- Sofia, acorda!

- Mãe, deixa-me mais 5 minutinhos, tenho tanto sono!

- Levanta-te, o teu pai tem uma reunião no hospital e eu também vou a uma, acho que vou conseguir um projecto para decorar um hotel, e queremos levar-vos a escola no primeiro dia.

- Esta bem – levantei-me ainda de olhos fechados, já que a minha mãe fez questão de abrir as cortinas o que fez o quarto ficar com uma claridade insuportável.

- Vai tomar banho rapidamente, para vires tomar o pequeno-almoço.

Tomei um banho o mais rápido possível, sequei um pouco o cabelo, lavei os dentes, fiz uma leve maquilhagem e vesti-me http://www.polyvore.com/school/set?id=36788360 .

Nunca tenho muita fome de manha, mas a minha mãe obriga-me sempre a comer qualquer coisa, comi um iogurte e uma torrada.

O meu pai estacionou frente a minha nova escola, dei um beijinho nos meus pais e um a minha irmã.

- Vai correr tudo bem, maninha – disse-lhe.

- Vou buscar-te a escola antes de ir para casa, esta bem? – Perguntei-lhe já que a via bastante nervosa.

- Obrigada Sofia – finalmente deu-me um sorriso de canto.

- Boas aulas, filha – desejou-me a minha mãe.

- Obrigada, até logo – disse enquanto abria a porta.

- Se for preciso vir aqui diz-me, ok? Que depois da reunião já devo estar livre – disse-me o meu pai antes de eu sair do carro.

E então aqui estava eu. Em frente a uma grande escola, até era bem parecida com a minha escola anterior.

Estava muita gente a entrar naquele momento, pelo que sabia faltava cerca de meia hora para o toque de entrada, e eu ainda tinha de ir a secretaria para me darem o horário.

Ok, já estava a notar os olhares, pareço uma E.T. tudo olha, enfim…

Entrei e vi logo a esquerda uma porta que dizia “Secretaria”.

Estava só uma rapariga ao balcão, fiquei ao lado dela e logo veio uma senhora de meia-idade, muito simpática.

- Bom dia, querida.

- Bom dia, eu sou nova cá, este é o meu primeiro dia, vinha buscar o horário.

- Ah sim, já recebemos alguns documentos todos, mas ainda faltam alguns, mas nada que te impeça de fazer as aulas – disse bastante sorridente.

- Pois, eu se. Lá na minha escola anterior, disseram que o que pudessem mandar electronicamente mandavam logo, mas o que não fosse possível era capaz de demorar um pouco mais.

- Pois, tu vens de Portugal, não é?

- Sim – respondi-lhe, ela era realmente simpática.

- Vais estranhar a comida, querida – começou a rir-se – ca para nos a nossa comida comparada com a vossa não presta.

- Já fui avisada – ri-me juntamente com ela – eu recomponho-me em casa.

- Fazes bem… Sofia, certo?

- Sim, Sofia Pereira.

- Espera ali um bocadinho enquanto eu trato do teu horário – apontou-me para um sofá.

Sentei-me, logo a seguir a rapariga que estava ao balcão sentou-se ao meu lado.

- Olá, eu sou a Hanna.

- Olá, chamo-me Sofia.

- Nova cá, então, complicado?

- Ainda não deu para perceber muito bem – sorri – a parte dos olhares, cá para nos sinto-me como se viesse de outro planeta.

- Do outro planeta não, mas do outro lado do Atlântico – riu-se – vens de Portugal, certo?

- Sim.

- Eu tenho família lá?

- A serio? Em que cidade?

- Sim, em Lisboa.

- Eu sou de lá, também – sorri – Já foste lá alguma vez?

- Fui uma vez, há dois anos. Adorei, aquelas praias…

- Ai não me fales nisso, vou ter tantas saudades daquilo tudo: da comida, do clima, da praia… - dizia enquanto olhava para o tecto.

- Vais-te acostumar aqui, eu ajudo-te.

- A sério? Obrigada Hanna.

- Sofia, tens aqui o teu horário e as chaves do teu cacifo – chamou-me a senhora simpática.

Peguei, agradeci e voltei para o lado da Hanna.

- Deixa-me ver, assim ajudo-te nas salas.

Ela pegou e começou a rir-se.

- O que foi? – perguntei.

- Somos da mesma turma.

- Boaaa – fiquei feliz, já tinha uma amiga e na mesma turma que eu.

- Mesmo, olha vamos ter Educação Física agora, gostas?

- Adoro, sabes me dizer se há algum desporto escolar aqui? – perguntei na esperança que houvesse voleibol.

- Sim, temos uma equipa de hóquei no gelo e uma de voleibol – quando ela disse “voleibol” eu comecei a rir-me super animada.

- Estou a ver que gostas de voleibol…

- Se gosto? Eu amo mesmo!

- Jogavas na tua antiga escola?

- Sim, era capita da equipa da escola e era federada, participava em provas nacionais e assim.

- Era sério…

- Pode-se dizer que sim – sorri.

- Olha, eu faço parte da equipa, se quiseres eu peço ao nosso professor de Educação Física que também é quem treina a equipa de voleibol e ele faz-te uma avaliação para ver se entras na equipa.

- Oh isso era óptimo, Hanna!

- Entao, vamos a sala de professores, quanto mais cedo entrares melhor, estamos a procura de melhores resultados – riu-se.

- Espero poder ajudar – levantamo-nos disse um tchau a Sr. Marie da secretaria e fomos até a sala de professores, falamos com ele e ele foi muito simpático e disse que íamos jogar um bocadinho hoje na aula e ele logo avaliava.

Fiquei feliz, a Hanna acompanhou-me ao cacifo para eu deixar la os meus livros e íamos a caminho do ginásio.

- No próximo intervalo mostro-te a escola e apresento-te a algum pessoal mais fixe.

- Ok, obrigada.

O meu telemóvel tocou, tirei-o da mala e vi que era o Pedro.

- Bom dia amor – disse sorridente, a Hanna olhou para mim, apesar de não conseguir perceber a nossa conversa, reparou que devia ser alguém importante para mim.

Falei com o Pedro sobre a casa, a escola, devido a diferença horária, ele já estava a sair das aulas para ir para casa, se eu ainda estivesse lá provavelmente eu iria para casa dele e estudávamos durante a tarde, mas agora as coisas mudaram…

- Namorado? – perguntou quando desliguei a chamada e voltei a guardar o telemóvel.

- Sim, conseguiste perceber – ri.

- É, não é preciso entender a língua, basta olhar para esse sorriso. Complicado deixa-lo lá, não é?

- Nem imaginas – disse enquanto entravamos no balneário.

- Eu não sabia o que fazer se tivesse de deixar o Ryan – disse pensativa.

- O Ryan, é o teu namorado? – perguntei-lhe.

- Sim, ele também é da nossa turma, depois apresento-te.

- Ok, madame – ri e entramos na zona onde é para nos equiparmos, era um balneário com boas condições, assim como o resto da escola, tinha chuveiros com cabine individual, ao contrário do da minha escola, que era tudo ao molho e fé em Deus ahahah.

Ela apresentou-me as meninas da minha turma que estavam no balneário, pareciam simpáticas, menos um grupo de três, que olharam para mim com cara de frete: a Claire, a Hanaa contou-me que ela é a capita da equipa de voleibol, a Joanne e a Kate que também fazem parte da equipa.

Já estava a ver o filme. É o grupinho das enjoadinhas, mas isso não e afecta nada sinceramente, acho que já estou vacinada contra esse tipo de miúdas, tive de aturar muitas naquela escola em Portugal, algumas bem mazinhas.

 Equipei-me http://www.polyvore.com/volleyball/set?id=36789986 , fiz um rabo de cavalo e fui com a Hanna até ao ginásio principal, era bastante grande, gigantesco até, tinha de um lado uma rede de voleibol, do outro era um campo livre e tinha bancadas em toda a volta.

Mal entrei comecei a ouvir os cochichos, e outros desejei que fossem cochichos.

- Elá!!! Até já gosto mais desta turma – disse em alto e bom som, um rapaz que se não fosse tão bronco e estúpido diria que era bonito até dizer chega, tinha o cabelo castanho claro todo bagunçado o que o fazia bastante sexy, os olhos também eram castanhos-claros, lindos na realidade, e aqueles lábios… Mas para estragar tinha de ser um bronco convencido.

- És tu e eu JB – disse agora um com o cabelo mais escuro e um bocadinho maior que esse tal JB, e menos bonito, claro.

- Podias-me ter dito que esta turma estava cheia de otários – disse baixinho para a Hanna que estava bem ao meu lado.

- Não ligues Sofia, és a novidade compreende la – riu-se – e ninguém te mandou seres assim…

- Ah?

Ela começou-se a rir quando reparou que eu não tinha percebido o que ela tinha acabado de dizer.

- Sofia, tens espelho em casa, certo?

- Claro, parva – ri-me – e já percebi onde queres chegar, mas olha que não é por ai.

- Claro que é, olha para ti, esse cabelo e olhos escuros, toda bronzeada, com um corpo de fazer inveja a qualquer rapariga desta escola… - ela ia continuar mas eu interrompia-a, já estava a corar, é eu tenho um problema quando me elogiam, eu coro quase instantaneamente.

- Já chega Hanna – implorei a rir-me.

- Olha, eu deixo-te já as apresentações daqueles três – apontou para o grupo onde estavam os dois que mandaram os piropos.

- Aquele que não te disse nada, e que se dissesse já estava a levar, é o Ryan Butler, o meu namorado.

- O teu namorado, anda com aqueles dois? – perguntei admirada.

- É, anda. E olha que antes de começar a namorar comigo também mandava dessas boquinhas mas agora não pode, pelo menos não o faz a minha frente – riu-se e eu ri-me também – o de cabelo mais escuro é o Chaz Somers e o outro é o Justin Bieber, ele é o capitão da equipa de hóquei, é o maior mulherengo da escola inteira, acho que já deu pelo menos um beijo – deu ênfase a parte do “pelo menos um beijo” – a metade das raparigas desta escola, ou seja é o rapaz mais popular e as meninas andam atrás dele a babar, ele só tem de escolher, é horrível de se dizer, mas é verdade.

- Que degradante – disse até que o professor me chamou junto dele e o resto da turma se posicionou a nossa frente, tenho exactamente esse tal de Justin a minha frente a sorrir, ok tinha um sorriso bonito se o intuito não fosse “vou-te comer”.

- Meninos, não sei se já sabem, mas esta é a vossa nova colega de turma – disse o professor e eu não estava nada a gostar de ser observada de cima abaixo por aquele gajo que eu estava a começar a achar insuportável – Bom, eu faço-te umas perguntas para eu deixar aqui no livro da turma e assim os teu colegas ficam a saber um pouco mais sobre ti.

- Ok – disse eu.

- Então, vamos lá, nome? – perguntou.

- Joana Pereira.

- Idade?

- 17 anos.

- Desculpa isto estar a parecer um interrogatório – riu-se e a turma também se riu.

- Não faz mal – sorri também.

- Nacionalidade?

- Portuguesa – respondi e ouvi uns “wooows” dos rapazes da turma, aquilo estava a enervar-me quando olhei para a Hanna, ela encolheu os ombros como se não pudesse fazer nada.

Direccionei o meu olhar para o tal Justin e acho que ele entendeu o aviso de morte que lhe dei apenas com aquele olhar, mas mesmo assim riu malicioso o que me pôs os nervos em franja.

- Vá meninos, não quero boquinhas, controlem essas hormonas – as raparigas começaram-se a rir com a indirecta do professor que deu a entender que eles eram imaturos, bem feita! – sem ascendências? – perguntou e eu sinceramente não percebi para o que aquilo era importante – 100% portuguesa?

- 100% - respondi e o “woow” repetiu-se mas ignorei.

- Desportos que praticas ou praticaste?

- Ballet dos 3 aos 11 anos, Natação dos 2 aos 12 e Voleibol dos 11 até agora – olhei para o resto da turma e havia umas raparigas que olhavam para mim de boca aberta, ok eu fiz muito desporto, e só não fiz mais por causa da falta de tempo.

A Claire estava fula, provavelmente tenho mais anos de voleibol que ela e ela não gostou.

- Uma desportista.

- Sim – sorri.

- Quanto ao voleibol, participavas em competições ou era só competições na escola? – perguntou.

- Fui capita da equipa da escola por 5 anos e sou federada, ou melhor, era.

- Quanto tempo foste federada?

- 5 anos também.

- Títulos? – perguntou curioso, a rir-se.

- A minha equipa foi duas vezes campeã nacional – respondi a rir-me.

- Boa, estou a gostar. Por mudares de país deixaste de ser federada foi?

- Continuo federada, mas o processo ficou bloqueado pela mudança de país, caso eu queira entrar em alguma equipa aqui – respondi e reparei que só faltava deitar fumo pela linda cabecinha loira oxigenada da Claire.

- Não é que eu ache que seja necessário, mas vamos fazer uma partidinha para ver como estás.

- Cá para mim, eu acho que ela está muito bem stor, melhor era impossível – disse o parvo do Justin.

- Bieber, vê lá se com as piadinhas a tua braçadeira de capitão da equipa de hóquei não sai do teu braço.

- Entendido chefe – respondeu.

- Acho bem – avisou o professor John – meninos para aquela bancada - apontou para a bancada que ficava frente ao campo de voleibol – meninas, posicionem-se neste campo, Claire faz as equipas.

Acabei por ficar na mesma equipa que a Claire, mas tanto faz, fiquei com a Hanna também e algumas raparigas que me pareciam simpáticas.

A Kate e a Joanne, as amiguinhas da cabeça oxigenada ficaram na equipa adversária.

Enquanto o stor foi buscar a bola eu sentei-me para apertar melhor os cordoes das sapatilhas e colocar as joelheiras.

Olhei para a bancada onde estavam os rapazes e o Justin não tirava os olhos de mim, aquilo estava-me a irritar, acho que se ele viesse falar comigo neste momento era capaz de receber uma resposta tão torta!

- Preparada para arrasar? – perguntou-me a Hanna, ajoelhando-se atrás de mim e pondo as mãos nos meus ombros – acho que o Justin está interessado…

- Sim estou pronta para arrasar e não, não acho que esteja interessado em nada, a não ser em ficar sem dentes – respondi imediatamente, enquanto acabava de puxar a joelheira esquerda, pondo-me em pé.

- Agressiva – disse levantando-se tambem e rindo-se.

- É, posso ser. Ele ainda nem falou para mim directamente e é bom que não o faça se não vai ter problemas.

- Acho que ele vai falar contigo logo que tiver a mínima oportunidade, podes ter a certeza.

- Que seja, quem vai passar mal vai ser ele.

- Isso ainda vai dar molho, vou estar aqui para assistir – riu-se.

- E para me apoiares, espero – ri-me, abraçando-me a ela.

- Claro, boa sorte – disse quando o stor chegou com a bola na mão.

- Boa sorte.

Começamos o jogo, a minha equipa ganhou o primeiro set, fiz uma série de pontos enquanto que a Claire até agora só tinha feito 2, e eu perdi a conta aos meus, acho que ela não estava a achar graça nenhuma.

No segundo set, uma jogada que era suposto ser a Claire a ir a bola, mas a menina não se dignou a esticar-se um pouco e eu tive de ir ao chão, conseguindo levantar a bola e a Hanna fez o remate e ponto para a nossa equipa.

- Parece que temos uma brutamontes na nossa equipa – mandou a boca para mim.

- Desculpa?

- Sim, já roubas jogadas e tudo – acusou-me.

- Roubar? A jogada era tua sim, mas não quiseste ir ao chão, problema em partir as unhas suponho, se eu não fosse, o ponto era delas.

- É Claire, a culpa foi tua – disse a Hanna e as restantes raparigas concordaram.

- Isto não vai ficar assim, ninguém me humilha – disse-me quando passou para mim, para servir.

- Foste tu que te humilhaste não eu, querida – tanta confusão e estou apenas na primeira aula, espero que isto acalme, se não vou ter um ataque cardíaco até ao fim do dia.

Ganhamos o segundo set e estávamos a ganhar o terceiro, os rapazes pelos gritinhos másculos estavam a apoiar a nossa equipa, ouvi bocas durante todo o jogo, mas estava concentrada e nem ligava, o que eu queria mesmo era entrar na equipa.

Era a minha vez de servir, odiava tê-lo de o fazer de costas para a bancada cheia de rapazes com as hormonas aos saltos.

Posicionei-me e no momento em que ia a lançar a bola ouvi a pérola do Justin:

- Oh portuguesinha, tens umas belas pernas, a que horas é que abrem? – isto eu não ia ignorar, o serviço foi limpo e foi ponto nosso, ou seja, ganhamos o ultimo set, jogo limpo.

Virei-me imediatamente para trás e disse em alto som:

- Abrem, abrem na hora em que te fizer ficar sem esses dentinhos – tinha de dizer.