Código Zero escrita por Rhyca Corporation


Capítulo 5
Capítulo 4 - O Segundo Príncipe




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   Logo quando adentramos naquela imensidão branca, pudemos perceber vários ninhos espalhados até onde a vista podia alcançar. Yan se voluntariou a explorar toda a floresta sozinho. No momento, ele era o mais indicado:

 - O Yan acha que 3 minutos é o suficiente. – Ele falou todo orgulhoso. – Voltem para o hotel e deixem a janela aberta. Quando Yan terminar, o Yan voltará para contar pra vocês o que encontrou.

 - Conto com você Yan! – Pandora o incentivou.

   Voltamos e ficamos esperando por noticias dele. Shishou quebrou o silêncio nos dando uma notícia não muito boa:

 - Sinto muito, mas essa missão será feita somente por vocês três. Não vou poder fazer nada por causa do clima que me deixa em desvantagem. Nem sei como a Hilda teve a coragem de me mandar pra cá mesmo sabendo disso.

 - Como assim shishou?? – Perguntei sem entender do que se tratava.

 - Eu entendo perfeitamente senhor Schiffer. Shion deixe o senhor Schiffer aqui dentro. Ele não poderá passar muito tempo na neve. – Pandora Concordou com shishou, me fazendo entender bem menos do que estava acontecendo.

 - Alguém pode me explicar alguma coisa?? – Perguntei desesperado.

 - Isso não é algo que você deva saber agora Shion, mas em breve você saberá. Sem pressa.

 - Por quê? O Yan é curioso e quer saber. – Yan perguntou sentado na janela.

 - Esqueça isso. De qualquer forma conte-nos como foi a exploração? – Pandora falou.

 - Fora os ninhos que o Yan encontrou por todo lado, tinha uma casa feia cheia de arvores dodói junto dela. Também tinha um rio congelado. Deu pra sentir uma aura malvada naquela casona.

 - É casarão. – Corrigi ele.

 - É casona! Casona!

 - Tá bom, casona...

   Não sei qual era o problema dele. Além de agir como uma criança, ele falava terceira pessoa, como se fosse outra pessoa, tornando tudo mais confuso. Curioso, eu puxei Pan discretamente para o canto e perguntei se ela sabia por que ele era daquele jeito, ao que ela me respondeu:

 - Eu não sei Shion, ele só está na Organização a um ano... Mas Hidelgarde-sama sabe o que houve com ele. Se você perguntar, talvez ela responda.

   Claro... Aquela mulher sabia de tudo! E eu duvido que ela me responderia alguma coisa de graça... Vai me cobrar tão caro que nem vendendo minha alma eu vou conseguir pagar...

   Nesse momento o shishou falou:

 - Vocês devem ir olhar essa casa. Mas tomem muito cuidado, deve haver coisas bem piores do que SLAVES ou GARGOYLES lá.

 - Senhor Schiffer, é possível que nós encontremos um Príncipe? - Pan perguntou.

 - Não, até onde eu sei eles ainda não estão se movendo. Mas vocês devem esperar, no mínimo, por um BARON. - E ele continuou. - Eu não vou poder ir, mas ficarei em contato através do comunicador de Pandora. Agora vão.

   Então nós partimos. Nossa ideia era desviar dos ninhos e ir diretamente até o tal casarão. Queríamos evitar confronto. Talvez isso fosse difícil, mas o Yan teve uma ideia que nos ajudaria:

 - Como só são vocês dois, o Yan pode carrega-los até o outro lado, pulando por cima das arvores. – Ele falou, fazendo aquela cara de felicidade típica dele. – É só se segurarem com força no Yan e vocês não vão cair. Mas vai ter que ser um por vez. O corpo pequeno do Yan não aguenta vocês dois de uma vez só.

 - Vamos logo! Quanto antes chegarmos ao casarão, melhor. – Falou Pan.

   Ela foi na frente enquanto eu fiquei esperando no hotel. Não demorou muito para que ele estivesse de volta. A visão de cima daquela floresta era assustadora. Haviam dezenas... Não, centenas de ninhos por toda a floreta.

   Ao chegar perto do casarão, o Yan desceu dizendo que eram ordens da Pan. Havia um rio congelado que nos separava da casa. Não havia como nos escondermos do outro lado e por isso que descemos antes. A porta estava entreaberta e parecia não haver ninguém morando ali a muito tempo.

 - O Yan vai na frente, caso tenha alguma armadilha. Se estiver tudo bem, o Yan volta pra avisar. Se o Yan não voltar... HAHAHAHAHAHA!! Tô brincando!! É claro que o Yan vai voltar.

 - Para de brincar e entra logo no casarão! – Pandora falou um pouco irritada.

 - Casona! – Yan saiu dali enquanto resmungava.

   Não se passaram nem dez segundos quando ele voltou dizendo não ter encontrado nada suspeito. Ao entrarmos lá, parecia ser uma casa qualquer, porém abandonada. Era um local pequeno, havia um fogão a lenha no canto, duas camas muito simples num outro canto e uma mesa no centro do aposento. Também havia palha por todo o chão de modo que os pés afundavam ao pisar naquilo.

   Examinamos todo o local minunciosamente a procura de qualquer pista do que estava acontecendo naquela cidade. A aura que aquele lugar emitia era tão pesado que transformava a simples casa num lugar suspeito.

   Não havíamos encontrado nada, até que Pan tropeçou em alguma coisa por baixo da palha. Espanamos rapidamente e encontramos o que parecia ser um alçapão. Era hora de descer.

   Lá embaixo estava terrivelmente frio, mais ainda do que do lado de fora, e havia uma estranha luminosidade no local. Além disso, a energia negativa era tão densa ali, que parecia até que estava me empurrando para baixo, me fazendo sufocar.

   Continuamos andando, percebendo que estávamos indo cada vez mais pra baixo, até que entramos em uma curva e vimos algo inimaginável. Tínhamos entrado em uma grande câmara, praticamente toda coberta de gelo. No centro dela havia um grande bloco de gelo, e o que era mais estranho: havia uma pessoa congelada lá dentro!

 - Meu Deus! Eu não posso acreditar nisso! - Pandora falou, cobrindo a boca com as mãos.

 - Nhaa, Yan achou uma princesa do gelo!!!

 - Isso não é uma princesa Yan... – Pandora falou ainda assustada.

 - Pan, o que houve? Quem é essa pessoa? – Perguntei.

 - Se eu não me engano... E eu quero muito estar enganada... Esse é Leviathan, o segundo Príncipe de Gehenna.

   Então era um Príncipe? Aquela era uma pessoa bonita de olhar, embora fosse difícil definir se era homem ou mulher. Era incrivelmente pálido, com imensos cabelos brancos. No geral, era uma figura que fazia você pensar em gelo e neve.

 - Leviathan é o Príncipe da inveja... Mas vejo que ele ainda está selado... - Pan continuou.

 - Então esse bloco de gelo é um selo?

 - Sim, mas ele está se rompendo. Você está vendo essa rachadura aqui? Daqui a algum tempo todo esse gelo irá quebrar, e Leviathan estará livre de novo.

 - Yan acha que a gente devia ir embora... Yan tá com medo da princesa do gelo...

 - É um homem Yan - Eu corrigi automaticamente.

 - Princesa!

   Nem me dei ao trabalho de discordar de novo... Haviam coisas piores para me preocupar:

 - Pan, quanto tempo você acha que temos até o selo se desfazer completamente?

 - No máximo uns seis meses... O pior é que, se o selo dele já está se desfazendo, imagino que o dos outros seis também estejam desse jeito.

 - Fale com o shishou, vamos ver o que ele diz para nós fazermos.

 - Não estou encontrando o comunicador em nenhum dos meus bolsos. – Pandora falou aflita.

 - Então vamos seguir a sugestão de Yan e voltar ao hotel. Lá o shishou pode nos ajudar.

 - Para onde vocês pensam que vão? – Uma voz estranha veio do interior daquela câmara.

   Nos viramos rapidamente e avistamos uma silhueta que me parecia ser humana. Quando o dono da voz se colocou na frente do local onde o Leviathan estava selado, pudemos ver como ele era. Tinha uma aparência humana embora tivesse dentes enormes e pontiagudos semelhante ao de um tubarão. Tinha o cabelo loiro e curto e tinha também uma cicatriz no olho direito que ia do meio do cabelo até o início dos lábios. Com um olhar psicopata, ele fez um movimento com as mãos e fechou a passagem pela qual entramos, juntando algumas pedras. Parecia que ele as controlava.

   Ele inclinou a cabeça de lado e colocou a língua de fora. Quando ele estendeu a mão para frente, algo foi surgindo nela, com pequenos pedaços de pedra que se acumulavam: Era um machado! Depois disso, ele avançou para cima da gente arrastando aquela arma pesada para o seu tamanho até metade do caminho. Rapidamente, ele pulou girando o machado enquanto gritava:

 - Meu nome é Hotstriker, o BARON de pedraaaaaaaaa!

   Todos desviaram do feroz ataque do autointitulado BARON, separando o grupo. No momento em que o Hotstriker se preparava para nos atacar novamente, ele pareceu ser atingido por inúmeros golpes invisíveis e caiu de joelhos, com uma mão apoiada no chão.

   Era o Yan!

   Rapidamente, puxei uma carta para atacar. Acabei tirando um Dez de Ouros. Minha tentativa de ataque foi interrompida por Pandora, que gritou:

 - PARE AGORA MESMO SHION! Não ataque com uma carta de Ouros! Depois eu explico!

   Sem muito o que fazer, puxei outra carta, um Quatro de Ouros! Qual o problema desse baralho? Justo as cartas que eu não poderia puxar estão aparecendo. Nesse momento o BARON apareceu na minha frente com o machado no alto, porem descendo ele. Fiquei paralisado por causa do momento e acabei fechando os olhos, me preparando pro ataque final. Seria ali que eu iria morrer? De um modo tão fácil, só por eu não ser bom o sufuciente?

   O machado desceu fazendo com que pedras voassem ao longe, levantando uma enorme camada de poeira. Quando abri os olhos, vi o Yan me carregando com uma cara de preocupado:

 - Fique aqui enquanto o Yan e a Pandora vão resolver uns probleminhas. Não abaixe sua guarda em momento nenhum. – Ele falou enquanto voltava para a luta.

   Pude ver Pandora correndo em direção ao Hotstriker, com as adagas na mão. O machado girou na horizontal na tentativa de atacar Pan, mas esta fez com que aquilo servisse de degrau para ataca-lo por cima. Yan era visto “voando” de uma parede à outra, dando pequenos golpes em pontos cegos do inimigo.

   Quando Pan enfiou suas adagas no oponente, elas entraram com dificuldade e então o BARON estava envolto em uma fina, porém dura camada de pedras. Pan deixou as adagas presas nele e pulou para trás, mantenho distancia. O ser de pedras falou:

 - Você, criança da velocidade, olha suas mãos.

 - A-as mãos do Yan estão sangrando! – Yan falou desesperado.

 - Eu estava usando essa “armadura” o tempo todo, mas com uma camada muito mais fina e superficial. Não há como vocês me ferirem!! – Ele deu uma risada frenética e continuou. – Não sou como aqueles SLAVES e GARGOYLES que estão lá fora. Sou bem melhor do que aquilo!! E muito mais perigoso!!

   Yan não aguentou esperar e fez um ataque arriscado. Ele pulou e apoiou os pés no teto e depois pulou pro chão, descendo na frente do BARON louco. Ao encostar os pés no chão, Yan levantou uma perna e girou o corpo, a fim de acertar um chute nas costelas no adversário. O som de algo estralando ecoou pela câmara, seguido do grito de dor do Yan.

   Eu tinha que fazer algo para ajudar. O BARON colocou um sorriso maléfico no rosto e ergueu o machado. Desesperadamente, puxei duas cartas, desejando que não fossem do naipe de Ouros. Eram um Oito de Paus e um Três de Copas. Fiz a combinação, desejei um ataque de gelo e lancei as cartas. Elas acertaram na altura da barriga do inimigo, mas não penetraram muito por causa do nível baixo da carta de Copas.

   No momento em que o Hotstriker estava descendo o braço, as cartas congelaram a área que tocaram (interna e externamente) e logo depois explodiram, despedaçando a armadura e consequentemente, o fígado dele.

   Não foi uma cena feia de se ver porque o gelo transformou em pó o que havia congelado fazendo com que caísse uma névoa vermelha. Pan aproveitou o momento para tirar o Yan dali e recuperar as adagas. Enquanto ela tentava tirar a segunda adaga, Hotstriker girou o braço num movimento de dor, acertando Pandora e jogando-a contra a parede.

   O local começou a tremer devido aos golpes que o BARON dava no chão por causa da dor. Eram golpes incessantes e faziam com que alguns dos estalactites caíssem, tornando perigosa a permanência naquele local. Rapidamente me juntei a Pandora e Yan e puxei uma carta para abrir a passagem que foi fechada pelo Hotstriker.

   Um Valete de Copas?! Eu não poderia usar uma carta desse naipe para abrir passagens!! O que estava havendo com o meu baralho. Puxei outra carta e tirei um Sete de Espadas. Lancei-o contra a pilha de pedras e arrastei o Yan e a Pandora que estavam desacordados. Ao chegamos à parte do alçapão, coloquei meu baralho no chão e procurei por uma carta de Paus e a usei para criar uma espécie de elevador para nos colocarmos para cima, voltando para o casarão. Quando coloquei os dois nas camas que haviam lá, eu ouvi um barulho parecido com o de um bipe. Era o comunicador de Pandora.

   Ele estava caído ao lado do alçapão. Acho que ele tinha ficado ali no momento que Pandora tropeçou. Apertei um botão, atendendo o chamado. Era o shishou. Me lembrei do que ele havia dito antes de sairmos do hotel: “Eu não vou poder ir, mas ficarei em contanto através do comunicador de Pandora.” Finalmente respondi ao chamado dele:

 - Tem alguém ai? – Shishou falou preocupado.

 - Sou eu, Shion Walker. Preciso do senhor urgentemente!

 - O que houve?

 - O Yan e a Pandora estão desacordados! Não vou conseguir sair daqui carregando os dois e passar despercebido no meio de vários ninhos e também não tenho muito poder me sobrando, caso eu precise lutar.

 - Estarei indo para ai agora mesmo. Me arranje um local com muita água. Não pode ser gelo! Tem que ser água mesmo! Vou precisar disso para tirar vocês daí.

 - Estarei esperando!!

   Me dirigi ao lado de fora do casarão carregando os dois até que cheguei no rio congelado e fiquei aguardando pela chegada do meu shishou. Cerca de dez minutos depois, ele apareceu ao longe, sendo seguido por uma tropa de SLAVES e GARGOYLES. Como eu já tinha preparado previamente usei um Valete de Paus e invoquei uma grande lamina de vento para cortar o gelo do rio, fazendo com que a água do rio fosse alcançada.

   Quando shishou chegou perto da gente, ele mexeu as mãos e a agua começou a sair do rio. Ele fez uma espécie de cortina de água por cima da floresta inteira num piscar de olhos e depois fez com que ela caísse, sumindo a medida que chegava junto do chão.

 - Vamos!! Isso não vai durar por muito tempo!!

   Ele pegou o Yan e começamos a correr de volta ao hotel. As criaturas daquela floresta pareceram não nos notar enquanto passávamos por elas. Depois de algum tempo correndo, conseguimos chegar. Deitamos os dois feridos em suas respectivas camas e tomamos as devidas providencias com os ferimentos deles. Havia algo assustador naquela organização chamada Gehenna. Eu precisava reportar isso a Hidelgarde-sama o mais depressa possível...


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