Aurora escrita por Juliana Gonçalves


Capítulo 4
CAPITULO 4 — AS DORES DE UM ADEUS.


Notas iniciais do capítulo

Oii meus amores, segue mais um capítulo. Espero que gostem.

Qualquer coisa estarei lá nos comentários, ok.

Bjuhs *-*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/186390/chapter/4

Eu queria muito responder, queria tanto falar com ele. Mas eu... eu não conseguia. Ainda cheguei a abrir a boca para falar, mas nada saiu nem se quer um “Oi”. As lembranças voltavam em cheio como socos em meu estomago, e mãos apertando meu coração. Era impossível, agora eu tinha certeza.

— Bella onde você está? — Eu não consegui responder. — Bella, por favor, me responde! — desesperou-se do outro lado da linha.

Ouvi um soluço sair de meus lábios e senti as lagrimas, que escorriam por meu rosto, cair em meu colo.

Eu não conseguia.

— Aaaaaaaaaah! – gritei assim que Edward desligou e o celular ficou mudo.

Atirei-o contra a areia e pude senti minha garganta arder pelo grito que saía do fundo de minha alma, rasgando meu corpo por dentro. Ao longo desses seis meses eu acreditava que estava seguindo minha vida. Que apesar de meu trauma não me deixar falar, eu pensei que estava progredindo um pouco em minha jornada. Mas não, eu ainda estava perdida no tempo, eu ainda não sabia como atravessar a estrada que a vida colocou atravessada em meu caminho. Eu não sabia se seguia em frente ou se pegava aquela estrada que cortou bruscamente um pedaço do que eu estava acostumada a viver.

Meu corpo seguiu seu caminho normalmente, como deveria seguir. Mas minha alma e meu coração se perderam na escuridão e não sabiam mais para que lado meu corpo havia seguido. E eu não conseguia ver nem uma luz que me indicaria o caminho certo. Eu estava sentada na beira da estrada chorando como uma criança perdida sendo visitada, de tempos em tempos, pela dor, pela tristeza e a solidão.

Bati com as mãos na areia sentindo os finos grãos pinicar minha pele. Eu batia com tanta força tentando passar um pouco de minha dor para a grande praia, que em vez de fazer a dor passar eu estava apenas cansando meus braços. Continuei batendo ouvindo meus soluços aumentarem e quando não poderia mais segurar sentir outro grito sair de minha boca fazendo com que eu engasgasse pelo esforço.

— Aaaaaahhhh! — Eu não aguentava mais. — Eu não aguento mais. — pensei soluçando e batendo na areia.

Ouvi meu celular tocando de onde estava, mas não me importei. Eu não conseguiria conversar nem por mensagens, não naquele momento. Ele tocou mais umas três vezes, apenas para me avisar que em algum lugar tinha pessoas que se importavam comigo. Mas só tinha uma pessoa que eu queria ver naquele momento, porem nem com ele eu consegui falar. Nem com ele.

Eu não conseguia nem levantar para sair dali, apenas quando a dor se tornava maior do que a que eu conseguia suportar eu voltava a gritar e a bater na areia até que ela passasse de novo só para tempos depois voltar triplicada. Quando não aguentava vai, me joguei na areia fria e abracei meus joelhos. Meu coração doía tanto, doía tanto saber que ele não estava mais aqui. Que ele tirou a própria vida. Que ele tentou tirar a minha. Seu último ato foi tentar me matar.

Por que Jacob? Por que? — Pensei. Quando os soluços se tornaram incontroláveis eu só pedia para que o sono chegasse logo. — O que eu te fiz?

Não sei quanto tempo fiquei sentada ali, só percebi que era noite quando ouvir alguém se abaixar ao meu lado e braços me envolverem. Eu não precisei olhar para cima para saber quem estava ali. Não sei como, mas eu reconhecia aquele abraço, mesmo sem nunca ter estado ali. Eu reconhecia aquele calor, aquele cheiro.

Abracei-o com força com medo de que fosse apenas minha imaginação, com medo de que ele sumisse. Que ele simplesmente desaparecesse. Encostei minha cabeça em seu peito sentindo seu cheiro e o senti me apertando mais contra seu corpo. Ele não falou nada. Apenas me abraçou, me embalando em seus braços e aos poucos fui me acalmando, sentindo-me segura ali.

Quando já estava mais calma senti ele me soltar e se afastar, fazendo meu coração afundar em algum lugar fundo o suficiente para me fazer chorar de novo. Eu não queria que ele fosse embora, eu queria que ele ficasse ali comigo, pele menos até que eu pudesse dormir. E ai sim ele poderia se afastar, mas não agora.

Por favor, agora não. —Pedi em silencio.

Encarei-o enquanto se abaixava. Ele pegou algo quase enterrado na areia e pude ver a luzinha do meu celular picando avisando que havia mensagens que eu ainda não tinha lido.

— Não chore mais, por favor. – ouvi-o falando enquanto me pegava no colo. – Eu sempre vou estar com você. Basta você querer.

Envolvi seu pescoço com meus braços encostando a cabeça em seu peito e deixei a escuridão me tomar. Eu já tinha passado por muitas coisas aquele dia. Chegava a hora de descansar.

Acordei aquela manhã ouvindo alguém mexer em meu quarto e vi minha mãe ao lado do meu criado mudo com uma bandeja de café. Eu estava em meu quarto.

— Oi meu amor. – falou assim que percebeu que eu acordava.

Balancei a cabeça em um “oi” que sabia que ela entenderia e sentei me recostando na cabeceira. Minha mãe colocou a bandeja em meu colo e sentou ao meu lado.

— Tem um amigo seu ai. Ele passou a noite aqui e disse que queria falar com você quando estivesse acordada. — Encarei a bandeja enquanto ela falava. — Ele não quis entrar, passou a noite no carro, lá fora. — Ela começou a massagear meus pés, para me acalmar.

O mais difícil de não saber como lidar com o que aconteceu, era saber que os meus pais não sabiam lidar comigo. Eu os amava muito. Mas podia ver que eles andavam sempre assustados, se perguntando quando seria a minha próxima crise.

— Ele disse que é seu amigo. Mas eu não conheço ele. Quer que eu o mande embora? — Neguei. Ele era a única pessoa que eu não podia mandar embora da minha vida.

Tomei meu café em silêncio, enquanto ela me encarava tentando encontrar algum vestígio da dor que eu senti ontem. Mas eu não queria que ela visse o que senti, então abaixei a cabeça.

— Ontem quando ele nos entregou você, eu pensei que você estava morta. — ela fungou limpando o rosto. — Você estava tão mole, eu pensei que... eu pensei... — Tentei segurar as lágrimas. Eu não queria fazê-los passar por isso. Meus pais eram as últimas pessoas que eu queria fazer sofrer. — Mas quando olhei para ele, vi que ele estava sofrendo. Ele sofre junto com você, querida. O mesmo tanto, se possível. E eu nem sabia que ele existia. — Ela limpou o rosto novamente. — Você precisa contar isso para alguém, meu amor. É impossível lidar com isso por tanto tempo. Não precisa ser para nós. Carregar isso sozinha é insano.

Empurrei a bandeja para o lado. Eu não queria falar sobre isso. Sera que ninguém entendia. Eu não queria falar, não queria lembrar. Eu só queria esquecer. Era pedir demais?

— Ninguém te culpa,meu amor. Ninguém. Jacob... — virei o rosto e abracei meus joelhos soluçando.

Eu não queria ouvir o nome dele. Eu não queria saber nada sobre ele. Minha mãe levantou e tentou me abraçar, mas eu a afastei. Ela percebendo que eu queria ficar sozinha se levantou e foi embora, encostando a porta do quarto. Não sei por quanto tempo chorei. Mas quando lembrei de Edward, tomei meu café o mais rápido possível e corri para tomar um banho. Não me lembrava de minha mãe me dado banho ontem à noite, mas não me importei por muito tempo e tomei o banho mais rápido que pude e logo que me arrumei desci as escadas correndo encontrando meu pai sentado na sala.

— Bom dia meu amor. – falou se levantando e caminhando para me encontrar no final da escada.

Ele passou o braço por meu ombro e beijou o topo de minha cabeça me levando para fora de casa, onde tinha certeza que Edward estaria. Ele jamais me deixaria só naquele momento, não com um novo amigo que ele nem conhecia a poucos metros de mim.

Meu pai sofreu muito com tudo que aconteceu comigo. Se tiver uma pessoa que mais torcia para que eu voltasse a falar, esse alguém era ele. Eu sabia que a cada lágrima que eu derramava meu pai derramava duas e isso só aumentava minha dor. Era horrível saber que as pessoas que eu mais amava sofriam por minha causa.

Parei assim que abria a porta e meu pai me soltou.

—Eu vou sempre estar aqui meu bem. Pode contar comigo sempre que precisar, ok? – eu não assenti, pois sabia que meu pai sempre estaria ali. Apoiei-me nas pontas dos pés e beijei seu rosto me afastando logo em seguida.

Caminhei em direção ao carro de Edward que estava estacionado logo após o de meus pais e olhei no relógio de pulso. Não sabia que era tarde o suficiente para o carro deles já estar fora da garagem, e me assustei ao ver que já passava das dez da manhã.

Edward não me viu se aproximar, então bati no vidro. Ele sorriu assim que me viu ali e não pude evitar sorrir de volta. Ele abriu a porta do motorista e saiu dando a volta no carro e parando em minha frente.

— Oi. – falou alegre. – Eu queria dar uma volta com você. – acrescentou apontando para o carro.

Balancei a cabeça dizendo que sim e apontei para o meu pai dando a entender que teria que avisá-lo. Mas quando ia me afastando senti Edward segurar o meu braço.

— Eu falo com ele. – falou se afastando em direção a minha casa.

Observei Edward conversar com meu pai e minha mãe que acabava de sair da sala e o vi sorrir assim que se virou.

— Se cuida filha. — gritou meu pai.

— Te amamos. – acrescentou minha mãe, enquanto Edward voltava para o carro.

Ele abriu a porta para mim e a fechou assim que entrei, dando a volta no carro. Saímos pelas ruas de Forks, em um sentido que eu não conhecia.

Edward parou em uma rua sem saída, com entrada apenas para a grande floresta que rodeava Forks e saiu do carro me ajudando logo em seguida. Ele caminhou sem dizer nada no caminho que nos levava cada vez mais para dentro da floresta escura.

Depois de uma caminhada de quase dez minutos Edward parou e eu esperei que ele dissesse algo. Mas ele não falou nada e eu juntei as sobrancelhas em forma de perguntar o que estava acontecendo. Edward não sorriu como pensei que faria e comecei a ficar nervosa.

— Eu quero te entender Bella. – começou. – Quero te ajudar, mas para isso acontecer você precisa me mostrar como, eu preciso que você me fale o que aconteceu. — Passou a mão pelos cabelos, nervoso. — Senão, jamais conseguirei te ajudar. E eu quero te ajudar... nem que seja um pouquinho. – completou baixinho.

Balancei a cabeça em um não e senti meus olhos se enxerem de água. Eu não podia. Edward estava pedindo mais do que eu poderia oferecer, mais do que eu estava apta a entregar. Eu nem conhecia ele, não sabia nada sobre ele.

— Droga Bella! – gritou. – Eu não sei o que fazer. Mas eu quero fazer algo. – falou um pouco mais baixo.

Eu me assustei com seu tom de voz e por isso me afastei um pouco. Mas logo pude ver Edward se aproximando de mim e antes que eu pudesse fazer algo ele colou seus lábios nos meu me fazendo senti um arrepio subir por minhas costas.

Com o susto, por não estar esperando por seu ato, meus olhos ficaram abertos até senti-lo pedindo passagem com a língua. Que eu logo concedi me entregando ao beijo. Senti um braço seu envolver minha cintura e sua outra mão em minha nuca me puxando para mais perto até não haver mais espaço entre nós.

Quando o ar nos faltou Edward foi parando o beijo aos poucos o terminando em um pequeno selinho.

— Bella, eu... — sussurrou.

— Ed... – ouvi alguém falar. Mas eu não reconhecia aquela voz e olhei para traz para ver quem estava ali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem, por favor. Fico muito feliz em saber o que vocês estão achando a cada capítulos.

Até o próximo.

Bjuhs *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aurora" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.