Código Zero escrita por Rhyca Corporation
Não havia muito o que se fazer. Esperar que a Anelise acabasse com o BARON de gelo não seria uma opção sensata a se escolher. Eu não poderia pará-la e, mesmo que eu conseguisse, seria desperdício de poder meu e dela. Eu gastaria uma quantidade absurda de magia para impedi-la e acredito que aquele totem que ela invocou também tenha gastado muito do poder dela.
Tudo estava confuso.
Com o fim do Swan e o descontrole da Anelise, uma missão que poderia ser simples acabou sendo um grande desastre.
Depois de pensar um pouco, cheguei à conclusão de que eu teria que derrotar o BARON antes que a Anelise chegasse a ele e isso talvez a trouxesse de volta ao normal. Seria uma verdadeira corrida contra o tempo.
Levantei e comecei a correr para a mansão. No caminho, pude ver as pessoas olhando pelas janelas com expressões preocupadas e sofridas, porém ninguém saiu das casas ou sequer reagiu e outro jeito. Estava claro que eles eram oprimidos pelo Zardmaru.
Enquanto eu corria, decidir ligar pro shishou para coletar informações de como parar aquele monstro gigante:
- Shishou, preciso que me diga como vencer o Magnus Plantae da Anelise! Todos correm risco de vida!
- O Magnus Plantae?! Que dizer que ela invocou aquilo?! Shion, fuja daí como Swan imediatamente! Não há como vencer aquela coisa!
- Não posso fugir agora! O Swan... Já se machucou bastante e a Anelise perdeu o controle. Preciso fazer algo antes que ela destrua a cidade!
- Bem... Eu sei que o ponto fraco de coisas altas fica na base deles, ou no caso, nos pés da criatura. Não acho que vá adiantar muito, mas...
- Isso é perfeito! Já sei o que vou fazer. Obrigado shishou. – Agradeci e desliguei o comunicador.
Ainda correndo, peguei meu baralho e selecionei quatro cartas: Um Rei de Paus, um Ás de Paus, um Rei de Copas e um Ás de Copas. Juntei todas elas numa carta só e quando ultrapassei o monstro de planta, fiz menção de lançar o golpe, mas a cena vista me paralisou completamente.
O rosto daquela criatura era horrendo, muito mais do que eu imaginava. Haviam olhos vermelhos por toda a face e pequenas bocas circulares ao redor de uma maior no cento do rosto, também circular e repleto de dentes afiados.
A criatura continuou andando enquanto fiquei paralisado na frente dela. Anelise pareceu não me notar, mantendo aquele olhar fixo na mansão do BARON.
O monstro continuava avançando enquanto minhas pernas não me respondiam, me mantendo naquele lugar. Os tremores causados pelos passos daquela criatura me fizeram cair e com isso, acabei me libertando do choque. Lancei as cartas nos pés do totem monstruoso e o mesmo emitiu um urro de dor ensurdecedor. A criatura cambaleou e caiu de joelhos e logo depois começou se inclinar em minha direção. Comecei a me rastejar para escapar daquele impacto que seria fatal.
O desespero tomou conta de mim enquanto eu tentava inutilmente fugir daquilo. A sombra formada pelo monstro de madeira aumentava cada vez mais sobre mim até que fechei meus olhos quando a criatura caiu.
Tudo tremeu e algumas construções começaram a ceder, indo a baixo. Ao abrir meus olhos, vi o rosto de Swan, o que a assustou ainda mais do que a cara do Magnus Plantae.
- Eu... Morri? – Perguntei enquanto ainda estava zonzo.
Swan me deu um cascudo e falou:
- Mas é claro que não! Tenho cara de alguém do alem? Mas é cada um que me aparece...
- Mas eu vi você morrer e...
Ele me deu outro cascudo e continuou falando:
- Me viu morrer coisa nenhuma! Quem disse que eu morri? Você sentiu esse cascudo que te dei? Isso é sinal de que tô muito vivo! Ou vai querer outro pra comprovar?
- N-não... Mas como você sobreviveu? Mesmo que você usasse a defesa do Dom, não iria ser suficiente por ser de pedra. Estamos falando de uma explosão. Não tem pedra que agüentaria a um ataque daqueles, principalmente sendo tão perto.
Swan me deu um terceiro cascudo e falou:
- Não me subestime! Não sou de morrer fácil. Consegui escapar graças ao Dom mesmo. Finalmente consegui mudar a composição dele de pedra para metal e com isso, sua barreira também teve o material mudado. Agora posso alternar entre esses dois tipos. Mas isso só aconteceu com o Dom. O Nick ainda continua de pedra. Alias, agradeça a ele por ter salvado a sua vida. Se não fosse por ele, você teria virado panqueca embaixo daquilo ali. Inclusive...
- Ah não! A Anelise! Não a vi saltar daquele monstro antes dele cair! Tenho que ver se ela está bem e...
Swan levantou-se e usou uma sequência de cascudos em mim, que me deixou grogue por um tempo. Ele voltou a falar sem paciência:
- Não me interrompa quando eu estiver falando!
- E você pare de me dar cascudos...
- É impressão minha ou VOCÊ ME INTERROMPEU? – Swan falou com uma expressão assombrosa.
- D-de jeito nenhum! P-pode prosseguir... – Falei rapidamente com medo de levar mais uma sequência daqueles golpes.
- Pois bem. Já cuidei da Anelise também. O Dom a pegou antes que aquilo caísse. – Dom apareceu carregando-a. – Ela está desacordada, pois usou muita magia pra invocar aquilo. Não sabia que ela tinha tanta, a ponto de conseguir invocar o Magnus Plantae. É uma técnica de alto nível. Ela deveria ser uma General, embora não tivesse controle pleno sobre essa conjuração. Mas, sem duvida, ela é muito boa com as plantas que usa normalmente.
Depois de algum tempo, decidimos deixar a assistente descansando na casa de uma senhora que se ofereceu para cuidar dela. Já havia escurecido quando combinamos que o Nick ficaria responsável pela segurança dela e que invadiríamos a mansão logo após deixar a Anelise na casa da senhorinha. Eu ficaria responsável pelos ataques e o Swan ficaria com a defesa, já que ele só estava com o Dom. Não tínhamos mais como invadir pelo esgoto, então decidimos entrar pela porta da frente quebrando tudo que aparecesse. Caso acontecesse alguma emergência o Dom também poderia atacar, mas como seu ataque é lento, esse recurso só seria usado em situações críticas... Ou não.
De frente a mansão, Swan deu a ordem para que Dom investisse contra o portão de ferro, quebrando-o. Obviamente já haviam SLAVES nos esperando no jardim da frente, mas não nos deram trabalho. Evitamos usar nosso poder para lutarmos contra o BARON, caso fosse necessário.
Na sala de estar apareceram alguns SLAVES e GARGOYLES, e esses também não nos deram trabalho algum. A cada sala que passávamos, a quantidade de inimigos aumentava e mesmo assim nada nos impedia. Acho que passamos por umas vinte salas antes de chegarmos num laboratório que era subterrâneo.
Cautelosamente, entramos no lugar e ao percebermos que não havia ninguém, pudemos procurar com calma pela Rosa da Eternidade. Haviam vários tubos com líquidos estranhos dentro deles, mas até então, nada da Rosa.
Segundo shishou, a Rosa era um cristal esculpido na forma de uma flor. Achamos de tudo lá: Olhos, braços, pernas... Tinha até uma arcada dentária completa!
Chamei o Swan para examinarmos uma prateleira que havia no canto do aposento:
- Cara, é só uma prateleira! – Ele reclamou. - Não é igual aos filmes em que você puxa um livro e uma passagem mágica se abre.
- Não disse que tinha algo aqui, só achei que deveríamos explorar já que não encontramos nada.
- Ainda acho uma perda de tempo. Porque não vamos procurar em outro lugar?
- Se acha uma perda de tempo, porque ainda está examinando a estante, hã? – Falei claramente provocando.
- Pff... Vou procurar naquela gaveta ali. Talvez haja algo lá.
- Então deixa que eu vou procurar no lado de lá e...
Assim que eu me virei, pisei em uma parte solta do chão, e a parede da prateleira começou a virar, revelando uma sala secreta.
- Não acredito! - Disse Swan - Que coisa mais clichê!
Quando entramos, percebemos que não estávamos exatamente em uma sala. Era um corredor, todo coberto de gelo. Ao que parecia, a porta escondida levava a outra ala do castelo. Sentia que estávamos cada vez mais perto de encontrar Zardmaru.
Entramos em várias salas, mas todas estavam vazias ou com móveis destroçados. Só nos restava a última sala, e quando entramos lá, a vitória: a Rosa da Eternidade estava ali, embaixo de uma redoma de gelo. Já estava correndo pra cima dela quando Swan falou:
- Cuidado Shion, pode haver armadilhas por aí.
Mal ele terminou de falar, e nós escutamos um barulho muito alto, seguido de tremores. Algo me dizia que o dono da casa estava vindo nos recepcionar...
A porta pela qual entramos foi fechada bruscamente. Alem disso o Swan pareceu perceber algo e começou falando:
- Shion, é impressão minha ou as paredes estão se mexendo?
- Que droga! Não acredito que caímos numa armadilha tão barata! – Falei desapontado. – Espera! Não são as paredes. É o chão que está descendo como se fosse um elevador.
Nos colocamos de costas um para o outro e ficamos alerta para o que pudesse acontecer lá embaixo até que a descida pareceu parar. Logo depois, ela voltou com toda a força, como se estivesse em queda livre. Felizmente não faltava muito até chegarmos ao chão de verdade.
Nesse andar ainda mais subterrâneo havia uma enorme sala, apenas com pilares para a sustentação do teto. Parecia uma espécie de garagem, embora não houvesse nenhum carro ali. Depois de nos levantarmos daquela queda brusca, ouvimos uma voz:
- Olha só se não são aqueles dois que vimos mais cedo. Onde está aquela garota estranha que estava com vocês? – Disse a primeira voz.
Ficamos em posição de batalha e nos viramos para o lugar de onde a voz tinha vindo. Uma figura estranha estava imersa nas sombras e foi andando em nossa direção. Enquanto isso, uma segunda voz pode ser ouvida atrás da gente. Nos viramos novamente enquanto ela falava:
- Maninho! Maninho! São aqueles que vimos hoje cedo! Mas... Espera um pouco... Não tinha uma garota com vocês?
- Mas eu acabei de falar isso! – A primeira voz voltou a falar. – Ah Kurikura... Sempre tão retardado...
- Que cruel maninho! Peça desculpas pra mim!
- Não vou te pedir desculpas coisa nenhuma! Você deveria deixar de ser retardado.
- Ta vendo, já me chamou de retardado duas vezes só agora.
Eles continuaram discutindo durante algum tempo. O tédio dançava naquele lugar como se não houvesse amanhã. Olhei por Swan e ele olhou de volta com a mesma expressão tediosa que eu estava. Os caras que deveriam estar lutando com a gente, estavam simplesmente brigando entre si!
Tentamos escapar daquele local enquanto eles discutiam afinal, não havia necessidade de lutar contra eles e era mais poder economizado para a inevitável luta que aconteceria contra o BARON. Estava claro que ele não nos deixaria sair dali, embora não tivéssemos pegado a Rosa.
Um dos irmãos (O mais inteligente) percebeu nossa tentativa de fuga e falou enquanto olhava pra gente:
- Kurikura, teremos que terminar nossa conversa mais tarde. Alguns convidados estão querendo ir embora sem se despedir. Infelizmente eles não poderão se despedir de mais ninguém. – Ele abriu um sorriso maligno.
Voltamos para a posição de combate enquanto eles caminhavam em direção a luz. A primeira coisa que pude perceber é que eles eram muito diferentes para serem irmãos. O que era inteligente era muito alto, enquanto o que se chamava Kurikura era baixinho. Também puder perceber que eles eram humanos como nós e não SLAVES ou BARONS como eu imaginei. Acho que Swan pensou o mesmo que eu por causa do que ele falou:
- Vocês... São humanos! O que fazem trabalhando para um BARON?
- Não importa o que eles são, eles nos atacaram hoje mais cedo e quase te mataram! A Anelise só tá daquele jeito por causa disso! – Falei ainda de costas para o assistente.
- Os nossos motivos não interessam a vocês. – Disse o cara alto. - Além do mais, pra quê contar alguma coisa se vocês vão morrer? – Ele falou enquanto avançava em nossa direção e nos atacou logo em seguida.
Nos esquivamos do golpe e com isso acabamos nos separando. Rapidamente falei para Swan:
- Eu cuido do cara alto. Você fica com o menor!
Ele balançou a cabeça concordando e então nos concentramos somente em nossos oponentes.
Meu oponente atacava com socos e chutes enquanto eu desviava deles sem realizar nenhum ataque. Ainda atacando ele falou:
- Vai ficar se esquivando até que eu use minha habilidade, não é? Não vai me atacar até ver meu estilo de combate e técnicas... Garoto interessante, mas já que quer tanto ver, lhe darei uma amostra que fará se arrepender por não ter me atacado antes. – Um brilho amarelo se formou na mão que avançava contra mim enquanto ele dizia o nome da técnica. – Kazumi Bomb!
A luz explodiu num tom azul depois que usei meu Seis de Paus para congelar aquele golpe. O inimigo avançou com a outra mão contendo a mesma luz amarela. Desviei do golpe dando um pequeno mortal para trás enquanto lancei uma lâmina de vento, ainda usando a mesma carta, contra o cara alto.
Ele saltou para trás e depois pulou girando horizontalmente, falando o nome daquela habilidade:
- Kazumi War!
Dezenas de luzes amarelas surgiram ao redor dele e, enquanto ele girava, elas voavam para todos os lados e em todas as direções. Rapidamente puxei um Cinco de Paus e juntei com a carta que eu tinha, totalizando 11 de poder e com isso lancei um grande furacão.
Como o impacto das explosões é causado por uma grande quantidade de ar em movimento, pensei que se eu continuasse usando o vento, seria o bastante para anular o poder destrutivo das luzes bombas.
Depois de algum tempo lutando, decidi em dar uma leve olhada para a luta do Swan. Ao que me pareceu, o baixinho chamado Kurikura não tinha poder nenhum e estava simplesmente tentando atacar sem sucesso. Com isso eu pude me concentrar melhor na minha luta contra o cara que eu ainda não sabia o nome. De vez em quando ele lançava algumas luzes explosivas. Outras vezes ele tentava atacar de perto com as luzes na mão. Acabei tento uma idéia que acabaria rapidamente com a batalha e a coloquei em pratica.
Esperei para que ele lançasse uma daquelas luzes e quando isso aconteceu, usei minha fusão de cartas para lançar uma palma de vento que devolveria o golpe dele, explodindo-o.
As luzes eram do tamanho de uma mão fechada, mas tinham explosões muito potentes. Aquilo explodiu tão forte que lançou pedaços do chão para todos os lados e deixou uma densa nuvem de fumaça. Por um momento fiquei preocupado com meu oponente e me senti mal por aquilo ter terminado daquela forma. Me virei para Swan e vi que ele ainda estava lutando, então decidi ajuda-lo. Ao dar meu primeiro passo, escutei algo que me assustou bastante:
- Kazumi Bomb!
Virei-me rapidamente para trás e vi uma luz voando em minha direção. Protegi meu rosto com os braços cruzados porque eu tinha abaixado a guarda depois da ultima explosão e não esperava por aquilo.
O golpe me acertou em cheio, me causando um ferimento profundo na barriga. Enquanto eu caia, o usuário de bombas falou euforicamente:
- Não adianta usar bombas contra mim porque sou imune a elas! Sou Kazumi, o encantador de bombas!
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