- Brian, não. Nós não podemos – Disse separando o nosso beijo

- O que? Por quê? – Disse me olhando e tentando entender o porquê de eu ter parado o beijo.

- Você tem a Michelle, e não é legal fazer isso com ela por mais que seja uma víbora. E eu não sei se é uma boa. – Disse agora me sentando no sofá.

- Não Lari, não tem Michelle, não mais, eu terminei com ela. Nós temos uma filha juntos, criar ela juntos só faria bem a ela. – Ele se abaixou ao meu lado ajoelhando-se no chão e segurando as minhas mãos. – Larissa, o que eu vou ter que fazer para ti acreditar em mim?

- Eu fiz tanta coisa errada contigo, eu te fiz mal, tu não iria me perdoar. – Disse abaixando o meu rosto. Senti o sofá ao meu lado ser abaixado, Brian tinha se sentado ali.

- Eu to dizendo que eu te amo, e te perdôo por tudo. – Disse levantando o meu queixo com a mão fazendo-me olhar em seus olhos. - Eu só quero ficar ao teu lado. Quero ficar do lado da minha filha. Eu... – Ele parou um pouco para pensar, e logo prosseguiu olhando nos meus olhos. – Só quero ter a vida que eu não tive ainda.

- Exato, a vida que eu te privei de ter – Disse forçando um sorriso – Eu não te mereço.

- Tudo bem então. Se você acha que não me merece, tudo bem. Mas eu vou estar aqui. E quando decidir o que quer da vida você me liga, só tenta não demorar muito, eu posso ter desistido de te esperar. – Disse Brian se levantando. – Manda um beijo para a Lu. Tchau – Disse saindo e batendo a porta.

- Muito bem Larissa, conseguiu o prêmio de maior idiota do mundo. – Depois que Brian saiu da minha casa eu fui para o banho. Quando saí vi uma criança olhando atenta para a televisão. Luisa assistia a algum desenho infantil na TV. Cheguei perto dela e dei um beijo em sua cabeça e a abraçando.

- Com fome meu amor?

- Sim mami. – Disse sem tirar a atenção da TV.

- Tudo bem, a mami vai fazer alguma coisa pra você comer. – Saí da sala e fui até a cozinha fazer um lanchinho para ela comer. Logo voltei à sala e ouvi o telefone tocar. Atendi com certa rapidez, podia ser importante, mas não passava do Zacky.

- Fala bicha. – Disse ao atender e ouvi Luisa rir atrás de mim.

- Podia ter um pouco de educação com os amigos, não acha? – Disse rindo do outro lado da linha.

- Vou pensar no teu caso. Mas a que devo as honras?

- O Brian acabou de sair daqui, e ele tava chorando. Lari, eu não quero me meter na história de vocês, mas ele mudou muito e ele te ama. Não acha que deve uma chance de ser feliz a ti mesma? Ou melhor, não acha que deve isso à tua filha? – Falou e eu não respondi, apenas suspirei e ele continuou. – Eu quero ver vocês felizes baixinha, por isso te liguei, dá uma pensada tá? – Falou e eu respondi de forma meio falha:

- Tudo bem porpeta. Eu vou pensar ok?

- Ok, pensa com carinho baixinha, e eu vou pro ensaio, to meio atrasado, até baixinha.

- Até, Gordo. – Ele já havia desligado.

Deixei minha filha assistindo os desenhos animados dela, e fui comer alguma coisa, sempre ajuda na hora de pensar sobre a vida. Pensei no beijo, na declaração, e em como seria voltar com Brian, em como seria ter uma família de verdade, acho que todos merecem ter uma e ter aquele amor do qual eu senti tanta falta, mesmo Johnny me dando atenção e muito amor, a dor de não se ter quem se ama perto é terrível, até para a pessoa mais forte do mundo. Sem falar no meu amor por ele, Brian sempre foi minha paixão, meu “sonho de consumo”, meu desejo mais profundo, sabe, todas essas coisas melosas.

No outro dia, acordei com Luisa me chamando, fui até lá e lhe dei cereais com leite quente, peguei meu telefone e liguei pro meu irmão.

- Hey maninho, como você está? – Falei animada.

- Oi, acordou meio cedo né?! – falou com a voz embargada, devia tê-lo acordado. – Eu estou bem, mas e aí?

- Eu estou bem também. Vou ir aí daqui a pouco, tenho que falar uma coisa contigo, mas vai ser pessoalmente. – Me parei na frente do espelho e olhei meu rosto risonho.

- Ok, estou esperando.

- Até mais! - Desliguei e logo arrumei a Lu, liguei pra um taxista e esperei ele chegar.

Paguei a corrida e bati na casa de Johnny. Ele demorou a atender e estava só de cueca, com um rosto amassado.

- Mas é bem dorminhoco! Você deveria ser responsável e acordar mais cedo, até por que é o mais velho. – Falei sorrindo.

- Tio Jojô! – Lu se abraçou nele nas pernas, e ele a pegou no colo.

- Meus amores, que bom humor os de vocês hoje. – Falou e logo virou o rosto para mim sorrindo. - O seu especialmente mana, ta mais leve, e com um sorriso no rosto. Perfeito – Ele falou rindo.

- Filha, vai lá dentro brincar com as coisas do teu tio, ele vai adorar se você organizar os perfumes dele. – Olhei rindo pra ele que fechou a cara na hora, mas não falou nada, a Luisa pulou do colo dele e saiu correndo pro quarto do Johnny.

- Jogo baixo o seu Larissa. Sorte que ela é cuidadosa... – Parou para pensar e olhou para cima. - Espero... – Ele entrou e fez sinal para segui-lo. – O que te trás aqui mana?

- Pensei que podia vir a qualquer momento sabe, só pra visitar... - passei os dedos pela sua costela fazendo cócegas.

- Aham. – Olhou serio. - Sei.

- Ok. Vim pra falar que ontem... Bem... Ontem recebi a visita do Brian falando algumas coisas, e posso garantir que ele estava totalmente sóbrio! Ele não quer mais a guarda da Luisa, mas não desistiu de criar ela.

- Ah sim, ele desistiu, que bom né?! – Ele me olhou feliz, mas logo mudou de expressão, parecendo confuso. – Como assim não desistiu de criá-la?

- Ele acabou com a “Chelle” – Disse ironicamente o nome dele. - E quer criar minha filha comigo. – Falei com ênfase na ultima palavra e sorri, tendo consciência de que a mensagem que passei era que estava feliz com a notícia.

-Oh – A confusão saiu do seu rosto e ele me olhou sacana – E você ta assim animada por...?

- Ele me beijou. – Senti meu rosto queimar, afinal, ele era meu irmão, sempre ficaria envergonhada de certo ponto.

- Oh – Falou de novo. – Então, você pretende...?

- Não sei. Eu to confusa. Ontem eu estava muito mais confusa e o Zacky me ligou e falou que o Brian havia passado lá e bem... Chorado. Por mim. – Esperei ele falar alguma coisa, mas nada saiu de sua boca. – O que você acha disso?

- Disso o que? – Falou pensativo.

- Eu e o Brian... Seria muito estranho? – Olhei para baixo, com medo da resposta.

- Eu penso que vocês são livres para tudo, e cabe a você decidir, por que pelo que entendi, por ele, vocês já estavam juntos. Lari, eu conheço o Syn dês de... Sempre. Ele nunca faz as coisas sem pensar, e quando faz, ele é verdadeiro ao extremo.

Meu telefone tocou, era Leana.

- Fala Lea.

- Oi coisa linda, tenho um trabalho pra você, pode passar aqui em meia hora? – falou rápido.

- Ah ótimo, eu passo aí até antes. – Olhei Johnny e sorri.

- Ok meu amor, beijo e espero por você. – Desligou assim que falou a última palavra, ela nunca deixa nós terminarmos de falar.

- Johnny, era a Lea. Pode ficar com a Luisa pra mim? Tenho que ir lá para a  agência.

- Ok, a Wendy vem aqui daqui a pouco, ela vai adorar que a Lu esteja aqui. – Ele falou feliz o nome de Wendy, quer dizer então que estava rolando algo maior aí?

- Aé? Dona Wendy? O que tá rolando aqui? – Falei brincando.

- Qual é? Eu sou o mais velho lembra? – Colocou as mãos para o alto.

- Sim. – Sorri pra ele e fui até seu quarto me despedir de Luisa, chamei o taxi e fui para a agência, me sentindo leve pelo que Johnny falou.