A noite de Hermione não foi nada fácil. Apesar de ter ido se deitar cedo, dormiu muito tarde. Olhos abertos ou fechados, parecia não ter diferença, toda aquela tarde, desde a parte no lago, com Rony e Parkinson, até algum tempo atrás, quando estava na sala com Draco, todos esses momentos pareciam estar colados em sua retina. Hermione pensava, porém, ainda mais no dia seguinte. Será que era isso mesmo que ela queria? Quer dizer, ela gostou de Ron desde o momento em que se tornaram amigos. Havia, finalmente conseguido o que queria, depois de lutar tanto, tinha enfin o amor de Ron... E será que vale a pena terminar isso pelo Draco? Aquele que sempre foi meu inimigo, que só tinha palavras hostis e maldosas para mim... Mas ele mudou! Ele se tornou uma pessoa melhor, tem me ajudado, e... bem, parece que tem algo crescendo entre nós dois... Não seria de modo algum errado dar-lhe uma chance certo? Mas de uma coisa, infelizmente, Hermione tinha certeza: qualquer que fosse sua escolha, perderia um dos dois... E talvez, perdesse até para sempre. Mas Draco disse que me espera... pelo menos até eu ter certeza... dizia Hermione a si mesma. E vai deixar ele esperando até quando? As pessoas acabam se cansando, uma hora ou outra... dizia-lhe uma voz em contrapartida. Se pelo menos tivesse alguém para lhe aconselhar... Mas quem? Gina? Não, ela é irmã do Rony! Harry? Não de novo, é até pior do que Gina, já que ele odeia o Draco. Luna? Neville? Não, não, não! Essa decisão seria dela, somente dela, e ali, horas antes de ter que, realmente, expor sua escolha , ela já tinha os músculos rigidos, a boca seca e borboletas no estômago. Por volta das 4:00 da manhã, Hermione conseguiu pegar no sono, quase certa da decisão que deveria tomar.

Naquela manhã de segunda-feira, Hermione não desceu para tomar o café da manhã. A garota se auto censurou secretamente por tentar adiar o que deveria ser feito, mas mesmo assim só desceu quando ouviu o sino para a aula de transfiguração.

Obrigou-se a sair do quarto, torcendo para não dar de cara com Draco. Obviamente não teve muito sorte - e quando é que a sorte resolve ajudar? - ele estava sentado na poltrona, e quando viu Hermione descer, um brilho passou por seus olhos.

– Bom dia Hermione - ele disse formalmente.

– Bom dia Draco - Hermione forçou um sorriso, mas pelo visto não foi muito convincente.

– Hermione, você deve estar confusa e nervosa, eu sinto muito... Nunca deviamos ter feito aquilo, eu sei - porém sua expressão dizia que ele não sentia nem um pouco... Enfin, ele continuou - E, veja, se achar melhor esquecer o que houve... Bom, o que quero dizer é: Não vou tentar mais nada com você. Somente quando você tomar a iniciativa nós...

– Draco eu... Oh Meu Deus! Venha, vamos nos atrasar. - Hermione tentou soar preocupada, mas a bem da verdade não estava nem ai com a aula - e isso nunca é um bom sinal a Hermione Granger - O real motivo era que ela precisava de uma desculpa para não ter que responder a Draco...

Os dois saíram pelo quadro da garota e seguiram cada um por seu corredor.

Na aula de transfiguração, Hermione parecia ter sido abduzida. Não prestou a menor atenção ao que o professor falava - Agora, no lugar de Minerva, o professor Rolf dava as aulas - Procurou se sentar longe de Rony, que parecia querer urgentemente falar com ela. Dividiu a carteira com Neville, que tentava puxar assunto com a amiga, mas só recebia meias respostas.

O primeiro periodo de aulas passou como que em um piscar de olhos, e logo Hermione estava no jardim -criando coragem-. Levantou-se e voltou-se, novamente em direção ao corredor, quando Rony apareceu correndo. Oh, é agora. Isso vai ser complicado... pensou a garota.

– Oi Rony, eu...

– Hermione por favor me escuta! - cortou ele - Meu amor, não aconteceu nada entre mim e a Pans..Parkinson! Eu juro! E também eu...

– Rony - chamou Hermione - Pára. Eu sei que não houve nada entre vocês. Mas ainda assim estou muito, muito confusa... - Antes que pudesse continuar, Ron tornou a interrompe-la.

– Mas não precisa ficar Hermione! Me desculpa! Sei que se fosse ao contrário eu estaria realmente...

- Rony me deixa falar, eu...

- Não Mi, você não está entendendo...

– EU E O MALFOY NOS BEIJAMOS! - Hermione não aguentava mais ouvir as desculpas de Ron, sendo que havia feito algo pior.

– Você o que? - Rony é claro, ficou vermelho e parecia prestes a ter um colapso.

– Veja Ron, eu não fiz de propósito, aconteceu e... - a garota interrompeu-se.

Rony inalou, como que para se acalmar. Aos poucos a raiva foi abandonando o seu olhar, até que por fim ele disse:

– Tudo bem. Vamos esquecer isso.

– O que? - Hermione não acreditava.

– Se vocês não tivessem chegado lá ontem, eu não sei o que poderia ter acontecido - ele fez uma cara de nojo - e logo a buldogue... É, acho que mereci seu troco.

Não, não, não! Rony não faça isso comigo! Não seja tão bonzinho! Brigue comigo, fique bravo! Não deixe tudo tão dificil...

– Mas eu não fiz isso pra te dar nenhum troco Rony! Esse é que é o problema... Não sei nem o que pensar, quanto mais o que sinto...

– Hermione se acalme! Ouvi dizer que depois de uma briga com o namorado, uma garota pode, por um momento, se esquecer do que sente pelo namorado e beij...

– Ora não me venha com essa você também! - Rony pareceu assustado e confuso, mas continuou tentando.

– Mione vamos esquecer tudo isso! Parkinson, Malfoy, finja que não existem. Vamos voltar ao que éramos ainda ontem a essa hora... Hermione, esse é enfin, o nosso ano tranquilo em Hogwarts. Não vamos deixar que estraguem isso... - Hermione precisou juntar todas as suas forças para não concordar com ele e, ao vez disso, dizer:

– Rony, não posso. Desculpe mas não posso fazer isso. Nem com você, nem comigo e nem com o Draco. Não é nada definitivo mas eu preciso de um tempo para mim e para os meus pensamentos. Sinto muito. Com lágrimas nos olhos Hermione se virou.

Tentou apressar o passo, mas não deixou de ouvir Rony dizer:

– Não vou desistir de você Hermione.

POV Rony

A conversa com Hermione certamente não foi fácil. Na hora, Ron estava tão nervoso que quase não prestou atenção no que estavam dizendo. Já agora, tanto suas palavras quanto as dela, voltavam com força. A hermione beijo Malfoy. Ela me traiu. Ron não queria pensar tal coisa, mas era inevitável. Mas Hermione parecia arrependida... Ora, o mais provavel é que a fuinha tenha agarrado ela!  Rony trincou os dentes. Quem era ele para julgar? O cara que estava deitado com outra garota a beira do lago está criticando a namorada! Perdido em devaneios, de repente Ron se viu de volta ao jardim. Estava praticamente vazio. Sem saber muito o porque, Rony se dirigiu a árvore em que estava no dia anterior. É tudo sua culpa! Árvore idiota! Se estivessemos na biblioteca e não aqui, provavelmente nada disso teria acontecido. Foi ai que Ron constatou que não estava normal. Qual é? Colocando a culpa em uma árvore? Alguém tem que ser culpado... pensou Ron. Ainda questionando seu nivel de sanidade, Ron decidiu sentar-se ali para pensar. Em pouco tempo teria que voltar para a aula. Tavel não fosse...

– Weas... Rony? - uma voz o despertou - Ãh, suponho que posso te chamar assim? - Oh, Não! Ela não! Não agora!

– Não, não pode! - rugiu Ron em resposta. Pansy corou e baixou os olhos por conta da rejeição.

– Com raiva de mim? Ora, não devia! Não fizemos nada, então, não tem o que...

– Pansy! Eu realmente não estou...

– Você me chamou de Pansy. - disse a garota admirada.

– Ué, você me chamou de Rony, creio que conquistei esse direito não?

– Claro, claro.

– Então...

– Ora Weasley, cale a boca e me deixe falar! - tornou ela - Olha, eu não sei o porque de eu estar fazendo isso, mas estou. Realmente nunca imaginei uma coisa dessas mas... Bom, houve uma confusão imensa por contas do que nós não fizemos ontem. Tanto que me fez pensar... não, me fez querer, que algo pudesse de fato ter acontecido. - OH-OU! Ron, ela está realmente te dizendo isso? DROGA! Agora realmente ferrou!

– Pansy eu...

– Está confuso, tentando reconquistar a Granger e evitando garotas para que não tenha riscos te acontecer algo como ontem. - completou ela - E eu não me importo nem um pouco. Draco nunca me deu valor e eu já me acostumei a isso...

– Pois não devia! Você tem seu valor e não deve se jogar fora dessa maneira! - O QUE? Agora a bagaça ficou séria! Eu to consolando a buldogue? Fiquei doido, só pode...

– Era nisso que eu queria chegar Rony! - Como ela pensa que já somos íntimos...?

- Eu decidi que vou te esperar. - O QUE?

– O que? - ops, pensei alto demais.

– É isso. Decidi que eu mereço mais. E mereço coisa melhor. Mereço você! Então, posso te esperar. - me merece? Ah, sério, agora eu morro.

– Mas Pansy, e se eu nunca...

– Nunca me quiser? - Lá foi ela de novo - Ora, não se preocupe, você vai querer. - ela sorriu abertamente e foi embora.

– Cara o que foi isso? - murmurou Rony para si mesmo - Só te maluco nessa escola. Se virou e foi para a aula.