- Sofia, o Pedro está aqui para se despedir de ti – a minha mãe avisou-me do andar de baixo a alto e bom som.

- Manda-o subir mãe – já estava um bocado atrasada, as malas já estavam feitas mas havia algumas coisas materiais que queria levar e que ontem não tive tempo de arrumar.

Estava a tirar as fotos que tinha num placar por cima da secretaria e de repente fui abraçada por trás pelo meu namorado.

- Vou ter tantas saudades tuas – disse-me ao ouvido.

Virou-me de frente para ele e deu-me um beijo longo mas carinhoso.

- Eu também vou ter saudades tuas, mas já te disse, temos sempre a internet e podes-me ir lá visitar – disse-lhe enquanto voltava a tirar as restantes fotografias e a coloca-las na mala.

- Não vai ser igual, Sofia – virei-me novamente para ele e segurei-lhe as mãos.

- Eu sei que não mas tem de ser, Pedro.

- Sei disso, mas… - já adivinhava o assunto que ele queria tocar.

- Mas…

- Será que a distancia não vai…

- Pedro nós já falamos disto, sem preocupações…

- Ok, o nosso combinado foi: se sentirmos que não da para continuar com o namoro, se as coisas mudarem por alguma razão, falamos e logo vemos o que resolvemos.

- E é isso Pedro, não vamos sofrer por antecipação.

- Esta bem, mas é que não estamos juntos assim há tanto tempo, só são 6 meses e tenho medo que não seja o suficiente para o nosso namoro aguentar a distância.

- Ai amor, não conhecia essa tua faceta de inseguro – ri-me e abracei-lhe bem apertadinho.

- Nunca tinha acontecido nada parecido comigo, é só isso.

- Chega de falarmos disto, ok? Quero despedir-me em condições de ti, não quero tristezas – dei-lhe um beijinho na bochecha.

- Tu consideras este beijinho uma despedida em condições? – riu e puxou-me para a cama.

- Desculpa amor, mas este tipo de despedida não funciona quando tenho os meus pais lá em baixo, cheios de pressa para ir para o aeroporto – levantei-me e puxei-o.

- Oh é pena – fez carinha triste, beijei-o e acabei de guardar as coisas que queria levar.

Descemos, ele ajudou-me a levar as malas ao carro, entretanto a minha melhor amiga Maria chegou para se despedir de mim, já estavam dentro do carro a minha espera.

- Acho que é agora – disse-me e abraçou-me.

- Vou sentir a tua falta Pedro.

- Não imaginas a falta que me vais fazer amor – beijamo-nos.

Abracei com muita força a Maria, ela é como uma irmã para mim e provavelmente é a pessoa que se eu pudesse levava comigo, claro que também gostava de levar o Pedro, mas bem, um namorado pode não durar para sempre, o que é o mais provável, mas uma amiga como a Maria sei que posso contar com ela para o resto da minha vida.

- Cuida bem de ti miúda – disse-lhe enquanto lhe dava um colar meu que tinha a minha inicial.

- Mas este, é o teu colar favorito…

- Sim, e é por isso que te estou a dar – sorri mas já começava a chorar e ela também.

- Vais ser sempre a minha melhor amiga – abraçou-me novamente e estivemos um bom bocado abraçadas a chorar, até que o meu pai buzinou para eu entrar, já estávamos bastante atrasados.

- Vê se me vais visitar o mais rápido possível.

- Podes crer que vou.

Afastei-me dela e fui dar um último beijo ao Pedro.

- Cuida da Maria por mim, por favor, e cuida bem de ti também.

Entrei no carro, pus o cinto e acenei enquanto o meu pai arrancou.

Demoramos 20 minutos a chegar ao aeroporto, ainda bem que não apanhamos trânsito se não ainda perdíamos o avião.

No avião sentei-me junto a minha irmã, a Filipa tem 10 anos e portanto ainda esta mais nervosa que eu.

- Mana – disse batendo-me no braço para eu olhar para ela, já que ia entretida a ouvir música.

- Diz linda – tirei os phones e abracei-a de lado.

- Tenho medo.

- De quê?

- Não vou conhecer ninguém na nova escola, e se eles não gostarem de mim e se eu me atrapalhar e não conseguir falar inglês em condições?

- Filipa… Tu falas muito bem inglês e tenho a certeza que te vão adorar, se tu mesma e vais ver que vais ter tantos amigos quanto os que fizeste em Portugal.

- Mas eles podem não gostar de mim…

- Não iam gostar, porquê?! Claro que eles vão olhar para ti de forma diferente no primeiro dia, mas isso vai acontecer comigo também.

- Porquê?

- Então, olha, primeiro somos novas lá, segundo quando chegares vais poder ver que o nosso aspecto é um bocadinho diferente do deles.

- Diferente?

- Sim, diferente, mas um diferente bom. É só que lá a maioria dos meninos e meninas são loiros e um bocadinho menos morenos que nos.

- Ahh.

- No primeiro dia vais logo arranjar namorado – ri-me e parece que o meu pai ouviu também e virou-se para trás.

- Quem é que vai arranjar namorado logo no primeiro dia?

- A Filipa pai.

- Espero bem que não, não quero ter de comprar uma caçadeira para por atrás da porta – começamos a rir-nos com a imagem que o meu pai nos fez imaginar.

O meu pai não era muito conservador, até porque me deixou fazer as tatuagens que tenho, demorou um bocadinho a convence-lo, mas consegui com a ajuda da minha mãe.

Claro que quando eu lhe apresentei o Pedro ele fez mil e umas perguntas sobre ele, mas é mais por preocupação, não é para proibir.

E agora imagina-lo com uma caçadeira na mão a janela foi uma imagem bem hilariante.

A viagem de cerca de 7 horas até que passou rápido, isto porque eu passei a maior parte do voo a dormir e a ouvir musica.

Estava ansiosa para saber como era a nossa casa, os meus pais não me disseram nada nem a minha irmã, disse que queria que fosse uma surpresa. Mas ouvi a minha mãe a falar com uma amiga e a dizer que era linda, que quando eu e a Filipa víssemos nos íamos “passar”.

Estou mesmo curiosa…

Finalmente chegamos a nossa casa. Por fora via-se que era bem grande. Tinha um grande portão, entramos por ai, na parte da frente da casa era um jardim, com bastantes flores e arvores que daqui a uns meses iam ficar tapados pelas camadas de neve.

O meu pai pegou na chave da casa abriu, fui logo a primeira a entrar seguida da Filipa que também estava morta para saber como era a nossa casa.

Deu acesso a uma sala grande e moderna com um sofá gigante, ao fundo tinha uma mesa de jantar e junto a zona dos sofás uma escada que levava ao andar seguinte.

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- A sala é linda e este sofá já me esta a fazer imaginar umas sessões de cinema com muitas pipocas – atirei-me com força no sofá.

- Pois, filha mas acho que não vais precisar de ver filmes aqui.

- Não? – não havia de ver filmes ali porque, afinal a televisão era bem grande e tinha um sistema de som e tudo, acho que era ideal.

- Sobe essas escadas e entra na porta a direita – disse-me o meu pai também entusiasmado ao ver a casa.

Subi a correr e eles seguiram-me.

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- WOW! Isto é a coisa mais fixe que eu alguma vez vi!

Não resisti e saltei para cima daquele sofá? Cama? Não sei bem o que era aquilo mas era muito fixe para saltar.

- Eu já sabia que elas iam fazer isto – disse a minha mãe de braço dado com o meu pai a rirem-se enquanto assistiam a nossa sessão de saltos.

- Quando tivermos amigos aqui, já sabes o que vamos fazer mana – disse-me a Filipa toda contente.

- Podes crer maninha.

- Vá, vamos conhecer o resto da casa – o meu pai agarrou em mim e a minha mãe na Filipa e tiraram-nos do sofá gigante.

Havia varias portas naquele andar, mas tinha uma escada para o que acho que era um sótão.

- Aqui é o quarto da Filipa, espero que gostes filha – abrimos a porta e ficamos de boca aberta, era um quarto de princesa, era lindo.

http://weheartit.com/entry/14378077 Tinha ainda uma porta que dava para um closet que ela depois ia por toda a roupa, sapatos e tudo, tinha imenso espaço e ainda uma casa de banho privativa, já não precisava de partilhar casa de banho comigo ahahah.

- É lindo pai – conseguiu dizer depois de vaguear pelo quarto a ver tudo.

- Ainda bem que gostas, foi a tua mãe que tratou da decoração da casa, toda! – disse o meu pai, olhando todo orgulhoso para a minha mãe.

- A distância conseguiste fazer tudo isto? – perguntei-lhe admirada.

- A internet faz milagres, Sofia – disse e piscou-me o olho.

- Ainda há mais para ver meninas – a minha mãe disse toda entusiasmada para ver o resultado do trabalho dela.

Entramos no quarto dos meus pais, muito grande e bonito, adorei mesmo http://weheartit.com/entry/14382486.

Depois vimos o escritório do meu pai e da minha mãe, tinha bastante espaço com estantes para os livros e outros documentos deles, duas secretarias enormes, uma para cada um deles e um sofá que parecia bastante confortável. E um quarto de hospedes, muito bonito também, aquela casa estava perfeita.

- Acho que por aqui esta tudo, agora é a tua vez de ver o teu quarto – disse a minha mãe apontando para mim.

- No sótão?

- Nos sabemos que sempre quiseste ter um quarto no sótão, não era?

- Estão a brincar? – já estava a mil a hora.

- Vai lá ver, miúda! – disse o meu pai.

Subi as escadas, só havia uma porta, era ali o meu quarto, oh meu Deus, abri e era fantástico...

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- Mãe, é perfeito, obrigada – fui logo dar-lhe um abraço a ela e ao meu pai e a Filipa juntou-se a nos.

- Mas ainda há mais – apontou para as escadas.

- O que é?

- Sobe.

Subi e deu a uma salinha pequenina com uma espreguiçadeira e uma estante e tinha uma porta abri e era uma casa de banho gigantesca, que dava acesso a um closet só para mim.

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- Agora só falta, pores aí as tuas roupas todas.

- Ai mãe, e ainda vai sobrar espaço.

- Isto é enorme! – a minha irmã disse tão admirada como eu.

Andei por lá a explorar um pouco e depois os meus pais levaram-nos até a zona exterior, havia um grande relvado com bastante espaço mas também tinha uma espécie de grande varanda com sofás e lareira, aquilo estava muito giro.

http://www.polyvore.com/cgi/set?id=36803243

- Agora vamos ter de vos tapar os olhos – disse o meu pegando em duas tiras de pano preto.

- Para que? – perguntei assustada e curiosa ao mesmo tempo.

- Surpresaaaa – disse a minha mãe.

- Então ponham logo, quero saber o que é – disse eu.

Eles puseram-nos a venda e andamos um pouco pelo jardim, e entramos num local.

- Estao prontas? – perguntou a minha mãe.

- Sim – dissemos eu e a Pipa ao mesmo tempo.

Eles tiraram-nos as vendas e tínhamos uma piscina. Nos sempre quisemos uma piscina.

http://www.polyvore.com/cgi/set?id=36803251 Era um espaço enorme e a piscina também era, tinha de um outro lado, dois jacuzzis e espreguiçadeiras.

- Vocês são loucos – eu disse quando finalmente consegui falar – esta casa é a minha casa de sonho.

- Já que mudamos de pais e é tão difícil para vocês, ao menos ao mudar tinha de ser para uma casa melhor, e o que nos queremos é a vossa felicidade e sempre soubemos que vocês queriam uma piscina. É interior porque assim podem usar todo o ano, porque da para programar para ficar com água quente.

- Maravilhoso!

- Mãe, assim posso treinar quando quiser – disse a minha irmã que em Portugal era federada em natação e estava toda entusiasmada pelo facto de agora sempre que quiser pode vir nadar para aqui.

Fomos buscar as malas ao carro que alugamos no aeroporto enquanto o nosso carro não chega, já que vem de barco e demora mais tempo.

Passei o resto do tempo até ao jantar a colocar a roupa no closet, as fotos na parede em frente a secretaria e na porta do quarto por fora, colei um autocolante com a frase “THIS IS THE BEST ANONYMOUS PLACE IN THE WORLD”, já tinha na porta do meu quarto em Portugal.

O meu pai sugeriu irmos jantar fora, mas a minha mãe estava demasiado ansiosa para estrear a cozinha, só ela mesmo…

Jantamos, eu subi logo para o meu quarto, estava cansada, dia comprido…

Tomei banho, vesti o pijama, arrumei os livros na mochila para amanha ser mais rápido e fui dormir, adormeci logo que nem uma pedra.