Você Estará de Volta escrita por VenusHalation


Capítulo 14
Capítulo 13 - Ataque




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Mars olhou curiosa o quarto onde a sua líder a havia levado, era diferente de um cômodo da lua. Havia cortinas vermelhas e pesadas, o forro da cama era dourado e cuidadosamente bordado, a sacada aberta mostrava a gama de cores do jardim lá fora e uma vista azul agradável e aconchegante, era como uma pintura viva de tirar o fôlego, por um instante sentiu uma pontinha de vontade de não sair da Terra e sua paisagem encantadora e brilhante. A sensação inexplicável de estar ali fugiu quando sentiu as mãos de Venus a puxar as suas.

– Vem, senta aqui. – Venus apontou a cama, sentando ao lado da amiga logo em seguida.

– O que, de tão importante, precisa ser dito? – A morena mostrava a habitual carranca, a realidade dos atos anteriores apoderaram-se dela novamente. – Serenity sente sua falta e você acaba de mandá-la caminhar com um estranho!

– Sor Jadeite não é um estranho. – Retrucou.

– O príncipe me preocupa mais. – Mostrou uma expressão negativa e irritada. – Abra os olhos Venus, aqui é um território completamente desconhecido!

– Pare de reclamar e deixe-me falar! – Interrompeu e suspirou deixando os ombros caírem pesadamente. – Serenity ama aquele homem! Ela ama Endymion e ele a ama também!

–Eles mal se conhecem! – Aumentou o tom de voz.

– Não é isso! – A loira levantou as sobrancelhas quando afirmou ainda séria.

A princesa de fogo sentiu o sangue faltar a sua cabeça, provavelmente havia ficado pálida como uma folha de papel. Abriu a boca várias vezes antes de qualquer palavra formar-se, nada parecia coerente o suficiente para dizer, claro que Venus estava ficando louca e que ela sabia que eles só se conheceram aquele dia na lua. Isso era óbvio, amor não surgiria assim, ela acreditava que era como fogo que se atiça devagar.

– Eu sei que é difícil engolir. – Venus continuou. – Mas eu escoltei a princesa para cá várias vezes.

– Me diga que isso é... – Fitou os olhos azuis, eram sérios e determinados. De fato, não era mentira e as mãos de Mars fecharam no punho, com tanta força que poderia jurar que mataria a própria líder. – Desde quando? - A voz saiu como uma lâmina afiada.

– Há alguns meses. – Passou a mão na cabeça, jogando a franja para trás. – Olhe, Mars, eu tentei separá-los e é impossível.

– Impossível? – Levantou da cama rapidamente. – Venus, isso é perigoso! Colocou a vida da nossa princesa em perigo!

– O que há de tão perigoso no amor? – Encarou os orbes violetas com determinação.

– Não coloque essa sua pose altiva! – Gritou. – Nunca, jamais, use esses seus... Seus argumentos de deusa do amor para justificar um erro tão grave!

– Argumentos de deusa do amor? – Sentiu a raiva preencher-lhe o peito e puxou a senshi do fogo pelo pulso até a janela. – Olhe para eles lá embaixo, Mars! Olhe e me diga o que vê!

A visão do jardim de rosas vermelhas fez Mars arrepiar-se, ainda mais bonito que a amostra que teve do cenário do lado de dentro. Porém, o que chamou mesmo a atenção foi a princesa lunar que rodopiava em volta do homem de cabelos escuros que a perseguia com o olhar calmo naquela dança onde a melodia era o vento, as árvores à balançar, os pássaros e as risadas de ambos. Em minutos, o casal parou e as senshis viram a princesa aninhar-se nos braços de Endymion, o príncipe acariciava a sua cabeça e dizia coisas – as quais elas não podiam entender – que faziam Serenity chorar, mas não de tristeza, aquele era o choro da mais plena e verdadeira felicidade. As pequenas mãos da garota envolveram o pescoço de Endymion e eles trocaram um beijo apaixonado. Mars sentiu chamas dançarem em seu coração, como se tudo aquilo fosse predestinado a acontecer, era real, era o próprio amor representado sobre a sua vista.

– Compreende? – A líder tocou o ombro da outra.

– Eu... Consultarei as chamas. – Virou o rosto para o teto e apertou os lábios, nunca permitiria que lhe dissessem estar errada.

– Faça o que achar certo. – Venus voltou-se para o quarto. – Apenas peço-lhe para que continue escoltando a princesa para cá, sabe-se lá quantas vezes ela veio aqui sozinha sem que soubéssemos.

– Nunca a deixaria sozinha!

– Eu sei que não. – "Nem eu deixaria, mas ela é esperta.", pensou. – Eu tenho que ir agora, estarei na sala de guerra.

– Vá, eu cuido dela. – Massageou as têmporas, procurando absorver as informações.

– Mars... – Chamou antes de sair do quarto. - Não conte à ninguém.

A garota de olhos violeta afirmou com a cabeça e voltou para a sacada em plena vigilância. Venus fechou a porta atrás de si sentindo-se totalmente aliviada por ter dividido aquela informação com alguém. Caminhou de volta para a sala de guerra sentindo, até mesmo, os passos mais leves. Entrou no aposento e encontrou Kunzite debruçado sobre a mesa, as mãos estavam apoiadas sobre os cantos, fazendo tanta força que as pontas de seus dedos estavam brancas.

– General? – Chamou baixo.

– Milady. – Respondeu seco, sem olhar pra cima.

– Então... Está trabalhando onde? – Sorriu abaixando a cabeça até o mapa.

– América Central. – A voz era dura.

– Ah... - Caminhou até a prateleira e pegou um novo pergaminho do local onde ele dizia trabalhar.

A mulher abriu o mapa do outro lado, tentando entender o que o incomodava tanto, talvez Kunzite estivesse tenso pela vinda da princesa, só podia ser isso. Ficaram em um silêncio mortal até Venus resolver levantar ir até a bandeja de chá do outro lado da sala.

– Você quer? – Perguntou enquanto virava o conteúdo do líquido fumegante em uma xícara.

Kunzite levantou os olhos para a direção dela. Sua testa estava enrugada, os olhos duros, a boca fazia vários movimentos como se quisesse dizer algo, mas apenas conseguia morder o lábio inferior enquanto estalava a própria língua, ainda estava com raiva, muita raiva.

– Você o beijou? – Engoliu seco, tinha medo da resposta.

– Hein? – Abaixou a xícara de chá, surpresa.

– Me responda: Beijou Danburite? – Manteve-se quieto como uma carranca.

Venus sentiu todas as articulações do corpo falharem. A xícara que segurava na mão caiu, desfazendo em pedaços e molhando a barra do vestido branco com o chá quente. Queria negar, queria poder dizer que tudo era um mal entendido, mas vacilou encontrando os olhos de aço a interrogá-la.

– Eu... – A voz falhou.

– Então é verdade. – Concluiu ele, indo na direção da venusiana. Parou apenas quando a viu prensada contra a parede.

– Pare com isso. – Virou o rosto, sentia vergonha.

– Então o quê? – Puxou seu rosto de volta, ela devia olhar para ele. – Se beijaram ou não enquanto eu estava fora, Venus?

– Eu nunca... – Lágrimas ardiam antes de sair. – Ele me beijou, mas eu nunca quis! Eu estava confusa... Kunzite, por favor...

– Eu deveria saber mais do que ninguém que não poderia ser tão tolo. – Segurou seu rosto com as duas mãos, olhando-a como se quisesse memorizá-lo em cada mínimo detalhe.

Pararam alguns minutos na mesma posição, Venus não conseguia conter as lágrimas enquanto ele a olhava analiticamente. Sentiu os dedos enluvados correrem por seu rosto e secarem sua bochecha, a expressão dele era desafiadora, em seguida os lábios dele apertarem contra os seus. O corpo de Venus estava prensado na parede pelo peso do corpo dele, moldando-se tão perfeitamente como da primeira vez. Kunzite manteve uma das mãos no pescoço dela e caminhou a outra por seus corpo de forma possessiva e única, enquanto aprofundava aquele beijo cada vez mais. Sentiu as mãos dela enroscarem em seu cabelo, da mesma forma em que as perna circularam a cintura, parou até que sentiu a loira implorar por ar.

– Isso acaba aqui. – Kunzite afirmou largando-a confusa e ainda ofegante apoiada na parede.

– General... Não, Kunzite, me escute! – A garganta deu um nó, não poderia tratá-la daquela maneira. – Eu nunca quis isso, eu nunca tive nenhum interesse nele, eu...

Um barulho estrondoso veio do lado de fora do castelo terrestre. A discussão do casal foi interrompida e ambos os sensos de liderança os fizeram apenas querer correr. Kunzite correu na frente, sacando a espada, Venus vinha logo atrás puxando a caneta de transformação e acionando seus poderes. O homem grisalho parou de repente, a loira viu a expressão assustada do general e voou, ambos pararam incrédulos com a visão. A parede a esquerda do salão de festas havia caído, na verdade, sido derrubada. Uma poeira densa subiu bloqueando a visão, o único vislumbre lá embaixo eram a luz das flechas de fogo vindas da silhueta feminina e, logo atrás dela, mais duas formas se protegiam dos ataques de energia escura que chegavam do lado de fora.

– Princesa! – A senshi loira alçou vôo, empurrando a poeira com as asas para fora.

– Venus! – Mars gritou, sangue escorria por pequenos cortes por todo o corpo, ela havia absorvido o impacto da parede. – Está lá fora!

– Mars, proteja-os! – Olhou para baixo e viu a princesa agarrada a Endymion. – Eu vou ver quem está lá fora...

Kunzite mal esperou Venus dissipar a poeira, empunhou a espada e correu para fora. Viu de onde os ataques vinham e foi seguindo a direção. Encontrou o Youma, era uma bela mulher coberta com espinhos, reconheceu como uma das sacerdotisas que cuidava do plantio."O que fizeram com ela?", pensou engolindo seco, não queria machucar alguém de seu reino. Um espinho foi disparado contra ele, fazendo-o desviar rápido até o objeto tocar o chão e explodir em uma nuvem poeirenta.

– O que pensa que está fazendo? – A voz conhecida de Venus veio de cima. – Assim explodirá tudo!

– Não me diga o que fazer em batalha! – Retrucou, empunhando sua arma e indo em direção ao monstro, recebendo outro contra-ataque que levantou mais poeira.

– Um Youma precisa ser purificado, se não quer me escutar em outras coisas, me escute nessa! – Empurrou com as asas mais uma vez.

– Não me diga o que fazer, não sou uma das suas senshis que se tremem de medo do que você diz! – Desferiu um golpe contra o monstro novamente sendo quase atingido.

Um clarão passou ao lado do rosto de Kunzite deixando um breve calor. A flecha acertou um dos braços do monstro que urrou de dor. Venus encontrou sua chance ali, invocou a corrente de seu planeta e seu encantamento voou sobre a vítima, fazendo-a retornar a forma normal. A mulher caiu no chão desmaiada, a senshi do amor chacoalhou as asas o máximo que pode para dissipar a fumaça de poeira, a mulher, já purificada, estava no chão. Onde Mars a havia acertado estava com uma ferida feia e profunda. Kunzite sentiu remorso e correu em direção a sacerdotisa, pegando-a no colo.

– General, seu rosto... – A loira gemeu.

– Vou cuidar dela, deixe-me, não preciso de seus cuidados. – Olhou por cima dos ombros, e voltou a caminhar deixando a mulher incrédula sozinha.

Venus não tinha tempo para a arrogância dele, havia feito um juramento de proteção e voltou correndo para dentro, onde sua princesa estava sentada na escadaria, ainda abraçada a Endymion, enquanto Mars vinha à passos fortes em sua direção.

– Eu sabia que isso era loucura! – Disse cortante, apontando o dedo para a loira. – Como você pode pensar que ela estaria segura aqui?

– Mars, acalme-se! – Venus respondeu, olhava para o chão.

– Acalmar-me? – Seu tom de voz era irônico. – Se eu não tivesse ficado olhando na sacada, quem iria proteger Serenity, quem?

– Mars, não grite com Venus... – A princesa mostrava súplica. – Isso nunca aconteceu antes, ela sempre esteve ao meu lado...

– Você, fique quieta e largue esse homem já! – Virou-se ameaçadora.

– Lady Mars, eu juro que se pudermos explicar... - Endymion soltou sua amada e chegou perto da guerreira de fogo.

– Não, você não pode! Se afaste dela! - Puxou Serenity pelo pulso e encarou seus olhos em súplica. - Eu quase a perdi, isso não vai acontecer novamente!

– Mars... – Serenity sentiu-se engasgar.

– Nós vamos embora! – Concluiu. – E você, Venus, juro que a reporto se não voltar amanhã!

– Não me ameace! – Agora sim, havia pisado no seu calo.

– Você é minha líder, Venus. – Estava ficando quente ali. – Mas nunca, nunca deixarei que coloque a nossa princesa em perigo, sinto muito.

– Nunca colocaria. – Suspirou. – Estarei na lua ao amanhecer, cuide-se. – Apontou para os ferimentos pelo corpo da parceira.

– Venus! – Serenity correu até ela, agarrando-a pela cintura. – O que vai acontecer agora?

– Eu não sei... – Afagou os odangos de sua protegida. – Estarei de volta amanhã e poderemos conversar. – Forçou um sorriso. – Agora, vá com Mars, já é noite.

– Adeus, Dymion... - Uma lágrima teimosa saiu rolou por seu rosto enquanto acenava por cima dos ombros para o príncipe.

A princesa lunar a agarrou com ainda mais força e se despediu. Venus observou Endymion as acompanhar com os olhos até desaparecerem no horizonte, na direção de uma das plataformas de transferência. Notou a dor nos olhos do príncipe, como se lhe tivessem arrancado um pedaço. Ele foi embora dali sem dizer nada.
A senshi do amor voltou, ainda anestesiada, para o seu quarto e despiu a roupa branca, indo em direção a grande tina de água quente e tomando um banho rápido, enrolou-se no roupão fino e olhou o cenário destruído pela vista da sacada. Os olhos encheram-se de água e a culpa de tudo que havia acontecido tomava conta da alma, pesava. E não apenas o acidente com sua princesa, o beijo com Adônis também, ela era responsável por tudo.

– Venus! – O homem entrou no quarto sem bater.

– Adônis? – Virou-se, com o rosto molhado e vermelho pelo choro.

– Céus, o que está havendo? – Apressou o passo até a sacada e tomou-lhe em seus braços. – A princesa está bem, não está?

– Pela Deusa... – Fungou, enterrando a cabeça no peito do homem. – É tudo minha culpa!

– Não, nunca seria! – Acariciou os fios dourados e apoiou o queixo no topo de sua cabeça, completamente protetor. – Nunca seria sua culpa. – Sorriu malicioso enquanto ela não podia ver, aproveitando aquele momento.

Ali no jardim alguém voltava da enfermaria. O homem de cabelo branco saiu da batalha com um pequeno arranhão no rosto. Enquanto tratava sua própria ferida e observava o atendimento da garota que levou ali, sentia o coração acalmar e estava pronto para ouvir tudo o que Venus tinha para dizer, aquele havia sido apenas um dia ruim. E ela havia dito que não queria, não havia dado chances de explicação, não era? Talvez tenha sido a forma como Beryl expôs a situação, a presença daquela mulher o deixava nervoso naturalmente.

Kunzite estava certo de que Venus poderia explicar tudo a ele, havia ficado louco em pensar que disse a ela que tudo entre eles havia acabado. Confiante de que poderiam retomar de onde pararam, ele pediria desculpas por ser tão tolo, tinha essa certeza até olhar para cima, até ver a cena desagradável na sacada do quarto da mulher para quem jurava amor eterno.


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Notas finais do capítulo

Demoreeeei pacaraio :x
Maaaas, eu estava em São Paulo, viajando e panz.
Campus Party foi maravilhosa - recomendo!
Amanhã estarei indo pra Fortaleza e queria deixar capítulo pronto antes de ir husauhsauhashuas...
Espero que gostem pq o clima ficou ó... Tenso :x