Tom. Esse nome traz diversas lembranças: felizes e tristes, é claro. Eu me pergunto: qual foi o dia mais feliz da minha? E só tenho uma resposta: o dia em que o conheci.

O nome Tom traduz todos os meus sentimentos. Foi a minha doce esperança e a minha amarga frustração.

Era para ser somente um dia a mais na minha simples existência.

Eu estava voltando do meu trabalho e decidi fazer uma visita rápida a um amigo que não via há um tempo considerável. Ele era dono de um barzinho aconchegante em uma rua movimentada. Cheguei abraçando-o fortemente, dizendo que a saudade tinha apertado muito o meu coração. Parece que algo dentro mim estava implorando para que eu fosse lá, visitá-lo. De pronto, meu amigo convidou-me a ir lá para dentro, mas eu disse que preferia sentar lá fora mesmo, pois estava com calor. Hoje eu sei o porquê disso, mas ainda não entendo o propósito.

Depois de um bom tempo de conversa, um rapaz alto, com longas tranças negras, rosto perfeito e olhos castanhos, adentra o bar e senta em uma das mesas. Ele está acompanhado de um loira linda. Não consigo tirar meus olhos dele, parece que a imagem daquele exerce um magnetismo sobre a minha visão.

Meu amigo percebe a minha inquietação e pergunta o que está ocorrendo comigo. Com toda a sinceridade, respondo que o meu alvoroço se deve ao rapaz que está sentado na mesa à nossa frente. Para a minha felicidade, ele comenta que o tal rapaz sempre frequenta o bar. Sinto o meu coração pulsar aceleradamente, como nunca havia sentido antes. Se o amor à primeira vista realmente existe, acho que devo tê-lo sentido na primeira vez em que vi Tom.

Apresso-me logo em perguntar se ele sabe se aquela mulher que o acompanha é namorada, mas meu amigo responde que não sabe, pois nunca a tinha visto antes.

Despeço-me do meu grande amigo, prometendo visitá-lo o mais breve possível. Naquela época, eu estava me sentindo muito só, precisava de alguém para conversar, e ele era uma das poucas pessoas que eu poderia contar. 

Cheguei em casa, tomei um banho relaxante, deitei na minha cama e não conseguia parar de pensar naquele estranho. 

Depois daquele dia, eu passei a frequentar quase diariamente o estabelecimento do meu amigo. Falei para ele que eu queria ver novamente "o rapaz", e ele se ofereceu para me ajudar no que fosse preciso, pois sabia que eu era muito tímida.

Em um final de tarde, fui ao bar, não como amiga do dono, e sim como uma cliente qualquer. E lá estava ele, sentado sozinho. As mesas estavam quase todas ocupadas. Hesitante, perguntei se ele se importaria se eu sentasse ao seu lado. Ele respondeu que eu poderia. Em seguida, perguntou o meu nome, se eu sempre ia naquele lugar, e disse que se chamava Tom. Sem querer, deixei uma risadinha escapar, ele indagou o motivo da minha risada, mas eu respondi que eu ri lembrando de uma coisa engraçada. A verdade é que eu ri do seu nome, pois lembrei de Tom e Jerry.

Ao chegar em casa, a cena da risada ficou martelando na minha cabeça. Primeiro, eu sento ao lado dele, do nada, por último, eu dou risada sem motivo. Fiquei pensando que ele poderia ter me achado uma oferecida e ainda por cima, idiota. Mas, dane-se isso agora.

Eu visitava todos os dias o mesmo lugar para poder ver o Tom. A certa altura, eu já batia papo bem solta com ele. Depois de alguns meses, havíamos nos tornado amigos. Acontece que, as coisas tinham tomado um rumo diferente do que eu esperava. Ser amiga não era pouco, o problema é que eu queria um lugar maior naquele coração.