The Both Sides escrita por auter_delacor


Capítulo 5
Capítulo 5 - Planos falhos e lobos brancos




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Uma semana depois Psique começou um estágio em Port Angeles. 

         Ela queria a princípio em Seattle, mas Carlisle disse que era longe demais. Psique não queria ajudas para conseguir o emprego, mas Carlisle tinha conhecidos no núcleo tribunal de justiça que se concentrava na cidade. Todos que tinham algum problema jurídico, precisavam de um advogado ou que necessitavam comparecer a algum julgamento, tinha que se encaminhar para lá.

         Psique não tinha nenhum curso superior, ou mesmo cursado em alguma faculdade de direito, mas Carlisle arranjou documentos que a permitissem conseguir alguma vaga. Ela realmente não queria ter que usar algo falsificado, mas no seu caso não tinha muito que fazer.

         Estudara em casa durante toda a semana com livros de direito e advocacia. Descobriu uma nova paixão ascendente em seu coração. As leis. Chegava a ser irônico ela ser logo filha do cumpridor da lei. Sua inteligência vampírica permitiu que aprendesse velozmente tudo que necessitava saber para iniciar uma carreira.

         Chegou ao tribunal com o coração de uma criança, e saiu sentindo-se mais mulher do que nunca. Todos ficaram impressionados com a vasta experiência que tinha sobre direito, mesmo tendo tenros vinte e um anos. Carlisle a apresentou como uma filha de um primo distante.

         -Meus pais são advogados, liam a legislação para mim na hora de dormir praticamente. – tinha uma lábia louvável, e descobriu que adular os humanos era tão fácil quanto convencer as tias. Começou como uma secretária. Guardava documentos e organizava procurações, podia ser um cargo baixo, mas aprendia todo o necessário rapidamente.

         Saia pela manhã e voltava no início da tarde. Estágios não requisitavam uma carga horária muito vasta. Chegava cheia de novidades, e passava horas contando a família sobre o que aprendera. O salário era miúdo, mas abrira uma conta no banco e ia guardando tudo com uma avareza cordial.

         Psique acordava todos os dias quando as primeiras nesgas de luz entravam por sua janela. Dez minutos mais tarde já estava totalmente desperta e pronta para sair. A viagem de Forks a Port Angeles demorava cerca de uma hora em alta velocidade, no início Rose a levava todos os dias, mas Psique insistiu que a ensinassem a dirigir. Carlisle lhe deu o último modelo de um Lexus preto como presente.

         Renesmee acordava cedo – tentava pelo menos – para que na hora em que Psique saísse, pudesse ter paz com sua família. Aproveitava cada hora ao máximo, e levava seus tios e avôs ao cansaço extremo até a hora que Psique voltava. Detestava quando ela chegava, sempre interrompia o filme com Alice na melhor hora, ou quando ela e Emmet estavam discutindo a melhor parte da caçada, e atrapalhava nos penúltimos movimentos do jogo de xadrez com Jasper.

         Com os anos que tinha de suportar a intrometida, criou estratégias para contornar toda a atenção que ela roubava. Levava Alice para compras em Seattle. Ia caçar com Emmet quase na linha do Canadá. Chamava Esme para ir com ela no museu Olympia. Passava dias inteiros arrastando-os de um lado ao outro. Não havia sequer real motivo para tantas críticas. Nessie tinha a mesma parcela de atenção de antes. Só que das outras vezes tinha todos sobre ela, agora tinha que se satisfazer com um de cada vez, como que em parcelas bem distribuídas.

         Os Cullen amavam as duas na mesma medida, e tomavam o maior cuidado possível para ter esse amor bem dividido, mas a síndrome de possessão de Renesmee era como um buraco negro que ia sugando tudo sem nunca estar satisfeito.

         Psique fizera quatro anos, e estava congelara em sua face de vinte. Carlisle tinha certeza que ela não cresceria mais. Todas as semelhanças que possuía eram do pai – beleza, inteligência, rapidez, força, recuperação acelerada – e nada que pudesse remeter a eles características maternas além de fraquezas; coração barulhento, necessidade de ar, descansos regulares, ossos quebradiços, sangue perfumado.

         Tinha mais resistência que humanos comuns, mas ainda era frágil a mãos vampiras. Não havia nada em Psique que não fosse igual à Renesmee. Ela podia muito bem ser filha de uma humana se não fosse seu crescimento antes super acelerado. Carlisle estava frustrado.

         A híbrida deixava menos a desejar do que eles imaginavam.

         Acordara certamente diferente naquela manhã de sábado.

         Não precisava trabalhar, mas mesmo assim, foi como se a fraca e pálida luz que Forks sempre tinha, a empurrasse para fora da cama. Moveu os pés para longe dos lençóis e esticou os braços espreguiçando-se como uma gata. Bocejou baixinho e ficou de pé.

         Estava totalmente confortável e satisfeita com seu novo corpo. Deixara de ser desengonçada e sabia calcular exatamente o tamanho necessário de seus passos. Não tropeçava nem perdia mais o equilíbrio, tornando a Renesmee um trabalho árduo achar alguma crítica.

         Parou diante do espelho de seu banheiro privado e acariciou a pele de seda dourada. O belo par de olhos cinzentos dançavam pelo espelho, vasculhando cada linha bem desenhada de seu rosto. Os traços angelicais finalmente haviam se dissolvido em feições femininas e sensuais.

         Desceu os dedos pelo pescoço lânguido indo para seus ombros elegantes. Passou por seu colo delineado e fitou as protuberâncias arredondadas de seus seios, sentiu-se mulher. Acariciou o ventre liso e contornou a cintura fina. Alisou os quadris avantajados e encarou as pernas longas. A personificação de uma deusa terrena.

         Sorriu elevando as maçãs proeminentes.

         Imaginou Renesmee. Os cabelos de cobre longos e cacheados por seus ombros e costas, o nariz empinado e desdenhoso. Os olhos de chocolate encarando-a com desprezo, as mãos pequenas gesticulando obscenidades. O corpo esquio e gracioso. Ela devia ser a garota mais bonita que Psique conhecia.

         Balançou a cabeça desanuviando os pensamentos sobre a “prima” odiada. Vestiu-se brevemente e foi descendo as escadas de dois em dois degraus. Esme estava na cozinha e assistia a um programa de culinária italiano. Ergueu os olhos dourados enquanto sorria.

         -Acordou cedo, querida.

         -Me acostumei. – deu de ombros e sentou ao lado de Esme.

         Um formigar familiar desceu pela espinha de Psique. Ela franziu as sobrancelhas tirando sua atenção do programa, conhecia bem aquele arrepio. Acontecia sempre em noites que lua cheia. Podia ser peculiarmente clichê, mas Psique sempre se sentia estranha quando a lua estava em seu plenilúnio.

         Olhou para o calendário pendurado na parede. O quadrado tinha uma bolinha preta no canto, indicando que hoje seria realmente lua cheia, mas ela nunca tinha sentido um formigamento tão forte quanto aquele. O tremular se focou em sua garganta. Não pode deixar de gemer e levar à mão à ela. Esme captou logo.

         -Está com sede. – afirmou com doçura.

         -Irei mais tarde. – encolheu os ombros delicadamente.

         Passou o resto da manhã com aquela sensação estranha de que algo estava para acontecer. Estava sentada na relva gelada do jardim de Esme e arrancava ervas daninhas inconvenientes. Usava luvas de borracha amarela e deixara seu par de luvas de pelica dentro do bolso de seu casaco comprido de lã creme que estava pendurado no cabide dentro de casa.

         Distraia-se enquanto manuseava a terra com tranqüilidade, e quase não notou a proximidade recente de Seth por trás.

         -Seth. – ela exclamou surpresa erguendo os olhos quando ele se sentou ao seu lado. – Praticamente não te vi chegar. – esbanjou um sorriso embaraçado com a distração. Imortais nunca estavam distraídos. Menos ela. – Faz tempo que não nos visita.

         -É... – ele gagueja encantado com a jovem em que a menininha se transformara. Estava surpreso e sentiu uma tristeza gigantesca pelo ódio que Nessie e seus irmãos nutriam por ela. Tinha certeza que se eles a conhecessem certamente notariam que ela era pacífica. – Tenho tido problemas com os outros. – comenta com certa melancolia.

         Psique tira sua atenção do jardim e a foca totalmente nele. Uma expressão benevolente tinge seu rosto com delicadeza. Coloca a grande mão de Seth entre seus pequenos e suaves dedos. Considerava Seth um de seus melhores amigos, ele era na verdade seu único amigo além da família, e o prezava demais.

         -É por minha causa, não é? – suspira resignada.

         -Não... – tenta mentir, mas falha na voz. – Um pouco. Tenho certeza que se eles a conhecessem mudariam de opinião. Veriam que você não é o monstro que eles acreditam que seja. – completa movendo os dedos e enroscando-os nos da luva suja.

         Ela sorri fracamente.

         -Mesmo? – ele concorda francamente com a cabeça. Psique se empertiga ficando de frente para ele. – Seth... Você sente às vezes um arrepio estranho na espinha, quando é noite de lua cheia? – pergunta inocentemente. O lobo dá uma gargalhada estrondosa.

         -Não sou do tipo lobisomem mitológico. Desculpe te decepcionar.

         -Sente, ou não sente? – persisti.

         Ele parou pensando um pouco. Levou um dedo ao queixo quadrado e pondera durante segundos agonizantes. Então volta o olhar negro para ela e balança a cabeça fazendo uma careta e negando. Psique solta o ar devagar, não sabendo se sentia-se decepcionada ou não. Isso devia ser algo de sua espécie.

         Então uma pontada pequena de alívio surge em seu interior. Tinha mais uma pista sobre seu passado. Tem os olhos erguidos para o céu nublado, e esta totalmente relapsa ao lobo ao seu lado. Então se lembra de súbito que tem uma companhia.

         -Desculpe... – murmura ainda meio perdida em seus pensamentos. – Estava pensando em algo que... – se interrompe e balança a cabeça desajeitadamente. – Deixe para lá. Conte-me o que está havendo entre você e seus irmãos.

         Seth reluta primeiramente, mas se rende aos olhos instigantes de Psique e conta todos os últimos meses de brigas e desentendimentos entre eles. A maioria das discussões se resumia ao fato dele estar sempre ao lado dos Cullen em tudo. Em defesa de Psique. Ela se sentiu comovida com a forma profunda que pronunciava seu nome enquanto encenava os bate bocas. Queria ajudar o lobo de qualquer maneira.

         -Acha mesmo que se eles me conhecessem não relutariam tanto com minha presença? – sugere mordendo o lábio de nervosismo. Seria tão bom ter mais conhecidos, e quem sabe poderia até se tornar amiga das imprinting em La Push. Adoraria visitar a reserva.

         -Com todas minhas forças. – Seth reluz de felicidade ingênua.

         Psique tinha a aparência de uma mulher sedutora e experiente, mas no seu âmago não passava de uma menininha inocente e crédula. Enquanto seus olhos passavam uma segurança poderosa, seu interior revelava alguém frágil, vulnerável, desprotegida. Psique fingia tanto ser a adulta aspirante a direito, correta e soberana, que acabara acreditando em sua própria mentira.

         Seth sentia tudo isso em Psique, e sentia que tinha o dever de proteger-la, mas não passava de um menino bobo e com um coração que tilintava de puro. Pura estupidez. Ele apertou as mãos dela enquanto a mestiça se inclinava para cochichar.

         -Mas ninguém deve saber. – se arrastou para mais perto dele. O rapaz inclinou o tronco até ter o rosto próximo ao dela. – Vamos marcar amanhã, logo de manhã. – olhou por cima do ombro. – No rio que demarca a linha do tratado. Leve seus irmãos, e poderemos conversar sem os Cullen rosnando.

         Seth só faltou pular de alegria. Desapareceu pelas folhagens prometendo que não se atrasaria um segundo. Ela sorriu balançando a cabeça enquanto ria e terminava eu trabalho com as plantas. Sua garganta pinicou mais uma vez. Tenho que ir caçar agora. Pensou.

         Ficou de pé vendo que o céu começava a escurecer.

         Trocou as roupas e se preparava para sair quando Bella impediu sua passagem. Franziu o nariz para o vestido leve de verão que ela usava em pleno outono gélido.

         -Aonde pensa que vai? – cruzou os braços.

         -Vou caçar Bella, tenho que usar algo leve.

         -Essa hora da noite? – franziu o cenho.

         -Não se dá para caçar nada decente de manhã, os felinos só saem à noite. – deu de ombros. – Não se preocupe, mamãe. Ficara tudo bem. – deu tapinhas nas costas dela e foi indo em direção a porta.

         -Não sozinha. – segurou o cotovelo dela fazendo-a girar nos calcanhares. Olhou em volta atrás de alguma ajuda. Emmet estava vindo do quintal. – Emmet! – chamou ele. – Vá caçar com Psique. – sugeriu sorrindo satisfeita.

         Psique estava a ponto de retrucar, mas pensou melhor e se calou. Detestava agir como Renesmee agiria. Sorriu para o tio e saltou sobre o pescoço dele em um abraço. Os olhos do vampiro estavam sedentos o suficiente para que aceitasse o convite de bom grado.

Seus pés doíam à medida que aumentava o ritmo de sua corrida. Saltou por cima de um grosso tronco de árvore caído no meio do caminho e caiu do outro lado com um baque surdo. Analisou as feridas abertas em sua sola, Bella a mataria se visse que tirara as botas para correr descalça, mas a sensação de ter o chão firme sobre seus pés era acalentadora.

         Observou os cortes fecharem com rapidez e voltou a correr. Parou abruptamente agachando-se e ficando com o rosto rente ao chão, quase se encostando na terra molhada. Emmet estava logo atrás de si. Psique impulsionou seu corpo com agilidade, desviando a trilha do urso e seguindo por uma curva.

         Havia um caudaloso rio a sua frente. Seus tornozelos estavam mergulhados na água gelada quando o atravessou em um pulo único. Dessa forma seu rastro estaria perdido pela metade. Olhou por cima do ombro e voltou a andar, dessa vez por cima das pedras que beiravam a água.

         Por entre as camadas e mais camadas de verde, havia uma pequena brecha revelando o indício de uma amena clareira recoberta de galhos e ervas selvagem. Tocou no chão lodoso e tirou uma trepadeira seca e morta. Jogou longe desinteressada.

Tudo estava iluminado por um tenro manto prateado causado pela luz do luar que emergia agora. Psique movia-se devagar, gozando de sua visão aprimorada em se locomover por ali. Tateou pelas árvores ásperas e adentrou o recinto em passadas cuidadosas.

         A lua estava levemente encoberta por fiapos de nuvens, embebendo o azul noturno com apenas algumas nesgas de luz. Era uma visão divina. Suspirou admirada com a cor que sua pele assumia quando tocada pela prata celestial. Ela cintilava como metal polida.

         Pegou uma mecha de seus cabelos percebendo que eles ondulavam como seda prateada. Ela era uma escultura feita puramente daquele metal precioso. Rodopiou com os braços esticados, e jurava poder ver um pó luminoso desprender de seus braços e pernas. Pareço uma ninfa, pensou sonhadora.

         Uma dor aguda pontuou seu joelho fazendo sua perna torcesse em um ângulo inacreditável. A outra perna se redobrou de dentro para fora, fazendo-a cair com o rosto prensando a terra. Não pode gritar, a areia encheu seus lábios sufocando-a. Seu interior ardia em agonia como se um acido tivesse sido injetado em suas veias.

         Rolou para o lado com uma dificuldade sinistra, e em meio a lágrimas e poeira, viu a lua perfeitamente redonda rasgando a noite. Psique sentia que sucumbia, desejou que morresse e acabasse com todo aquele ardor. Teria apenas a rainha da noite velando seu leito de morte. Que forma poética de se partir, imaginou Emmet encontrando seu corpo inerte, e depois veio a mente a imagem de Renesmee rindo sobre seu caixão.

         A falta de ar sufocante e claustrofóbica do túmulo queimou em seus pulmões. Não deixaria Renesmee sapatear diante de seu epitáfio. Não sem antes provar que não estava roubando o amor da família dela. Psique jurara que mostraria a Renesmee que não era esse monstro que ela achava.

         Você finalmente cresceu, minha pequenina. Uma voz desconhecida acariciou sua mente. Então era isso, estava acontecendo. Psique deixava de ser uma mestiça comum, e sua outra metade ascendia. Era como se ela soubesse que essa hora chegaria.

Foi como se seu corpo inteiro pulsasse, encolhendo e diminuindo gradativamente até esmagar todos seus órgãos, e logo depois inchasse, quase a ponto de explodir. Ela virou o rosto para o lado e vomitou algo mal cheiroso. Não era bile.

         Sua pele foi abrindo-se e dela brotavam pelos grossos e pálidos como a cor da lua. Os dedos se grudando e formando patas grandes. Tudo a sua volta rodava e perdia as cores, ia se esvaindo de seus olhos. Por um momento ela pensou estar cega, mas então tudo explodiu, e ela não enxergava mais do mesmo modo.

         Ergueu o que há algum tempo atrás fora seu rosto, abriu a boca e dela saiu um som gutural, lembrando mais a um ruído. Virou a face para o caminho de onde viera, e podia ver claramente um rastro de um azul prateado e claro.

         Espirrou olhando para baixo e vendo patas brancas de um lobo. Seu coração acelerou, ribombando pelo peito em desespero. Correu pela trilha de vinda, parando diante do espelho calmo que era o riacho, inclinou o tronco e teve o leve vislumbre de sua nova face.

         Rugiu jogando sua cabeça para trás, em uma espécie de lamúria dolorosa. Um uivo de fineza indescritível ecoou pelas árvores. Seus ouvidos captaram o som de algo se aproximando com rapidez, Psique partiu em uma corrida frenética, para o mais longe possível de Emmet.

         Vagou sem destino pela noite, enxergando daquela forma estranha que era a visão canina. Suas patadas ressoavam pela noite perdendo-se na falta de esmo de seus caminhos. Reconheceu o lugar onde estava somente quando percebeu que atravessara a linha limite para os Cullen.

         Apenas Renesmee podia cruzar aquele limite, e Bella vez ou outra o fazia, mas Psique era terminantemente proibida de chegar sequer dez metros dali. Agora estava do lado de dentro, e vinte metros a mais do que deveria.

         Naquele momento o sabor excitante do proibido acelerou seu coração. Avançou pela reserva deliciando-se daquela sensação nova de descoberta. Correu na velocidade incrível e imortal que possuía até que chegasse ao fim da linha, parada diante de um precipício.

         O mar revolto estourava suas ondas negras na praia de pedrinhas e nos pedregulhos abaixo da vala. Inclinou a cabeça peluda em direção ao fundo, tendo o visual da altura daquele lugar, devia ser ali que Renesmee mergulhava.

         Um uivo ressoou alto atingindo seus ouvidos em uma freqüência desconhecida. Como um rádio que sintoniza no canal “perigo”. Suas orelhas se grudaram instantaneamente em seu crânio. Olhou em volta se vendo encurralada, e subitamente acuada. Pular era a única opção, não era viável, e podia ser bem desagradável, mas não havia outras formas de escapar.

         Um segundo antes de Psique tomar impulso para saltar, seu corpo começou a formigar. Seus membros foram atingidos por espasmos nervosos, onde antes havia tufos de pelos começaram a surgir longas penas esbranquiçadas.

         O grande corpo lupino começou a diminuir, até estar dez vezes menor. Seus braços transformando-se em asas e suas pernas em pés de garras afiadas. Psique moveu o que um dia foi suas mãos e viu apenas penas brancas salpicadas de dourado e prata. Ela era uma coruja.

         Um lobo gigantesco e negro surgiu entre as sombras, Psique nem sabia como podia ver o animal em meio aquela escuridão, mas pode visualizar claramente o contorno agressivo de suas costas arqueadas e seus pelos eriçados. Os assombrosos olhos amarelos fitaram-na raivosos.

         Psique viu a morte naquelas pupilas. Ela não conseguia, não podia, se mover. O animal atacou.


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