Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 10
Garotinhas Devem Voltar para Casa


Notas iniciais do capítulo

Perdão pela imensa demora! Fiz o melhor que pude para tornar esse capítulo tão dramático e lindo quanto é na minha cabeça. Espero que gostem.
E, ah, obrigada Jujuba_lov pela ótima recomendação. Obrigada mesmo, não sabe o quanto é importante (:
Capítulo escrito ao som de Cut, do Plumb; Echo, do Jason Walker e Come Back When You Can do Barcelona



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/185286/chapter/10

Abri meus olhos. Estava frio. Sentando na cama, percebi que ele estava lá sim. Ele me observava dormir e mantinha uma expressão de pesar no rosto. Eu quis perguntar o que havia acontecido, mas Klaus deduziu o que eu ia dizer antes das palavras saírem de minha boca; apontou com a cabeça para a parede. Havia um calendário lá. Ele marcava dia 18 de junho.

Os dezenove dias que me restavam haviam se passado.

Seria amanhã.

- Você... Você pode me levar pra casa hoje? – perguntei, procurando não encará-lo.

- Posso.

Sabe, uma coisa é engraçada nas mulheres: nosso cérebro foi programado para se agarrar a qualquer esperança, qualquer possibilidade. Ora, eu já estava pensando em como nós dois viveríamos juntos, numa realidade paralela em que ele não tivesse que me matar. Em que ele se importasse o suficiente para desistir.

- Ontem... – começou ele – Foi bom?

- Foi. – respondi.

- Bom. Eu não queria deixá-la sem nada para compensar, sabe, o que eu te fiz – falou, passando a mão pelos cabelos.

Compensar?

Ah, não.

- O que você disse, no fim, também foi prêmio de consolação?

- E se for? – falou ele, desviando o olhar.

- Você é tão covarde! Sabe, já percebi um padrão; você me machuca, se arrepende, é carinhoso, se arrepende e então me machuca de novo.

- O que você queria? – disse ele, levantando-se. – Sabia quem eu era.

- O que eu quero? Apenas pare de me destruir por dentro! – gritei as últimas palavras. – Você não precisa ser um estúpido. Já tem o que quer. Mesmo que pudesse, eu não fugiria. Você já me tem presa, Klaus.

- Ah, como se eu fosse acreditar que no momento em que saísse pela porta...

Balancei a cabeça.

- Eu não me referia a uma prisão física.

Silêncio.

- Quando eu disse que a amava, não estava mentindo. É só que o amor não é uma coisa com a qual eu me importe. Há mais de um milênio que eu não me importo.

- Se um dia você se importou, irá se importar para sempre. Não há como superar isso, mesmo para um vampiro.

- Eu não quero superar. Mas você precisa.

- O que quer dizer?

- Escute, eu não menti. Eu a amo. E é por isso que tem que esquecer.

- Você realmente espera que eu consiga esquecer tudo?

- Não sozinha.

Eu o encarei até que a ficha caísse. Klaus ia me fazer esquecer de tudo. Todo o tempo que passei com ele. Ele ia fazer isso. E eu não teria nada para me lembrar amanhã. O medo que eu sentia por ele voltou à tona. Mas não era medo dele, era medo do que ele podia fazer comigo.

Dei-lhe um tapa.

- Você não vai fazer isso! – gritei, desesperada.

Mas eu era só uma garotinha implorando para que o monstro não me ferisse mais.

- Sinto muito, mas não é você quem vai decidir, Elena – ele pegou meu rosto e me forçou a olhá-lo – Você não irá se esquecer de tudo. Apenas do que foi bom. Está ouvindo? Você só vai se lembrar dos momentos em que eu te machuquei.

Ele me soltou.

Estava feito.

Foi tirado de mim.

- Tipo, agora? – perguntei, sentindo-me vazia.

Eu realmente não queria descrever o que eu senti. Mas se você está lendo isso, precisa saber. Imagine tudo o que te faz feliz e tudo o que te dá medo. Agora imagine ficar sem o que te faz feliz. Agora, pense em nem lembrar o que te faz feliz. Entendeu?

Não era como se arquivos fossem apagados de minha mente, um a um. Não, foi tudo de uma vez. Estava lá e então não estava mais. Esse era, definitivamente, um momento ruim e só por isso eu lembro dele. Levantei os olhos para o homem a minha frente.

Corra, meu cérebro gritou para mim.

E eu obedeci porque tudo o que eu sentia por aquele homem era medo e ódio.

Ele não me impediu de correr. E eu o odiei mais ainda. Porque eu sabia que havia motivos para ficar, mas ele me fizera esquecer. Era como se eu acabasse de sair da pensão dos Salvatore. Estava caminhando para a morte e agora tentava fugir dela.

Inutilmente, porque por dentro já estava morta.

Tum-tum, tum-tum, tum-tum, fazia meu coração, acelerado, mas ele não queria mais bater. Por que você continua então, idiota?

Não me lembro de quanto tempo demorou a viagem de volta. Só sei que senti alívio quando cheguei em casa.

- Diga a eles que será amanhã à noite. Dez horas – foi a única coisa que ele disse. E antes de eu sair direito do carro, ele arrancou, deixando-me sozinha.

O que eu faria?

- Damon! Stefan! – gritei.

Senti um vento repentino e ali estava o Salvatore mais velho me abraçando.

- Você está viva, afinal.

- É, acho que estou – respondi, abraçando-o com força. Não me julgue por querê-lo tão perto. Eu estava perdida.

- O que ele fez com você? – perguntou Damon. Ah, como eu sentira falta dele!

- Basicamente, machucou-me de todas as formas humanamente possíveis – falei, começando a chorar. Não sabia o quanto estava amedrontada.

Damon me pegou no colo e levou-me para dentro da pensão. Quando chegamos, ele me abraçou novamente. Não sei por quanto tempo chorei. Era difícil, sabe, voltar para lá sabendo o quanto estava ferida e o quanto havia ferido também. Nem posso imaginar o quanto ele deve ter sofrido.

- Ei, olhe aqui, está tudo bem agora. Passou. Nada vai acontecer com você, não enquanto estiver comigo. Acabou, Elena.

- Não, não acabou. É amanhã. Ele vai me matar amanhã.

Pela primeira vez na vida dele, imagino, Damon ficou sem palavras.

Quis perguntar onde estava Stefan, mas acho que eu o magoaria. De certa forma, era nosso momento.

Eu imaginava que a volta para casa seria diferente. Que eu estaria mais feliz do que ninguém no mundo. Não era bem assim. Estar em casa não resolve nada, não muda o fato de que os problemas ainda estão lá fora.

Não muda o que Klaus fez comigo.

Não muda o que eu sinto por ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!