Código Zero escrita por Rhyca Corporation


Capítulo 6
Capítulo 5 - A Rainha Serpente




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   Depois de tudo que aconteceu em FrozenShot, nós voltamos rapidamente para a Organização. As coisas estavam ruins, e Hidelgarde-sama precisava saber de tudo isso. Além disso, Yan e Pandora estavam seriamente feridos, e precisavam com urgência de cuidados específicos e mais sofisticados.

   Por isso, assim que chegamos fomos direto ao hospital que havia dentro da organização. Acho que não haviam se passado dez minutos da nossa chegada quando Hidelgarde apareceu:

 - O que houve por lá? Yan e a minha serva estão acabados! Quem vai fazer o meu chá agora?

 - Não acredito que você está pensando em chá! Será que você pode, por um momento, parar de pensar em você e se preocupar com os outros? - Shishou explodiu.

 - Não, eu não posso. Ei você, - Ela falou, chamando um dos médicos. - Cuidado com Yan. Ao menor sinal de alteração, leve-o ao meu laboratório.

 - O que há de errado com o Yan que precisaria ser resolvido pela senhorita? - Eu perguntei preocupado.

 - Venham comigo. Há muitas coisas que precisam ser ditas entre nós.

   Dito isto, nós a seguimos até o seu laboratório. Fomos para a sua sala particular e ela emitiu um aviso de que não queria ser perturbada. Então começamos a falar o que havia acontecido:

 - Leviathan foi encontrado. - Shishou falou. - Ao que parece, o seu selo está se desfazendo. Pandora nos deu no máximo seis meses.

 - Se desfazendo, você disse? – A rainha falou levantando uma de suas sobrancelhas. - Essa é uma má notícia, e seis meses é bem pouco tempo. Não confio no cálculo de Pandora, preciso ir lá ver pessoalmente.

 - Hidelgarde-sama! Não é uma boa idéia ir até lá. Fomos atacados pelo BARON de pedra, e ele quase nos matou! – Tentei impedi-la.

 - Um BARON não é problema para mim. Mas eu não preciso ir até Leviathan. Vou até o local onde Belial está selado. A partir dele, eu posso dizer precisamente quanto tempo nos resta. – Ela respondeu.

 - Belial é outro Príncipe? - Eu perguntei.

 - Ele é o primeiro Príncipe. - Shishou respondeu. - O Príncipe do orgulho.

 - Então a senhorita... A senhorita sabe onde ele está selado?

 - Claro que eu sei. Fui eu quem selou Belial.

   Fiquei em choque. Então ela era poderosa a esse ponto? Fiz menção de perguntar como aquilo havia acontecido, mas shishou balançou a cabeça para mim, sinalizando que aquilo não deveria ser discutido. Então eu perguntei sobre outra coisa que andava me inquietando:

 - Hidelgarde-sama, Pandora me disse que a senhorita sabe o que houve com o Yan... Será que poderia me dizer?

 - Yan não cresceu. - Ela disse. - Cresceu fisicamente, claro, mas não mentalmente. Esse é o problema.

 - Como isso aconteceu? - Eu perguntei novamente. - É algum problema neurológico?

 - Não é isso. Doze anos atrás, quando ele tinha apenas quatro anos, ele foi induzido ao coma, e foi acordado a apenas um ano. Toda sua vivência se resume aos quatro anos de sua infância.

 - Por que fizeram isso com ele Hidelgarde-sama. Quem fez isso?

 - Eu fiz. Foi o primeiro trabalho sério que eu recebi, designado por meu pai. O problema com Yan, é que seu poder se manifestou cedo demais, e com muita força. Seu corpo não estava agüentando, estava entrando em colapso. - E ela continuou. - Deixando-o em coma, havia a chance do seu corpo se adaptar ao poder, e acabar se estabilizando. Era algo que podia levar anos, ou que poderia nem acontecer.

 - Ele está acordado... Significa que está tudo bem agora?

 - Ele está estável, mas é melhor manter o olho nele. Bem, nós já acabamos nossa conversa. Gostaria que os senhores se retirassem. Eu ainda tenho muita coisa para fazer.

   Uma vez expulsos, eu e o shishou caminhamos lentamente de volta para os nossos aposentos. Eu estava imerso nos meus pensamentos. A verdade é que eu não gostava da Rainha Serpente. Ela era venenosa, e embora não me parecesse má, tinha momentos terríveis de crueldade. Na realidade ela era mesmo como uma serpente, se esgueirando silenciosamente, pronta para dar o bote a qualquer instante.

 - Você não gosta dela não é? - Shishou falou. - Tem momentos em que eu também não gosto, mas eu posso garantir que ela já foi uma pessoa muito diferente.

 - Diferente? Não vejo como isso possa ser verdade.

 - Eu a conheci quando tínhamos catorze anos. Meu pai e o dela eram amigos, e nossos poderes despertaram mais ou menos na mesma época, então nós costumávamos treinar juntos. Avarenta ela sempre foi, isso é verdade, mas ela era mais alegre, antes que tantas responsabilidades caíssem sobre seus ombros.

   Nós havíamos chegado ao quarto do shishou, e ele prontamente me chamou para entrar.

 - Venha Shion. Tem uma foto que eu quero que você veja.

   Era uma foto dos dois, quando eles eram jovens. Shishou não estava tão diferente, mas ela... Naquela foto, ela estava sorrindo! Um sorriso aberto, feliz, bem diferente dos que eu já havia visto. Era como se existissem duas Hidelgardes.

 - Shishou... Como ela virou o demônio que é hoje?

 - Ela não é como você pensa. Ela apenas tem outras formas de ver e fazer o que é certo.

 - Ela realmente tem poder suficiente para selar um Príncipe?

 - Ela sempre foi poderosa, tanto que se tornou general aos dezoito anos. Foi quando ela começou a se tornar mais séria, e um tanto mais cruel. Ser general é algo que exige muita responsabilidade. Além disso, ela também se tornou encarregada do Centro Tecnológico, e Líder das principais redes de espionagem.

 - Por que dariam todas essas responsabilidades à uma garota tão nova?

 - Porque ela era capaz. Existem apenas dez generais, e desde o momento em que ela se tornou um, sempre foi considerada a mais poderosa.

 - Que tipo de poder ela tem, para ser assim tão forte?

 - Não cabe a mim dizer, você verá um dia. Só posso dizer que é algo simples, porém devastador. - E ele continuou falando - Para piorar, quando ela tinha vinte anos, o seu pai faleceu, e ela se tornou responsável pela empresa dele, que na época já era uma gigantesca multinacional. É uma pessoa de fibra, a Hidelgarde.

 - Como ela selou esse Príncipe. - Eu perguntei - Por ser o primeiro, eu imagino que seja o mais forte?

 - Não sei como ela fez isso, mas sei que quase a matou. Ela tinha vinte e dois anos quando isso aconteceu. O selamento exigiu muito do poder dela, que já havia sido quase esgotado pela luta que os dois tinham travado. Ela passou um mês em coma, e ninguém achava que ela iria sobreviver. Todos os dias eu falava com ela como se fosse o último, pois eu não sabia se ela estaria viva no dia seguinte.

 - Parece que vocês são realmente amigos no fim das contas...

 - Assim eu considero. Mas ela realmente é uma pessoa muito solitária, graças à sua própria tirania. Sempre acreditei que ela ficou assim porque teve muitas responsabilidades pesadas desde cedo.

 - E como ela apareceu com Pandora?

 - Aaahh, isso é um mistério até pra mim. Vá dormir Shion, você se esforçou muito, deve estar cansado.

   Fui para o meu quarto com a cabeça girando, era muita informação de uma vez só. Acabei não dormindo nessa noite, tentando assimilar tudo que eu tinha ouvido naquele dia.

   De manhã cedo, decidi que eu precisava treinar. Eu tinha que ficar mais forte pra poder ser útil num combate de verdade. Quase não ajudei na minha primeira missão e passei com muito esforço no teste do Jin.

   Procurei shishou e depois de perder toda a manhã na procura, o encontrei na cafeteria, cantando uma das garçonetes:

   - Pesquisei na internet “Amor da minha vida” e apareceu “Você”.

 - Senhor Schiffer estou trabalhando, o senhor não deveria estar fazendo o mesmo? – Perguntou a garçonete.

 - Trabalhar pra quê se eu posso largar tudo para ter você, meu docinho de uva...

 - FINALMENTE TE ACHEI SHISHOU!!! PROCUREI PELO SENHOR POR TODA MANHÃ E O SENHOR ESTAVA AI FAZENDO NADA!! – Gritei enquanto atirava talheres de uma mesa nele.

 - O que você quer comigo? Estou ocupado e...

 - OCUPADO?? O SENHOR É MEU SHISHOU E NÃO ME ENSINOU NADA DESDE QUE EU ENTREI NESSA JOÇA E QUANDO EU ESTOU QUERENDO TREINAR, O QUE O SHISHOU ESTÁ FAZENDO?? NADA!! ABSOLUTAMENTE NADA!!

 - Acalme-se Shion. Não fiquei esse tempo todo sem fazer nada. Tenho uma espécie de treinamento para você. - Shishou deu um riso maligno logo depois de dizer isso. – Siga-me até nosso campo de treino.

   Quando chegamos ao campo, shishou começou explicando as regras do treinamento:

 - As regras são simples: Derrote-me. Lutando contra um general, que tem um nível elevado, fará com que você se prepare fisicamente e mentalmente no momento que você se encontrar com um oponente mais forte do que você. Todos os tipos de luta são permitidos aqui. Só basta me derrotar.

 - Derrotar o senhor?! Mas como eu vou fazer isso? Eu sequer sei quais são as suas habilidades, exceto a de manipular água. Não tem como eu...

 - Valendo!!

   Shishou sumiu da minha visão, aparecendo atrás de mim e me dando um chute na cabeça, fazendo com que eu ficasse tonto ao me levantar. Puxei três cartas e parti para o ataque.

   Num outro local, Pan acabava de acordar e, preocupada, olhou rapidamente para os lados. Ao ver que estava no hospital, ela se acalmou. Na cama ao lado dela estava Yan, com o pé engessado e dormindo. As imagens da luta vieram na cabeça dela fazendo com que, sem perceber, lagrimas escorressem por seu rosto branco. Ela levantou da cama e saiu andando.

   Enquanto isso, Hidelgarde estava preocupada com as recentes notícias. Ela levantou-se e se dirigiu a biblioteca do laboratório. Ao chegar, ela andou até um corredor que estava com a lâmpada queimada e sumiu na escuridão.

   De volta ao campo de treino, eu estava levando a pior claramente. Por outro lado, shishou continuava com incessantes ataques, me forçando a esquiva-los eu defende-los. Passamos toda a tarde lá e quando começou escurecendo, shishou encerrou o treinamento.

 - Mas porque shishou? Eu posso aguentar por mais tempo!

 - Por hoje é só isso. Se prepare porque hoje eu peguei leve com você. Mas, cada dia a mais de treinamento, eu vou intensificar até que você não aguente mais. Eu falei quando nos conhecemos que eu não iria pegar leve com você. Trate de me derrotar logo antes que as coisas fiquem piores...

 - O-ok!! – Falei meio sem jeito.

   Me dirigi ao meu quarto e tomei um bom banho. Depois, desci para jantar e voltei ao quarto. O treinamento só estava começando para mim. Eu estava tentando “evoluir” minhas habilidades de acordo como eu havia visto num livro.

    Essa evolução seria dividida em dois passos: O primeiro passo seria o mais difícil, onde eu teria que comprimir um naipe inteiro em apenas uma carta. Dessa forma, eu poderia usar as variações de nível de poder no momento que eu quisesse. Se eu conseguisse fazer isso, eu ficaria com apenas quatro cartas (fora os Jokers), mas seria muito mais útil para mim. Eu teria mais agilidade ao realizar um ataque e não ficaria dependendo de ninguém para me defender.

   O segundo passo seria o mais fácil, porém mais demorado. Consiste na criação de novas cartas com diferentes tipos de poderes e façanhas. Tinha um ritual num dos livros que peguei na biblioteca da Hidelgarde. Nesse ritual de criação, eu não saberia que tipo de poder eu ganharia ao criar uma carta, até que eu a usasse.

   Passei a noite quase toda reunindo poder para unificar um naipe, mas parece que não tive muito sucesso. Depois de muito tentar, decidi ir ao hospital da ordem para ver com Pan e Yan estavam. Quando cheguei lá tive uma surpresa: Pan não estava no quarto dela. Passei o resto da noite procurando-a, mas tudo havia sido em vão.

   No dia seguinte, shishou me chamou para treinar logo pela manhã. Eu estava esgotado por causa do treino anterior e por estar acordado a mais de 24 horas. Levei muitos golpes e shishou parecia estar pegando realmente mais pesado comparado ao dia anterior. O que me intrigava nesse treino é que ele não estava usando seus poderes. Ele estava somente lutando corpo a corpo (e eu só fazia escapar de alguns dos ataques). Com a cabeça cheia de dúvidas, acabei pedindo uma pausa no treino.

 - Shishou... Eu estava lembrando de quando lutamos contra o BARON de pedra em FrozenShot, e a Pan me disse para não usar nenhuma carta do naipe de Ouros. Ainda não entendi o motivo...

 - É simples. Você já havia feito algo semelhante uma vez, durante o natal. O poder dimensional do naipe de Ouros poderia causar uma distorção no selo do Leviathan, quebrando-o. Pandora percebeu isso e agiu a tempo.

 - Falando na Pan, fui ao hospital durante a noite e ela não estava lá.

 - O quê!? Espero que ela não tenha ido fazer o que estou pensando... Venha comigo! Acho que sei onde ela está.

   Saímos correndo pela organização (desorganizada) até chegarmos à área do esquadrão de combates de curta distância. Fomos até o campo de treino deles e lá estava ela, encostada numa das colunas do imenso campo.

 - Pan! O que está fazendo aqui? Procurei por você por toda a noite! –Perguntei preocupado.

   Ela ficou em silêncio, me ignorando. Shishou ajoelhou-se junto dela e colocando as mãos nos ombros dela, ele falou:

 - Sei que está se sentindo fraca e incapaz por causa do incidente com o BARON de pedra, mas não adianta nada treinar quando você está machucada desse jeito. Espere melhorar, e então treine!

 - Não... Eu tenho que ficar mais forte agora. Por causa da minha inutilidade, Yan e Shion quase foram mortos.

 - Nada disso. Se você não parar, eu vou até a Hidelgarde, para dizer que você está se matando.

 - E quem você acha que liberou esta sala para mim, hein? Ela me pegou treinando escondida aqui, e tudo o que disse foi que tinha confiado em mim para essa missão e eu tinha arruinado tudo!

   Eu estava chocado. Que tipo de pessoa a rainha era? O shishou havia me falado sobre uma Hidelgarde muito diferente, digna até, mas uma pessoa que fala assim com alguém como Pandora...

 - Ela disse que eu estava certa em treinar! E disse que... Que se eu morresse, então eu era tão fraca que realmente merecia esse fim! EU A ODEIO!!!

   Pandora começou a chorar. Ela parecia tão frágil... Nessa hora o shishou levantou, e havia uma expressão determinada em seu rosto:

 - Leve pandora de volta ao hospital Shion... Eu estou indo até Hidelgarde. Está na hora de colocá-la no devido lugar...


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