Chegamos em casa e troquei a roupa de Angel, para que ela não ficasse resfriada. Enquanto a vestia, a imagem de Lauren sorrindo não saía de minha cabeça. Deixei escapar um sorriso bobo e balancei a cabeça tentando esvair meus pensamentos. Impossível.

- papai, do que está rindo?

- de nada, minha anjinha. O papai estava apenas lembrando algumas coisas engraçadas.

- o que o senhor achou da Mell? Ela é muito bonita, não é?

- sim. Ela é linda. – sorri com a pergunta e mais ainda com a minha resposta. Onde eu estava com a cabeça?

- o senhor está sorrindo de novo.

Tentei apagar o sorriso e esquecer meus pensamentos. Eu não podia estar fazendo isso. Não podia.

- que tal um chocolate quente, hein? O que acha?

- oba!!! Eu te amo, papai.

Angel dormiu antes das 10 da noite. Eu ainda estava sem sono e decidi fazer o que eu sabia melhor pra me distrair. Peguei uma tela em branco, tintas e pincéis. Eu estava inspirado de verdade, pela primeira vez em 4 anos.

O dia seguinte foi monótono. Deixei Angela na escola e nenhum sinal de Lauren por perto. Devia ser seu dia de folga, ou quem sabe, ela estava muito ocupada para sair e tomar um café.

Quando me dei conta, já eram 5 da tarde e eu tinha passado o dia inteiro na cafeteria em frente à escola, esperando vê-la de novo. Era loucura. Eu só podia estar louco.

Ela não apareceu. Eu teria que esperar até o dia seguinte para tomar coragem de fazer o que eu queria.

Quarta-feira. Acordei cedo, tomei um banho, arrumei o cabelo. Estava pronto. E nervoso também. Angela nem acreditou quando me viu daquele jeito. O que ela tinha de pequena, ela tinha de esperta.

- wow! Papai, o senhor tá um gato!

Sorri. Eu tinha chances.

- vamos, mocinha. Não queremos chegar atrasados na aula, certo?

- claro que não! – ela riu.

Pegamos um táxi até a escola, como fazíamos todos os dias. Algumas professoras ficavam na entrada recebendo os alunos. Olhei pra todos os lados, mas não a encontrei. Angel viu meu olhar preocupado e apertou minha mão.

- papai, eu tenho que ir pra aula.

- ah, é verdade. – saindo da distração, soltei nossas mãos e abaixei, ficando da altura dela. – comporte-se mocinha.

- eu prometo. – ela me abraçou e me deu um beijo no rosto.

- te amo, anjinha.

- também amo você, papai.

Ela entrou correndo e eu fiquei ali parado, sozinho. Todos já haviam entrado na escola e apenas eu tinha sobrado.

- é... ela não apareceu.

Já tinha perdido as esperanças de vê-la novamente quando tive uma surpresa. Ao me virar, ela atravessava a rua em minha direção vestindo um vestido bege e cabelos soltos ao vento... Assim que ela me viu, tropeçou no paralelepípedo e caiu em meus braços. Literalmente.

- oh, me desculpe. – seu rosto ficou vermelho sangue.

- não se desculpe. Foi um prazer te-la em meus braços. - Após perceber o que tinha acabado de dizer, tentei consertar e só piorei as coisas. – quero dizer... você poderia ter caído, batido a cabeça e...

- muito obrigada... Gerard. – ela me cortou (antes que eu continuasse inventando desculpas) e deixou escapar um doce sorriso. – Eu tenho que ir, já estou atrasada demais. Nos vemos depois?

- cla... claro. – gaguejei. Imbecil.

- até logo, então. – ela sorriu pra mim e entrou na escola.

E eu, é claro, continuei de boca aberta sem acreditar em como pude ter sido tão idiota.

Como não tive coragem de chamá-la pra sair?? Como?? Tapado.

Caminhei mais um pouco até encontrar a loja de Frank. Eu precisava urgentemente desabar.