Quando eu entrei na 5ª serie eu descobri que a minha vida, pelo menos até concluir o Ensino Médio, iria se tornar um tormento. Primeiro por que eu sempre odiei escola aquele antro idiota competitivo que me impedia de ficar em casa assistindo a meus desenhos animados no calor do meu sofá, segundo por que eu tinha que passar mais tempo nela – se antes eu passava apenas 4 horas quando estava no jardim depois que entrei no colegial ficava na escola por 8 horas diárias e por último eu conheci a verdadeira Matemática. Sabe aquela matéria odiada por 99,9% da população. Desculpe, mas é a verdade ou pelo menos quase a verdade.

Sendo sincera nem lembro direito de como funcionava a matemática quando eu cursava a 4ª série, quer dizer, tinha que fazer desenhos de círculos de acordo com o número que pediam. Mas isso era muito fácil. Por isso quando entrei toda animada para a primeira aula de matemática do ano e fui apresentada a verdadeira matemática que é como meu professor Richard Anderson falava. “A verdadeira e pura matemática” minha vida nunca mais foi a mesma. Ah, Richard você era tão bonito, mas me fez tão infeliz por anos.  

Por que a partir daquele dia eu nunca mais soube o que era passar as Férias de Verão na casa de campo dos meus avós Carlisle e Esme Cullen. Que infelicidade.

Tudo por causa da recuperação. A recuperação era tão triste. Quase não ficava ninguém na escola e se antes ela já tinha uma aparência meio desolada de filme do velho oeste durante esse período ela ficava mais parecida com uma cidade fantasma, eu conseguia escutar o som do meu solado no chão que antes eu não tinha a capacidade ate por que eu meio que tinha que fazer contorcionismo para conseguir passar pelo rebanho de estudantes e chegar a minha sala e o professor era tão mais chato neste período. E claro eu não podia assistir tv e meus pais ficavam encarregados de me ensinavam. E isso era a pior parte. Por que quando eles se formaram só tinham que saber historia e geografia. E matemática, descobri depois que eles não conseguiram mais entender com o passar dos anos para me ensinar, também não era o forte deles. E é por essas e outras que eu acabei escolhendo a área de Saúde. Quimica e biologia são duas matérias divinas.

Mas voltando, a recuperação durava um mês, tirando metade minhas gloriosas férias -que eu poderia estar cavalgando, brincando no riacho ou roubando amoras e jabuticabas da fazendo vizinha- e consequentemente a dos meus pais que faziam questão de frisar que tudo era culpa minha que não tinha estudado o suficiente para passar com pelo menos um B -.

Ah qual é papai e mamãe, como eu posso estudar algo que me faz ficar com dor de cabeça, lágrimas nos olhos e longe da tv – como qualquer criança londrina ficar longe da tv é um sacrifício enorme. É super normal ter todas essas reações, vocês deveriam entender por que vocês passaram por isso também. Ninguém gosta de fazer aquilo que não gosta.

Hoje ela já não se faz mais presente em minha vida, pelos menos não como antes com provas, trabalhos e problemas no quadro.

Mas a minha dolorosa lembrança com relação a Matemática é de quando eu ia reprovando por causa dela. E nem faz muito tempo. Na realidade foi no 3ª ano do Ginásio. Eu tive que literalmente me ajoelhar na frente do professor e implorar para ele me salvar – o Richard Anderson com cabelos brancos e cavanhaque – o resultando foi que eu voltei para casa com um lista  cheia de problemas para resolver ate segunda-feira. E era SEXTA-FEIRA! Eu tinha dois dias. DOIS DIAS! E 15 problemas de logarítmica, limite e lógica.

Perfeito. Tudo perfeito.

Eu passei dois dias em claro. Sem tomar banho, me alimentando apenas de café e intercalando com red bull e coca cola – devo dizer que isso não foi uma boa ideia-  e soterrada por livros de Álgebra I, II e III e Matemática aplicada sendo visitada apenas pelo meu cachorrinho Atum e meus pais.

Minha mãe era toda carinhosa, atenciosa e caridosa sabe. Perguntando seu eu queria alguma coisa para comer ou um perfuminho para disfarça o cheirinho. Mas o meu pai só colocava a cabeça dentro do meu quarto, estreitava os olhos e dizia “é melhor passar de ano Nessie, eu não passei 14 anos gastando uma fortuna naquela escola pra você reprovar não.”

Ah obrigada papai, pressão básica. Eu também amo o senhor. E me odeio por ter que sacrificar as suas férias. Beijo.

Humpf! No final, depois de todo aquele sacrifício era o mínimo que eu merecia. Ver no meu boletim um b + - ah toma papai! – e no final APROVADA!

Mamãe e papai ficaram tão orgulhosos e eu tratei de jogar no lixo todos os meus livros de cálculos. Na realidade eu queria tacar fogo, mas o SMONG da Inglaterra estava bem severo sabe.    

E hoje eu estou feliz com genética, DNA, filos, estequiometria, molaridade e sentença de Avogadro. Ah, matemática hoje você não passa de um passado bem distante esmigalhado pela patinha do meu cachorrinho Atum, se ele ainda estivesse vivo, mas mesmo assim eu quero agradecer a meus professores de matemática por me ensinarem: adição, subtração, multiplicação e divisão.

Vocês são demais! 

Ah, e claro aos meus pais por que foram eles que ficaram sentados lá comigo por horas me ensinado pacientemente.  

E a vocês que ainda são alunos apenas um recadinho: HAHA! EU NÃO PRECISO MAIS DE MATEMATICA E ISSO ME DÁ VONTADE DE PULAR DESSE TELHADO! UHUUUUUU!

Relembrando as quatro operações matemáticas: Eu e meus ingênuos 09 anos.

Adição:

-Vamos lá Nessie. Junta dois dedinhos e depois acrescenta mais dois.

-Hum, dá cinco mãe. Cinco vem depois de três.

Subtração:

-RENESME PELO AMOR DE DEUS TIRA UM DEDO, CINCO MENOS UM É QUATRO. QUATRO!

-Pai eu não posso tirar um dedo se não minha mão vai ficar esquisita só com três dedos.

Os: eu sempre tive problemas sérios com o número quatro.

Multiplicação:
-Espera mamãe seu eu tenho 10 libras e pego essas 10 libras e multiplico por cinco o resultado é: EU TO RICA! Eu não sei quanto dá mais é muito dinheiro.

-NÃO! NÃO! NÃO!  Renesmee eu quero o resultado da multiplicação de 10 vezes cinco.

Divisão:

-Então tem eu e você. E eu quero dividir estas quatro maças entre nós. Dê-me o resultado.

-Pai por mim pode ficar com as quatro eu não gosto de maça.

É eu era uma menina inteligente. Risos.