The Both Sides escrita por auter_delacor


Capítulo 9
Capítulo 9 - Reencontros alvos como a neve




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7 anos mais tarde

Algum lugar próximo a Anchorage

Bella estava inclinada sobre o monte de neve que encobrira a soleira da porta de sua cabana particular com Edward. O marido havia saído para caçar junto com Emmet e Jasper aquela manhã, e ela sabia que demorariam a tarde toda naquela brincadeira infantil. Renesmee e Jacob haviam viajado para a cidade para assistirem um filme.

         Ela checou o relógio. Deveria ir em breve para a mansão se encontrar com Alice. Chutou a calota de gelo e amassou o resto das cristas com a ponta da bota. O barulho de patas macias na neve fofa alertou sua atenção, levantou os olhos para uma pequena raposa da neve parada a dez metros.

         Animais detestavam estar próximos a vampiros, mesmo que fosse um quilômetro. Eles sempre se sentiam ameaçados demais para poderem sequer ter a coragem de vasculhar quem quer que fosse em seu território. Mamíferos pequenos como raposas estavam sempre afastados ao máximo. Mas aquele bicho parecia diferente.

         A vampira se agachou fitando atentamente o pequeno ser. O animal era da cor da neve, só podia identificar seu contorno por uma leve aura cinza que o contornava. Sua cauda era felpuda e eriçada, marcada por uma listra cinza brilhante que ia de suas orelhas a ponta do rabo. Os olhos eram contornados por uma linha grossa negra, mas ela podia ver o tom cinza azulado de seu olhar.

         A raposa a esquadrinhava com uma maciez cordial. Um olhar quase que humano. O coração do animal batia harmonicamente, de forma lenta, fazendo seu sangue leve correr suave por suas veias. Bella ficou de pé, acometida por um súbito entendimento. Não pode ser...

         O corpinho pequeno cedeu lugar a uma jovem nua encolhida. Psique ergueu a cabeça aloirada e sorriu calidamente.

         -Senti sua falta mamãe. – gracejou ficando de pé diante dela.

         -Psique! Deve estar congelando! – Bella correu em sua direção com um cobertor grosso de lã em suas mãos. Envolveu os ombros altivos da jovem e a arrastou para dentro. Arranjou-lhe roupas e fez um chocolate quente com a comida que guardava para Renesmee. O corpo de Bella e Psique eram diferentes, mas os blusões serviram bem.

         Bella se sentou diante de Psique, observando-a assoprar do chocolate devagar sem dizer uma palavra. A mestiça sorria entre goles, nunca fora fã de comida humana, mas depois de um tempo em Paris entre seus iguais, acostumara-se com ter o hábito de três refeições diárias.

         -Você está tão mudada Psique, e está igual ao mesmo tempo. – Bella não resistira à quietude insistente da mestiça. Psique nunca poupou palavras depois de se recuperar da depressão, mas parecia ter ganhado uma harmonia pensativa nesses anos.

         -Me sinto totalmente diferente por dentro. – murmurou com sua nova voz calma e comedida. – Tenho tantas coisas para contar desses últimos meses que estive... “Desaparecida.” – riu-se fazendo aspas. Bella não achara graça, todos estavam arrancando os cabelos de preocupação depois que Psique parara de escrever e fazer vídeo chamadas com eles.

         -Ficamos desesperadas. – retrucou irritada.

         -Viajei por Mônaco. Encontrei um grupo de transmorfos por lá. Dezenas de crianças sem mãe Bella. Descobri que os lobisomens estão seqüestrando apenas mulheres. Falaram que no início somente adultas desapareciam, agora estão levando meninas cada vez mais jovens. Foi um parto arranjar um lugar seguro para todos eles.

         Bella fitava a nova versão de sua filha adotiva enquanto rolava os olhos. Havia uma responsabilidade tremenda em suas palavras, algo que era forte demais para uma menina de quatorze anos. Psique começou a falar incessantemente, mas foi interrompida.

         -Guarde as novidades para que todos escutem. – colocou a mão delicadamente sobre a de Psique. – Alice vai te bombardear quando chegarmos. Adorara a mansão. – arranjou outro casaco para Psique, e juntas saíram na vasta branquidão da floresta boreal.

         Não correram em direção a casa, Bella deixava para contar ela mesma sobre os sete anos distantes. Falou sobre a nova faculdade que cursavam. Que Renesmee estava radiante seguindo a de música. Comentou sobre a insistência em Jacob em seguir-los onde quer que fossem. Sobre ele ficar em uma nevasca a noite inteira até decidirem arranjar uma casa para ele.

         Psique ria e tinha sua atenção totalmente focada em Bella. Aprendera a se tornar uma ouvinte durante seu tempo como voluntária em um escritório de advocacia em Paris. Conceder toda sua atenção a alguém fazia a pessoa sentir-se importante, ninguém estava satisfeito com uma parcela de seu foco. Bella estava totalmente confortável e de guarda baixa ao seu lado, não somente pela confiança de anos de vivência.

         Ela gostava de testar seu poder de manipulação.

         A mansão se erguia majestosa entre os quilos de neve. Os pinheiros gigantescos velavam os telhados escuros. As janelas amplas concediam a bela visão da moradia por dentro onde Esme e Alice conversavam na sala de estar. Psique sentiu-se em casa.

         A vampira percebeu a aproximação de sua cegueira, e elevou os olhos ao caminho que guiava a entrada da casa. Quando notou a mestiça loira, não pareceu acreditar no momento, mas então se jogou em um salto ansioso, e parou somente diante de Psique.

         -Meu deus! – exclamou apertando-a em seus braços.

         As quatro estavam sentadas no sofá creme diante da lareira acessa e crepitante. Conversavam alegremente sobre diversos assuntos, e não deixavam Psique sem palavras por nenhum segundo, a fizera repetir todos seus passos, começando sobre os três primeiros anos. Psique já havia relatado a eles sobre tudo aquilo em suas cartas e telefonemas, mas elas queriam ouvir de sua boca. Cada detalhe.

         Sua chegada sôfrega em Paris, o duplex modesto que alugara. O primeiro dia em busca de trabalho, o emprego arranjado às pressas em um escritório em ascensão. Todos os aprendizados de anos postos a prova novamente. Então a angustiante procura por seus semelhantes. Começando do nada, com apenas seu colar materno como referência.

         Dias vasculhando toda a orla das florestas que margeavam da Espanha a Itália, voltando para a França e se arriscando até a Inglaterra. Procurando rastros há muito tempo apagados. Cavernas que indicavam terem sido usadas como moradia, mas nada mais.

         As novas presas das quais se alimentava. O controle que começou a assumir aos poucos sobre seu corpo. O dom que se acentuava entre os humanos, requerendo novamente a usa das luvas. Humanos que flertavam com ela todo o tempo.

         Então o primeiro transmorfo.

         Psique estava novamente em suas rondas pelas matas européias. Já fazia algumas horas que circundava a esmo entre as árvores e colinas, então sentiu um traço de cheiro mais recente que todos os outros já sentidos antes. Seguiu ele avidamente, mas nada havia em seu caminho.

         Gritou para que aparecesse, transformou-se em um lobo de olfato sensível, e começou a rastrear mais vigorosamente, até chegar ao fim da trilha. Olhou para cima em busca de alguém, e um grande puma caiu sobre suas costas. Psique não queria lutar, então se esquivou e voltou à forma humana.

         Nua e assustada, o grande felino passou a encarar-la.

         Em seu lugar surgiu um rapaz que não devia aparentar mais idade que ela. Conversaram e se tornaram amigos. Trevor era seu nome. Contara sua história toda para Psique, encantado com a criatura que ela era. Bela e poderosa; impossível não sentir sua aura.

         Trevor era adotado, nunca soube qual dos seus progenitores era como ele. Nemde sua condição sobrenatural, quando chegou à puberdade começou a mudar. Assustado - como Eve ficou - fugiu para a floresta. Vagou por meses perdido, então foi encontrado por outros morfos que sentiram seu cheiro e foram em seu socorro.

         Relatou a ela o problema com os lobisomens. Os homens lobos eram agressivos e os matavam em uma carnificina sangrenta sem piedade. As mulheres eram levadas e nunca mais voltavam. Nunca deixavam um homem, menino, ou criança vivo. Eram seres sem nenhuma compaixão.

         O rapaz a levou onde o bando se escondia. Era em uma caverna completamente coberta por quilos de hera perfumadas, o que enganava seus odores, impedindo a chegada de indesejados. Os cedros em volta causavam em um cheiro desagradável aos lobisomens, o que os mantinham afastados.

         Eram cerca de dez jovens assustados e sem nenhuma coordenação. Os mais velhos haviam sido trucidados ao tentarem proteger a eles. Estavam sozinhos e sem nenhuma ideia do que fazer. A maioria era crianças recém transformadas.

 Psique descobriu outra virtude que possuía: O comando. Ela começou a cuidar de todos como uma mãe adotiva.

         Eles sabiam que ela era diferente da maioria, mas nunca a questionam de nada. Seu passado era uma incógnita a todos, o que a transformava em um objeto de puro mistério cuidadoso. Psique foi ganhando a confiança deles lentamente, e em questão de semanas havia se tornado a soberana.

         Arranjara para eles uma casa em melhores condições. Era um antigo galpão de estudos biológicos abandonado. Havia um forte cheiro de éter impregnado há tanto tempo em todas as paredes e extensões, que permitia mascarar suas presenças.

         Psique percebeu que todos os jovens que se transformavam acabavam tendo o mesmo destino. Fugiam de casa atemorizados com que eram, se perdiam na floresta e acabavam sendo rastreados por lobisomens e mortos. Poucos eram os que tinham pais que os deixavam informados sobre suas particularidades sobrenaturais.

         Ela tinha uma eficiência em comandar-los, que em pouco tempo já estavam organizados de uma forma impecável. Psique lhes fornecia comida e roupas, deixava-os quentes e alimentados, sem necessidades de caçar e comer carne crua. Ensinava as crianças a ler e escrever. Encontravam morfos perdidos e os traziam para a proteção.

         Psique criou um clã que beirava os trinta e sete transmorfos. Os treinava e ensinava tudo que aprendera sozinha e com Jasper. Eles começaram a controlar as transformações de forma mais eficiente, ainda eram obrigados a se converterem na lua cheia, mas com menos dor e mais liberdade.

         Ela no fundo não encontrara o que procurava naquele lugar.

         Desejava respostas, e só encontrou crianças tão perdidas quanto elas. Criara um vínculo profundo com todos ali, mas sentia que havia mais a ser feito. Não queria viver uma vida de fugas constantes, liderando um bando de crianças perdidas. Intensificou suas buscas, indo cada vez mais fundo em vales e cavernas.

         Trevor demonstrou seu receio em que Psique se machucasse e deixasse todos abalados novamente. Ela criou uma conta recheada para ele e deixou um estoque tremendo de roupas e comida escondidos, com apenas ele em sabedoria.

         Passava noites e dias inteiros em suas buscas infrutíferas. Começou a perder as esperanças. Então se lembrou de quando procurava a primeira vez pelos morfos, quando estava a ponto de desistir, e os encontrou, seu vigor foi reacendido.

Era uma tarde quente de verão, Psique sentia seus músculos pulsarem de cansaço quando diante dela surgiu um urso dourado. Ela nunca vira um animal com uma pelagem como aquela, como se fosse ouro puro. Sentia-se exausta demais para reagir, ficou somente sentada na grama encarando o gigantesco animal.

         Então houve um lampejo de conhecimento nas orbes negras do urso. Psique percebeu que aquele animal não era um animal. Era uma pessoa, olhos humanos. Ou não tão humanos. Ela se ergueu nos dois pés e levantou as mãos em sinal de paz.

         -Sou como você! – não pode deixar de gritar de felicidade.

         -Conheço esses olhos. – o urso assumiu contornos e músculos humanóides. Psique estava acostumada a ver homens sem roupa, a maioria de seu bando era do sexo masculino, mas a nudez daquele morfo fez com que ela sentisse algo estranho. Enrubesceu e desviou o olhar.

         Dês de sua paixão por Joseph - há dois anos - ela prometera a si mesma não se envolver com ninguém nunca mais. Ela não podia. Seu toque era tóxico. Havia aprendido a controlar seu dom sublimemente, mas isso requisitava sua atenção constante, vez ou outra ela se via distraída sugando a vida do chão a seus pés. Pequenos seres morriam a sua volta sem razão, dezenas de roedores surgiam inertes, assim como a grama secava em pontos concentrados.

         -Quem é você? – ela engoliu em seco tentando manter a voz regular.

         -Meu nome é Doug. E você? Me parece familiar.

         Uma chama de esperança esquentou seu coração.

         -Reconhece essa medalha? – não teve sequer paciência para tirar-la do pescoço, estendeu a medalha redonda para ele com urgência. Ele pegou o objeto dourado e fitou-a desconfiado. Analisou o desenho lentamente, seu rosto não mudou um milímetro.

         -Não me retém a nada. – respondeu enchendo Psique de desesperança. Ela suspiro resignada deixando o pingente cair sobre seu peito. Segurou-o com a ponta dos dedos e fechou os olhos tentando conter a tristeza profunda.

         -Conheceu, pelo menos, uma garota chamada Eve?

         -Sim, mas faz muito tempo. Uns quinze anos, acho.

         -Quatorze na verdade. – sua respiração começou a ficar desregular e o coração acelerado. – Sou filha dela. – apontou para si mesma sentindo lágrimas arderem em seus olhos. – Meu nome é Psique Cullen.

         -Cullen? – a menção daquele nome fez Doug ficar desperto. Olhou Psique de cima a baixo, como que tentando procurar alguma verdade em seu corpo. – Impossível que seja filha dela, você deve ter, no mínimo, dezessete anos.

         -Sou diferente. – abaixou os olhos. – Ela foi atrás dos Cullen para que a ajudassem no parto. Ela morreu me dando a luz, fui criada por eles durante todo esse tempo. Resolvi voltar em busca de respostas. – disse engasgada.

         -Fui eu que contei para ela sobre os Cullen. Achamos que eles poderiam nos ajudar contra os homens lobos, mas essa ideia foi esquecida com o desaparecimento dela. Eu mesmo vi quando três homens lobos foram atrás dela e de Adam. Os dois foram mortos.

         -Eu... – ela gaguejou, nunca havia contado a ninguém sobre sua linhagem. Ergueu o rosto buscando alguma coragem. Fitou o rosto arrogante dele. – Sou filha de um vampiro. – respondeu tudo de vez.

         Doug criou um asco palpável por Psique. Recusou-se a ajudar-la, e só aceitou ver os transmorfos que ela protegia. Foram necessários três meses para conquistar uma ponta de sua confiança. Ele nunca contou a ninguém dos antecedentes de Psique, mas não demonstrava nenhum traço de gentileza com ela.

         Doug vivia sozinho com a companhia de sua irmã mais nova e dois primos. Eram os morfos mais velhos e experientes que ela conhecia. Eles começaram a ensinar os jovens como conter as transformações em luas cheias. Viram que Psique fizera um grande avanço com todos os jovens, e criaram um respeito grandioso por ela.

         Kira, George e Francis eram franceses, e tiveram o apoio dos pais, diferente da grande maioria. Doug nunca contou a seus parentes sobre Psique, mas mantinha uma distância fria sem sentido para todos os outros.

         Nessa parte Psique parou para tomar fôlego. Os olhos cintilando de animação. Esme percebeu que a forma com que Psique pronunciava o nome do morfo mais velho era diferente. Algo que não pudera captar olhando-a por uma câmera de um computador.

         -Doug não gostava de mim no começo, mas depois ele começou a perceber que eu não era esse monstro todo. Depois de quatro meses consegui conter minha transformação em noite de lua. Ele disse que eu tenho o talento nato para governar um clã. – sorriu com orgulho.

         As três vampiras se entreolharam.

         -O que foi? – perguntou franzindo o cenho para suas expressões.

         -E como estão as crianças? – Esme mudou de assunto.

         -Crescendo saudáveis. Elas não tiveram o luxo nem o amor em que fui criada, mas tem o conhecimento sobre si mesmas. Não são mais assustadas. Sinto-me gloriosa por conseguir dar uma vida melhor a órfãos perdidos. Nenhum lobisomem foi visto rondando nossa floresta, mas... – sua expressão ficou sombria. – Receio que algo grande está por acontecer. Muito grande.

         -Como assim querida?

         -Acho melhor esperar que todos cheguem. – Psique piscou os olhos devagar. Alice olhou de soslaio para ela percebendo do que se tratava, mas ficou quieta. – Edward e meus tios estão chegando. – sorri fracamente. – Acho melhor ligarmos para que Carlisle venha o mais rápido possível.

         -Psique? – Emmet surgiu primeiro na porta. Ela se jogou nos braços musculosos do tio.

Carlisle chegou vinte minutos mais tarde. Psique estava entretida em uma discussão com Jasper e Emmet sobre táticas de xadrez, Rosalie e Alice disputavam pela atenção dela enquanto Bella e Esme preparam algo para que ela comesse. Edward começou a reclamar com Alice sobre algo que Carlisle não entendia muito bem em meio ao burburinho frenético.

         Fazia tempos que a casa não tinha tanta vida.

         -Papai! – a mestiça exclamou saindo do meio dos dois e indo em direção a Carlisle. Contornou seu pescoço com os braços e deixou que as lágrimas de saudade rolassem livres por sua face. – Senti tanto sua falta. Falta de todos vocês. – choramingou embargada.

         Todos os meses agindo como adulta, criando uma barreira intransponível de maturidade e responsabilidade que não tinha. Fingindo ser uma adulta consciente de seus atos, quando na verdade era apenas uma menininha assustada e gritando por ajuda.

         Naquele momento todas as lembranças de falsas demonstrações de ser adulta flamejaram diante de seus olhos. Sentiu-se envergonhada por agir daquela forma, pelos lugares que freqüentou. Rosalie ficaria horrorizada, Alice chocada, Bella provavelmente a colocaria de castigo por meses. Emmet riria.

         As festas que suas colegas de trabalho a levaram, as bebidas que arderam em sua garganta, as drogas ilícitas que provou, os homens que quase matou com apenas beijos. Então sentiu o sangue coagular em suas bochechas que esquentaram.

         -Está tudo bem agora Psique. Tudo bem. – Carlisle afagou seus cabelos com cuidado. Os vampiros ficaram em silêncio enquanto ele sentava a jovem no sofá. Estendeu um lenço de linho para ela que limpou suas maçãs molhadas.

         -Trago notícias da Europa. Notícias preocupantes. – fungou forçando um sorriso amarelo. Esme se agachou a sua frente com uma bandeja saborosa em suas mãos. Estendeu para a menina que segurou o bolo faminta. Deu uma dentada empolgada.

         -Come agora? – perguntou risonho tentando quebrar a tensão.

         Ela não respondeu nada, tinha os olhos baixos e contidos. O chefe olhou para cada um dos integrantes e gesticulou a mesa de reuniões com a cabeça. Eles se levantaram e cada um tomou seu posto entre as cadeiras. Carlisle guiou Psique até a cadeira na outra extremidade.

         Aquele lugar era sempre vago.

         Ela percebeu três cadeiras vazias. Uma delas era a sua verdadeira, a outra devia ser de Renesmee, e a restante... Um arrepio enojado circulou sua espinha. Jacob. Depois de conhecer os verdadeiros ancestrais dele ela começará a conservar um desdém em relação aos lobos.

         -Conte para nós o que te perturbada tanto.

         Ela engoliu em seco e sentiu os lábios tremerem. Prendeu-o entre os dentes firmemente. Encarou as mãos cruzadas em seu colo enquanto aspirava devagar do cheiro de Bella nas roupas emprestadas. Tomou ar como se puxasse coragem

         -É uma história longa... – gaguejou.

         -Temos tempo suficiente meu amor, e prometemos não te interromper.

         -Ok... – engoliu em seco. – Eve já contara para vocês da inimizade entre transmorfos e lobisomens, mas custou muito para que eu descobrisse a verdadeira razão dessa guerra. – deu uma pausa tensa. – Não devem saber disso, mas os morfos tem uma resistência anormal ao veneno dos vampiros e dos lobos. Ele não os transforma, não os mata, tem um efeito nulo em seus organismos.

         Carlisle escutava atento enquanto Psique se matinha de fora.

         -Não me incluo – arremata olhando para seu pai como se lesse sua mente. – Porque tenho uma parte vampira em mim. Uma dose do veneno dos lobisomens, o que equivale a uma mordida, é suficiente para imobilizar um vampiro por três segundos, e uma dose de veneno vampiro é suficiente para matar um lobisomem, isso deixa ambos vulneráveis, mas não os morfos.

         Seus dedos estavam nervosos sobre a tábua da mesa.

         -Os lobisomens seqüestram transmorfas para que elas reproduzam novas crianças com os genes modificados. – o líder parece visivelmente chocado como os outros. – Lobisomens se disseminam da mesma maneira que os vampiros, só que depois do nascimento de Renesmee, eles começaram a fazer testes com humanas, então descobriram que também podiam gerar crianças mestiças imunes a veneno imortal.

         Falou tudo de vez.

         -Os lobisomens estão organizando uma revolução. Criando um exército isento dos efeitos de venenos imortais.

         -Own... Isso é realmente um problema grande. – Emmet ri sarcástico depois de segundos tensos de silêncio. – Bem grande.


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Notas finais do capítulo

nao mereço nenhuma reviewzinha p me animar?



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