Não é que ele tivesse se esquecido dela, é só que a mortal realmente ocupou sua mente. Há um tempo que ele não ficava "de verdade" com uma mulher, fazendo coisas de casal, como andar de mãos dadas, se beijar ao pôr do sol, fazer compras juntos... coisas que ele não fazia nem mais com Anfitrite, e que sentira vontade de fazer com a mortal.

Claro que ele ainda não havia a levado para velejar. Oh não. Passear pelos mares, contemplando seu domínio, Poseidon só fazia sozinho, ou faria com alguém que merecesse muito, pessoa a qual ele ainda não havia encontrado.

Ele estava com a leve impressão de que havia se apaixonado. Ao contrário da primeira vez que ele havia amado uma mulher, não doera. Sally não era difícil de entender, nem era uma deusa, não tinha milhões de responsabilidades, não se importava para o fato dele ser muita mais velho do que ela, e, principalmente, Sally não era absurdamente mais inteligente que ele.

Naquele instante, caminhando pelo Olimpo, se dirigindo a uma pequena reunião de emergência com Zeus, ele deixou que sua mente funcionasse livremente para que ele pudesse decidir o que iria fazer...

Ele não podia ficar com a mortal, era proibido, mas também não poderia simplesmente largá-la depois do tempo que haviam passado juntos. Seus pensamentos davam nós e mais nós em seus neurônios quando de repente ele bateu em alguma coisa, uma coisa menor que ele e que acabou caindo por cima de Poseidon.

Uma coisa não, uma pessoa. Do sexo feminino. Loira.

Livros voaram para todos os lados com a batida, havia pelo menos uns 7 livros, (muito grandes para o gosto de Poseidon, por sinal) sobre História (aquela que os mortais aprendem na escola), espalhados pelos lados de Poseidon.

Ambos, deus e deusa, estavam atordoados demais com a colisão para perceber que seus rostos acabaram ficando apenas milímetros de distância um do outro.

Quando percebeu, Poseidon tentou se afastar, mas era difícil quando se tinha uma deusa por cima de você, no chão. Ele ia empurrá-la, mas já era tarde demais. Os olhos, que agora continham um tom de tempestade, faiscaram com surpresa e raiva, e ela se arremessou para longe de Poseidon, começando rapidamente a reunir os livros novamente. O rosto dela estava tão vermelho quanto um pimentão.

–Oh, Palas, aonde vai com tanta pressa? - Poseidon fez questão de dizer, observando Atena tentar arrumar alguns papéis que haviam se soltado dos livros.

–Não é de seu interesse, Peixe.

–Aé? - Ele se abaixou e junto um dos livros do chão, o analisando. - E para quem seria esse livro, então? Ou você ainda não leu esse aqui e resolveu que era uma ótima ideia ir para perto da entrada do Olimpo com eles, onde o barulho é mais alto e sempre há um deus se engraçando com as ninfas.

–Não. É. Da. Sua. Conta - Ela disse, avançando para pegar o livro dele. - E me surpreende que você não seja o deus presente lá no meio das ninfas.

–Ah, minha querida, por hora eu estou com alguém bem melhor do que as ninfas - Poseidon disse, por algum motivo desconhecido, para deixá-la brava. Como se ela se importasse com quem ele saía ou deixava de sair. Mas, de algum modo, ela realmente se ofendeu.

–Realmente, não deve ser muito difícil achar alguém melhor do que elas– Atena falou, com uma raiva reprimida em seu tom de sarcasmo. Ela estendeu a mão e ele a entregou o livro. - Se bem que, para o seu nível, deve ser bem complicado para conquistar uma mulher de verdade, não é?

–Olha, para mim é bem fácil, não sei para os homens com os quais você anda.

Oh, oh.

–Que eu ando, Pescador? Você acha que eu sou uma das suas fêmeas que sai por aí com qualquer um? Ah, vá se enxergar, olha o jeito que você fala comigo, Projeto de acéfalo-marinho.

–Ui, tudo bem então, me desculpe, óh senhorita sou-virgem-para-sempre-porque-ninguém-me-quer-mesmo, não te incomodarei mais com a minha ilustre presença, não precisa mais ficar com inveja da minha perfeição - Ele disse, se afastando e começando a dar as costas à Atena.

–Há! Senhor se-meu-ego-fosse-maior-esmagaria-o-Olimpo-inteiro, já vai tarde - Ela disse, se virando para seguir seu caminho novamente.

Ela tinha de levar os livros para Frederick o mais rápido o possível, não devia ter perdido seu precioso tempo com Poseidon.