- Meeellll, você veio! – Angela veio correndo do quarto e a abraçou. Lauren retribuiu o abraço com ternura.

- minha anjinha, eu prometi que viria, não foi? Eu disse que queria conhecer seus ursinhos. – ela sorriu arrancando um largo sorriso do rosto da minha filha.

- vem comigo, vou te mostrar meu quarto. – ela saiu arrastando Lauren pelo braço.

- hey mocinha! – reclamei.

- não se preocupe, Gerard. Eu adoro ursos de pelúcia. – Lauren riu e entrou no quarto com Angela.

As duas ficaram conversando e brincando por um longo tempo dentro do quarto infantil. Isso me deu algum tempo para arrumar a mesa do jantar e verificar se a comida ainda estava, digamos... digerível. Apesar de todo o desespero, a comida estava ótima e tudo estava pronto para a janta.

Resolvi checar de mansinho para ver o que as duas estavam fazendo depois de tanto tempo no quarto, mas quando coloquei a cabeça pela brecha da porta meus olhos quase se encheram de lágrimas.

Era uma visão linda, uma cena que há tempos eu sonhava em ver novamente, mesmo sabendo que isso era impossível. Ou quase. Era apenas um deja-vú.

Lauren acariciava o rosto de Angela e cantava uma música de ninar. Minha pequena anjinha dormia tranquilamente em sua cama, abraçada a um ursinho que um dia fora presente de Lyn. Ah, como ela amava aquele ursinho! Ver aquela cena me deu um nó no peito, uma sensação de que meu mundo estava entrando novamente em tristeza e agonia.

Mas foi só Lauren se levantar e vir em minha direção, andando em passos de fada, que tudo mudou. O sol em meu peito voltou a brilhar e um sorriso bobo surgiu novamente em meu rosto.

- ela acabou dormindo. Essa menina é um anjo. – ela fechou a porta devagar para não fazer barulho e nós andamos até a cozinha.

- bom... agora somos só nós dois. – eu nem senti as palavras saírem de minha boca.

- o cheiro está ótimo! – ela riu e ficou vermelha ao mesmo tempo. Fiquei em dúvida se a frase tinha sido apenas uma ‘fuga’ do assunto que surgiria.

- espero que o gosto também.

Nós dois rimos e nos sentamos à mesa. Não era pra ser um jantar romântico, mas parecia que Deus estava ao meu favor.

Antes que eu pudesse abrir a tampa da panela, a luz apagou. Não só a da minha casa, mas a do edifício inteiro.

Fui até a janela e ouvi o síndico dizendo que tudo voltaria ao normal em pelo menos uma hora.

- me desculpe... parece que a luz vai demorar a voltar... – sussurrei envergonhado.

- não precisa se desculpar. Isso acontece.

- o que vamos fazer? A comida irá esfriar. – tentei rir um pouco, mesmo a situação sendo trágica.

- você tem velas?