Aurora escrita por Juliana Gonçalves


Capítulo 3
CAPITULO 3 – BILHETINHO DE PAPEL


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, segue mais um capítulo. Espero que gostem.

Bjuhs *-*



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Sempre que o Sr. Banner virava para encarar o quadro, Edward me passava o pequeno papel com uma nova pergunta. E quando este já estava todo rabiscado ele arrancou uma nova folha de seu caderno e continuou seu questionário.

— Quantos anos você tem? — olhei para ele com a testa franzida. Ele simplesmente piscou, jogando beijinho e sorrindo torto. Como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. Quem era esse ser sentado ao meu lado? Era impossível negar alguma coisa a ele.

— 16 anos. E você, quantos anos tem? rabisquei na folha e entreguei a ele.

— Qual é. — ele sussurrou. — Perguntar isso é falta de educação.

Senti meu rosto corar de vergonha e baixei o rosto. Qual é digo eu, ele que perguntou primeiro. Mas ele ignorou minha perguntar e seguiu perguntando onde eu morava, quando comecei a estudar ali, quando me mudei para Forks e o porquê de ter me mudado. Quando li a pergunta, em sua caligrafia perfeita, fiquei com tanto medo que Edward deve ter visto algo em meus olhos, pois simplesmente tirou o papel de minha mão e mudou de assunto.

Com as imagens que essa pergunta trouxe, fiquei tão nervosa que a cada vez que ele me passava o papel eu achava que ia desmaiar. Não tinha conversado com ninguém desde o acontecido, que até tinha esquecido como era bom. Algo me dizia que era errado, que eu não podia conversar. Mas estava sendo tão bom, e Edward parecia tão feliz que parar nem chegou a passar por minha cabeça. Qualquer que fosse o meu trauma, eu o esqueci por esse tempo. Eu merecia isso. Depois de seis meses, eu merecia um descanso, mesmo que de apenas duas horas. Se algo em meu destino dizia que eu merecia isso, não seria eu que ia negar. Um pouco de paz era sempre bem-vindo.

Até que é legal conversar assim.escreveu.

Sorri ao ver o sorriso torto que ele me lançava. Ele era tão lindo. Edward escreveu mais uma coisa na folha e me entregou de novo.

Pode perguntar sobre mim...antes que eu pudesse começar a escrever, ele puxou o papel e escreveu algo mais. — Sou solteiro.encarei-o confusa.

— Eu sei que você queria saber. — sussurrou jogando charme.

Rir alto do seu jeito, que Edward sorriu alegre, levando o dedo aos lábios pedindo para eu fazer silêncio. Eu estava tão concentrada na nossa conversa silenciosa que esqueci que estávamos em uma sala de aula.

— Senhorita Swan, o Sr. Cullen a está incomodando? – ouvi a voz do Sr. Banner perguntar e corei ao ver o sorriso que ele tinha no rosto.

Olhei para Edward que sorria da minha cara, que eu tinha certeza que estava parecendo com um tomate maduro e balancei a cabeça em um singelo “não”. Quando estava preste a amassar o papel em minha mão, antes que o professor se irritasse, senti Edward puxá-lo de mim. Encarei-o abobalhada enquanto observava ele dobrar a folha e guardá-la em um bolso oculto dentro de seu casaco cinza.

Olhei ao redor e todos nos olhavam com uma careta. Acho que ninguém daquela sala já meu ouviu emitir algum som, nada mais que um suspiro aqui e outro ali. Mas uma risada? Nem eu lembrava. Nossa, fazia tanto tempo que eu não sorria que nem lembrava mais da última vez que tinha feito isso.

Ouvi o sinal bater e Edward se levantou ajeitando suas coisas e dando-me espaço para passar, quando fiz menção de sair de meu lugar. Levantei colocando alguns livros dentro de minha bolsa e ajeitei o resto em meus braços.

Edward saiu da sala e eu o acompanhei. Caminhei logo atrás dele e me assustei quando ele parou subitamente e se virou, assim que chegou na porta, fazendo meu corpo se chocar contra o dele, em sua parada repentina. Senti meu rosto esquentar pela proximidade dos nossos corpos e baixei a cabeça envergonhada.

— Tchau – ouvi ele dizer e senti seus lábios encostarem em meu rosto. Levantei a cabeça e pude ver seu lindo sorriso antes dele se virar e sair andando na direção contraria a que eu teria que tomar. Coloquei minha mão que estava vazia no local em que Edward beijou e sorri abobalhada caminhando para onde seria minha segunda aula.

O resto da manhã passou muito devagar, ou era a ansiedade que estava me fazendo acreditar que os ponteiros do relógio, acima do grande quadro branco, estavam andando para trás ao invés de seguir o sentido normal.

A única aula que conseguiu prender minha atenção foi a de Literatura Americana, pois tínhamos que fazer um resumo do livro Romeu e Julieta sobre como a sociedade atual reagiria se a tão conhecida história de amor acontece hoje ao invés de séculos atrás. Mas a outras aulas não conseguiram nem sequer um terço de minha atenção. Tanto que se me perguntassem o que havia estudado hoje eu não saberia responder.

Suspirei aliviada quando ouvir o sino tocar avisando que a tão esperada hora do almoço chegava. Eu nunca saí tão apressada de uma aula de matemática, por isso sorri envergonhada quando olhei a careta que a senhorita Evans fez ao me ver praticamente correr para fora da sala. Mas não me importei. Pela primeira vez nessa escola eu estava animada para almoçar.

Na verdade para outra coisa. Mas não importava, eu estava feliz, e isso era tudo.

Pensei sorrindo enquanto entrava no refeitório abarrotado de gente andando para lá e para cá. Entrei na fila para comprar o almoço procurando em todos os cantos, mas não o encontrei. Então peguei apenas um refrigerante e entreguei o dinheiro para o rapaz da cantina nem me importando em receber o troco.

Como era terça-feira, caminhei para fora do refeitório e segui para o salão de esportes. Todas as terças e quinta-feira eu aproveitava a hora do almoço para ficar um pouco sozinha e o único lugar vazio nesse horário era o salão utilizado para a educação física —que eu quase nunca participava — e os treinos para o time de basebol da escola.

Subi as escadas da arquibancada até chegar ao último degrau, segui para um lugar mais afastado onde joguei meus pertencem de qualquer jeito e me sentei tomando meu refrigerante. Reparei pela primeira vez o quanto aquele lugar era calmo, vazio e silencioso. Depois da manhã que tive, qualquer lugar seria considerado calmo, vazio e silencioso. Mas antes que pudesse lamentar de como a vida era uma merda ouvi passos se aproximando e levantei para ver quem estava ali.

De onde estava pude ver um Edward molhado entrar correndo na grande quadra. Ele girou procurando por alguém em toda a arquibancada, mas onde eu estava não era possível que ele me visse. Então mesmo sem perceber caminhei para um local em que ele pudesse me ver, sentindo um pouco de esperança me atingir por talvez ser eu a pessoa que ele procurava.

Pude ver um sorriso se espalhar por seu rosto quando ele me viu ali encima e sorri também. Edward subiu as escadas correndo e eu tive vontade de correr para que estivéssemos juntos logo. Mas fiquei apenas parada vendo Edward se aproximar enquanto me perguntava como ele havia me encontrado ali.

— Oi – falou enquanto estava perto o suficiente para eu ouvir.

Senti minha garganta coçar para que eu respondesse um simples “Oi”. Senti o nó se formar e bebi um pouco do refrigerante o sentindo descer rasgando pelo nó que se formou ali. Mas antes que eu pudesse chorar, dei as costas para Edward, me sentando assim que cheguei aonde meus livros estavam.

Edward se sentou ao meu lado passando as mãos pelos cabelos molhados fazendo alguns pingos caírem em mim. Os pelos de meu rosto se arrepiaram. Olhei para ele me perguntando o que ele estava fazendo ali ou como me encontrou, para início de conversa.

— Eu sei. Eu sei. – falou sorrindo. – Você está se perguntando o que eu vim fazer aqui, estou certo?

Assenti sorrindo assustada de ele saber exatamente o que eu estava pensando, mas continuei tomando meu refrigerante.

— Eu vi você saindo do refeitório e te segui. Te chamei algumas vezes, mas você estava tão concentrada que nem me ouviu. E quando estava quase te alcançando minha irmã me chamou, por isso só cheguei agora. — Tirou duas maçãs da sacola que segurava.

— Você é a única pessoa nessa escola que quer conversar comigo. — Olhei para ele com a testa franzida. Qualquer pessoa naquela escola daria a vida para falar com ele. — Bom. A única pessoa nessa escola que quer falar comigo sem se preocupar com minha conta bancária. — Franzi a testa mais ainda. Eu não sabia nada sobre ele, para quer ia querer saber sobre a conta dele?

Mas ignorei esse assunto e apontei para minha boca e acenando em um não. Tecnicamente eu nem falava. Ele apenas sorriu bobo e mudou de assunto.

— E o que você veio fazer aqui? – perguntou olhando todo o salão.

Levantei o litrinho que segurava como resposta e sorri.

— Você veio para cá só para beber 600 ml de refrigerante? – o jeito que ele me perguntou, me fez dar uma gargalhada que, por causa do eco do lugar, se tornou dez vezes pior do que eu queria que tivesse sido.

Tampei rapidamente minha boca com a mão que estava vazia sentindo meu rosto queimar de tanta vergonha. Mas a tirei assim que ouvi a gargalhada de Edward estrondar pelo ambiente fechado me fazendo levar um susto que quase caí do lugar que estava. Ele se dobrava de tanto rir, por causa da careta que provavelmente fiz. Que sorri aliviada por ter certeza de que ele não me achava uma louca.

Era engraçado como hoje eu estava feliz. E era diferente me sentir assim, não que eu nunca me sentira assim, mas que eu havia me acostumado com a solidão em que vivia a mais de seis meses que meu corpo não reconhecia mais nem mesmo meu sorriso. Quando parei me perguntei por que Edward não chegara antes a essa escola. Talvez se ele tivesse entrado nessa escola assim que entrei, eu nem teria sofrido todo preconceito que sofri sozinha nesse fim de mundo escolar.

Em menos de dois dias Edward se tornara tão especial em minha vida que se ele não estivesse ali eu estaria chorando relembrando tudo o que vivi.

— Você é demais Bella. – falou me oferecendo uma maçã.

Eu apenas dei de ombro e aceitei a maçã. Olhei o grande salão, as arquibancadas vazias, a quadra brilhosa. Esse fora o meu refúgio por tanto tempo. Nos últimos seis meses este foi o único lugar que eu me sentia bem, solitária, mas bem. E agora Edward estava ali, contaminando aquele lugar com sua alegria. Eu não podia deixar que um amigo se tornasse tão especial como da última vez. Pois tinha medo que tudo acabasse mal novamente, e eu não poderia passar por mais um trauma.

Vi Edward se levantar e tirar um celular de seu bolso. Mordi minha maçã e aguardei ele sentar novamente.

— Me passe seu número. – disse dando uma mordida em sua maçã. Olhei sua mão estendida que continha um pequeno celular preto e me perguntei se pegava ou não. — Pega. — empurrou o celular para mim.

Peguei seu celular tocando em seus dedos e me arrepiei com o calor que senti subir por minha mão e se espalhar por meu corpo. Balancei a cabeça para dispersar o pensamento e digitei o quase esquecido número, me atrapalhado no processo, por dificilmente usar meu celular e o entreguei a Edward. Ele mexeu um pouco, provavelmente guardando o número e quando terminou me encarou sorrindo.

Ouvi meu celular tocando dentro da bolsa e virei para pega-lo. Ligue-o vendo uma mensagem de texto de um número desconhecido, olhei para Edward querendo perguntar se tinha sido ele que enviou. Mas ele apenas deu de ombros e olhou o visor do seu como se esperasse que algo acontecesse.

Abri a caixa de mensagens e cliquei para ler a mensagem, apesar do que estava escrito dei um sorriso simples, mas sincero para a tela do celular.

Você está bem?

Edward C.

Apressei-me em responder e pude ver minha mão tremendo enquanto digitava um singelo:

Sim.

Segundos depois ouvi o celular dele tocando e Edward logo estava escrevendo de novo. Mas antes que a mensagem chegasse ao meu pude ouvir o sino tocando, anunciando que o horário de almoço terminava.

— Eu tenho que ir. – falou se levantando. – Ainda tenho que pega meus livros com Alice. – completou se abaixando e beijando meu rosto como fiz antes.

Balancei a cabeça em um sim e o admirei enquanto se afastava correndo. Quando já estava nos últimos degraus ele virou sorrindo para mim.

— TCHAU. – gritou alto o suficiente para gerar ecos por todo o salão, lembrando-me de minha risada há minutos atrás.

Balancei a cabeça negativamente e sorri de sua espontaneidade. Ajeitei meus livros e só quando ia colocando o celular dentro da bolsa foi que lembrei que logo deveria chegar uma nova mensagem de Edward e decidi que ficaria com ele até que chegasse.

Quando estava no final da escada ouvi meu celular tocar e cliquei para abri a mensagem.

Que bom, fico feliz.

E. C.

O resto das aulas passou mais lento que bichos preguiças idosos, que demoram séculos até para comer. Mas enfim tudo acabou e pude caminhar alegre para o estacionamento.

O Voyage prata que meus pais me deram de presente como forma de me alegra depois que a pessoa que mais me fazia sorri morrera estava estacionado em sua vaga habitual. O ruim de tudo era que apesar de eu querer esquecer tudo que acontecera, eu sempre via ou ouvia algo que me fazia lembrar Jacob. Podia ser a atitude de alguém ou algum objeto, mas tudo me fazia lembrar aquele que sempre teria um lugar, mais que especial, em meu coração.

Fiquei um bom tempo esperando Edward chegar, pois ele dissera que me encontraria ali naquela hora. Esperei vinte minutos, mas ele não apareceu. Já estava começando a chover, então decidir entrar no carro. Talvez fosse melhor eu ir embora, liguei o carro. Mas ouvi meu celular tocando e me apressei em atender.

— O que a senhorita pensa que está fazendo? — Era Edward.

Senti meu rosto corar por se pega no flagra. Olhei pela janela para o estacionamento, mas não o encontrei. Levei um susto quando olhei pela janela do carona e o vi em pé ali, dando tchau. Sorri abobalhada. Edward era mais louco que eu.

Ele bateu no vidro e eu me apressei em destravar a porta. Ele entrou, se ajeitou no banco, me encarou e ainda pelo celular disse:

— Ahah, peguei você. — soltei uma gargalhada. Com certeza ele era mais louco que eu. — Você é rápida. Eu estava na diretoria e quando sai você já estava entrando no carro. Tive que correr até aqui. — dramatizou colocando a mão sobre o peito.

Eu estava segurando o meu novo caderno. Então Edward apenas se aproximou, pegou o caderno de minhas mãos, e me deu um beijo no rosto que me fez sorrir de sua nova mania.

Mas antes de se sair, como pensei que faria, ele virou o rosto e colocou um dedo sobre a bochecha rosada em um simples pedido para que eu depositasse um beijo ali. E sem mesmo contesta ou ficar envergonhada, virei o rosto e pude senti sua pele gelada contra meus lábios.

Eu queria que tivesse demorado mais, mas Edward se afastou e saiu do carro sem dizer se quer um tchau.

Ouvi meu celular tocar anunciando que a chegada de uma nova mensagem de texto. Peguei-o e abri a mensagem, sem me importar em ver de quem era.

Tchau!

E. C.

Agora sim eu poderia dirigir em paz para casa.

Assim que cheguei à minha rua pude ver um carro estranho estacionado logo após o de meus pais me impedindo de estacionar na minha vaga. Saí do carro deixando meus livros lá dentro e caminhei para casa sentindo um tremor correr por meu corpo. Abri a porta ouvindo alguém conversar com meus pais na cozinha e segui o barulho das vozes.

Paralisei assim que vi, da porta da cozinha, a mulher que um dia considerei ser a minha segunda mãe. Senti lágrimas escorrer por meu rosto, eram Sarah Black e Billy Black, os pais de Jacob.

Sai correndo de casa e ainda pude ouvir minha mãe gritando desesperada por mim, mas não me importei eu não poderia ficar em casa enquanto lembranças vivas de tudo que aconteceu estavam lá. Eu não poderia sobreviver debaixo do mesmo teto em que eles estavam. Era muito saber que tinha pessoas por ai que sofriam o mesmo tanto que eu, até mais, se possível. Mas vê-los cara a cara era algo que eu não poderia suportar.

— Bella! — ouvi meu pai gritar. — Filha, não faz isso. — Se possível meu coração se quebrou ainda mais.

Dirigi sem rumo pelas ruas de Forks e quando dei por mim estava estacionando próxima a praia de La Push. Sai do carro e corri para sentar na areia deserta. A dor em meu peito era tão grande que era impossível suportá-la sozinha. Por seis meses eu aguentei carregá-la sozinha. Mas agora? Depois de tudo? Era impossível.

Peguei o celular que ainda estava em meu bolso e liguei para o primeiro número que apareceu em minha agenda.

No primeiro toque a pessoa que estava do outro lado atendeu.

— O que foi Bella? – Ouvi Edward perguntar assustado do outro lado da linha.


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Notas finais do capítulo

Espero vocês nos comentários...

Bjuhs *-*



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