“Mais um conselho olimpiano. Ah, como eu odeio as guerras.” Poseidon pensou enquanto chegava no Olimpo. Com a guerra, as reuniões eram frequentes, e agora que a filhinha predileta do seu irmão havia acordado, as reuniões seriam ainda mais longas. Ele ainda não havia se convencido de que de algum modo sentia falta da sabe-tudo egocêntrica.

–Boa tarde, ladies – Sem perder o hábito, Poseidon passou pelo pátio principal, disse isso e tirou alguns suspiros apaixonados e diversos “ele fica cada dia mais lindo” de uma dúzia de ninfas.

Cumprimentou Hades, que estava esperando Perséfone sair do mini-palácio de sua mãe para vê-lo.

Perséfone estava passando os últimos meses com Deméter, pois o Submundo estava atrolhado de gente e Hades ficara com medo de que alguém machucasse Perséfone, por mais que ela fosse a rainha. Poseidon nunca compreendeu como é que eles conseguiam se amar tanto, isso até o assustava um pouco, mas não tinha coragem de perguntar à Afrodite, pois ela começaria um discurso infinito sobre almas gêmeas e ele não tinha tempo para isso.

O dia estava lindo e Poseidon queria voltar para a praia. Havia avistado uma linda mortal, com seus cabelos castanhos encaracolados e seu corpo escultural. Ela provavelmente tinha uns 20 e poucos anos e deveria estar cursando o que os mortais chamam de faculdade. Por um segundo a mortal havia o feito perder o fôlego, ele precisava encontrá-la novamente.

Ele caminhou pelo pátio do Olimpo, avistando Hera.

–Irmã!

–O que é, Poseidon? - A deusa se virou com desdém, interrompendo sua conversa com uma ninfa, que aproveitou para escapar de fininho.

–O que ela aprontou dessa vez? - Ele disse, dando uma piscadinha para a ninfa quando ela virou para olhar para trás.

–Não é da sua conta. O que você quer?

–A reunião...

–Está atrasada. Sim – A deusa cortou o irmão. Ele sempre a perguntava a mesma coisa. Sempre.

–Que mer...

–Shiu. Olha a boca – Hera ameaçou batê-lo. O deus revirou os olhos.

–Hera, eu tenho uma infinidade de anos, eu já estou grandinho para falar pelo menos “mer...” - Pah. Hera deu um tapa forte no braço de Poseidon. - Ai! Louca!-

Sou mesmo. Alguém tem de te ensinar bons modos, oras!

–Vai ensinar o Zeus, não eu!

–Ele não fala palavrão!

–Também não pára em casa! - Poseidon cobriu a boca com as mãos, vendo a besteira que havia feito. - Hera, eu...

–Que seja – A deusa do casamento se virou e saiu andando, deixando um Poseidon culpado para trás.

Ele passou a mão no cabelo, o desajeitando de um jeito sexy, recebendo uns 2 ou 3 olhares maliciosos em sua direção.

Ele observava os campos floridos e férteis de Deméter e Perséfone e pensando em seu dia de pescaria (N/A: leia-se: “quem eu vou pegar hoje?”) quando sentiu um cheiro de um shampoo familiar. O deus se virou e olhou para baixo, dando de cara com um par de olhos de um azul acinzentado que só uma pessoa possuía. Mais abaixo, ele notou bochechas muito vermelhas. “Vergonha, talvez?” Desceu seu olhar um pouco mais para fitar a boca avermelhada por alguns instantes, lambendo seus próprios lábios. Era normal que ele se sentisse assim, ela era mesmo muito bonita, o que o queimava por dentro com um desejo proibido. Os cachos loiros caindo divinamente pelos ombros da deusa. Os lábios de Poseidon se abriram em um sorriso largo e cheio de segundas intenções.

–Palas, você por aqui!