Meverlin me acorda batendo na porta. Ela me chama para o café da manhã. E diz para eu levantar logo, porque hoje tenho treinamento. Bom, não é bem um treinamento. Hoje eu vou mostrar minhas "habilidades" para os Idealizadores dos Jogos.

– E não deixe de ir, como você fez ontem no jantar! - avisa ela.

– Já estou indo, Meverlin - digo. Me levanto e vou até o banheiro lavar meu rosto e pentear meu cabelo. Coloco uma roupa qualquer e vou até a sala onde o café está sendo servido de pantufa.

– Bom dia - diz Finnick. Seu cabelo está todo bagunçado, o que deixa ele mais atraente.

– Bom dia - eu digo me servindo. Eu não estou com muita fome, então pego só um pouco de comida. Sento-me ao lado de Domus que está na frente de Sam.

– Já está preparada para os Idealizadores? - pergunta Finnick. Eu faço que sim com a cabeça enquanto bebo um gole do chocolate quente. - E você Sam?

– Sempre estive - responde Sam. Eu reviro meus olhos, é impressionante que em uma hora ele pode ser legal, mas na outra ele já volta a ser aquele garoto desprezível. Finnick ri, ele provavelmente percebeu a minha reação.

– Guarde essa raiva para os Idealizadores. Quero ver os dois com uma nota 12 - diz ele.

– Claro, Finnick - digo eu, com uma pontada de ironia. Eu continuo comendo. Finnick e Sam fazem o mesmo. Quando acabamos, eu vou para o meu quarto. A fita de Faye ainda está em meu pulso. Deito em minha cama e fico girando a fitinha. Caio no sono.

Sam me balança para eu acordar. A hora é agora. Nós vamos até uma sala, onde todos os tributos ficam até nos chamarem. Primeiro os garotos e depois as garotas. Como eu sou do Quatro, quando me chamam a sala ainda está cheia. Quando eu entro no local, vejo armas, tintas para camuflagem, cordas etc. Os Idealizadores estão esperando, eles olham para mim com um olhar pensativo. O Chefe dos Idealizadores, um cara magro demais, cruza as pernas impaciente e eu continuo parada. Mexa-se! ordeno a mim mesma. Vou até o setor das armas, finco algumas facas em alguns bonecos. Rasgo seus pescoços e coisas assim. Depois vou até o setor da camuflagem, lembro tudo o que o instrutor me ensinou. E começo a pintar. Depois da camuflagem eles me dispensam. Volto para meu quarto e me limpo inteira.

Eu, Sam, Finnick, Domus e o estilista de Sam nos juntamos para ver os resultados. Eu não presto muita atenção, antes do nosso Distrito eu vejo alguns 8 e 10. Quando chega a vez de Sam, ele ganha uma nota 12. Todos o congratulam. Quando chega a minha vez, eu ganho um 9. Nada demais, mas Finnick diz "bom trabalho". Depois de todas as notas aparecerem, eu vou para meu quarto. Já é noite e amanhã vamos para arena. Hoje é a minha última noite de sono tranquila. Eu tento dormir o mais cedo possível, mas não consigo fazer nada além de mirar o nada. Keith volta aos meus pensamentos. O que ele achou da minha nota?

O Sol nasce e eu não dormi nada. Hoje tenho a entrevista e depois iremos para a arena. Finnick me deixa ficar deitada até a hora em que Domus e sua equipe precisam começar a me preparar. Eles invadem meu quarto. Um homem louro faz minha maquiagem, o outro homem baixinho faz o meu cabelo e uma mulher feia cuida da minha pele e pêlos. Depois de uma hora, eu estou com uma maquiagem leve, meu cabelo está encaracolado e minha pele lisinha, que chega a parecer pele de bebê. Domus me mostra o vestido que usarei na entrevista. Um vestido curto, e branco, com babados e rendas azuis. Ela me ajuda a vestir ele. Depois ela me dá uma meia calça azul, e eu coloco com muita dificuldade, e o sapato, um salto branco que eu demoro minutos para conseguir usar. Ela quase não me deixa usar a fita de Faye mas eu imploro tanto que ela abre uma exceção, porque vermelho não combina muito com azul, mas ela pede para que o homem baixinho amarre a fitinha em meu cabelo. Ele prende metade do meu cabelo em um rabo, com a fita, e deixa a outra metade solta. Me olho no espelho, me sinto maravilhosa.

Está tudo preparado para a entrevista. Encontro Sam, Finnick e Meverlin na porta do elevador me esperando. Sam está novamente com um terno, mas agora, seu estilista brincou com os tons de preto, azul e verde.

– Maine, você estonteante - diz Finnick. Eu agradeço e nós descemos. Tem uma fila de tributos no local onde as entrevistas acontecerão. Entramos atrás dos tributos do Distrito 3. As entrevistas começam e chega a minha vez. Estou nervosa. Caesar Flickerman com seu terno azul e peruca de mesma cor me cumprimenta e elogia meu vestido. Ele pergunta sobre minha familia e sobre os Jogos. Ele pergunta sobre minha relação com Sam, eu não hesito em responder:

– Não o suporto. - A platéia ri, e murmura. - Bom, não é bem assim... nós nunca nos demos muito bem.

– Bom, vai ser mais fácil assim, não é? - Diz Caesar num tom descontraído. Uma campainha soa, avisando que os meus três minutos de entrevista acabaram, eu me despeço e sento em uma poltrona. Sam entra e cumprimenta Caesar, ele está rigido. Eles conversam e no final Caesar pergunta:

– O que você achou da última confissão de Maine?

– Não sei - diz Sam pensativo. Ele lança um olhar assustador para a plateia. - Boa até, assim será mais fácil matá-la se assim for preciso.

Um silêncio paira na plateia, e eu apareço no telão. Eu não sei o que fazer. O tempo de Sam acaba e ele senta ao meu lado. Um tributo do Cinco sobe ao palco e as cameras focalizam a garota pequena. Sam se vira para mim e diz:

– Surpresa?