Não acreditei quando ela teve essa maravilhosa idéia. Por que eu não havia pensado nisso antes?? Idiota. Idiota.

Recolhi algumas velas que estavam guardadas na gaveta, esperando uma oportunidade de serem usadas pela primeira vez. Sem dúvida, essa era a oportunidade.

Acendemos 2 velas, uma de cada lado da mesa e o clima ficava cada vez mais tenso. Talvez a tensão fosse toda minha... mas quem sabe?

Antes de recomeçarmos a jantar, fui até o quarto de Angela para verificar se estava tudo bem. Ótimo, ela dormia com os anjos.

- você tem uma filha incrível, Gerard.

- obrigado.

- não digo isso para qualquer pai. Estou dizendo do fundo do coração. Sua filha é... especial. Eu não sei o que ela tem, mas é algo que faz as pessoas ficarem caidinhas por ela. – nós dois rimos.

- então ela não herdou isso de mim. – brinquei e mais uma vez ela ficou com as bochechas coradas.

Vocês acham que o jantar passou disso? Sinto desapontá-los. Não passou.

Passamos o tempo inteiro conversando sobre Angela, sobre seus estudos, seus modos, sua educação elogiada, etc. Ao fim, nem parecia um jantar romântico, e sim, uma reunião entre pais e professores. Só que dessa vez, exclusiva.

Quando nos demos conta, já era bem tarde e a luz ainda não havia voltado. As velas estavam acabando e nossos pratos já estavam vazios há horas.

- é, parece que aquele síndico me enganou. – eu ri.

- Gerard, foi um prazer jantar com você. A comida estava realmente ótima, mas eu preciso ir. Já está tarde.

- oh, eu nem reparei. Me desculpe alugá-la por tanto tempo.

- não peça desculpas. Eu gostei mesmo de estar aqui.

Como um perfeito cavalheiro, a ajudei a se levantar e a acompanhei até a porta.

A essa altura, eu já nem tremia mais...

- então... nos vemos amanhã? – perguntei esperançoso, mesmo sem saber qual seria a reação dela. Será que ela queria me ver novamente?

- se Angela não se atrasar para a escola... – ela sorriu.

Pronto. O maldito mal-jeito apareceu de novo. O que eu devia fazer?  Apertar sua mão? Abraçá-la como um amigo? Beijá-la no rosto? Ou...

- a luz. Voltou. – ela disse ainda com o sorriso estampado no rosto.

Foi então que percebi que a luz da sala já estava acesa, apesar de que meu coração já estava iluminado desde que ela havia chegado.

- sorte do síndico. Não vou precisar matá-lo amanhã. – ela riu da minha piada de mal gosto. Graças a Deus.

- então... nos vemos amanhã. Até logo... Gerard.

É, ela foi embora. E eu mais uma vez banquei o otário sem jeito. O que fiz? Nada. Absolutamente nada. Tantas opções, nenhuma ação.

Dei mais uma olhada em Angela e fui dormir. Ou tentar.

Meu coração ainda não queria acreditar na verdade.

Eu estava realmente apaixonado.