notas iniciais do capítulo

Oi.
Eu sou horrível.
Mentira.
Nem faz 1 mês que eu postei o último capítulo
e esse ficou grande
e especial.
Bem, vocês verão.
Pro pessoal lindamente inteligente que lembrar do começo da história, acho que vai começar a ter umas pequenas ligações entre o agora e os pensamentos de Atena
então
mas enfim
bjokas
e bom capítulo.



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 Como sempre, falar com Afrodite não terminara muito bem. A deusa sempre enchia a cabeça de Atena com coisas que ela não havia falado, intenções que ela não tinha e preocupações desnecessárias.

Como o modo que Poseidon a olhava. Ou o surto que o cérebro da deusa da sabedoria dava cada vez que eles se aproximavam demais. Ou se tocavam. Ou como ele realmente ficava muito bem no verão. Sem camisa. Ou como ela ainda não conseguia explicar a mais ninguém o real motivo dela ter virado uma deusa donzela. E também não conseguia aceitar a ideia de estar arrependida de tê-lo feito. Porque ela estava, e como.

E Afrodite não parava de dar ideias! Parecia saber para o que apontar, como as mudanças de respiração e a cor vibrante e chamativa dos olhos de Poseidon e como ela mudava cada vez que ele falava com Atena. E suas brigas, o modo como ele nunca parecia cansar de agredi-la ou magoá-la, como se precisasse fazê-lo para se sentir melhor, ou porque, se não o fizesse, acabaria fazendo outras coisas.

Não saber algo com certeza fazia a deusa querer morrer. E sempre acontecia perto dele. Ela nunca tinha plena noção do que dizer, de como agir. Ele sempre fazia aflorar um lado dela que ela nunca mostraria para os outros. Um lado racionalmente irracional. Ela não deixava de ser ela mesma, nem perdia seu vocabulário riquíssimo, ela apenas não pensava. Não se permitia pensar profundamente, e ao mesmo tempo ela sempre pensava demais. Conseguia notar cada batida do coração dele, cada movimento que ele fazia com a mão. Respondia por impulso às investidas dele. Por isso sempre parecia uma criança imatura, brigando sempre pela mesma coisa, com a mesma pessoa, levando sempre ao mesmo lugar.

Eles não conseguiriam se matar de qualquer jeito.

E não só porque são ambos imortais. Atena sabia que, se realmente tivesse a chance, não conseguiria matá-lo. Não ia. Simplesmente não podia matá-lo. E ele não a mataria. Alegariam que o Olimpo não poderia funcionar sem um dos dois, que Zeus surtaria sem Atena e que ninguém iria querer governar o reino de Poseidon.

Seriam bons motivos, se fossem verdade. Poseidon pouco se importava se Zeus ficaria bem sem Atena, ele não ficaria. Viu isso durante o tempo que ela passou desacordada. Não tinha com quem discutir, quem culpar, quem incomodar. Ele precisava dela, sempre precisou. De modos diferentes, talvez, ao longo do tempo, mas precisava. Necessitava vê-la ferver de raiva ou de vergonha.

Não aguentaria nunca mais encontrá-la enraizada na biblioteca, os longos cachos loiros presos em um coque milimetricamente perfeito. Ou então durante as festas, enquanto ele bebia pelos cantos com alguma mulher em seu pescoço, como controlaria o impulso de vasculhar as mesas, só para encontrá-la sentada com sua taça de vinho, vezes branco, vezes tinto. De vez em quando, se seus olhos não a encontrassem no salão, ele até saía para o jardim, a achando sentada em algum dos bancos, lendo, as sandálias de salto ao seu lado e um casaco informal sobre seus ombros, cobrindo o belo vestido que ela escolhera. Ele adorava seu gosto para roupas, mesmo que ela insistisse em não usar azul, a cor que mais lhe caía bem.

E, como não poderia faltar, ele não ignoraria, além das cores dos vestidos, as formas. Seus atributos eram proporcionalmente distribuídos e suas curvas perfeitamente desenhadas. Assim como Afrodite, ela parecia ter sido projetada centenas de vezes antes de ser feita. Claro que a deusa do amor era mais... avantajada, já que suas funções eram diferentes. Para uma deusa casta, Atena estava um pouco equipada demais. Poseidon ainda tinha sérias dúvidas sobre a capacidade de Zeus de produzir algo tão magnífico. Chegou a conclusão que ela puxara a mãe, como Perséfone, que não era de se jogar fora, puxara Deméter.

Atena também não poderia mentir pra si própria. Não conseguiria achar outra pessoal com a qual discutir, apenas por diversão, durante horas e horas. Nunca acabaria com isso, mesmo que, em momentos de raiva, tivesse dito o contrário. Muitas vezes desejara conseguir matá-lo, mas apenas da boca para fora. Não viveria sem ter o instinto de se arrumar melhor nos dias que ele visitava o Olimpo. Precisava dele para inflar seu ego majestosamente. Nunca se sentia tão bem brigando com Ares quanto com Poseidon. Ares era rude e violento, não sabia argumentar. Poseidon apreciava ficar irritando a deusa sobre diversos temas. Era quase tão bom quanto discutir consigo mesma, mas Poseidon nunca teria os contra-argumentos que Atena conseguia bolar.

Assim como ele, ela também o observava de longe. Se ela se esforçasse, poderia listar com quantas mulheres ele dançara nas últimas duzentas festas do Olimpo. Não que ela se importasse, contava apenas porque ficava entediada durante as festas. Claro. Assim como achava as piadas dele sem graça. Mesmo que uma (grande) parte sua quisesse rir sempre que ele fazia uma gracinha, precisava se manter séria.

Ela também teria de ignorar o fato de saber todas as qualidades físicas dele. Quase todas, havia apenas uma que Atena ainda não havia comprovado, e preferia não comprovar (ao menos um lado seu), para isso ela acreditara em Anfitrite. E Afrodite. E algumas centenas de ninfas. Não que ela houvesse perguntado, não a interessava. Além do mais, tamanho nunca significou nada. Tirando isto, Atena observara, apenas para fins acadêmicos, como Poseidon era bronzeado. Sua pele adquiria um tom dourado escuro muito chamativo, o qual contrastava com seus olhos e combinava muito bem com seu cabelo. Ah, como Atena adorava o cabelo de Poseidon. Preto e alinhadamente selvagem. Ele ajudava, passando a mão por entre os fios uma vez ou outra a cada dez minutos. Ao menos quando estava com ela. Não lembrava de tê-lo visto fazer isso quando estava conversando com alguma ninfa.

Se a deusa tivesse de escolher o que mais gostava nele, seriam os olhos, mas os músculos do peito e dos braços eram fortes concorrentes. Não que ela pensasse nisso de qualquer outro modo, era tudo apenas para o relatório mental.

Se ele tivesse de escolher algo nela, talvez ficasse em dúvida entre as curvas da cintura e sua risada. Sempre sentia a necessidade de sorrir quando ela sorria, principalmente porque era sempre uma conquista fazê-la rir. Ou então seria o modo como ela cora sempre que ele fala ou faz algo inesperado. Ele sabia que ela odiava ser surpreendida, mas isso apenas o motivava mais.

Mas o que mais atordoava Atena não eram as coisas que Afrodite “implantara” na mente de Atena, e sim o que a levara até a deusa do amor...

Sentada, como sempre, em sua biblioteca, Atena não conseguia parar de relembrar o momento em sua mente, milhões de vezes, uma atrás da outra. Era como se precisasse daquilo, como se a lembrança pudesse se esvair sem aviso, levando com ela o sorriso nervoso de Atena.

E acontecera ali, na sua biblioteca, no seu canto da sua janela preferida. Ela até havia esquecido como era, que gosto tinha, o que fazer. E ela odiava não saber o que fazer. Mas não naquele momento, não reclamou, não resistiu. Só queria deixar que seu corpo a guiasse.

Por algum descuido, em alguma parte da conversa, Atena foi até a janela observar o jardim. Ele havia recém feito-a corar descontrolavelmente, como sempre.

Fora por causa de Medusa, não?” A voz dele soava tão culpada, como se o assunto fosse realmente doloroso para ele. Não parecera doloroso quando Atena chegou no templo. “Foi por minha causa que você se tornou uma donzela.” A deusa se levantou, sem responder. Se não fosse pela surpresa, ela teria ficado revoltada com o quão convencido ele poderia ser.

Ele sentiu o desconforto dela, mas não ia recuar. Ele nunca se abalava com isso mesmo.

Não me ignore, Atena. Eu sei que sim, foi logo após a nossa conversa. Você correu para o seu pai e fez... o que você fez.

Não passou pela sua mente que eu possa realmente querer isso? Por que tem que ter algo a ver contigo?” Ela soou magoada, como se ele realmente tivesse acertado.

Passou, mas você é tão inteligente, não escolheria se privar de experimentar algo por vontade completamente própria. Algo fez você querer se afastar.

Ela odiava essa parte da lembrança, mas valia a pena.

Como se você entendesse algo sobre inteligência, Poseidon.” Atena revidou, afastando um pouco a cortina para olhar as musas dançando. O deus se aproximou por trás dela, parando quando seu corpo tocou o da deusa, fazendo esta se virar.

Posso não entender, mas de relacionamentos eu entendo. E beijos. E ciúmes.” Os olhares de ambos se encontraram, e ela cruzou os braços, indignada.

Ciúmes? Acha que eu sinto ciúmes de você?

Não foi o que eu disse.”

“Mas queria dizer!”

Não era esse parte da frase que você deveria prestar atenção.

Quando repassou a frase na mente, Atena tentou afastar seu corpo, mas se encontrou encurralada, pressionada contra a parede. Poseidon sorriu ao vê-la percebendo seu plano. Deixou que as mãos se apoiassem na parede nos lados de Atena, impedindo-a de sair. Algo parecia muito familiar naquela cena, como se já tivesse acontecido antes...

A mente de Atena varreu suas memórias e parou nos seus sonhos. Ela sonhara com algo muito parecido com aquilo. Engraçado...

O que você...

Não finja que não sabe.

Poseidon começou a aproximar seu rosto.

Atena começou a sorrir enquanto lembrava da sua cara de espanto. Não sabia o que fazer, mas não fugiu. Não queria fugir. Estava se sentindo tão jovem, tão... mulher.

Com o copo de whiskey na mão e jogado na sua poltrona do escritório, Poseidon tocava os lábios com as pontas dos dedos.

Quando se aproximou dela, sabia que não podia realmente fazer aquilo. Ela era uma donzela e ele era casado. Por enquanto. Mas não importava, ele esperou demais por uma boa oportunidade. O que mais o surpreendeu foi que ele gostou. Realmente gostou. Era apenas para abalá-la, mas acabou lembrando-o de como as coisas eram mais fáceis no começo. Como nada parecia importar, a não ser as suas vontades próprias. O reino não era tão complicado, ele não tinha tantos filhos pra cuidar ou ameaças para se preocupar.

Ele lembrava que, antes mesmo deles ficarem a uma distância perigosa, Atena já tinha os olhos fechados. Ela sabia o que aconteceria, sabia que não podia e mesmo assim ela o deu permissão para continuar. Com as habilidades dela, poderia escapar dele rapidamente, sem derramar uma gota de suor, mas não. Isso apenas o deu mais vontade de continuar, mesmo que uma parte doentia do seu ser gostasse da rejeição que ela o dava.

Quando seus lábios encostaram nos dela, seu cérebro deu voltas na cabeça e desligou. O que deveria ser só um lembrete, só uma provocação, se tornou algo... fofo.

Ele a segurou pela cintura, a prensando mais na parede. Ela não pareceu se abalar, descansando suas mãos sobre os músculos dos braços dele, o apertando levemente. Assim que a língua dele conseguiu passagem, Poseidon colou seu corpo no dela, tentando não machucá-la de qualquer modo.

A diferença de tamanho entre eles fez com que a deusa tivesse de se erguer nas pontas dos pés, o que fez Poseidon rir enquanto lembrava. Ela apertou o braço dele com mais força e até fincou algumas unhas, mas ele pareceu se importar. Passou o braço em volta da cintura dela e, se é que era possível, os juntou ainda mais. Ela começava a ficar cada vez mais quente e já estava fervendo quando Poseidon procurou sua nuca para beijá-la mais intensamente.

Quando finalmente se separaram, nenhum dos dois tinha fôlego para dizer algo. Atena sentia a necessidade de gritar um “como ousas?” e estourar os ouvidos de Poseidon, mas ela não teria argumentos para xingá-lo. Não era como se ela tivesse resistido.

Poseidon se afastou e saiu da biblioteca rapidamente, deixando que Atena se esfriasse sozinha. Seu corpo todo parecia estar em chamas e sua cabeça estava rodando, como se algo tivesse desconectado seu corpo do seu cérebro, o que era impossível de acontecer, principalmente com a deusa da sabedoria.

Ela derreteu pela parede, se sentando no chão. Tentava oxigenar seu corpo novamente, mas parecia que o ar longe dele não era inspirável, parecia lutar contra Atena. Tudo o que conseguia pensar era no gosto em seus lábios e o pouco de ícor em suas unhas.

Ele se levantou da cadeira, tomando o resto que estava em seu copo e andando até o hall do palácio. Uma corrida pela beira da praia era tudo o que ele precisava, com toda a energia acumulada que ele estava. Ela fez ele se sentir tão mais jovem.

E no final, ele realmente era a razão pela qual ela havia se privado da companhia de homens, nada mais justo que ele a introduzisse naquele meio novamente. Fora ele quem o fez da primeira vez, mas isso era outra lembrança, há muito tempo adormecida na mente do Rei dos Mares.


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Notas finais do capítulo

Reviews e recomendações
como nos velhos tempos
e o pessoal que tem tumblr, por favor
http://deusesolimpianos.tumblr.com/
dêem uma olhada no meu Olimpo *u*
e podem divulgar, se quiserem
:333333



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