Aurora escrita por Juliana Gonçalves


Capítulo 2
CAPÍTULO 2 – UM NOVO AMIGO.


Notas iniciais do capítulo

Bom meus amores, segue o 2º cap. Espero que gostem.

Bjuhs *-*



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Desviei o olhar de seus olhos e olhei para o chão onde meus livros estavam. Com a chuva que caía e a água acumulada no asfalto meus livros ficaram totalmente molhados. Lembrei com pesar de tudo o que já tinha escrito neles e que teria que refazer, uma semana escrevendo seria pouco e ainda tinha os trabalhos de hoje que teria que fazer.

— Me desculpe. — falou me soltando.

Ele estava parado em minha frente, por isso pude encara seu rosto. Ele era lindo, seus cabelos molhados estavam colados em sua testa, sua pele branca estava avermelhada por causa do frio, e seus lábios vermelhos estavam esticados no sorriso torto mais lindo que já vi. Seu casaco de couro marrom pingava na ponta e ainda assim ele não dava sinal de que sairia correndo para se proteger da chuva, ele apenas sorriu para mim.

— Sou Edward Cullen. — falou oferecendo a mão. Olhei sua palma vermelha, seus longos dedos estavam com as pontas roxas. O que me deu vontade de segura-la para que assim pudesse passar um pouco de calor para aquecê-las. Mas eu não podia. Claro que eu não podia. O que eu estava pensando? Voltei a encarar seus olhos, — acho que o susto do impacto me paralisara. Ele ainda sorria.

— Você está bem? – ouvi sua voz rouca novamente.

Era nessas horas que eu mais queria voltar a falar. Responder um “como você está?” parecia tão simples, mas não era. Todas as vezes que eu tentar me vinha na mente lembranças de quando eu ainda era uma criança. De quando eu e Jacob brincávamos na frente de nossas casas.

Estávamos brincando na frente de casa, Jacob tentava me ensinar a andar de bicicleta, tínhamos dez anos de idade. Eu sempre tive medo de andar de bicicletas, por isso só agora tomara coragem para aprender, mas só depois de Jacob muito insistir e alegar que se eu conseguisse poderíamos ir sozinhos para a escola. Apenas eu e ele.

— Por favor, Bella. – Jacob juntou as mãos como se estivesse rezando para o anjinho da guarda como papai me ensinou. Não consegui dizer não a sua cara de cachorro-manco-abandonado e me levantei da calçada e segurei minha bicicleta.

— Mas você tem que me segura. – falei e o vi assentir.

Quando estava pronta Jacob começou a empurra a bicicleta, mas eu era pequena e ainda não conseguia alcançar o pedal o que me assustou muito. E a velocidade de Jacob me deixou com mais medo ainda de cair e fez começar a chorar.

Assim que percebeu que eu chorava Jacob parou de empurrar. Eu sai da bicicleta chorando. Ele nunca gostava de me ver chorar, pois sempre ficava nervoso com isso. Sentei no chão me tremendo e senti ele me abraçar.

— Desculpa, desculpa, desculpa... – pedia quase chorando também.

— Tudo bem. — falei enquanto enxugava meu rosto. — Eu só me assustei.

— Desculpa. Daqui para frente sempre que eu fizer qualquer coisa que você não gostar é só você falar para eu parar que eu paro ta, qualquer coisa. – prometeu levantando o dedinho como prova.

Levantei meu dedinho e cruzei com o dele, selando essa nova promessa.

Desde esse dia sempre que Jacob fazia algo que eu não gostasse, fosse o que fosse era só eu o mandar parar que ele parava. Quando ele brigava na escola, nossos amigos corriam para me chamar, era só uma palavra e ele largava tudo. Até sua mãe pedia minha ajuda quando ele perdia a cabeça por alguma coisa. Mas quando ele mais precisou que eu o mandasse parar eu não consegui dizer uma única palavra.

E agora vendo Edward perguntar se eu estava bem eu sentia a mesma vontade que senti de falar quando vi aquela arma na mão de Jacob. Mas se naquele dia que a situação era pior e mais importante do que a de hoje eu não consegui falar, por que teria que falar agora? Por que responderia essa pergunta, se não consegui gritar um único “pare” quando a vida do meu melhor amigo estava em jogo? Não valeria nada falar um “sim” agora, não tinha nada forte o bastante para acabar com meu trauma e me fazer responder a pergunta de Edward.

Senti uma única lágrima descer por meu rosto se misturando junto aos pingos de água que escorriam do meu cabelo. Abracei minha bolsa e corri rumo à vaga onde meu carro deveria estar, deixando um Edward confuso para trás. Ainda pude ouvi-lo gritar um espere, mas não me importei e continuei correndo até senti meu corpo se chocando contra meu carro. Abri a porta com desespero com medo de que mais lembranças me atingissem e, assim que consegui entrar, liguei o motor e acelerei para chegar o mais rápido possível em casa.

O caminho de volta passou em um relâmpago. Senti um alivio assim que reconheci a rua em que estava e pude dirigir em paz quando avistei a fachada branca de minha casa. Meus pais há essa hora, ainda estariam no trabalho então estacionei o meu carro o melhor que pude me apressando para chegar logo em meu quarto. Fechei a porta sem nem me importar por estar sujando o tapete branco de minha mãe e subi correndo as escadas até o meu quarto.

Entrei no banheiro tirando minhas roupas molhadas, me atrapalhando no processo com minha visão turva por causa das lagrimas que não paravam de descer por meu rosto. Acalmei-me assim que senti a água quente escorrer por minhas costas, encostei-me à parede tentando fazer as lembranças que revivi se apagarem. Mas elas tinham seu tempo, vinham quando queriam e iam embora quando bem entendessem.

Mas depois de um bom tempo debaixo do chuveiro consegui me acalmar e pude, enfim, sair. Vesti um baby-doll e me joguei em minha cama sentindo o colchão macio afundar com meu peso. Não sei em que momento, mas depois de tanto chorar o sono me alcançou e abracei a escuridão como se ela fosse a minha melhor amiga. Na verdade, ultimamente, ela tinha sido minha melhor amiga.

Despertei tempos depois, por causa de um dos meus mais conhecidos pesadelos que quase nunca me deixava dormir e decidi que era hora de comer algo. Logo meus pais chegariam e eu não queria que eles me vissem assim. Comi um pedaço da lasanha que minha mãe deixou na geladeira e assim que terminei subi novamente para meu quarto.

Um pouco antes de cair no sono lembrei-me dos meus livros, que deixei jogados no chão do estacionamento. Me perguntei como os recuperaria, pois precisava dos assuntos que tinha escrito neles. Mas não pude pensar por muito tempo, e logo estava dormindo de novo.

Esta noite, pela primeira vez, tive um sono sem pesadelos. Interrompido somente pela voz de minha mãe que viera me chamar para jantar, mas estava com muito sono para levantar. Depois de muito bater em minha porta ela percebeu que eu não queria levantar e me deixou aproveita uma das poucas noites em que conseguia descansar.

Acordei cedo, tanto que encontrei meus pais ainda sentados na mesa tomando café da manhã. Minha mãe com sua habitual roupa de professora de jardim de infância e meu pai com sua farda de chefe de polícia da pequena Forks.

— Bom dia meu amor. – minha mãe sorriu para mim tentando disfarçar a preocupação estampada em seu rosto.

Assenti sorrindo e me sentei pegando uma torrada e um copo de suco.

— Oi meu amor. – falou meu pai se levantando e beijando o topo de minha cabeça. E se afastou dando tchau. — Não demora amor. – gritou da sala para minha mãe que já se levantava.

— Nós já vamos querida, tenha um bom dia. – beijou meu rosto e correu para a sala.

Tomei tranquilamente meu café, pois ainda era cedo e aproveitei meus últimos minutos antes de chegar à escola.

Estacionei meu carro, um Voyage prata, no estacionamento quase deserto e sai sentindo o vento frio bater em eu rosto. Apertei mais meu casaco contra mim e me recostei ao capô do meu carro. Ajustei meus fones de ouvido e encarei um Volvo prata que acabava de entrar no estacionamento. Eu nunca tinha visto aquele carro antes, não naquela escola.

O carro passou por mim parando em uma vaga um pouco distante da minha, quando vi a porta se abrindo virei o rosto para encarar o outro lado. Quem quer que fosse naquele carro eu não queria que pensasse que eu era uma curiosa fofoqueira. Voltei a encarar a entrada do estacionamento enquanto esperava o tempo passar.

Estava tão concentrada na música que tocava em meu celular, comprado unicamente para trocar mensagens com minha mãe, que nem ouvir quando alguém se aproximou de mim e puxou meu fone de ouvido. Virei rapidamente com o susto.

— Desculpe. – ouvi uma voz rouca falar.

Edward estava ali parado em minha frente com vários livros nas mãos. Tirei o outro lado do fone quando percebi que ele queria falar comigo.

Aqui estão seus livros. — falou me entregando-os. – Eu comprei novos, pois os de ontem ficaram totalmente molhados. E aqui está seu caderno, eu tentei comprar igual ao outro, mas não encontrei, então comprei um parecido. – sorri ao ver a cara da Pucca estampada na capa do caderno.

Edward estava sendo tão fofo, que sorri alegre com seu ato.

— Eu copiei um pouco do seu assunto no caderno novo, mas não consegui terminar, então no final do dia pego ele com você. E esse, — me mostrou meu antigo caderno todo engelhado por causa da água. — vai ficar comigo, senão você não vai quere entregar o outro para que eu possa terminar. – sorriu e sem dizer tchau, se afastou.

Ouvi a sinal avisando que as aulas começariam logo e ajeitei meus novos livros em minhas mãos, caminhando para minha primeira aula. Quando entrei na sala o Sr. Banner já estava ajeitando suas coisas sobre a mesa. Apressei-me para me sentar ainda apensando em Edward, antes que o professor começasse a falar.

Peguei meu caderno novo e sorri vendo a capa. Abri-o e procurei até encontra a perfeita caligrafia de Edward em algumas folhas. Sua letra parecia com as que se via em filmes antigo de tão perfeitas que eram.

— Gente hoje tem um aluno novo. — ouvir o professor dizer e levantei a cabeça a tempo de ver Edward entra na sala com um sorriso de lado. Retribui seu ato mesmo que ele não estivesse sorrindo para mim. E suspirei baixinho quando ele se virou para mim.

— Esse é Edward Cullen, nosso novo colega. — falou para a turma. — Pode se sentar ali senhor Cullen. – apontou para alguma cadeira vazia na sala, que não pude identificar.

— Obrigado. – respondeu.

Só percebi que a cadeira ao meu lado era a única vazia, quando vi Edward sentar ao meu lado. Senti meu coração pulsar forte em minha garganta e abaixei a cabeça tentando esconder meu rosto corado. O que estava acontecendo comigo? Era só um garoto... Ele deixou sua mochila no chão depois de tirar seus livros de dentro, os colocando ao lado dos meus encima da minha mesa, que agora era “nossa”.

— Oi. – me cumprimentou.

Como sempre apenas assenti e virei para encarar o professor que agora chamava a atenção da turma. Pelo canto dos olhos, vi Edward arrancar um pedaço de folha de seu caderno, ele escreveu algo e deixou sobre a mesa. Quando o Sr. Banner se virou para o quadro branco, Edward esticou o braço me entregando e pequeno pedaço de papel.

Antes de aceitar, olhei em seu rosto vendo um simples sorrio de lado. Eu não queria aceitar, mas o brilho de seus olhos me disse que ele não era como o resto dos alunos daquela escola. E eu esperava que não. Na verdade eu precisava que não.

Peguei o papel lendo a única palavra ali escrita e sorri quando terminei imaginando como ele tinha descobrido. Com certeza em meus livros, pensei. Com certeza.

Isabella?

Procurei uma caneta em minha bolsa para responder sua pergunta, mas desistir quando vi que ele me oferecia a dele. Peguei a caneta sem toca sua mão e escrevi sua resposta com um sorriso bobo no rosto.

Bella.

Edward pegou o pedaço de papel assim que eu terminei. Quando terminou de ler pegou a sua caneta que estava em minha mão e escreveu novamente me entregando os dois — papel e caneta — logo em seguida.

Prazer.

Era a única palavra escrita logo após de minha resposta.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor... Estarei respondendo os comentários.

Bjuhs *-*



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