Você Estará de Volta escrita por VenusHalation


Capítulo 10
Capítulo 9 - Declaração




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Venus não conseguia dormir. Levantou da cama e caminhou até a sacada, observando o céu que clareava aos poucos, estava muito próximo de amanhecer. Tocou os próprios lábios e suspirou tentando afastar o pensamento do ocorrido com o general, era loucura pensar que horas antes ela havia sentido o toque suave e ao mesmo tempo faminto do beijo dele, que havia sucumbido ao charme e ao calor do corpo do homem que tanto tentava afastar. Era completamente estranho pensar que deixou que tudo acontecesse e em seguida voltassem para Elysion como oficiais. Balançou a cabeça negativamente várias vezes, como se espantasse a lembrança, era certo para ela que o melhor que tinha a fazer - já que o sono não chegava - era se concentrar em sua missão terrestre.

Voltou para o quarto tomando um banho demorado, quando saiu o sol já dava o ar de sua graça jogando seus primeiros raios amarelados pela janela. Venus abriu, pela primeira vez, o armário montado para ela e pegou um leve vestido branco que se ajustava em seu corpo moldando suas formas, muito semelhante aos das sacerdotisas da terra, tinha certeza que aquele vestido era mais uma obra do líder Shitennou. Desceu e ouviu os primeiros sons do movimento no palácio, o cheiro de pães e bolos sendo assados para o café invadia os corredores e o tintilar das panelas ecoava na cozinha. A loira passou reto pelo salão desejando um bom dia aos soldados que seguiam para ele, ignorando o cheiro atrativo, e entrou na sala de guerra a qual estava tão acostumada a passar os últimos dias.

A sala estava vazia e escura, fazendo a senshi abrir a janela para então buscar os pergaminhos na prateleira, sabia exatamente a ordem em que os havia guardado no dia anterior. Desenrolou o primeiro pedaço de papel sobre a mesa e abriu o caderno de anotações em capa de couro do general, embora algumas coisas estivessem rasuradas e fosse estranho conhecer do que se tratava sem ele, ela compreendia a maioria das coisas e anotava aquilo que precisava de explicação. A mulher contornava os dedos pelo mapa, olhava o caderno e fazia uma anotação em ciclo vicioso que durava minutos à fio em cada análise. Perdeu a noção de tempo até o dedo indicador parar pouco abaixo da Europa. Circulou os dedos delicadamente para a direita refazendo toda a linha do Oriente Médio, deslizando carinhosamente pelo território o qual pertencia a Arábia Saudita, não pode conter que os lábios formassem a curva de um genuíno sorriso.

– Atrapalho algo, Venus? - A voz masculina fez a venusiana saltar para trás.

– Adônis! - Sua mão estava no peito, tentando conter o coração acelerado. - Pela Deusa, não me mate de susto!

– Perdão, não era minha intenção. - Coçou a cabeça confuso.

– Tudo bem. - Soltou os ombros em sinal de alívio. - Não deveria estar descansando?

– Sim, mas é meu dia de folga e ouvi dos outros soldados que hoje você não apareceu para comer de manhã e vim trazer isso. - Estendeu uma cesta com alguns pães, frutas e pedaços bolo. - Pensei que podíamos… Comer juntos.

– Bom… - Os pães convidativos fizeram o estômago da senshi reclamar. - Kunzite vai reclamar, o horário e tudo mais…

– Não precisa se preocupar, o General saiu em uma missão urgente antes mesmo de amanhecer. - Adônis olhava esperançoso.

– Então, acho que tudo bem! - Venus enrolou os mapas abrindo lugar na mesa.

O jovem soldado estendeu uma toalha branca sobre o móvel e, pacientemente, arrumou uma pequena mesa digna de um desjejum agradável.

– Chá? - Ofereceu a ela.

– Por favor. - Pegou a xícara e levou um pedaço de bolo de nozes a boca. - Onde o general foi?

– Uma missão com os outros três. - bebericou a xícara.

– Quando voltam?

– Daqui dois dias, provavelmente à noite. - Levantou as sobrancelhas. - Por que esse interesse tão súbito?

– Apenas preciso continuar meu trabalho e há coisas que sem ele não seriam possíveis de concluir. - Venus tentava esconder o interesse comendo a última mordida de bolo.

– Está bom? - Apenas observou a expressão satisfeita da companheira de mesa.

– Uma delícia! - Exclamou. - Mas se me permite criticar seu ato tão doce, creio eu que tenha trazido comida demais.

– Perdão, eu não fazia ideia do que poderia agradá-la! - Riu sem graça.

– Oras, não vejo problema algum nisso, apenas estou avisando para uma próxima vez. - Gargalhou ao ver que o tinha feito sem graça.

– Certo, isso não tem graça. - O loiro fez uma falsa reprovação. - Então, Venus, me diga: Por que estava tão distraída quando entrei?

– Estava vendo algumas anotações, apenas isso. - Desviou o olhar tentando disfarçar os sentimentos que passavam pela sua cabeça e mordeu uma maçã.

– Sorria muito para quem estava apenas “anotando”. - Estava realmente curioso.

– Bem eu… - Ela interrompeu para morder e engolir mais um pedaço da fruta. - Apenas observava a Arábia, quente como Vênus, entende?

– Perfeitamente. - Apoiou um dos braços na mesa. - Sinto falta de Magellan, aqui tudo é tão frio.

– Como? - Piscou repetidas vezes.

– Sou tão venusiano quanto você, minha princesa. - Levantou e caminhou até ela. - Venus, eu queria te contar há tanto tempo...

– Você… - Viu em sua testa o símbolo venusiano brilhar. - Nossa!

– Sabe, eu e outros soldados fomos mandados para cá há alguns anos em um tratado de paz entre Elysion e Magellan, viemos como reforços a força terrestre.

– Eu devia ter notado! - A senshi pulou da cadeira analisando os traços do homem mais de perto. - Céus como sou distraída!

– Não é sua culpa, mas minha princesa, eu…

– Não sou mais princesa. - Corrigiu.

– Pra mim continua sendo. - Sorriu para ela.

– Pare com isso! - Deu um tapinha leve em seu ombro.

– Você ficou bonita dentro desse vestido de sacerdotisa, devo ressaltar. - Desconversou.

– Obrigada, enviaram parar mim há alguns dias e eu coloquei vários deles no guarda-roupas.

– Não gosta?

– Apenas prefiro os meus, mas como nenhum está limpo…

– Princesa Venus preciso que me escute um minuto. - Acariciou o rosto de Venus, aproximando-se mais, cortando o assunto completamente.

– Desde que não me chame de “princesa”. - Sentia o rastro dos dedos dele sobre sua bochecha formigar.

– Certo, Venus. - Riu e enfatizou o nome dela, tentando conter o nervosismo das palavras que estavam por sair. - Eu a tenho amado por anos. Mas sempre fui um soldado de baixa patente e nunca estaria a altura de uma deusa. Sempre que a via visitar Magellan, sentia meu coração apertar e acelerar ao mesmo tempo e tentava a todo custo me equiparar a você, mas era impossível. Então, me ofereci como soldado voluntário de Elysion, tentando acalmar meu coração e esquecê-la, nunca mais vê-la e eis que você aparece justamente em meu portão e me nota. Amaldiçoei todos os Deuses quando seus olhos me olharam em fúria naquela noite, mas você passou a conversar e se abrir comigo, você ao menos sabia quem eu era e foi doce e amável, tornei-me mais apaixonado ainda. Não acredito que nada seja por acaso, Venus. Se nossos destinos estão cruzados novamente eu… Eu… Me dê uma chance de fazê-la feliz, pois não posso suportar saber que está dentro do mesmo castelo que eu sem que ao menos eu possa dizer-lhe o que está aqui dentro. - Segurou a mão dela, levantando-a em seu peito, onde o coração disparava.

Venus estava completamente paralisada diante da declaração feita, seu rosto queimava e o coração batia forte. Não que sentisse algo além da amizade pelo soldado a sua frente, mas não fazia ideia de como controlar o misto de sentimentos que passavam por sua cabeça.

Adônis sentia a mão dela ainda parada sobre seu coração acelerado. Notou os dedos finos gelarem diante da declaração dele e o forte rubor tomar conta do rosto perfeito da amada. Desceu os olhos para o decote do vestido branco e notou que seu peito subia e descia, como se tivesse corrido quilômetros sem descansos. Subiu novamente para encará-la e o seus maravilhosos olhos azuis - como o mar, podiam o fazer se afogar. - estavam confusos e não conseguiu obter qualquer resposta. Aquilo o fez optar pelo caminho mais curto, então, inclinou seu corpo para beijá-la. Sentiu o sabor da maçã nos lábios dela, doce, suave e inebriante. Buscou por mais, queria que ela se movesse e o respondesse, então, enroscou uma das mãos em seus cabelos dourados e puxou com a outra mão, pela cintura, a mulher mais para perto.

Venus sentiu os joelhos falharem quando o perfume dele invadiu suas narinas, aquilo era errado, muito errado. Fechou os olhos, quase cedendo a delicadeza de Danburite, e a imagem do general e dos beijos trocados na mesma madrugada encheu sua mente, fazendo seu corpo reagir e empurrar o soldado calmamente.

– Me desculpe. - A voz saia quase que inaudível. - Eu não posso fazer isso, Adônis.

– Venus… - Suspirou e a abraçou, quase como um pedido de desculpas. - Eu que tenho que me desculpar, fui impulsivo, eu…

– Por favor, vá embora. - Pediu delicadamente. - Preciso ficar só.

– Certo. - Beijou o topo da cabeça dourada da mulher, recolheu suas coisas e saiu.

Venus fechou a porta da sala de guerra atrás de si quando ele saiu e sentiu as costas escorregarem até o chão. Levou as mãos a cabeça, massageando a têmpora repetidamente. Mais um flash da noite no deserto. As mãos de Kunzite tocando-a, os beijos em seu pescoço, as palavras ditas ao pé de seu ouvido. Tudo passava por sua cabeça mesclado a declaração de Adônis e seu beijo doce e carinhoso e seus dedos entrelaçados nos cabelos de sua nuca. A cabeça da guerreira latejava e doía como nunca antes.

Afinal, havia rejeitado o soldado venusiano por obrigação ou por amor a outro?


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Notas finais do capítulo

Bem, capítulo um pouco tenso mostrando um pouco de Danburite :D
Tive que reler Sailor V pra tentar deixar isso em um contexto legal, espero que gostem.
Agradecimento espcial a Darin por escrever Suntuoso Passado (recomendo ó :D) e me inspirar a continuar escrevendo cada vez mais.



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