Você Estará de Volta escrita por VenusHalation


Capítulo 15
Capítulo 14 - Dever




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/186109/chapter/15

Parecia que o peso de mil homens estavam sobre os ombros de Venus quando parou em frente a porta da sala do trono lunar. Pensava que o tempo não havia sido seu amigo, tudo acontecera em um piscar de olhos depois do ataque. Adônis a deixara só e em silêncio, ela conseguira reunir suas coisas e antes mesmo do amanhecer alguém batera a sua porta fazendo seu coração pular ao ver Kunzite, foi ele que a deixara na plataforma para ir embora, provavelmente por ordem de Endymion. Durante todo o percurso era silêncio, Venus foi embora sem despedidas, sem palavras, ela recebeu apenas o olhar cinzento e frio como aço. Aquela era sua última, e dolorosa, lembrança terrestre: Os olhos cinzentos que tanto amava completamente duros e decepcionados.

Depois daquilo mal pode respirar ao chegar em solo lunar, teve de se preparar para apresentar-se a rainha, rapidamente, logo pela manhã, lá estava ela. A barriga congelou ao ouvir o toque das cornetas que vinham lá de dentro anunciando sua chegada, era como se o frio do mármore no chão do palácio subisse todo por seu corpo. A senshi respirou fundo quando a primeira fresta da porta abria, tentando controlar o misto de emoções que estavam dentro de si.

– Querida rainha Selene, é anuncaiada a chegada de Lady Freya*, primeira de seu nome, do planeta Vênus, futura regente do reino de Magellan, princesa da Estrela D'alva, herdeira do trono da estrela da manhã, primeira em comando das Senshis do reino lunar e Sailor Venus! – Um dos homens gritava enquanto a porta abria.

Venus recuperou a pose altiva diante da corte, olhou a sua volta e suas companheiras a aguardavam, viu em Mars o olhar duro, porém, caminhou lentamente até o trono, e ajoelhou-se em seguida.

– Majestades, rainha Selene, princesa Serenity. – Sua voz ecoou pelo salão.

– Querida, Venus. É uma benção dos deuses que esteja de volta. – Selene caminhava a passos lentos e calmos até a senshi. – Agradeço-lhe por este serviço árduo e maravilhoso que fez por estes longos dias.

– Era o meu dever, vossa graça. – Continuava ajoelhada.

– Foi muito boa guerreira, Mars reportou-me tudo, cada detalhe. – Abaixou as mãos até os ombros da garota ajoelhada, erguendo-a. – És uma líder sem igual.

– Mars... – As palavras perderam-se em sua garganta, Mars a tinha elogiado?

– Obrigada por proteger a minha criança, Venus. – Selene a abraçou e soltou, se afastando. – Tenho um presente para lhe dar.

A rainha lunar estendeu as mãos para o alto, com as palmas viradas para cima. A lua crescente em suas testa brilhou fracamente e, no alto, pequenos pontos de luz dourada pousavam sobre seus dedos tomando uma forma simétrica. Quando já não havia mais nenhum pontinho para se juntar, a forma explodiu em uma luz de diversas cores revelando uma espada de braço e bainha dourados, trabalhados perfeitamente com as marcantes duas luas crescentes dividindo a lâmina.

– Sailor Venus, dou a você, líder de minha guarda, a espada sagrada. – Selene abaixou a espada em direção a senshi. – Só pode ser empunhada por um verdadeiro líder, por aquele que aceita seu dever acima de qualquer coisa, só pode ser usada por aquele que estará disposto a tudo por sua missão.

– Majestade! – Venus ajoelhou novamente, o coração batia forte. Lembranças dos últimos dias invadiam a sua mente, a dor tomava conta de seu peito, sentia tudo aquilo entrar em conflito com o tamanho da responsabilidade que lhe era imposta.

– Levante-se e pegue-a. – Concluiu com sua habitual mansidão.

Venus levantou, os lábios tremiam, mas a mão esquerda foi em direção ao cabo de ouro da espada. Os dedos fecharam-se perfeitamente em torno do relevo trabalhado e a senshi, uma onda de energia emanava do objeto e perguntou-se se seria mesmo capaz de empunhá-la. Sentiu a espada sagrada pesar e em sua mente algo gritava para que sua decisão fosse tomada: Seria, então, ela a líder que colocaria o dever acima de qualquer coisa?

Respirou fundo, fechou os olhos e, enfim, conseguiu pegar a arma.

– Não poderia receber maior honra, vossa graça. – A loira empunhou a espada, retirando-a da bainha, revelando sua lâmina perigosamente afiada. - Eu juro, em frente a toda esta corte, que meu dever não deixará de ser cumprido até o meu último suspiro.

Aplausos soaram por todo o salão real, a arma se desfez em luz novamente, mas Venus sabia, no seu íntimo, que bastava invocá-la e estaria em suas mãos novamente.

– Sei que você abriu mão de muita coisa para cumprir tudo o que lhe foi confiado, Freya. – Selene sorriu e mostrou aquela expressão incógnita que sempre confundia as pessoas sobre o que ela sabia ou não. - Honra é tê-la como guardiã da lua, agora vá e descanse.

Venus caminhou, ainda extasiada, pelos corredores e mais uma vez era como o peso do mundo sobre si. Quando fechou a porta de seu quarto uma dor de cabeça fulminante se fez presente e ela mal conseguia pensar na decisão que tomara tão bruscamente na sala do trono, jogou-se na cama, então, sua paz foi interrompida por batidas na porta.

– Entre! – Gritou.

– Venus! – A porta abriu e fechou rapidamente. – Parabéns pela espada.

– Jupiter... – Abriu os olhos lentamente, sentindo o peso da outra senshi afundar o colchão, e mirou o teto. – Apenas cumpri o meu dever.

– Mars nos contou tudo... – A senshi suspirou, recebendo de volta um longo silêncio. – Venus?

– Desculpe-me Jupiter, eu deveria ter contado. – O teto estava realmente interessante.

– Não pode abraçar o mundo sozinha V-chan. – Afagou os cabelos da outra. – Somos uma equipe e trabalhamos juntas.

– Eu sei... – Os olhos queimaram, queria mesmo chorar. – Eu deveria ter... Poderia ter evitado tanta coisa!

– A rainha proibiu Serenity de sair. – Foi direta.

– Como? – Arregalou os olhos.

– Serenity está em constante vigilância, ela não pode mais ir a Terra.

– Ela vai morrer se não puder ir à Terra! – O coração apertou como nunca antes.

– Eu entendo, Venus, mas o que aconteceu da última vez... – Passou a mão pelos cabelos.

– Droga! – Resmungou. – Eu falhei com todos! Com todos!

– O que aconteceu não foi sua culpa...

– Tudo o que aconteceu foi minha culpa, Jupiter! – Soluçou. – Eu poderia ter terminado mais rápido, eu poderia ter voltado e tudo estaria bem... Serenity estaria feliz!

– Do que está falando? – Era a primeira vez que via sua líder tão frágil. – V-chan, o que deixou de nos contar?

– Eu o vi pela primeira vez quando fui atrás da princesa em Elysium. Ele debochou de mim, ele brincou comigo, mas tornou-se meu aliado para protegê-la. Ele tentou beijar-me dias depois e eu o recusei, mas seus olhos, sua pele e a lembrança de seu toque feroz me faziam estremecer. Dia após dia eu me recusava a acreditar que ele me atraia e, por ironia, acabamos por trabalhar juntos. Foi quando ele me levou ao deserto, o deserto é um lugar quente, Jupiter, e nele faz frio durante à noite, mas me senti em brasas debaixo das estrelas! - Soluçou, as palavras jorravam em um desabafo choroso. - Nós voltamos e prometemos que aquilo jamais iria se repetir. Então, ele saiu em missão e voltou ferido, meu coração apertou e eu senti tanta dor, senti tanto medo, eu o curei... Depois daquilo todas as noites, todos os dias, tudo era como o calor do deserto e eu ansiava por seus beijos, por sua carícias e até mesmo por ouvir a respiração dele próxima. Ele disse que estaríamos juntos quando nossos reinos fossem um só, ele pediu-me para ser dele para sempre... – Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto alvo.

– Quem é esse "ele"? - Franziu a testa em preocupação.

– Então, ele não quis me ouvir, o general Kunzite me deixou, eu não significo nada para ele. - Continuou sem dar atenção a pergunta, mas mesmo assim fazendo Jupiter obter a resposta.

– Kunzite? Venus, você está... O general? – Jupiter a abraçou, sabia do tamanho da dor que amiga deveria estar sentido, afinal, ela entendia perfeitamente como isso era importante para um venusiano. Céus, amor era o que guiava até mesmo os poderes da amiga! - Ele é um tolo. – Aconchegou-a mais perto, não iria julgá-la, não da forma em que ela se encontrava.

– Não importa. – Fungou baixinho e recompôs. - Eu já fiz a minha escolha.

– Do que está falando? – Olhou confusa.

– Nunca mais colocarei a vida de Serenity em risco. – Levantou a mão para cima, fazendo a espada sagrada materializar-se mais uma vez. - Eu escolho meu dever.

Beryl ria com toda a força para os espelhos, sendo seguida pela voz da mulher que refletia. O brilho em seus olhos revelava o sucesso de seus planos e a fúria de sua satisfação. Logo atrás dela, Adônis estava encostado da parede, trazendo uma postura enigmática e tranquila.

– Você foi maravilhoso! – A mulher deliciava-se olhando o jovem.

– Não cante vitória tão cedo, Beryl... – Neherenia advertiu. – Ainda temos coisas a fazer, não é mesmo Danburite?

– Sim, minha senhora. – Concordou ainda sério.

– Então vá. – Beryl sorriu triunfante, deixando um beijo leve sobre os lábios do soldado.

Adônis saiu e voltou aos seus aposentos, trocando a roupa de oficial por um traje simples de linho, caminhou pelos corredores do castelo calmamente e chegou ao salão, vendo a parede destruída, onde muitos trabalhavam. Lançou o olhar para uma pessoa em especial que ajudava a retirar os restos da estrutura dali, o general da guarda do príncipe estava fora de seu habitual uniforme, vestido simploriamente assim como o venusiano. Pelo trabalho pesado, ele também encontrava-se sujo e suado, mas havia algo em seus olhos, algo que fez Adônis sentir uma pontada de prazer.

Adônis começou a trabalhar, lentamente se aproximava de Kunzite e via a fúria dele aumentar a cada passo dado, quando estava perto o suficiente, sentiu o frio dos orbes de aço encontrarem os seus.

– Perdeu algo aqui? – O shitennou foi direto.

– Desculpe-me general, mas preciso falar o quanto antes. – Fingiu inocência. – Eu consegui um condecoro de Vênus essa manhã.

– E eu deveria apertar a sua mão e dizer-lhe "parabéns"? – Ironizou, jogando um pedaço de concreto para fora.

– Desculpe, senhor. – Fez uma posição de sentido diante dele. – Agradeço a todo o treinamento que recebi como shitennou, mas estou voltando para Vênus. Quero muito ficar e ajudar, mas minha missão em Elysium está terminada.

– Certo. – Abaixou o olhar "Já vai tarde, bastardo."

– Eu serei aceito pela minha rainha. Eu poderei, finalmente, ser reconhecido como um homem em Vênus, poderei vê-la sem me esconder.

– O que disse? - Kunzite piscou repetidas vezes.

– Nada, senhor, perdoe-me! – Sorriu com verdadeira paixão. – Pensava alto.

Era muito claro para ele de tudo que aquele homem falava, então, eles se escondiam pois não poderiam ficar juntos?

Realmente, fazia sentido demais tudo aquilo. Agora ela havia ido embora e ele também, talvez fosse um plano muito bem bolado e Venus ainda conseguira arrancar dele informações preciosas de toda a Terra.

Palavras sem sentido soaram da boca do homem parada a sua frente e Adônis lhe apertou a mão, uma dor aguda instalou-se na palma de Kunzite. Ele viu o venusiano se afastar, seu sangue ardia e um poder estranho tomava conta de seu consciente, a raiva o tornava fraco para resistir, depois disso, tudo que conseguia sentir era ódio misturado a uma fraqueza estranha.

Kunzite parou o trabalho e seus passos o guiaram até a sala escura, uma mulher de longos cabelos vermelhos o esperava sentada em seu trono de ferro. Ela sorria magnífica em sua posição altiva. O general, por sua vez, ajoelhou-se perante ela.

– Minha rainha. – Cumprimentou.

– Bem-vindo, Malachite. – Gargalhou vitoriosa mais uma vez vendo os olhos dele, antes cinzas, verdes como musgo.

Dentro daquele corpo de oficial, outra consciência lutava para se libertar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Freya: Deusa do amor e da guerra, a mais bela das deusas nórdicas. Era líder das Amazonas Celestes. Sua essência é de vida, pois ela é a Deusa da fertilidade, da sexualidade, do amor e da beleza.
Achei que esse nome, como se fosse o dela próprio, combinava mais e saia do casual Afrodite, certo? xD
Bom, espero que gostem!
Passei horas escrevendo isso e me partiu o coração kkkkkkkkkkk...
Sei que esse capítulo foi parado, mas era necessário :3
No mais, não esqueçam dos reviews, eles me fazem feliz -q