A decisão corria por minhas veias; um remédio e um veneno. Tudo tinha que acabar como começou, com uma maldita doppelganger.

Como eu sabia disso? Bem, era meu segredo mais profundo, aquele que não fora revelado nem mesmo sob a influência de Klaus.

"Hoje completam cinco dias desde que estou nesse inferno. Eu nem sei mais o que é real e o que é ilusão de Klaus. Esse demônio não me deixa sozinha nem com meus próprios pensamentos.

Estar sozinha nunca é realmente estar sozinha.

– Você está certa - disse uma voz, ào meu ouvido.

– Klaus, vê se...

– Shh, menina. Não sou Niklaus. Eu vim para lhe ajudar.

– Quem é você? - perguntei, com absoluto medo de me virar.

– Emily Bennett. Eu fui enviada para ajudá-la.

– Ah, por favor, me livre desse monstro. Por favor! Eu sei que você pode! - pedi, desesperada, me virando e vendo um reflexo diferente no espelho.

– E eu irei. Mas tudo tem um preço, menina. As leis dizem que não podemos interfirir no destino de Niklaus. Porém, podemos interfirir no seu. Você é a única que pode matar um Original, para sempre. Apenas um.

– Mas como? - perguntei, duvidosa de que aquilo fosse apenas uma ilusão de Klaus.

– Você é a doppelganger, é a chave de tudo. Graças à você, essa desgraça caiu sobre o mundo e é seu dever livrar-nos de parte dela. Está disposta? Uma vez que tome a decisão, não poderá voltar atrás.

– E...Eu juro. Serei a morte do Original. Agora o que tenho que fazer?

– Deverá esperar um tempo, muito tempo para você. Mas seu coração dirá quando chegar a hora. E esta lembrança só virá a você quando chegar a hora. Por precaução, terá sempre um peso nos ombros, um peso de culpa e de dever.

– Esse é o preço?

– Não. Cale-se agora. Isso é importante, menina. Quando chegar a hora, você deverá lutar contra Niklaus, e sabia desde já que será a coisa mais difícil que irá ter que impor ao seu coração.

– Mas por quê? Ele é tudo o que eu mais odeio.

– O futuro é uma coisa incerta. Deixe-me terminar pois temos pouco tempo. Assim que estiver contra Niklaus, deverá cortá-lo, abrir um rasgo em seu peito, de modo que seu coração fique exposto. Deverá ser rápida, pois os ferimentos curam rápido, não se esqueça. Quando conseguir ver o órgão, enfie suas mãos no buraco e crave suas unhas no coração. Puxe-o para fora e veja se foi capaz de dilacerá-lo. Isso bastará.

– Parece impossível para mim.

– E é. Mas dê seu jeito, não posso ajudar mais.

– E o preço que devo pagar?

– Será o fruto do seu sacrifício. E lembre-se, você não desfaz um acordo com uma bruxa. Não queira ser nossa inimiga.

– E por que é que eu ia recusar ajuda? - perguntei, olhando como se ela fosse louca. Bem, eu estava conversando com um reflexo, então não posso falar nada.

Ela apenas sorriu, como se soubesse coisas inimagináveis. E provavelmente sabia.

Desapareceu antes de Klaus entrar no quarto, para me atormentar mais uma vez."

Fechei os olhos, rezando. Eu só esperava que eles não percebessem que eu me preparava para o combate.

– Quando eles chegam? - perguntei.

– Estão perto. Podemos senti-los - disse a irmã, esfregando as mãos no próprio corpo.

– Me acordem quando chegarem. Por favor, prometam isso.

– Está bem.

Então permiti que eu me perdesse na inconsciência, porque eu merecia. Abracei o sono como a um velho amigo.

E os malditos me acordaram rápido demais. Não tinha problema, eu recuperara a força de que precisava. Olhei para Rebekah, a única presente - e meu coração se apertou ao constatar isso.

– Elena, eles já estão lá embaixo. Não estão apenas conversando.

– Quem mais está lá?

– Stefan, Damon, Katherine e o caçador de vampiros. Ele trouxe uma bruxa consigo. E... Mikael.

– Estamos em desvantagem, não é? Rebekah, vá se juntar aos seus irmãos, eu ficarei bem.

– Não posso, Elena. Se eu te deixar, você corre o risco de ser atacada.

– Eu sei disso. Mas, bem, você é uma Original. É poderosa. E eles estão precisando de toda a ajuda possível. Além do mais, você foi a única deles que quase matou o Estripador. Vai logo, eu fico bem.

– Eu...

– Vá, Rebekah!

Seria cômico, sabe, a vampira Original obedecendo à mim, mas não era hora para isso.

Quando fui deixada sozinha, me preparei. Levantando-me, olhei para os bebês que estavam em cima da cama, tão pequeninos. Mas não havia tempo para ser maternal. Abri a porta do armário e peguei alguns cobertores, enrroleio-s em forma de cesta e coloquei os bebês lá dentro. Anthony segurou minha mão e havia mais sentido em seu olhar do que de qualquer recém nascido.

Segurando-os e com lágrimas nos olhos, abri a porta do banheiro e os coloquei na banheira. Saí e tranquei a porta; então comecei minha busca. Contando as tábuas do piso de madeira, consegui localizar a certa. Com as unhas, puxei uma delas para fora.

"Ótimo", pensei "Somente uma única chance"

Pois só haviam duas ervas ali e uma delas eu enfiei por baixo da porta do banheiro. Tanto esforço me vez arquejar, e enquanto tossia, reparei nas minúsculas gotas de sangue que saíam da minha boca.

Tentei dar alguns passos e fui impedida por uma barreira que eu não podia ver. Mas já esperava por aquilo.

– Você foi avisada– sussurraram milhares de vozes femininas - Não devia ter nos traído. Isso será seu fim.

Vários vultos, quase totalmente visíveis, surgiram a minha volta.

– Vocês não podem me tocar. Eu não quebrei o pacto. Disseram que eu podia matar um Original, e que se fosse o que vocês queriam, e eu também na época, haveria um preço. Rosalie provavelmente. - falei, mais corajosa do que me sentia - Então escutem isso, bando de vadias. Não terão meu bebê e muito menos meu Klaus. Sem Klaus, sem preço. Eu disse que iria matar um Original e eu vou, então saiam do meu caminho. O pacto não tem mais nada a ver com vocês.

Elas sussurraram como cobras, mas eu dei um passo à frente e as espatei com o braço. Sumiram.

– Pagará por isso, menina Elena. Seu pior pesadelo, esteja preparada para ele. - disseram elas, com um último murmúrio maldito.

Respirando fundo e contando com a sorte, eu abri a janela e comecei a escalar para o andar de baixo, para a janela da pequena biblioteca. Para minha surpresa, quando entrei, Alaric estava ali.

– Eu não...

– Depressa, faça o que eu digo. Estou do seu lado agora. Aquelas coisas tentaram me matar, então vou fazer isso com ou sem você. Mas apreciaria muito sua ajuda.

Ele me encarou.

– E esse sangue na sua roupa?

– "Aquelas coisas" são meus filhos.

Alaric se virou por um momento, e percebi que recarregava a pistola de mini estacas. É claro que ele não acreditou em mim. Agarrando o abajur ao meu lado, bati com toda força em sua cabeça. Ele desmaiou.

Respirei fundo e fiz o que tinha que fazer. Peguei a pistola e abri as portas da biblioteca. A cena era terrível.

Kol e Elijah estavam quase "mortos", com tantas estacas que haviam em seus corpos. Katherine estava no mesmo estado. Rebekah lutava contra Stefan, enquanto Damon, auxiliado por Bonnie, atacava Finn. E, é claro, Klaus cuidava de Mikael.

Só precisei de um sussurro.

– Mikael, isso é coisa nossa.

Houve um breve momento de espanto, então ele estava dentro da sala. Não houve troca de olhares e senti meu inimigo me alisar. O medo, tão forte que me surpreendeu - mas não devia - , quase me fez correr, mas não era um gatinho assustado e somente eu poderia resolver aquilo. Ignorei Mikael por um tempo e a cortesia, ainda fortemente presente nele, o impediu de me atacar pelas costas.

Sem fechar as portas, joguei a última erva no chão..

Klaus se atirou para mim, e foi bloqueado por uma parede invisível.

"Contra vampiros", dissera Bonnie uma vez. Vi seus olhos estreitarem quando ela se lembrou do mesmo que eu.

– O que está fazendo?! - gritou Klaus, tentando em vão ultrapassar a barreira.

– Não dê as costas para o combate - falei, seguindo meu próprio conselho. O mundo lá fora ficou mudo para mim.