Angela acordou bem cedo. Talvez ela estivesse até mais animada que eu com o passeio no parque. Ela adorava parques e eu adorava vê-la sorrir. Plano perfeito.
Dei banho nela e a vesti com um macacãozinho jeans e uma camiseta rosa por baixo. Ela estava linda e radiante.
Eu vesti uma calça jeans e uma camisa azul que estava perdida há séculos dentro do meu guarda-roupa. Aliás, uma combinação bem diferente do meu visual diário.

Saímos de casa com quase uma hora de antecedência, tamanha a nossa agitação e ansiedade. O táxi parou em frente à casa de Lauren e percebi que ela também estava adiantada quando apareceu logo em seguida linda e estonteante do lado de fora.
- bom dia! – ela disse ao entrar no táxi.
- bom dia Meeelll!!!
- bom dia, am... Lauren.
Trocamos olhares rápidos e sorrisos demorados. Ela pareceu estranhar minha roupa, mas não disse nada. Eu me contive para não elogiá-la milhões de vezes durante o percurso. Ela estava mesmo linda dentro de um vestidinho verde claro, da cor de seus olhos.

Paguei a corrida e descemos do táxi em frente ao parque que estava de passagem pela cidade. Angela se soltou da minha mão e começou a correr para longe.
- pra onde ela vai?? Você não vai atrás dela?? – Lauren disse preocupada, depois de ver que eu continuava a caminhar lentamente.
- ela está indo pro carrossel. Viu? – apontei para mais a frente, onde minha pequena subia em um dos cavalinhos sem esforço.
- nossa, meu coração quase parou agora. – ela riu levando a mão ao coração.
- calma, ela vai ficar bem. Ela adora carrosséis. Vamos lá.
- ok.
Achei estranha aquela demonstração de preocupação de Lauren, mas resolvi esquecer. Talvez ela só estivesse mesmo muito preocupada com minha filha. Não devia ser nada demais.

Caminhamos de mãos dadas até o carrossel, onde Angela nos olhava toda sorridente cada vez que nos via. Ela devia estar feliz em ver nós dois juntos.
Eu não pude resistir e abracei Lauren por trás, dando vários beijos em sua nuca. Ela segurou firme em minhas mãos e eu senti que era perfeito demais para ser verdade. Nós nos completávamos e nada mais importava.

Depois do carrossel, Angela resolveu ir em outros brinquedos e nós dois sempre estávamos por perto para ‘supervisioná-la’. Enquanto ela estava em um desses, eu vi a oportunidade ideal para fazer a pergunta que coçava em minha garganta desde o momento que havíamos chegado lá.
Coloquei meus braços na cintura de Lauren e a virei de frente pra mim. Nossos corpos ficaram colados e nossos olhos imóveis. Nossos corações batiam rápidos demais e nossas respirações estavam desreguladas.
- Lauren, eu... eu não sei como dizer isso mas... você foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida desde que... – eu não ia conseguir terminar.
- Gerard, você foi o responsável por me devolver a alegria por estar viva. Eu é que não tenho palavras para...
Não foram necessárias palavras para o que estávamos sentindo naquele momento. Nos entregamos ao amor de uma forma inexplicável.
Nossos olhos terminaram as frases que há tanto tentávamos dizer e nossos lábios selaram a pergunta e a resposta que rondavam minha mente.
Aquilo era tudo o que eu precisava saber. Ela me amava e eu a amava mais do que tudo.

Após o beijo e a sensação inexplicável ficar ainda mais evidente, Lauren me abraçou forte como se eu pudesse escapar a qualquer momento e eu apoiei meu queixo em seu cabelo. Fechei meus olhos e senti a brisa da manhã percorrer em meu corpo, me deixando mais leve e relaxado como nunca havia estado antes. Não me importava quem estava a nossa volta, quem estaria nos vendo e indagando se era mesmo eu que estava ali, o cantor que finalmente saiu do luto. Nada mais importava a não ser Angela e Lauren. Nada mais.