Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 23
A Queda


Notas iniciais do capítulo

As músicas do capítulo são: Skillet - Whispers in the Dark e Switchfoot - Dark Horses



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/185286/chapter/23


You feel so lonely and ragged

You lay here broken and naked

I will be the one that's gonna find you

I will be the one that's gonna guide you





Tudo estava perfeitamente silencioso.

Me virei.

– Elena Gilbert, o que está fazendo?

– Matando você.

– Não acha que isso é um tanto presunçoso demais? - perguntou Mikael, num sotaque muito antigo, sentando-se na mesa de madeira que havia ali. - Você é só uma humana, e está a beira da morte. Tudo isso para trazer aqueles monstros para o mundo.

– Nada te dá o direito de chamá-los assim. Você é muito pior do que qualquer coisa que eles possam fazer. Está a séculos caçando seus próprios filhos, todos eles! Não merece perdão nem misericórdia.

– Ah, e você se acha portadora de todo esse poder, pequena Elena? - falou ele, cínico.


When darkness comes

You know I'm never far


Rosnei, um impulso que eu não sabia que tinha.

– Veja só, não é mais tão humana assim. Olhe para si mesma, menina. Olhe como está mudada. E é tudo culpa de Niklaus. Diga-me, antes de conhecê-lo, há mais ou menos um ano, você sentiria nojo de si mesma agora, não é? Isso só prova que ele mudou tudo, mudou você. E isso, ah meu bem, não é uma coisa boa.

Quanto...Quanto a isso, ele estava absolutamente certo. Se eu voltasse um ano em minha vida, perceberia que tinha me tornado algo totalmente inacréditável. Amante de Klaus.


– Acompanhe meu raciocínio, Elena - disse Mikael, se aproximando por trás de mim, sussurrando em meu ouvido - Niklaus era tudo o que você odiava e agora você mesma não é tão diferente dele! Veja como ele mudou você, uma cópia dele. É isso que a menina Elena iria querer? Ser a mulher de seu próprio inimigo, aquele que tiraria seu sangue num piscar de olhos só para trazer à tona um bando de subordinados? É isso?

– Eu...

– Vire-se. Todas essas pessoas contra quem está lutando, seus amigos, sua família, seu antigo namorado, tudo isso por um monstro que só quer vê-la morta? Você se aliou a todos aqueles que só fizeram mal a você.

Algo oscilou dentro de mim.

É claro que todas aquelas afirmações e perguntas já haviam passado pela minha cabeça, mas era tão fácil ignorá-las. Ouvi-las, entretanto, de uma pessoa, cá entre nós sábia, era totalmente diferente.

Despite the lies that you're making

Your love is mine for the taking


Hesitei e me peguei lembrando da garota que acordava e fazia o café do irmão mais novo e irresponsável. Aquela que ria das futilidades de suas colegas, que não sabia o que sentia por seu namorado e que esperava ganhar o concurso de Miss Mystic Falls. Que adorava ver os jogos do time de futebol americano da escola e que todos os anos recusava o cargo de chefe de comitê dos bailes. A garota que odiava matemática, mas se saía incrivelmente bem explicando-a ào irmão. Aquela que tinha a horrível mania de corar as bochechas quando um garoto fazia uma gracinha com ele. Que tinha orgulho de ser a melhor aluna de História. Que ficava até tarde pensando em seu futuro, dividida entre escritora e atleta, porque eram coisas totalmente opostas. A garota que chamava a atenção nas festas, mas fingia não perceber isso. Aquela que era humana e normal. Minha vida antes dos vampiros.

Mas, de um jeito inexplicável, percebi que era como descrever outra garota. Não era eu e percebi isso com um sentimento de determinação. Aquela era uma Elena que eu nunca mais seria e não estava infeliz por causa disso. Vampiros eram mortais, sim, mas traziam à sua vida sentimentos tão intensos - sentimentos aos quais eu estava irrevogavelmente presa - , aqueles que as pessoas passavam anos procurando. E eu tinha tudo ali, na minha frente.


We'll survive the rain

Born for the sunrise

We'll survive the pain


Não havia remorço.


– Eles tomaram a decisão de se virar contra mim - respondi à Mikael, encarando seus olhos, idênticos aos dos filhos - E eu tomei a decisão de me unir àqueles que querem o mesmo que eu: que você morra. Chega, chega de persigui-los! Eles são demônios? São sim, mas me diga, quando foi que você recusou um bom copo de sangue? Quando foi que hesitou em arrancar um coração, só porque alguém estava em seu caminho? Todos, todos nós somos assim. Não seja hipócrita, Mikael. Eu, você, eles, somos iguais. Não é o instinto vampiro que os faz agir tão impiedosamente, é o humano.

Caramba, como eu estava sendo clichê.

– É, pode ser que esteja certa. Você é um monstro também. Não deixarei que continue viva.

– Ninguém pediu sua permissão - falei, pronta para atacar.

Eu sei que sou dramática mesmo.

Ataquei.


Hear my whispers in the dark

Whispers in the dark



Primeiro, atirei em sua perna esquerda e a pequena estaca era mais poderosa do que imaginava, mesmo assim ele não caiu. Pulou no meu pescoço e antes de furar minha pele, Mikael gritou. Eu tomara muitas precauções e nós não estávamos totalmente despreparados. Banho de verbena.

Arrisquei outro tiro, dessa vez acertando seu ombro. Ele só parecia cada vez mais furioso; com um tapa, me arremessou contra uma estante de livros, derrubando todos eles em minha cabeça. Fiquei tonta.

Não fosse o sangue de Kol, eu estaria morta no momento que ele enconstou em mim. Levantei-me. Havia algo poderoso me guiando, uma fúria imensa, uma raiva obscura. Eu não queria só que ele fosse embora, eu queria fazê-lo em pedaços. E sabia muito bem como tirar a atenção de um vampiro.

Hope makes the blood change courses...


Tirando minha camisa enxarcada de sangue, passei no ferimento nas minhas costelas. E joguei para Mikael. Como um cachorrinho ele pegou e ficou cheirando aquilo.

Atirei na sua cabeça e no seu coração.

– Elena, tome! - ouvi o grito atrás de mim. Damon. Damon! Em seguida, ele me jogou uma estaca, totalmente diferente das que eu já tinha visto.

Nós trocamos um olhar.

"Te protegerei até o fim" , dizia o fogo azul dos olhos dele.

"Obrigada", respondia a imensidão castanha dos meus.

"Seja feliz, Elena. Você não tem muito tempo".


My love is

A burning, consuming fire

No

You'll never be alone

Alaric acordou e olhou para mim. Balançou a cabeça na minha direção e foi ajudar Damon, bem na hora que Katherine pulava em suas costas. Antes de ir, ele me jogou outra estaca daquelas. Por garantia, dei outro tiro na cabeça de Mikael - com isso, cada parte de mim estava coberta de sangue.

Fincando uma estaca em cada braço de Mikael, eu peguei um pedaço de mesa quebrada e abri dois rasgos no peito dele. Arranquei a pele e enfiei a mão lá dentro. Cravando as unhas no coração eu o puxei para fora.

E tudo seria muito glorioso, não fosse o imenso pedaço de madeira que atravessava meu peito e saía pelas costas.

Eu poderia mentir agora, e dizer que ele era um cretino.

Mas o que Mikael fez me surpreendeu. Puxando o braço direito da estaca, ele segurou meu rosto e fez com os lábios:

Cuide dela. De todos eles. Por favor.

Sorriu e eu sabia exatamente o que fazer. Lágrimas escorreram. É, não havia outro jeito, lembre-se eu estava morrendo.


I've made my mistakes

I've seen my heart cave in

I've got my scars

And I've been to hell and back again


Puxando o coração até minha boca, eu o mordi. Jorros de sangue escorreram por minha garganta. Não parei até que o órgão estivesse murcho em minhas mãos.

Admito que pensei que seria curada, que meus ferimentos começariam a fechar. Mas não. Só a dor no meu peito continuava mais e mais insuportável.

As bruxas disseram que meu pior pesadelo viria à tona. Eu detestaria ter que virar um híbrido, mas seria capaz de suportar. Agora, uma vampira? Não. Não. Era só para ser curada, mas acho que meu estado estava muito grave para isso. Sei que se acordar, será como um monstro.

Meus suspiros eram cada vez mais raros e menos audíveis.


Hey, you can't count us out

We've been running up against the crowd


A dor foi cessando, lentamente, e minha consciência se apagando. Caí sobre o corpo de Mikael. Caramba, eu havia matado alguém, e de um jeito totalmente psicopata.

– Alaric, tire a erva da porta - ouvi alguém gritar.

Tarde demais, seus idiotas. A dormência foi dominando meu corpo. Primeiro a ponta dos pés, depos os membros principais, meu tronco, até que não consegui respirar mais.

Cadáver.

Vampira.

Cadáver.

Vampira.

Era como se estivesse brincando de cara ou coroa.

Visão zero. Audição zero.

Estava sendo desligada lentamente. A cada pensamento que produzia, imaginava que poderia ser o último. Lembrei dos olhos de Mikael. É claro que não seria capaz de vencê-lo, mas só queria saber por que ele fizera isso.

Dor, sussurrou minha mente para mim, Ele está ferido a tempo demais.

Quer dizer que eu o salvei. Se morrer, isso me mandaria para o céu? Duvido muito. Sei apenas que estou pronta, não queria morrer, mas estava pronta para isso. A menina Elena Gilbert já fizera coisas suficientes em sua vida. É como um ditado: dedique à um vampiro seu amor, a morte não terá clamor.

Coração parando.

Ah, Klaus.

Cara ou coroa? Cara ou coroa? Cara ou coroa?

Coroa.

And I've been to hell and back again...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!