Você Estará de Volta escrita por VenusHalation


Capítulo 16
Capítulo 15 - Anfitriã




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Algumas semanas haviam se passado desde a sua volta. Embora tudo parecesse calmo, Venus continuava a treinar com a espada e colocar seu exército cada dia mais em um treinamento rigoroso, inclusive ela mesma. O suor escorria em pequenas gotículas por seu corpo, grudando os fios do cabelo dourado sobre a pele, enfeitando-a como se fossem fios de ouro sobre si. Movia a espada habilmente contra o oponente criado à partir de sua aura. Desviou para a esquerda, depois para a direita e a lâmina sagrada atravessou o corpo do inimigo, a arma do espectro caia no chão e o próprio se desfez em luz dourada. Venus respirou fundo e passou as costas das mãos sobre a testa, assustando-se ao ouvir aplausos.

– Você cresceu muito, princesa. - Encontrou o homem de cabelos brancos extremamente longos com a marca da lua crescente na testa e grandes olhos azuis a sorrir-lhe.

– Artie! – Jogou os braços em volta do guardião.

– Princesa, cuidado! – Apontou para a espada que quase o acertara.

– Me desculpe. – Soltou-lhe sem graça. – Estou tão feliz em lhe ver!

Artemis era seu pedacinho de Venus, seu melhor amigo e companheiro. Havia alguns meses desde que o guardião a conselheiro não visitava a lua, afinal, ele ainda era responsável por grande parte da diplomacia venusiana e sempre passava longos períodos por lá.

– Igualmente. – Afagou os fios dourados. - Acho que minha princesa precisa de cuidados. – Apontou para o rosto sujo e o suor.

– Acho que sim. – Gargalhou e guardou a espada, agarrando o braço do homem, sendo guiada para seus aposentos.

Entraram no quarto mortalmente branco, Artemis fechou a porta e indicou a entrada da casa de banho de onde uma fumaça clara saía por uma abertura mínima. Venus entrou no local sendo seguida pelo conselheiro, o cheiro cítrico do vapor denunciou a presença de certo perfume venusiano que a princesa conhecia muito bem como sendo seu favorito, sorriu para Artemis com um olhar cúmplice e se aproximou.

– Você sempre pensa em tudo! – Brincou, subindo os cabelos e virou de costas para ele.

– É o seu favorito e disseram-me que você precisava relaxar. – Desatou vagarosamente as fitas que prendiam o vestido de guerra.

– Eu estou ótima. – Mentiu, deixando o vestido escorregar pelo corpo.

– Não foi o que vi em campo hoje. – Tomou o tecido do chão, dobrando-o no colo.

– Artie... – A loira entrou na banheira quente.

– O ataque. – Suspirou pesadamente inalando o perfume no ar. – Fiquei tão preocupado depois que soube, você ficou um longo período em Elysion... Céus, podia ter acontecido tanta coisa com você!

– Eu estou grandinha, sei me cuidar. – Soltou uma risada triste e sentiu Artemis despejar algo sobre seus cabelos e massageá-los.

– Você é minha princesa e nada é mais importante no mundo que sua segurança. – Alisou alguns fios dourados. – Eu nunca iria me perdoar se algo tivesse acontecido com você, Freya.

– Não me chame pelo nome. – Esfregou o rosto. – Eu deixei de ser Freya há muito tempo.

– Não diga isso, pra mim você será sempre minha pequena princesa. – Continuou o carinho.

– Oh Artie... – Afundou na água com um olhar triste. – Eu queria ser responsável para com o meu dever como você!

– E você é! – Retrucou, dando-lhe uma bronca. – Pare de choramingar, você protege Serenity muito bem!

– Mas... – Deixou os ombros caírem, aquela discussão não daria em nada. – Artemis, o que você veio fazer aqui? – Engoliu a decepção quase que imediatamente.

– Trazer alguns soldados e vê-la, claro. – Enxaguou os cabelos da garota com cuidado.

– Soldados? – Venus terminou de esfregar o corpo.

– Sim, com o ataque a lua está reforçando a segurança. – Estendeu a mão para que ela se levantasse e retirou uma toalha que estava em seus ombros. – Haverá um baile de boas vindas.

– Então é por isso que eu ganhei toda essa mordomia? – Zombou enquanto voltavam para o quarto.

– Certamente. – Afirmou com um aceno de cabeça brincalhão. – Deve recebe-los como soldados venusianos na Lua e ensinar-lhes tudo.

– E eu achava que tudo isso era saudade. – Sentou-se na penteadeira, deixando o guardião fazer seu trabalho com a escova de cabelo.

– Há um pouco dela também. – Beijou o topo da cabeça de sua princesa e colocou-se a separar o cabelo loiro em pequenas mexas.

O general mais poderoso do shitennou entrou na sala de espelho a passos triunfantes. Passo a passo manteve o olhar erguido e jogou a capa para frente e ajoelhou diante da mulher sentada majestosamente na cadeira ouro e pedras escuras.

– Está feito, minha rainha. – A voz do homem ecoou pelo vazio.

– Todos eles? – Olhou-o com desdém.

– Falta apenas um, mas garanto: Minha guarda é sua. – Sorriu de lado sentindo algo incomodá-lo por dentro. – Houve um pouco de resistência.

– Deve matar essa consciência, Malachite. – Beryl levantou. – Ao menos adormeça-o.

– É mais resistente do que eu imaginava, luta constantemente. – Suspirou olhando por cima dos olhos.

– Kunzite sempre foi teimoso. – Puxou o rosto do general com as mãos. – Seus olhos ficaram belos nessa nova cor, general. Ainda mais porque serve a mim. – Olhou diretamente os olhos do servo, verdes escuros opacos e sem vida.

– Devo chamá-los? – Ignorou o elogio, sentindo uma pontada na cabeça do outro tentando revidar a brincadeira da ruiva.

– Vejo uma pontada de ódio aí dentro querido, os olhos são as portas da alma! – Mostrou os dentes em um sorriso genuíno. – A lua vermelha está chegando, querido. Mobilize seus soldados, em dois dias nós vamos enfraquecer as tropas lunares.

– Sim, minha rainha. – Os dedos de Malachite enrolaram-se contra a sua vontade, fazendo pressão nas palmas das mãos.

Já estava escuro quando Artemis fechou o último botão do vestido de Venus. Durante todo o tempo em que os dois passaram juntos, o guardião deixou claro que estava preocupado apenas em deixá-la perfeita para receber os novos reforços.

– Bem, aqui está minha princesa. – Concluiu alegremente, virando-a para o espelho.

– Artie! – Exclamou ao ver o belo vestido laranja de tecido fino moldando-a e os cachos dourados presos no arco trançado tradicionalmente venusiano. – Fez uma belo trabalho!

– Sim, mas ainda não está pronto. – Com um pequeno movimento, a coroa dourada surgiu em suas mãos e o homem colocou-a sobre a cabeça da princesa. – Agora está!

– Céus... É a coroa dela? – Levou uma das mãos a boca.

– A rainha Diana disse que gostaria muito que a usasse hoje. - Sorriu encarando o reflexo. – Fará as honras como uma rainha, não é?

– Farei. – Voltou a olhar-se tristemente no espelho. Será que ele a teria achado bonita naquela noite?

– Algo errado? – Perguntou.

– Não! – Balançou a cabeça. – Estou um pouco nervosa, entrar só, sabe?

– Não seja boba! – Ronronou, por vezes ele fazia aquilo, era um gato no final das contas. – Estarei por perto.

– Eu sei que estará. – Assentiu e fechou os olhos por um longo tempo.

– À propósito, eu preciso de um banho antes. Lhe buscarei logo mais.

Artemis saiu, deixando-a só e as lembranças de certo baile em que fora obrigada a dançar com certo general inundaram a sua mente. Tentava, por vezes, negar que tivesse acontecido algo, mas via Kunzite na mínimas coisas. Via seus olhos prateados refletidos em sua espada, o contraste do branco solo lunar com o céu lembrava o mesmo que sua pele morena fazia com suas vestes, ouvia a voz dele em meio aos seus soldados, sentia sua falta da presença e opinião quando bolava táticas, via-o nas tardes em que tomara gosto por chá, como ele, e até os cabelos prateados do velho amigo gato traziam lembranças de dias tão bons e tão apaixonados em que ela enroscava os dedos pelo emaranhado de fios de prata. Um leve batida na porta fez Venus secar o canto dos olhos com os dedos e recompor-se.

– Demorei? – Artemis estendeu a mão para ela.

– De forma alguma! – Foi até ele, agarrando seu braço. – Você fica ótimo vestido formalmente, Artie.

– Obrigado, mas essa capa machuca! – Fez uma falsa cara de dor e puxou o colarinho da camisa. – Isso é pra você. – Entregou-lhe um pedaço de papel cuidadosamente enrolado.

– Discurso?

– Exatamente.

– Ainda bem que você pensa em tudo!

Passaram pelos corredores do palácio de cristal parando atrás da longa cortina que separava a escadaria do salão cerimonial, ficaram em silêncio ouvindo a cerimônia de recepção dos soldados ser guiada por Selene. As coisas aconteciam como uma formatura e terminavam com um discurso de Venus, sua anfitriã. A loira deu graças ao papel em suas mãos, e mais graças ainda por ter um conselheiro tão prevenido como Artemis.

– ...Espero que a Lua lhes seja como um lar! – A voz de Selene era a única a ecoar pelo grande salão. – Sejam bem-vindos!

Um trompete anunciou o final do discurso da rainha, ela que desceu e sentou-se junto de sua filha e as outras guardiãs. Luna voltou ao alto e novamente o som do instrumento tomou o salão, a mulher limpou a garganta.

– Para encerrarmos nossa cerimônia, apresento-lhes Princesa Freya, futura regente do planeta Vênus, líder dos exércitos lunares e vossa anfitriã.

Soldados abriram parte da cortina pesada e revelaram o casal venusiano ir ao centro da escadaria. Artemis beijou a mão de sua protegida e juntou-se a Luna, deixando Venus sobre os aplausos. A senshi apoiou o papel sobre o pequeno palanque de cristal e levantou uma das mãos indicando silêncio.

– Soldados de Vênus, querido povo lunar... – Abaixou os olhos para o discurso. – Permitam-me começar meu discurso dizendo que estou muito feliz e honrada nesta noite por receber soldados de meu planeta natal. É um momento único ver que a nossa aliança cresce cada vez mais, assim como meu amor por ambos os reinos! – "Artie, que discurso cafona!", pensou sozinha. – Espero que esse seja um dos muitos marcos importantes da força do sistema solar como um grande reino de paz e prosperidade que se consolida à cada dia.

Venus engasgou ao notar um dos soldados sentados ali. Aquele cabelo de dourado pálido, os olhos verdes... Adônis estava lá e lhe sorria gentilmente enquanto discursava, a venusiana limpou a garganta e continuou a ler, tentando esconder a satisfação – e até um pouco da alegria – de encontrar o amigo que tanto a ajudara na Terra com o símbolo venusiano no peito.

– Desculpe. – Soltou um riso leve para a plateia. – Acredito veemente que com nossas forças unidas, conseguiremos atingir tais objetivos juntos. – Os lábios se curvaram para cima quando encarou Adônis novamente. - Amados soldados, espero que a lua seja um lar para todos vocês como tem sido para mim. Sejam muito bem-vindos! Obrigada!

Aplausos explodiram por todos os lados, seguidos da animada orquestra Lunar que começou a tocar e os empregados deram início a serventia do baile. Venus desceu a escadaria em meio à confusão que começava a se formar e juntou-se as amigas. Depois de uma longa conversa com Selene, a loira foi puxada por Artemis até o centro do salão. Ela, como anfitriã, deveria fazer as honras começando a dança. Foi guiada pelo parceiro até a pista encher-se de brilho, som e cores de vestidos rodopiando, sua dança com Artemis foi interrompida por uma mão enluvada no ombro do guardião.

– Me permite? – Adônis sorriu docemente para ela e voltou a atenção para Artemis.

– Cuide bem dela. – O homem sorriu e entregou a mão de Venus a ele.

– Adônis, o que está fazendo aqui? – Venus perguntou enquanto ele encaixava a mão em sua cintura.

– O mesmo que os outros soldados. – Revirou os olhos, como se fosse óbvio. – Olhe, Venus, eu decidi voltar e consegui alta patente!

– Como? – Balançou a cabeça.

– Depois do ataque na Terra vi que meu lugar não era lá. – Rodou a garota em seus braços. – Voltei o mais rápido que pude e fui recebido muito bem em Magellan, então, me ofereceram recrutamento lunar para segurança, já que conheço bem o Shitennou. Então, vim como general da tropa.

– Nossa! – Estava surpresa. – Então trabalharemos juntos!

– Venha! – Ele a tirou da pista, levando-a para a grande sacada do lado de fora, onde o vento frio da lua batia. – A Terra vista daqui em bem bonita, é um belo azul... – Segurou as mãos dela entre as suas.

– É realmente bonito... – Suspirou, pensar no planeta azul lhe causava dor.

– São como seus olhos. – Sorriu charmoso para ela, chegando cada vez mais perto. – Não tive a oportunidade de dizer-lhe o quão bonita está essa noite, parece uma rainha.

– Obrigada! – Sorriu de volta.

– Falo sério. – Abraçou a garota sem pensar duas vezes, em uma devoção nada contida.

– Adônis... - Sentiu um forte rubor tomar suas bochechas e afastou-se sem se soltar do abraço. – Não...

– Estou muito feliz em poder estar ao seu lado novamente, Venus. – Acariciou seu rosto devagar.

– Você é ótimo. – Mordeu o lábio inferior. – Mas eu fiz uma escolha, é meu dever acima de tudo.

– Dever antes do amor... – Desceu a mão para debaixo do seu queixo, erguendo-o. - Sei que não posso forçá-la a isso, mas eu já disse e volto a repetir: Eu a amo com todas as minhas forças, Venus. – Deixou um beijo leve e ressentido nos lábios da guerreira e saiu.


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Notas finais do capítulo

Fazia tempo que queria colocar o Artemis na história e pra mim ele é esse fiel escudeiro que sabe fazer tranças hahahaha... Como um pai mesmo xD~
Sobre o final com Adônis, quem leu Sailor V vai lembrar da referência que ele faz sobre "Sempre escolhendo o dever antes do amor" pra Minako. E eu queria puxar esse gancho.
Bom, no mais é isso xD
Quem ficou se sentindo meio orfão da fic. hoje eu recomendo que leiam minhas Oneshots! Tem uma nova chamada "Life After You" que é super curtinha e é VenusxKunzite :3
Ela ainda não tem comentários :~~
#Shora
No mais é isso, espero que tenham gostado e... See ya!