Código Zero escrita por Rhyca Corporation


Capítulo 14
Capítulo 13 - A Rosa da Eternidade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/184832/chapter/14

   O encantador de bombas riu freneticamente enquanto eu estava caído no chão. Minha vista começou a embaçar e isso me apavorou. Eu não poderia morrer num lugar daqueles. Era uma missão tão simples, mas tudo começou dando errado desde que entramos naquele trem. Fomos atacados um pouco depois de entrarmos no nosso vagão; quando chegamos a Cannonville esses dois descobriram nosso plano e isso quase matou o Swan; por causa disso a Anelise ficou fora de si e invocou aquela coisa enorme e isso consumiu todo o poder dela, deixando-a desacordada; e agora estou perdendo a consciência. Não acredito que as coisas poderiam piorar tanto assim.

   O cara chamado Kazumi preparou outra bomba daquelas em sua mão direita e se aproximou de mim em passos perigosamente lentos. Ele perguntou ainda andando:

 - Quais são suas ultimas palavras?

 - P-pri... Prisão de Gelo... – Falei enquanto tentava conjurar uma armadilha da minha combinação do naipe de Paus.

   Pilastras se ergueram rapidamente ao redor dele enquanto os seus pés congelavam. A baixa temperatura daquela prisão fez com que seu corpo começasse a congelar a partir dos pés, chegando rapidamente á cintura. Depois que o gelo chegou quase no pescoço, Kazumi abriu um sorriso e falou:

 - Acha que pode me deter só com isso? Sou o lendário encantador de bombas, você não tem como me vencer, não importa quem você seja. – Ele fechou os olhos por um instante e os abriu rapidamente enquanto conjurava uma de suas técnicas. – Kazumi War!

   As luzes explosivas apareceram ao redor dele, mas por ele não poder se mexer, elas simplesmente caíram, quebrando toda a armadilha gelada com a explosão.

   Minha ultima tentativa de tentar aprisioná-lo tinha sido em vão. Com isso, uma idéia pareceu dançar sobre minha mente. O encantador voltou a caminhar em minha direção enquanto preparava outra bomba na mão. O teto tremeu e depois de algum tempo, desabou perto de onde estávamos e isso tirou a atenção do Kazumi de mim. Aproveitei a chance para usar meu naipe de Ouros para aprisioná-lo na carta e fazendo um esforço enorme, lancei-a.

   Foram os segundos mais longos da minha vida.

   Ela girou inúmeras vezes até que finalmente o encostou. Ele virou a cabeça rapidamente para onde a carta havia encostado e fez uma expressão de assustado até que ele começou sendo sugado.

   Usei toda a minha força para intensificar o poder daquele naipe que estava compactado em uma única carta e finalmente o prendi lá dentro. Respirei aliviado quando o vi entrar completamente pela carta, porque eu já estava ficando sem opções do que fazer contra ele.

   Enquanto eu lutava para não perder a consciência, Swan travava uma difícil batalha contra o Kurikura. A habilidade do baixinho era uma super-força, embora ele não tivesse muita inteligência. Ele era literalmente retardado, como o irmão dele dizia.

   O assistente, por outro lado, estava tendo dificuldades porque ele não estava com o Nick que seria fundamental para a vitória dele e sem um poder ofensivo, era realmente difícil dele sair vencedor. Eu também não poderia ajudá-lo nas condições que eu me encontrava. Precisaríamos de um milagre se quisermos sair dali com vida...

   A carta em minha mão começou a vibrar e de repente voou enquanto emitia uma luz forte de cor amarela. Uma forte explosão saiu daquela carta, quebrando alguns pilares daquele local e fazendo com que algumas partes do teto desabassem novamente. Dentre a grande nuvem de fumaça e em cima da pilha de destroços estava Kazumi me olhando com uma cara não muito amigável.

   Swan se distraiu com a explosão e acabou levando um soco do Kurikura na altura do estomago e com isso ele cuspiu um pouco de sangue enquanto tossia caindo no chão gelado.

   O Kurikura se preparou para dar um grande soco no assistente caído enquanto Kazumi preparava uma bomba para mim. O fim estava próximo...

   O baixinho pareceu sentir golpes invisíveis e ficou se contorcendo de pé até cair de joelhos gritando de dor. O encantador de bombas pareceu ter recebido um forte golpe e saiu voando enquanto atravessava cerca de nove pilares. Duas novas pessoas puderam ser vistas naquele cenário.

   Eram Pandora e Yan.

   Pan se dirigiu rapidamente até mim, apanhou uma das minhas cartas no chão e colocou dentro de uma caixa pequena, do tamanho de um porta-jóias de tamanho médio. Yan levantou o Swan e o colocou junto de mim enquanto ela me virava de frente. O pequeno corredor rasgou um pedaço da manga do assistente do nono esquadrão e entregou a Pandora. Ela o colocou dentro da caixa e a fechou.

   Uma luz verde foi emitida da caixa e, por um momento, comecei a me sentir bem, como se a dor do meu ferimento da barriga estivesse sumindo. Como se ela nunca tivesse existido.

   Ao olha para minha barriga comprovei minhas sensações: Havia uma luz verde por todo meu corpo e a ferida estava sendo fechada rapidamente. Finalmente tive forças para falar:

 - Pan, o que está acontecendo?

 - Estou curando você e o Swan. Isso não está óbvio?

 - Está, mas onde conseguiu esse poder de cura? Nunca tinha te visto com isso antes.

 - Eu sempre tive isso, só nunca tive a oportunidade de usá-la em sua presença.

   Fiquei um tempo em silêncio até que comecei a perceber que algo não se encaixava.

 - Espera... Porque vocês dois estão aqui?

 - Foram ordens do Tio Alexis! – Yan falou sorridente. – Ele mandou o Yan e a Pandora até aqui porque estava preocupado com vocês.

 - Sua ultima ligação o deixou preocupado – Pandora falou. - Então, como o senhor Manson não liberou um general para vir, o Alexis nos mandou para ajudarmos com o Magnus Plantae, mas pelo visto vocês já resolveram o problema com aquilo.

 - Mas... Como chegaram até aqui tão rápido? – Swan perguntou ainda tossindo um pouco de sangue.

 - Foi fácil! – Yan falou. – Yan carregou a Pandora até aqui enquanto usava a alta velocidade. – Ele exibiu um grande sorriso quando terminou de falar, como se estivesse se gabando.

   Puxei Pan para perto de mim e perguntei:

 - Como ele pode não estar cansado?!

 - Ele é uma criança hiperativa. Não iria ficar cansado nem se atravessasse o país inteiro. E se você não percebeu, já é quase meio dia. Faz umas quatro ou cincohoras que você ligou para o Alexis.

 - Hm... Agora tudo faz sentido. – Swan falou com cara de bobo.

   Pilhas de destroços foram jogadas ao longe com uma explosão. Kazumi não tinha sido derrotado e seu irmão também não. Kurikura se levantava fazendo um certo esforço enquanto Kazumi vinha em nossa direção. Pandora e Yan nos deixaram ali e se colocaram de pé em frente aos inimigos. Duas nova lutas estavam prestes a começar.

   Pan sacou as duas adagas com lâminas num tom violeta e partiu para cima do encantador de bombas. Ele invocou o Kazumi War enquanto Pandora avançava, cortando as luzes com as adagas. O estranho é que em vez de explodirem, elas simplesmente se apagavam. Quando todas as luzes no caminho da assistente foram apagadas, ela parou na frente dele começou uma sequência de golpes feito com maestria.

   Um corte diagonal inferior esquerdo seguido de um corte vertical que chegou até o queixo do oponente, finalizando com uma estocada com o cabo da adaga na barriga.

   O inimigo tossiu enquanto cuspia um pouco de sangue, caindo de joelho e usando uma das mãos para se apoiar no chão. De cabeça baixa, ele abriu um sorriso largo e rapidamente colocou a mão na barriga de Pan.

 - Kazumi Timer Bomb. – Ele falou ainda tossindo.

   Pandora recuou rapidamente enquanto ele falava:

 - Você é mesmo muito boa, mulher. Conseguiu fazer em segundos o que aquele carinha das cartas não fez até agora. Mas acabei de implantar uma bomba em seu corpo. Nessa técnica, se o usuário for atingido por qualquer golpe, por menor que seja, ele explode de dentro para fora! – Ele gritou eufórico.

   Pandora mostrou uma expressão assustada e logo depois a trocou por uma seriamente determinada e avançou em direção ao encantador de bombas. Ela continuava com cortes e golpes precisos até que ela recuou novamente.

 - O que foi? – Falou Kazumi. – Ta com medo de me enfrentar?

 - Não. – Ela respondeu. – Só vou acabar logo com isso.

   Pan abriu a mão e mostrou o que tinha lá. Era um pedaço da camisa dele que ela tinha pegado nessa ultima investida. Ela abriu aquela “caixinha de jóias”, tirou os nossos pertences de dentro e colocou o pedaço da camisa do Kazumi. A caixa emitiu uma luz vermelha intensa enquanto Pandora falava:

 - Esta minha caixa se chama “Os Sentimentos de Kali” que contem o símbolo do Yin e Yang na tampa. Com ela, eu posso manipular as propriedades do corpo humano: Posso curar alguém completamente usando o lado Yin como também posso matar em questão de segundos usando o lado Yang, tudo só depende da minha vontade e de algum objeto que seja da pessoa. Este pedaço da sua camisa serviu de intermediário para que você ficasse sobre o efeito dessa maldição. – Ela deu uma breve pausa e proseguiu. – Vou lhe propor uma troca: Você desativa a bomba que colocou em mim, e eu não te mato com essa maldição. Se tentar me matar com sua habilidade, você morre junto comigo. Somos quatro no momento e acredito que os três restantes matarão o seu irmão, caso tente algo contra mim.

   Pan poderia ser pequena e ter um ar de intelectual, mas conseguia ser perigosa e assustadora quando queria. O encantador concordou e desativou a bomba de dentro dela. Pandora, por outro lado, o fez desmaiar usando aquela maldição alegando que ele iria nos atrapalhar futuramente.

   Me aproximei dela e perguntei:

 - Como sabia que eles eram irmãos?

 - Nunca vou para uma missão desinformada, mesmo sendo de ultima hora. E nesse caso, o Kazumi já estava na lista dos mais procurados pela Ordem Zero. Parece que alguém andou deixando de ler coisas importantes...

   Resmunguei alguma coisa e depois disso, ela voltou a me curar junto com o Swan.

   Enquanto isso Yan lutava contra o Kurikura, irmão mais novo do Kazumi. Por causa da habilidade de super velocidade do Yan, a Passos de Anjo, o irmão retardado não conseguia sequer acompanhar com seus golpes lentos.

   Era estranho e engraçado ver duas “crianças” brigando.

   Depois de pouco tempo, Yan terminou a luta sem nenhum machucado e ficamos esperando que a minha cura fosse completada.

   Expliquei aos recém chegados onde estava Anelise e pedi para que Pandora a curasse se possível. Como estávamos no subsolo e não tínhamos como subir, fiquei dependendo do Passos de Anjo e dos sapatos do Yan para sairmos dalí.

   Feito isso, Pandora e Swan se dirigiram até onde a Anelise estava enquanto eu e o Yan prosseguimos até onde tínhamos visto a Rosa da Eternidade e quando me encostei ela, a mesma pareceu me sugar para seu interior, me deixando no escuro.

   Pouco tempo depois, minha visão já havia se acostumando com aquela falta de luz, quando tochas se acenderam com uma chama azul sobrenatural. Percebi que o local era todo de gelo, ou melhor, de cristal, fazendo com que a luz percorresse por todo o aposento e criando distorções na imagem do lugar, como se fosse uma miragem.

   Num trono feito de cristal, estava sentado um velho de barba e cabelos longos e brancos. Usava roupas que pareciam ser do século 19, porém nada sofisticado. Duas pequenas criaturas azuis penteavam seus longos fios enquanto ele olhava fixamente para mim. Numa voz agradável, ele falou:

 - Estava esperando por você, seja lá quem for.

 - Você é o Zardmaru, o BARON de gelo, não é? – Perguntei ainda duvidoso.

   Ele dispensou as duas criaturas azuis e se colocou de pé. Tive impressão de que ele era ainda mais alto que eu, mas cheguei a conclusão que aquilo era causado pela distorção da luz. Sem falar absolutamente nada, o BARON ergueu uma das mãos para cima e inúmeras chamas azuis apareceram na frente dele. Depois, ele apontou para mim e elas rapidamente voaram ao meu encontro enquanto eu desviava.

   Ao atingir algo, aquelas chamar se solidificavam, tornando-se gelo. Puxei três cartas e lancei, afinal se tratava de um BARON e eu não poderia arriscar. Um Oito e uma Dama de Copas junto com um Dois de Espadas. Eu tinha um golpe com uma força superior ao nível 20 e o naipe de Espadas intensificava isso.

   Usei uma estratégia que eu estava guardando para um oponente difícil. Puxei cinco cartas e as coloquei dentro da carta com o naipe de Ouro e a lancei logo depois das três primeiras. Zardmaru invocou uma parede de gelo, mas isso não impediu que as primeiras cartas passassem, por serem do naipe de Copas, acertando o no ombro esquerdo.

   O lugar começou a tremer à medida que a carta de ouros avançava ao oponente, até que liberei as outras cinco cartas que estavam contidas nela fazendo uma combinação de golpes. Uma forte luz brilhou, me deixando sem conseguir enxergar por um tempo.

   Quando minha visão retornou, pude ver Yan me olhando com cara de preocupado. Ao olhar para os lados, eu havia retornado para onde eu tinha encontrado a Rosa da Eternidade. Fiquei confuso por ter conseguido sair de dentro da rosa, mas algo veio até minha mente. Talvez eu tivesse conseguido escapar graças ao naipe de ouros que trabalha com diferentes dimensões e isso causou uma distorção naquela dimensão em que estávamos, nos lançando para fora. Acho que foi por isso que Pan não me deixou usar uma carta desse naipe quando estávamos no lugar onde Leviathan foi selado. Talvez isso pudesse afetar de alguma forma o selo, quebrando-o ou acelerando o processo de “decomposição” dele.

   A luta ainda não havia acabado, pois eu sentia o poder do BARON vindo de todos os lados. De alguma forma ele tinha escapado daquela pequena combinação de habilidades. Yan começou a correr por todos os lados, como se estivesses escapando de alguma coisa.

 - O que está fazendo Yan? – Perguntei.

 - Não está vendo? O Zardmaru tá tentando matar o Yan!

   Depois que ele falou pude perceber que pequenas agulhas de gelo estavam perseguindo o Yan em alta velocidade. Acredito que se comparava com a Passos de Anjo no quesito rapidez. O Zardmaru apareceu atrás de mim e colocou uma espada de gelo no meu pescoço.

 - Devolva-me a Rosa, antes que eu corte sua cabeça fora. – Ele falou tentando manter a calma.

   Yan apareceu ao lado do BARON e depois de uma breve pausa, pulou por cima dele, fazendo com que as agulhas de gelo acertassem o seu controlador. Zardmaru se desfez em grandes pedaços de gelo que caíram se estilhaçando para todos os lados.

   Rapidamente outro “Zardmaru” apareceu na minha frente, e também com uma espada de gelo tentou uma estocada contra mim, mas usei um Valete de Paus e invoquei uma grande bola de fogo, derretendo aquele falso inimigo.

   Permanecemos nisso por muito tempo até que cheguei à conclusão de que ele havia usado esses clones de gelo para escapar da minha combinação feita anteriormente. Teríamos então que achar o verdadeiro e derrotá-lo se quisemos que os clones parassem de surgir.

   Depois de algum tempo, Pan voltou até nós e apanhou um pedaço de gelo de um dos clones e colocou dentro daquela caixa.

   Surgindo de algum lugar, Kurikura correu e se colocou na frente do Zardmaru como se quisesse protege-lo.

 - Por favor, não façam nada com o Zardmaru-sama. Eu e o meu irmão não teremos onde trabalhar se vocês matarem nosso mestre.

 - Saia da minha frente, está me atrapalhando! – Falou o BARON cheio de raiva enquanto passava a espada pelo pescoço do Kurikura.

   Ficamos horrorizados com o que vimos. Yan desmaiou e fui atrás dele para segurá-lo. Ouvimos um grito desesperador vindo da esquerda.

   Era o Kazumi.

   Pan fechou os olhos e usou a maldição para despedaçar o Zardmaru enquanto ele gritava euforicamente:

 - Sou somente uma cobaia para meu mestre, Lucifer. Ele irá adorar saber dos resultados...

   Me virei para Pandora e falei:

 - Pan, vá curar o Kurikura. O Kazumi precisa dele.

 - Desculpe Shion, não posso reviver mortos. – Ela respondeu de cabeça baixa. - O golpe que ele recebeu foi instantâneo. Infelizmente não posso fazer nada por ele.

   Conseguimos concluir a missão, mas aquela triste cena do Kazumi abraçado com seu irmão ficou em nossas cabeças. Levamos o encantador de bombas conosco. Ele ficaria preso numa cela especial da Ordem Zero, sob vigilância enquanto aguardaria seu julgamento. Ele também era uma fonte valiosa de informações para nós.

   Deixamos aquele lugar e seguimos de volta a organização.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Código Zero" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.