As Maiores Decepções De Renesmee Cullen escrita por Tilly


Capítulo 8
Meu Final Feliz Vs Final Feliz do Walt Disney




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Um dos meus passatempos preferidos é assistir TV. Sejam filmes ou desenho animado. Só não suporto novelas, apesar de gostar muito de uma dramaturgia de Shakespeare “A Fera Indomada”. Ela é legal. Eu gosto da Catarina.  

Mas bem, como uma criança feliz eu adorava assistir aos clássicos da Disney. Principalmente os contos de fadas.

Quando meu pai finalmente decidiu me levar á Orlando eu tirei fotos com todas as princesas da Disney. Elas são tão lindas. Aqueles vestidos são tão perfeitos. E elas sempre terminavam felizes em seus contos. Independente das madrastas feias e más que querem acabar com elas por serem bonitas. Elas sempre tinham um sorrisão eu tenho trinta e dois dentes no rosto.  Por que no final, passassem pelo quê passassem elas tinham certeza de seu Final Feliz.

E eu cresci acreditando nisto sabe, que no final tudo ia ficar bem e que meu príncipe e eu teríamos um final feliz.

Minha mãe tinha uma ideia diferente.

Lembro de convida-la para assistir Branca de Neve e os Sete Anões. Ela preparou nossa pipoca, pegou nossas Cocas e sentou ao meu lado no sofá. Mamãe assistiu ao filme inteiro caladinha, falando uma ou duas vezes de como a Branca era muito branca e como o Zangado era zangado. Valeu ae, capitã obvio. Rolei meus olhos.

No final enquanto eu estava feliz pela final feliz da Branca e o seu príncipe minha mãe continuou calada.

Eu simplesmente adoro a ultima parte do “E viveram felizes para sempre.”

E eu também sonhava com meu príncipe e o meu Final Feliz.

Por isso quando eu brigava com algum namorado ou simplesmente não conseguia deixar meu cabelo do jeito que eu queria eu sempre ficava emburrada, fazia bico e reclamava com tudo e todos. Era só um motivozinho para me deixar irritada o resto do dia e criticando o Walt Disney.

Na televisão tudo parecia tão simples e na vida real estava tudo desordenado. Não tinha nenhuma fada madrinha que pudesse fazer com que meu cabelo ficasse organizado logo de manhã cedo. E também não tinha castiçais e nem xícaras cantando enquanto eu dançava graciosamente com meu namorado no meu baile de 16 anos.

E também não existiu um Final Feliz para meu cachorrinho Atum que morreu atropelado por um bêbado idiota e nem para minha bisavó Elizabeth Cullen que faleceu vitima de um câncer de mama.

E isso me deixava muito, muito frustrada.

Apesar é claro de ter pensado durante a dor pela perda do meu cachorrinho de que pelo menos foi ele e não uma criança ou um idoso.

Mas não era nada legal ver meu pai chorando por causa de sua avó falecida.  

Por isso a televisão do meu quarto ficou muito tempo desligada e meus dvd’s da Disney bem esquecidos no fundo do meu armário.

Aquilo era propaganda enganosa.

E minha mãe me confirmou isso.

Durante o luto da minha bisavó entre o intervalo de tempo da missa de 7ª dia e o fato do meu pai estar no quarto chorando a perda – ele estava se escondendo para não ter que chorar na nossa frente, mas um dia quando eu entrei no quarto dos meus pais eu o vi dentro do closet encostado no armário de suas blusas com o rosto escondido entre as mãos e soluçando muito.

Mamãe me disse que ele precisava de tempo para se recuperar, mas que ele iria se recuperar.

Então foi neste intervalo que minha mãe me chamou para ter uma conversa seria. E ela me disse algo que eu já desconfiava. Finais Felizes não existem, pelo menos não os que os contos de fadas mostram. Ainda lembro a conversa que tivemos e de todas as palavras da minha mãe carregadas de sinceridade:

“Renesmee existe algo que a gente chama de fantasia e realidade. Fantasia é um mundo que criamos para amenizar as dores, as decepções, as tristezas, os golpes que levamos da vida transformando tudo em sorrisos, vitórias e pulos de felicidade. Onde todos tem o seu Final Feliz com direito a um príncipe carinhoso que nunca briga por deixarmos nossas calcinhas na torneira do chuveiro, filhos que não dão trabalho e comem verduras e um trabalho que amamos por que não existe prazos e nem pressão. Mas as coisas não são assim meu bem.

A realidade é tudo isso que vivemos. Todas as coisas boas e ruins. Por que elas precisam existir. Por que precisamos sentir dor para podermos aprender a lidar com ela sempre que surgir, por que precisamos nos decepcionar para enxergar o mundo real, precisamos levar tombos e mais tombos para nunca desistir. Por que precisamos amadurecer. Estamos aqui neste mundo para isso, amadurecer. Casar, ter filhos, trabalhar é apenas algumas etapas pelas quais temos que passar. Por que só amadurecemos diante situações que exigem isso, que nos pressionam a isso. Como uma briga entre marido e mulher ou uma discussão com seu filho. Isso é necessário. Expor seu ponto de vista é necessário. Dizer o que incomoda você é necessário. Não existe esse Final Feliz publicitário. Existe o seu Final Feliz. O meu Final Feliz é saber que o Edward tem a certeza que pode se escorar em mim neste momento de perda, é saber que eu trabalho no que gosto, é saber que eu tenho amigos maravilhosos, é saber que você existe e que você é saudável e que você vai ser uma mulher incrível. Esse é o meu Final Feliz. E não este de “e viveram felizes para sempre”. Por que eu adoro as brigas com seu pai por que sem elas nosso amor definitivamente acabaria, adoro meus clientes malucos por que eles me fazem ter uma vontade imensa de terminar logo aquele trabalho e voltar para minha casa, adoro a mulher lerda do caixa no supermercado por que eu sempre termino conversando com ela coisas inúteis, adoro as lingeries caras da Victoria Secres’t por que fazem meu dinheiro valer a pena. Por que sinceramente se a minha vida fosse um conto de fadas seria muito, muito chata. Então, eu só quero que você pense, Nessie. Qual é o seu Final Feliz.”

E eu me perguntei durante muito tempo qual era o meu Final Feliz. E cheguei á conclusão de que só em estar viva, ter saúde, não passar qualquer tipo de dificuldade financeira, ter recebido um educação impecável e receber carinhos de amigos e familiares já é o meu final feliz.

Tudo bem que a minha mãe total destruí aqueles finais de conto de fadas, mas isso eu já superei.

E quando eu quero esquecer toda essa loucura que é o mundo com toda a violência, os catástrofes, as malvadezas eu simplesmente pego um dos meus dvd’s da Disney e assisto. Quando termina eu penso:

“Eu posso muito bem lidar com este mundo maluco. Pelo menos depois de assistir um filme da Disney com Final Feliz.”


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Notas finais do capítulo

Uma pequena homenagem aos meus amados Clássicos da Disney que continuam guardados na minha prateleira e que fazem parte do meu Final Feliz



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